domingo, 30 de setembro de 2012


A CIDADE QUE QUEREMOS: 
#NORTECONECTADO

Ademir Ramos (*)

Tenho a alegria de participar de uma rede que vem discutindo a cultura como matriz de desenvolvendo, repensando a política, seus atores e, principalmente, as instituições formadoras, seus produtores culturais, numa perspectiva visionária dos intelectuais estruturantes. A discussão ganha corpo e a rede balança, mobilizando força em direção à construção de novas práticas culturais, problematizando as políticas governamentais que ignoram e desrespeitam o protagonismo dos agentes e produtores culturais desqualificando suas práticas conectivas e criativas.

O Coletivo Difusão e o Movimento Cultural Fora do Eixo representado por Caio Mota, Keila Serruya, Elisa Maia, André oliveira, Allan Gomes, Michelle Andrews e todo corpo que forma este coletivo vivo a pulsar alegria, beleza, criatividade como expressão das organizações comunitárias assentadas nos valores republicanos fincados na justiça distributiva e na ética da responsabilidade, quebrando com os modelos instituídos e por vezes pasteurizados, não respondendo e muito menos compreendendo a cultura e suas relações produtivas.

Vivendo desse modo, o mundo torna-se a sua aldeia, exigindo que os formuladores de políticas públicas de Estado, empresariais e das comunas socialmente organizadas mostrem suas competência e habilidades regrados pela reciprocidade e responsabilidade mútua assegurada e reconhecida por todos (as) que participam da vida sustentável do planeta.

A cidade que queremos é o tema gerador dos debates nas redes, provocando os internautas e os protagonistasnet a participarem do mutirão das ideias, propostas e práticas culturais que removam os entulhos burocráticos dos bacharéis das academias formadoras de arrogantes intelectuais e profissionais paroquiais que perderam a capacidade de admirar, espantar-se, de problematizar o mundo e de fazer autocrítica relativo à legitimidade do conhecimento e das formas de saber.

Nesse ócio improdutivo, os bacharéis e os burocratas de Estado, encontram-se ossificados, batendo sola, reproduzindo os mesmos erros do passado por ignorar a história e as suas determinações.

#norteconectado é o chamamento que os agentes e produtores culturais da Amazônia fazem aos prefeituráveis e aos demais candidatos para participarem das discussões e dos debates relativos às políticas públicas quanto à construção das cidades que queremos. Para esse fim é necessário pautar os debates e mobilizar força para ampliar nas redes a discussão e o aferimento das propostas quanto à sua viabilidade, eficácia e mútua responsabilidade dos agentes públicos e das lideranças comunitárias, a começar pela conectividade em rede planejamentodifusao@gmail.com tendo por referência o articulista Caio Mota para agregar força e quem sabe construir espaços que possam abrigar homens, mulheres, crianças e jovens em estreita relação comunal com a natureza e a sociedade em processo criativo inovador. Façamos acontecer afirmando a cidadanianet, é o muito que se espera para a consecução da cidade que queremos.   

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM     

sexta-feira, 28 de setembro de 2012


MUITO PRAZER, O VICE

Ellza Souza (*)

Os candidatos a vice ficam só na penumbra esperando a ascenção quando o titular do cargo não puder exercer a função. Algo inusitado acontece em Manaus na prefeitura. O titular não pode. O vice também não. Aí vai embora até chegar em alguém disposto a enfrentar o abacaxi que é administrar a cidade. Mas talvez um vice assim vai deixar rolar como uma mãe de muitos filhos que não cuida de nenhum. Muitas vezes não prestamos atenção ao substituto-candidato e entra cada parceiro, pior que o principal. Fiquei até satisfeita pois o canal da TV Ufam (Universidade Federal do Amazonas) fez um programa de debates entre os candidatos à Prefeitura de Manaus onde os vices mostraram as suas faces e um pouco de seu perfil.

Segundo o jurista Mayr Godoy o vice-prefeito “é o sucessor do Prefeito em casos de vaga do cargo e o substituto em casos de licença ou impedimento. O vice-prefeito pode exercer funções relevantes na administração municipal, sem incompatibilidade, fazendo jus a vencimentos que não se confundem com a remuneração do cargo, devendo optar por um deles”. Não é qualquer um que pode ser vice. Precisa de qualidades, de honestidade, de méritos, de ficha limpa, para tanto já que na política, é tão importante esse posto quanto o do titular. Um mau vice é capaz de fazer um rombo nas finanças públicas tão grande quanto o seu parceiro. E por isso me preocupo com quem irá substituir o prefeito caso seja necessário. E quase sempre é necessário. Por um motivo ou por outro.

Não temos mais preceitos idológicos saudáveis no Brasil e a maioria segue um discurso de falsas promessas e baixarias. Os partidos estão num balaio de gatos e de interesses. Em vista disso temos que ir mesmo pela pessoa em si, pelas suas atitudes, pela sua trajetória, pelo seu conhecimento e por quem está à sua volta. Observar a assessoria que cerca o candidato é muito importante porque existe uma leva de gente em volta do mesmo que só pensa nos futuros cargos. É horroroso como algumas dessas pessoas “puxam o seu saco” a céu aberto, à vista de todos, sem vergonha nenhuma.

