domingo, 13 de agosto de 2017



SE ARREPENDIMENTO MATASSE EDUARDO BRAGA ESTARIA MORTO
 


 Ademir Ramos (*)

Depois da lavada que o senador Eduardo Braga (PMDB), conhecido entre os seus adversários como Tinhoso, levou do candidato do PDT, Amazonino Mendes, aliançado com o deputado Bosco Saraiva (PSDB), no primeiro turno destas eleições suplementares para o governo do Amazonas, o cabra ficou tão deprimido que foi preciso injetar no candidato algumas ampolas de ânimo para que o Tinhoso voltasse a campo e disputasse o segundo turno que finda no último domingo (27) de agosto e com isso cumprisse o regulamento do certame em respeito aos seus eleitores. Segundo seus considerados, o Tinhoso ficou tão descontrolado que botava fogo pelas ventas mostrando-se arrependido da aliança ajeitada com o ex-deputado Marcelo Ramos (PP), que embora seja jovem nas aparências, alimenta uma prática política endiabrada, descontextualizada, marcada pelo denuncismo vazio e inconsequente não contribuindo para agregar quantitativamente votos nas urnas.  O bicho é pé frio, levando o Tinhoso para as profundezas do inferno. Mas, é claro que não acreditamos nesta narrativa, o fato é notório, o arranjo político do Tinhoso com o Endiabrado foi pros quintos dos infernos e se arrependimento matasse Eduardo estaria morto.

A crítica mais ferina partiu da direção do aguerrido PC do B, que colocou seus militantes nas ruas fazendo campanha para o Tinhoso e o Endiabrado. Naturalmente, com aval de algumas lideranças do partido encheram a bola do Endiabrado para rifá-lo deste e por conseguinte do próximo pleito, limpando o campo para futuras disputas eleitorais na aba de Eduardo Braga, quem sabe contando antecipadamente com o apoio do Tinhoso em favor da Vanessa para deputado Federal. O jogo é pesado e a hipótese em questão me parece que não deva ser descartada. O que se sabe é que os candidatos à frente do processo destas eleições, atuando na capital ou no interior, estão sem dúvida alguma pavimentando caminhos e veredas para afirmação de suas candidaturas no próximo pleito. O que aconteceu é que o Eduardo passou a dar atenção para o interior e deixou o Marcelo mais na capital, ficando com certa liberdade de atuação, surfando na onda de que por ser jovem era capaz de bater o Negão Amazonino12 em Manaus por ter um perfil de oposição. O tiro saiu pela culatra, o resultado foi deprimente, Eduardo Braga levou uma surra de votos do Negão e do Zé do PT, que com um discurso paroquial arrebatou mais votos em Manaus do que Eduardo e Marcelo, a pisa foi feia e eles parecem acreditar que ajeitando o PT com o PMDB vão conseguir reverter este quadro, o buraco é mais baixo.

Tudo isso é relativo quando a força do querer manifesta votar em Amazonino12. Contudo, sem depreciar a candidatura do senador Eduardo Braga, sabe-se que ele vai tentar contrapor suas propostas a de Amazonino Mendes, não mais desqualificando o “velho”, mas tentando buscar certa identidade com o povo ampliando sua candidatura tanto na capital como no interior no estilo “paz e amor”. Marcelo, o Endiabrado, talvez não aceite a condição de sujeito oculto e comesse a estrebuchar provocando fissura na campanha dando tiro pra todo lado. Se esta análise corresponder aos fatos passo a concordar com assertiva de que “se arrependimento matasse Eduardo Braga já estaria morto.” No entanto, como guerreiro que é talvez queira morrer em combate dignificando a disputa e a vitória de Amazonino Mendes e Bosco Saraiva par o governo do Amazonas.

(*) É professor, antropólogo e analista político.