SÃO GABRIEL, MORADA DOS DEUSES AS MARGENS DO RIO NEGRO
Mª Ermelinda Gomes Vasconcelos
Na Amazônia brasileira há um torrão abençoado por natureza com nome tradicional de “Ba’asê boó di’ta- terra fértil (em Tukano), que mais tarde chamou-se de São Gabriel da Cachoeira. Pelas imensas pesquisas realizadas na região é considerada hoje como “morada dos deuses”. É sobre isso que iremos informá-los.
São Gabriel é vista pelos incansáveis pesquisadores como “morada dos deuses” por ser rico em culturas e que nele perpetuam memórias que fazem o povo lembrar a sua tradição e historia sem fim, porque se repassa de geração em geração.
Se as pessoas se importassem em valorizar e conhecer a origem do povo indígena descobriria o quanto é o seu valor e a sua riqueza. É da sua riqueza que são Gabriel emerge a sua grandeza diante da Amazônia e do Brasil em ouvir, ver e conhecer seu povo, sua historia e sua beleza natural e admirável.
Ao longo do Rio Negro, seus afluentes e igarapés encontram-se lugares sagrados e históricos respeitados pelos nativos, como as serras, ilhas, praias, cachoeiras, as pedras, paranás e outras com suas mitologias misteriosas e encantadoras. O Rio Negro é mergulhado de florestas exuberantes, rica de fauna e flora. Sua água fresca e limpa que sacia todos os seres que aí vivem em harmonia.
As águas de seus afluentes o fazem transbordar e alimentar as espécies aquáticas. Sua população que vive ao longo de suas margens é simples e humilde, mas rica de conhecimentos tradicionais. Possui ciência e técnica de contar suas historias, seus benzimentos, suas danças, musicas e cantos, arte de produzir seus utensílios domésticos e instrumentos de pesca.
Enfim vive de acordo com sua tradição cultural. Afinal de contas, por que São Gabriel é vista e dita como morada dos deuses? - Vale muito salientar com orgulho que nele se encontra os deuses sagrados, como: Ba’asê boó (deus da fertilidade), Imikohô yeki (deus criador dos homens ou avô do universo para os Tukano).
Nesse sentido, nós que habitamos nessa terra da “morada dos deuses” temos de ter orgulho de ter nascido aqui, tomando consciência que somos protagonistas em preservar e conservar a nossa riqueza natural e histórica, lutando contra a invasão dos dominadores e invejosos que venham querer se apossar da nossa terra. Só assim mostraremos coragem e competência em assegurar o bem estar da população gabrielense e de modo geral a população indígena.
A SUCESSÃO ELEITORAL E O MOVIMENTO INDÍGENA
João Ubiraci jr.
O município de São Gabriel da Cachoeira vive um momento de crise política, o movimento indígena após anos de lutas, articulações e alianças, finalmente conseguiu projetar um representante indígena, que seria a solução para os anseios dos povos que necessitavam de um líder sensível às necessidades e peculiaridades da região. Mas, o projeto de um representante indígena nascido da união dos povos ainda não prosperou.
A administração mergulhou num descaminho das políticas públicas que o próprio movimento condenará devido à situação de dominância que os “parentes” sofriam sob o mando de políticos não indígenas a frente da prefeitura.
O que vemos hoje devido a atual situação é o surgimento de aproveitadores e abutres que orbitam nesse ambiente de crise e aproveitam da situação para propagar a dúvida sobre a capacidade do indígena de governar seu próprio povo.
O movimento indígena hoje no município se encontra num estado de inércia, que não lembra em tempo algum as movimentações cheias de ideais que revelaram lideranças comunitárias e a bravura do povo indígena. Para a realidade local, esses movimentos podiam ser considerados revolucionários, pois, surgiram como uma coluna contra a política massacrante da década de 80, que nesse momento vivia num contexto nacional de luta pela democratização no Brasil.
Hoje devemos repensar os objetivos do movimento, suas perspectivas, suas lideranças e por fim o seu real comprometimento, baseado na impessoalidade e valores que são comuns a todos os povos. Desse modo, podemos nos situar politicamente dentro de um ambiente onde as possibilidades possam transformar e melhorar as condições de vida no município. Um representante indígena a frente da Prefeitura governa tanto para os seus como para os não indígenas, que representa parcela minoritária da população.
A constituição desse poder representa a modernidade do direito brasileiro, muito bem expresso na forma da Constituição Federal de 1988, que assegura o Direito desses povos fundamentando-se na formação de uma nação soberana e pluricultural no Fórum das nações.