Como pode o cidadão ter medo de manifestar a sua verdadeira intenção de voto? E discutir a sua posição política num clima de completa democracia e liberdade. Isso é coisa de país fundamentalista que vive oprimido pela violência e pelo poder imposto pela má política. Mas observo que muita gente não fala o nome de seu candidato com receio da opinião alheia e de um poder velado que oprime sim os opositores. Como pode uma pessoa emprestar a sua imagem um tanto desgastada para dar o seu último suspiro político bem longe de quem o conhece bem: “Na outra encarnação eu nasci em Manaus”. Tenho certeza que não. Aqui já temos bastante encrenca pra ir acreditando em quem não nasceu aqui (nessa e muito menos em outra encarnação) e veio apenas “enfeitar” um palanque de colegas que estão se achando. Aos vices, a minha esperança de dias melhores.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


A redução da desigualdade


O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo, quanto à divisão da renda e da riqueza, mas ninguém pode menosprezar a melhora das condições de vida de cerca de 40 milhões de pessoas e sua incorporação ao mercado de consumo.
Uma das grandes marcas da economia brasileira nos primeiros dez anos do novo século foi a redução simultânea da pobreza e da desigualdade, como confirma o estudo intitulado A Década Inclusiva (2001-2011), recém-divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo, quanto à divisão da renda e da riqueza, mas ninguém pode menosprezar a melhora das condições de vida de cerca de 40 milhões de pessoas e sua incorporação ao mercado de consumo. Em outros grandes países emergentes, o crescimento econômico nos últimos 20 anos foi acompanhado de redução da pobreza e aumento da desigualdade, porque a situação de alguns grupos melhorou muito mais rapidamente que a de outros. Em várias potências do mundo rico, a distribuição tem-se tornado mais desigual desde o quarto final do século passado, numa trajetória quase sem desvio, seja em tempos de crise ou em fases de prosperidade.
A mudança mais visível, no caso do Brasil, foi a diminuição da pobreza. Por qualquer dos critérios adotados para definir a população pobre, a redução desse contingente, no País, foi superior a 55% em menos de dez anos, de acordo com os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) analisados pelos técnicos do Ipea. Em menos de um decênio, o País alcançou uma das mais importantes Metas do Milênio fixadas pela Organização das Nações Unidas nos anos 90 - o resgate de metade dos pobres num prazo de 25 anos. Ao mesmo tempo, as políticas adotadas permitiram reduzir de forma significativa o indicador de desigualdade. Durante três décadas, a partir de 1970, o Índice de Gini - o mais usado para medir a distribuição de bens - pouco havia variado, permanecendo próximo de 0,6. Esse índice varia entre zero e um. Quanto mais baixo o número, menor a desigualdade. O índice caiu de 0,59 em 2001 para 0,53 em 2011.
Durante esse período, a renda dos grupos mais pobres cresceu muito mais rapidamente que a dos mais ricos. A dos 10% mais baixos na escala da renda aumentou 91,2% ao longo de dez anos, enquanto a dos 10% do topo acumulou um crescimento de 16,6%. De modo geral, o aumento foi maior para os grupos da metade inferior da escala.
Várias fontes de renda contribuíram para a redução da desigualdade. A mais importante foi o trabalho, com peso de 58%. A análise aponta, em seguida, a Previdência (19%), o Programa Bolsa-Família (13%), os benefícios de prestação continuada (concedidos a certos grupos de idosos e de deficientes) e outras (6%), como aluguéis e juros.
O aumento da renda do trabalho foi de longe, portanto, o fator mais relevante. Esse aumento decorreu principalmente da valorização do salário real, dependente tanto da expansão do emprego como do aumento do salário mínimo. Curiosamente, os dois fenômenos - a expansão do emprego e a elevação dos salários - ocorreram num cenário de crescimento econômico muito menos acelerado que o de países como a China, a Índia e outros emergentes. O espetáculo do crescimento, como observou o novo presidente do Ipea, Marcelo Néri, foi sobretudo o do crescimento econômico dos pobres.
Será sustentável essa evolução? Afinal, a desigualdade no Brasil ainda é muito ampla e é preciso avançar muito até se alcançar um padrão mais aceitável. Uma das condições essenciais é o controle da inflação. Nenhuma política de valorização dos salários ou de transferência de recursos teria produzido resultados duradouros num ambiente de inflação elevada, como aquele anterior ao Plano Real, em 1994. Isso boa parte dos brasileiros parece haver aprendido. Outra condição importante é a manutenção de fundamentos econômicos sólidos.
Finalmente, é preciso fortalecer o lado da oferta - e isso inclui a melhora dos padrões educacionais e o investimento em ciência e tecnologia. Sem um setor produtivo capaz de responder à elevação da demanda interna, o descompasso entre o aumento da renda familiar e o potencial das empresas resultará em graves desequilíbrios internos e externos e em crises devastadoras, como as já vividas muitas vezes no Brasil.

