A
BAIXARIA ISRAELENSE
O mínimo
que Israel deve ao Brasil é um pedido formal de desculpas por ter o porta-voz
da sua chancelaria, Yigal Palmor, cometido a grosseria de chamar o País de
"anão diplomático" e "parceiro diplomático irrelevante" -
além de fazer uma alusão que imaginava ferina à goleada de 7 a 1 sofrida pela
seleção brasileira na Copa. A baixaria se seguiu à decisão de Brasília de
chamar "para consultas" o embaixador em Tel-Aviv, Henrique Pinto,
para marcar seu protesto pelos indiscriminados ataques israelenses à Faixa de
Gaza, que já deixaram cerca de 800 mortos e mais de 4.700 feridos, a grande
maioria civis. Nem uma escola da ONU que servia de abrigo escapou.
Além da convocação do
embaixador, um gesto de forte repercussão em relações bilaterais, superado
apenas pela retirada do representante, o Itamaraty externou ao chefe da
representação israelense, Rafael Eldad, sua condenação à
"desproporção" dos revides ao disparo de mísseis do movimento radical
Hamas, que controla o território. Os lançamentos já passam de 2 mil. Um deles
caiu a pouca distância do aeroporto de Tel-Aviv, levando companhias
estrangeiras a suspender os voos para o país. Além dos intensos bombardeios a
Gaza, as forças israelenses invadiram a área, alegadamente para localizar e
destruir os túneis utilizados pelo Hamas para transportar munições. Mais de 30
soldados foram mortos. A macabra contabilidade, porém, é de que, para cada vida
israelense perdida, os palestinos perdem 25.
Na sua primeira
manifestação sobre o conflito, semana passada, uma nota convencional do governo
brasileiro instou as partes a cessar as hostilidades e buscar o caminho do
diálogo. No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff considerou
"lamentável" o acirramento da violência, sem distinguir seus
causadores. Já na quarta-feira, além de chamar o embaixador do Brasil e
reclamar com o seu colega israelense, o Planalto emitiu outra nota - dessa vez
de dura condenação a Israel, sem citar as ações do Hamas. Pouco antes, a
delegação brasileira no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas votou a
favor da abertura de uma investigação sobre eventuais "crimes de
guerra" e violação do direito internacional durante a ofensiva israelense.
A resolução foi aprovada. Por fim, o desastrado assessor de Relações
Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, equiparou os
"massacres" israelenses a um "genocídio".
Pode-se especular até o
fim das matanças no Oriente Médio o que terá levado um governo praticamente
quedo e mudo nos últimos quatro anos diante de crises internacionais a se
manifestar de forma tão estridente no caso de Gaza. A rigor, pouco importa: a
guinada brasileira, que surpreendeu os próprios protagonistas de mais este
ciclo de agressões e revides - cuja origem, descontados os incidentes que os
precederam, parece ser a reconciliação da Autoridade Palestina do moderado
Mahmoud Abbas com o Hamas do intratável Kaled Meshal -, mereceria de Israel um
silêncio glacial ou uma resposta diplomática, nunca um destampatório que deixa
à mostra sua prepotência. Deu a impressão de que o caudilho Hugo Chávez
reencarnou em Jerusalém.
A política externa
brasileira raramente é criticada - muito menos nesses termos - por autoridades
estrangeiras, ainda quando a considerem um despropósito, como a tentativa do
então presidente Lula de se intrometer na pendenga entre Washington e Teerã
sobre o programa nuclear iraniano. A última vez que um país com o qual se
mantinha relações destratou o Brasil foi em 1947, no começo da guerra fria,
quando o jornal oficial do regime soviético, o Pravda, afirmou que os generais
brasileiros, entre eles o à época presidente Eurico Gaspar Dutra, conquistaram
as suas medalhas não nos campos de batalha, mas nos cafezais. A reação imediata
do governo foi romper todos os vínculos com a URSS.
É inconcebível,
obviamente, repetir a dose. Basta a elegância do chanceler Luiz Alberto
Figueiredo ao lembrar que o "anão" é um dos 11 países que se
relacionam com todos os membros da ONU - e "não usa termos que
desqualifiquem governos de países amigos".
Fonte:
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-baixaria-israelense-imp-,1534349
Um comentário:
Entenda o tempo que a MÍDIA quer que você gaste com o conflito (PETROLEIRO) ISRAEL X NAÇÕES MUÇULMANAS... https://www.youtube.com/watch?v=_6kQIDbK-JY
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