POR QUE VANESSA NÃO EMPINA?

Ademir Ramos (*)

A pergunta bate nas redações provocando varias explicações. O fato é que a candidato do PCdoB conta com o maior tempo de TV, o maior orçamento de campanha, diz que tem apoio do Lula, da presidente Dilma Rousseff, do ex-governador Eduardo Braga e do governador Omar Aziz. Contudo, não consegue traduzir em voto, batendo sola no segundo lugar nas pesquisas para a Prefeitura de Manaus, aumentando ainda mais sua rejeição, conforme falam os números.

O fenômeno merece atenção dos especialistas porque objetivamente a candidata possui os meios materiais necessários para implementar sua campanha e, em tese, dar “ovada” nos seus oponentes. No entanto, embioca deixando os seus apoiadores, amigos e parceiros, como ela registra, constrangidos com os resultados das pesquisas. E então começam interferir no rumo da campanha querendo mais sangue, outros, falam do perfil ideológico da candidata por ser comunista e querer o voto dos fundamentalistas evangélicos; falam também da própria mídia da candidata por ser bastante poluída, ofuscando a mensagem da campanha; da mesma forma criticam a linguagem e duvidam da compreensão de sua mensagem junto às massas.

Não satisfeito, o ex-governador Eduardo Braga resolveu assumir a campanha chamando para si os holofotes. Não satisfeito, o PCdoB visando impactar as ruas e os bairros quer contratar mais gente para trabalhar fazendo os arrastões nas ruas e nos bairros crendo que desta forma sua candidata empina marcando pontos nas pesquisas e quiçá nas urnas. Desesperados, comenta-se também que o governador Omar Aziz sente-se pressionado a dar o próprio sangue na campanha, inclusive, pressionando a primeira dama a participar das eleições em nome da permanência do time a frente do poder do Estado, manifestando total apoio a comunista Vanessa.

A campanha de Vanessa Grazziotin virou um cabo de guerra entre os partidos coligados e seus apoiadores. A trama faz lembrar aquela máxima do futebol, onde os cartolas da política no Amazonas combinaram tudo entre si, mas esqueceram do principal ator que é o povo. Esta ausência, ora reclamada, repercute nas pesquisas deixando os marqueteiros em queda. Para superar estes entraves, Eduardo Braga assumiu a direção da campanha dando as ordens e batendo o martelo, inclusive, pedindo voto por telefone aos seus correligionários.

A racionalidade da candidata do PCdoB faz-se presente na materialidade de sua campanha, que é densa e massiva, mas não se traduz em voto, segundo as pesquisas. A fortuna, que não é grana, não sopra a seu favor e por isso não consegue empinar, fazendo com que os comunistas, nesse momento, recorram às “forças ocultas”, para explicar a rejeição sofrida por Vanessa Grazziotin e assim desatar este nó que enforca o time de Eduardo Braga em direção a Prefeitura de Manaus, do contrário a derrota está consumada.    

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ARTUR “SÓ LOVE”

Ademir Ramos (*)

Surfando na onda das eleições como líder nas pesquisas, Artur Neto transforma-se em vidraça e passa a levar “ovada” do PCdoB, que desesperadamente tenta empinar a candidata comunista correndo contra o vento, afrontando, dessa feita, a vontade da maioria que se manifesta favorável as eleições de Artur para a Prefeitura de Manaus. O recorte conjuntural tem dado conta de que as práticas rasteiras não resultam em voto quando se tem pela frente um eleitorado convencido de sua opção como garantia da cidadania.

Ódio e vingança são valores que não coadunam com a política civilizatória. Esta prática é reflexo de um tempo mórbido marcado pelo coronelismo de patente comprada aliançado com os políticos provincianos, que tratavam o povo no cabresto como refém de seus açoites tal como os animais em seus currais.

No entanto, está comprovado que a história não se repete porque não se banha duas vezes no mesmo rio. Entretanto, quando uma determinada liderança perde o eixo, não tendo perspectiva do amanhã, recorre ao passado, às mesmas práticas para tentar fazer valer a sua vontade e ludibriar o povo mais uma vez.

O ensinamento que se pode tirar de tudo isso, é que os candidatos compram os pacotes dos marqueteiros, que por sua vez, se comportam fora da história ignorando a cultura do povo local. Com esse gesto buscam dominar simbolicamente o povo fazendo de tudo para mantê-lo sob o chicote e o grito do governante tresloucado.

Na verdade, a propaganda não deve se divorciar do perfil e da história do candidato. Para isso é necessário que a prática política represente a sua vontade e que se afirme como verdadeira no imaginário político do eleitor. Ao contrário, tudo não passa de verniz, de sombra, faz de conta, não merecendo do povo credibilidade e respeito.

A opção do eleitor de Manaus será conferida nas urnas, embora as pesquisas favoreçam ao candidato Artur, nada, absolutamente nada, substitui a vontade solene do povo a ser proclamada no resultado final. Das eleições devemos abstrair ensinamentos que sirvam de diretrizes para conduta do cidadão candidato e para o próprio eleitor.

O fato é que o tempo é implacável e quem não souber ler e decodificá-lo, com absoluta certeza, não alcançará o porto seguro e muito menos fará a travessia, ficando entre os afogados abraçados entre si, acometidos pelos males da arrogância, autoritarismo, prepotência e, em última instancia a febre do populismo configurada na prática do messianismo a prometer mundos e fundos aos excluídos.

Política também é paixão que se tradução em confiança, relação e credibilidade. É o corpo a corpo, onde o eleitor e o candidato inseridos numa representação conceitual promovem o amor, a justiça, a fraternidade e, sobretudo, a felicidade pública criando condições para que todos (as) sintam-se parte do processo de governança.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.


“O PREÇO DA LIBERDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA”

Ellza Souza (*)

Repetindo para que esta frase entre em nossas cabeças: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Palavras tão simples mas achei de grande importância e profundamente atual. É vital vigiar as ações dos políticos. Isso é o correto e se chama “controle social” onde a população que paga impostos deve ficar de olho no destino dado ao dinheiro público. Reclamar depois até pode mas a maioria não pode ser omissa como se o Brasil fosse o melhor dos mundos e onde a contrapartida dos impostos fosse adequada e decente. Temos aí o Mensalão para confirmar porque a saúde, a educação, os transportes, as estradas, a merenda escolar, são deficitários.

O dinheiro arrecadado é desviado de seus objetivos e usado para fins escusos como compra de votos e corrupção. Quase nada funciona no serviço público pesar da propaganda e dos discursos. Na minha cidade pelo menos, os serviços públicos e os privados também são ineficientes e provocam muito estresse em todos. Para que estão servindo esses políticos que ganham fortunas e não cumprem o seu papel de administrar e desenvolver boas ações para a comunidade? Entram pobres e saem milionários. Tem algo errado nessa conjuntura. E por falar em pobre, conversando com uma mulher trabalhadora da zona leste e que ganha seu dinheiro honestamente percebi em sua conversa que ela acredita piamente (parece um pintinho sofrido mesmo) que um determinado candidato desses não gosta de “pobre” e já esteve por lá azucrinando e matando os pobres coitados.

Acho que a lábia da mesmice continua funcionando e mesmo sofrendo os horrores dos maus serviços parece que vamos cair no mesmo grupo da discórdia, agora amalgamado em todas as esferas políticas. Coitado do pobre que se orgulha dessa condição e dá abraço em político achando que é o seu melhor amigo. No dia seguinte às eleições, as reclamações continuam zunindo por todo lado. E cada vez piores, claro. A pobre coitada que não teve uma boa educação escolar, não sabe ler direito e não é capaz de entender os bastidores da política sórdida, é um prato cheio para os maus candidatos. E pobre ela vai continuar para sempre. Pobre e burra. E o político para quem ela deu o seu voto e seu abraço está muito bem obrigado, muito longe dali.
A fiscalização que poderia ser feita em sua comunidade não faz porque não entende a sua própria importância como cidadã e parte de uma sociedade que não pode ser separada entre ricos e pobres, brancos e negros, jovens e velhos. Somos todos merecedores de um buraco decente para curtir a eternidade. Então precisamos é de dignidade e não de sacolas quero dizer esmolas para sair da pobreza.

Preste atenção nos seus candidatos e depois cobre pelo menos os serviços básicos para uma vida digna. Mau político não vence uma comunidade organizada que luta pela melhoria de todos e não apenas se faz de coitadinha para arrancar  benefícios na hora de votar. A fiscalização não pode parar. Fique atenta e escolha de acordo com sua consciência e não de sua conveniência.

(*)  É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

terça-feira, 25 de setembro de 2012


O pior da pesquisa é a manipulação da vontade dos eleitores

Ademir Ramos (*)
Atualmente, a pesquisa é uma plataforma necessária para mensurar a vontade e a opção do eleitor. Nenhum candidato de bom senso descarta esse recurso técnico, essa ferramenta de trabalho, que capta a vontade do eleitor servindo também para orientar e conduzir o candidato no firme propósito da apreensão do voto. Essa determinação do candidato faz com que tecnicamente recorra a mais de um instituto de pesquisa para orientar internamente o rumo de sua campanha; quando não, as pesquisas quantitativas são casadas com as qualitativas, permitindo que o candidato conheça as necessidades dos eleitores de um determinado segmento, zona ou classe.

O domínio dessas informações e demandas pelo candidato dá credibilidade as suas propostas, convencendo o eleitor de que ele é o melhor. Além de auxiliar o candidato diretamente, as pesquisas servem também para justificar a captação de recursos financeiros juntos aos seus apoiadores, que por sua vez, avaliam o desempenho do candidato e a partir dos índices das pesquisas resolvem investir ou não nesse ou naquele, apostando também no sucesso. 

Pesquisa não ganha eleição, mas, pode muito bem servir como instrumento de mobilização para captação do voto do eleitor indeciso, que se encontra na dúvida, esperando o grito da galera. O eleitor massa sente-se satisfeito em apostar no sucesso e na vitória, votando naquele que lidera as pesquisas. Esta realidade é muito mais gritante quando se trata de uma sociedade marcada por perversa desigualdade social.

Contudo, é necessário esclarecer que, embora o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) exija dos órgãos responsáveis sua inscrição junto a Corte, não instituiu regra de acompanhamento para consecução dos procedimentos metodológicos dos trabalhos desses órgãos para avaliar e conferir os resultados apresentados. O que poderia ser feito, obrigatoriamente pelo TRE, por meio de análise e avaliação dos relatórios assinados por profissionais qualificados do campo das ciências sociais.

Desse modo, a Justiça Eleitoral estaria cumprindo com o seu dever para salvaguardar o eleitor de qualquer dirigismo e manipulação, conferindo legalidade e legitimidade as pesquisas quanto à proximidade da realidade das urnas.

No Amazonas, o fato político é que todas as pesquisas dão conta da liderança de Artur Virgílio Neto (PSDB), para Prefeitura de Manaus. Quanto aos números proclamados pelos institutos parece que a discrepância está muito mais no foco (segmento ou zona pesquisada) do que nos procedimentos metodológicos adotados pelos pesquisadores, o que não contrário os resultados.  

De qualquer modo, é necessário que os órgãos de pesquisa não percam a noção de totalidade e que se comprometam em apreender cada vez mais a complexidade social, política e econômica do eleitorado do Município de Manaus, traduzindo em números a vontade geral do manauara. Enfim que a vontade do povo seja respeitada e vença o melhor.       

(*) É professor, antropólogo e coordenador da NCPAM/UFAM.

domingo, 23 de setembro de 2012


OMAR “JOGA A TOALHA”

O eleitorado de Omar Aziz (PSD) está desencantado com o seu desempenho a frente do governo do Amazonas. Esta manifestação resulta da não afirmação de sua liderança como direção política no Estado parecendo invisível no cenário local e nacional. Será que ele jogou a toalha mesmo, optando viver a sombra? Se isto for verdade, o que isto significa para o futuro político do Amazonas? Ou quem sabe, é caso pensado?

Estas e outras perguntas são feitas pelos especialistas que fazem de tudo para “descascar esse abacaxi” e compreender esse fenômeno tanto para o presente como para o futuro. Um dos marcos desse percurso foi a escolha da Deputada Federal Rebeca Garcia (PP) para a prefeitura de Manaus, indicação esta que foi atropelada pelo ex-governador Eduardo Braga (PMDB), deixando Omar Aziz sem chão.

Outro marco significativo foi a demissão do Secretario da Educação, Gedeão Amorim, que se envolveu numa trama política partidária afrontando a legislação eleitoral. Aceito sua demissão, o governo Omar Aziz passou 30 dias para escolher o novo secretário e finalmente, a nomeação não correspondeu à expectativa de sua agremiação por se tratar de uma Secretaria com maior musculatura em todo o Estado.   

Os fatos denunciam certa complacência do governador Omar, em não querer entrar em bola dividida com o senador Eduardo Braga, aceitando, dessa feita, a condição de subalternidade no cenário político local.

Estas e outras condutas fazem pensar que o governador Omar Aziz, realmente, jogou a toalha, cumprindo simplesmente as ordens do ex-governador Eduardo Braga.  Nessa teia política, parece que o governador Omar Aziz está muito mais para os repteis do que para as águias.

Se assim for, as eleições municipais também podem ser uma grande armadilha para Omar Aziz, tornando-se refém de Eduardo Braga por não saber reordenar a política e muito menos garantir confiança e a credibilidade a sua tropa. O que faz com que seja debitado para o ex-governador todo o mérito da política local; os males, por sua vez, serão creditados na história a Omar Aziz, aquele que foi sem ter sido.

Na base do desespero

Lula sente-se ameaçado. De fato, está. Seu governo corre o risco de receber diploma de improbidade com o julgamento da Ação Penal 470 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E seu partido pode levar uma surra histórica nas urnas de 7 de outubro - como mostra o último Datafolha. São as razões do desespero que levou o ex-presidente a pedir socorro a alguns dos partidos da base do governo, constrangendo-os a subscrever uma nota dirigida "à sociedade brasileira" na qual se tenta colocar o chefão do PT a salvo das suspeitas a respeito de seu verdadeiro papel no escândalo do mensalão.
Como não pegaria bem atacar diretamente o STF injusto ou o eleitorado ingrato, a nota volta-se contra os partidos da oposição, que tiveram a ousadia de sugerir ampla investigação sobre quem esteve de fato por detrás da trama criminosa do mensalão, conforme informações atribuídas ao publicitário Marcos Valério pela revista Veja.
A propósito dessa suspeita natural que a oposição não teve interesse ou coragem de levantar em 2004, o comportamento do ex-presidente no episódio merece, de fato, algum "refresco de memória". Quando o escândalo estourou, Lula declarou que se sentia traído e que o PT devia pedir desculpas ao País; depois, em entrevista à televisão em Paris, garantiu, cinicamente, que seu partido havia feito apenas o que todos fazem - caixa 2; finalmente, já ungido pelas urnas, em 2006, lançou a tese que até hoje sustenta: tudo não passou de uma "farsa" urdida pelas "elites" para "barrar e reverter o processo de mudanças" por ele iniciado, como afirma a nota.
Por ordem do chefão essa manifestação de desagravo a si próprio foi apresentada pelo presidente do PT, o iracundo Rui Falcão, a um grupo selecionado de aliados. Da chamada base de apoio ficaram de fora o PP de Valdemar Costa Neto e o PTB de Roberto Jefferson, ambos sendo julgados pelo STF. O documento leva a assinatura dos presidentes do PT e de cinco outras legendas: PSB, PMDB, PC do B, PDT e PRB. Seus termos obedecem ao mais rigoroso figurino da hipocrisia política. Iniciam por repudiar a nota em que PSDB, DEM e PPS, "forças conservadoras", "tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". E a classificam como "fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro".
Para PT e aliados, numa velada referência ao processo do mensalão, as oposições "tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados". Nenhuma referência, é claro, ao fato de que, no momento, os interesses que estão sendo contrariados são exatamente os de Lula e do PT. Mas, em matéria de fazer o jogo de espelho, acusando os adversários exatamente daquilo que ele próprio faz, o lulopetismo superou-se em alusão explícita ao julgamento do mensalão: "Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam o STF, estão preocupados em fazer da Ação Penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula".
Nos últimos dias, os sintomas de desespero nas hostes lulopetistas traduziram-se em despautérios de importantes personalidades do partido. O presidente da Câmara dos Deputados acusou o ministro Joaquim Barbosa de ser falacioso ao denunciar a compra de apoio parlamentar pela quadrilha que, segundo a denúncia da Ação Penal 470, era chefiada por José Dirceu. O senador Jorge Viana (PT-AC), ex-governador do Acre, ele próprio investigado pela suspeita de compra de votos, voltou ao tema do "golpe contra o PT". E o deputado federal André Vargas (PT-PR), chefe da equipe nacional de Comunicação do partido, revelou sua peculiar concepção de transparência da vida pública ao condenar a transmissão ao vivo das sessões plenárias do STF como "uma ameaça à democracia". São esses os combatentes da "batalha do tamanho do Brasil" convocada pelo desespero de Lula&Cia. Convocação atendida também pelo cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em esfuziante entrevista no jornal Valor de sexta-feira.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,na-base-do-desespero-,934574,0.htm

O DONO DA BOLA

O político de senso transtornado, que busca resolver tudo na força e no grito, desde criança é violador das regras sociais

A política também serve como refúgio para abrigar as mais diversas espécies de homens e mulheres com personalidades transtornadas capazes de se apoderarem da alma do povo para desenvolver ainda mais as suas habilidades e competências quanto à mentira, dissimulação e o cinismo. Esta natureza mordaz ganha forma a partir do momento em que esses atores vão se afirmando como sujeitos de vontade no processo de inserção social. Para esse fim, usam dos meios mais sórdidos para tirar proveito da situação em disputa fazendo imperar a sua vontade.

É o caso do político que, ainda criança, mimado pela família tinha os melhores brinquedos, mas não tinha com quem brincar, quando organizava as partidas de futebol bancava todos os meios desde que não fosse contrariado em sua vontade. Esse processo de socialização é muito importante para se compreender a formação de uma determinada personalidade. Visto que os jogos são formas de representações sociais e por isso trazem em seu desenho e arte as regras instituídas que regulam a forma de comportamento do sujeito em sociedade.

O futebol é um bom exemplo para se analisar as habilidades e competências de determinados sujeitos. A regra no campo vale para todos. No entanto, o político de senso transtornado, que busca resolver tudo na força e no grito, desde criança é violador das regras sociais, arma para comprar o árbitro do jogo e assim conseguir a vitória por meios ilícitos.

No carteado também não é diferente, suas habilidade estão mais para o crime do que para o lúdico e assim vai crescendo como sujeito predador na sociedade e o pior é que a família e seus aduladores exaltam como exemplo de sucesso. Chegando ao ponto do pai entronizar na arena política por acreditar que nesse contexto o crime compensa para realização de seus negócios.

Nesse mundo político da direito à esquerda, da situação à oposição, da ditadura à república dos trabalhadores, tem transitado como bom moço, valendo-se da velha regra do futebol, considerando a defesa do time acima de tudo, como se assim tivesse, no entanto, sabe-se que quando contrariado em seus interesses econômicos, o bom moço, persegui pessoalmente seus opositores na política e na sociedade como verdadeiro predador que é.

No time reina a unidade pautada pela diferença dos seus jogadores, que coletivamente se mobilizam para afirmar em campo suas habilidades e competências em respeito à regra instituída. Na quadrilha e na máfia a regra é outra, todos se esforçam para agradar o chefão, que de forma bestializada e autoritária grita com os servidores para cumprir os seus mandamentos, ao contrário, além de violentar a vontade da maioria, é capaz de sair de campo levando a bola por acreditar que sem ele ninguém é capaz de jogar, de pensar ou de governar o Amazonas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012


O FIM DOS AVENTUREIROS DA POLÍTICA

A dúvida e a crítica social são excelentes instrumentos para despertar no eleitor (a) a garantia dos seus direitos fundamentais,

Ademir Ramos (*)
A dúvida é um excelente instrumento para se comparar, avaliar e decidir o que fazer. Nas eleições, em particular, esta decisão a ser tomada sofre diversas formas de influências, tentando de todo jeito, fazer com que o eleitor (a) perca a noção do presente achando que todos os candidatos são corruptos e por isso tanto faz votar neste ou na naquela, tudo é a mesma coisa. Para isso, os que assim pensam comportam-se como verdadeiros aventureiros tais como os mágicos que transformam o macaco em mulher barbuda.

Nesse jogo de espelho, estando o eleitor (a) em cena, preso pela situação, passa a acreditar nas promessas mirabolantes de certas candidaturas como se fossem verdadeiros fatos. Preso nessa trama, o eleitor (a) torna-se refém dos marqueteiros e das candidaturas e passam a acreditam “na mulher barbuda” com se fosse a Tereza de Calcutá, dos igarapés de Manaus.

Esse encantamento é uma das manifestações do processo de massificação, que converte muitas vezes o eleitor (a) em massa de manobra capaz de dominar a sua alma, fazendo crer que ele é o que os marqueteiros e as candidaturas querem que ele seja. Esse homem e essa mulher tiveram suas vontades expropriadas e por isso perderam sua capacidade de pensar, decidir e se comportam como ovelhas perseguidas pelos lobos para serem sacrificadas no altar das coligações dos oportunistas, que além de manipular concentram em si toda força, negando as diferenças e apoderando-se do que é mais sagrado, que é a liberdade de escolha sob o taco da dominação e exploração do povo.

Outras situações qualificam o eleitor (a) nas redes de relações. No entanto, não há mal que dure para sempre e o espelho é quebrado e a farsa da “mulher barbuda” é desmascarada pelos homens e mulheres que passam a conceber o mundo e as coisas numa perspectiva da liberdade, a optar pelos candidatos que assentam suas propostas no respeito e na vontade popular.

Esta é a dinâmica dos eleitores responsáveis, transformando a omissão em participação e a passividade em mobilidade. Para esse fim, a dúvida e a crítica social são excelentes instrumentos para despertar no eleitor (a) a garantia dos seus direitos fundamentais, criando, dessa feita, as condições necessárias para o desenvolvimento das crianças e jovens de Manaus de forma justa e sustentável.


(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.        

LUIZ CASTRO EXALTA O “JARAQUI” NA TRIBUNA DA ALEAM

tribuna popular retomada pelo Projeto Jaraqui, aos sábados na Praça da Polícia, foi destacada na Assembleia Legislativa do Estado (ALEAM), na quinta-feira (20), pelo deputado Luiz Castro (PPS) como canal de expressão democrática da sociedade, que tem como finalidade ampliar a cidadania através da discussão dos problemas políticos do Estado.

Idealizado no final dos anos 70 como fórum popular de discussão das questões amazônicas e de combate à ditadura militar, o projeto foi retomado em abril deste ano como um observatório político para discutir temas atuais como corrupção, meio ambiente, cidadania e a necessidade de novos parâmetros para a política brasileira.

"É a retomada de uma vanguarda para a discussão de problemas do País, com espaço para manifestação popular", ressaltou. Castro avalia que o fato de o cidadão comum ter liberdade para se manifestar, torna os debates naquele espaço púbico relevantes, garantindo legitimidade para reverberar os problemas que afligem diretamente a população.

O deputado Luiz Castro, que já participou várias vezes dos debates realizados aos sábados pela manhã (das 10 às 12h) na Praça da Polícia, destacou o Projeto Jaraqui como manifestação da verdadeira democracia.  "É a expressão de uma cultura em defesa da democracia. Um ato de resistência popular", completou.

Para o deputado é preciso que o Projeto Jaraqui ganhe mais apoio e reconhecimento pelo trabalho que desenvolve na disseminação dos direitos de cidadania entre os vários segmentos sociais. Castro destacou ainda como valiosa a contribuição do professor Ademir Ramos, do militante político Paulo Onofre e de lideranças populares que promovem o projeto.

O “Jaraqui”, segundo Castro, não tem vínculo partidário, embora esteja aberto à participação de políticos que ajudam na discussão de temas de interesse coletivo. O projeto conta ainda com apresentação musical nos intervalos dos debates e se mantém com a contribuição espontânea dos participantes.
Mensalão
Neste sábado, a partir das 10h, o Projeto Jaraqui vai discutir o julgamento do Mensalão como marco jurídico, na luta contra os escândalos de colarinho branco, e pela punição aos casos de corrupção praticados por políticos. “A partir desse julgamento, os políticos vão pensar duas vezes antes montar esquema de desvio dinheiro público e a população vai confiar mais na Justiça brasileira” destacou o deputado Luiz Castro.

ORLA EM APUROS

Ellza Souza (*)

Eu estava crente que a orla da minha cidade continuava linda como sempre foi. Apreciar o colorido de Manaus, com todas as suas imperfeições e alterações feitas ao longo de sua história, era uma das melhores coisas a se fazer. O contraste das águas negras e sua suntuosidade me encantavam. Achava que nunca iam tirar a beleza encantadora de nossas beiradas. Mas conseguiram toldar as paisagens de nossa orla. O rio Negro está mesmo toldado, barrento, amarronzado. Talvez pela excessiva poluição e pelas intensas escavações em nossas encostas.

Desde o Igarapé do Tarumã, praia da Ponta Negra , bairros da Compensa, São Raimundo, Aparecida, Centro, Educandos, toda a área do Encontro das Águas e Lago do Aleixo observei uma terra revolvida e muitas embarcações como balsas que comportam grande quantidade de óleo poluidor. São mais de 60 estaleiros que deixou de ser um ponto turístico onde eram construídos os barcos de madeira sem plantas. Inventaram que esses tradicionais barcos da Amazônia devem ser substiuídos pelos de ferro por motivo de segurança. Observei mesmo algumas carcaças imensas enferrujando na beira do rio onde no mínimo configura desperdício e “ferro” para a população. Mesmo assim as canoinhas e barcos regionais não desistem e teimam em circular nesse rio que mais parece um mar.

Fico pensando em busca de uma resposta. O que leva as autoridades e os empresários a abrirem mão da beleza (que também gera progresso e dinheiro já que o problema é esse) a fazerem transformações tão gritantes no meio ambiente e na orla de uma cidade onde em nome do desenvolvimento local apoiam projetos ignominiosos desconhecidos da população que vai sofrer depois com os resultados nefastos de tais ações.

As praias que circundavam a cidade desapareceram. Até a Ponta Negra, um lugar tão lindo onde as areias brancas seguravam naturalmente as águas pretas do rio, onde a vegetação e as pedras também faziam parte da paisagem, está estranha e em obras. Mesmo com a construção do hotel antes até glamouroso ainda assim a beleza continuou fazendo parte do cenário. O manauara fazia daquelas beiras um lugar de observação e encantamento pois fazia gosto sentar numa escadinha de pedra e simplesmente apreciar o balanço daquelas águas tão escuras mas tão transparentes quando chega na praia. Chegava a imaginar que era o nosso precioso guaraná.

Mudou tudo na orla. O que me entristeceu com a última visita fluvial é que procurei a beleza, os pontos que enfeitavam o trajeto e não mais os encontrei. O porto flutuante ou Rodway está irreconhecível. Descaracterizaram todo o belo projeto dos ingleses para quê? Não colocaram nada melhor no lugar. Agora ficou ruim para os de casa e os que aqui chegam à procura de uma certa sanidade com o meio ambiente e algum conforto também. Não existe mais nem uma coisa e nem outra. Parece que é um local sem dono, sem cuidado, sem direção. Os turistas reclamam pois funciona como um expulsômetro. Eles vêm uma vez e não voltam nunca mais pois a propaganda bem feita só funciona uma vez.

E o mercadão que há anos está fechado para reforma. Como pode um local tão importante para qualquer cidade e para o turismo ser abandonado assim à vista de todos sem uma explicação. Parece que tem um conchavo para deixar acabar tudo nessa cidade e daí fazer ressurgir uma metrópole moderna e futurista.

Me arrepiei quando ouvi falar em polo de navegação. Não sou contra progresso e bons empregos para a cidade. Sou contra a enganação, os projetos mirabolantes e nefastos ao povo e à natureza. Sou a favor de projetos feitos às claras, inteligentes, feitos para a sociedade local e interligado ao moderno conceito de sustentabilidade. Tantos polos poderiam ser feitos na região amazônica baseados em nossas riquezas e de acordo com os estudiosos de nossas peculiaridades e não pegando certas idéias alheias de quem vem de fora pensando só em se dar bem no pedaço. Que sejam bem vindos quem tiver boas intenções. Tanto de um lado quanto do outro que é quem governa essas paragens.

Achei que estão cercando a área do Encontro das Águas e empesteando tudo ao seu redor. Como posso acreditar nas boas intenções de projetos megalomaníacos se são tantos “botos brancos” (pra não dizer elefante branco) abandonados na orla. O tão necessário Terminal Pesqueiro por exemplo que nunca foi inaugurado e está à míngua consumido pelo tempo e consumindo as verbas públicas, ou seja as economias do povo. Para um pólo de navegação no rio Negro precisa de muito estudo e seriedade.  Não pode é sair implantando idéias que vão mexer tão fundo com as características de um lugar sem ouvir a sociedade e os cientistas.

Saí desencantada do passeio que fiz à orla da cidade. Corre a máxima que “quem gosta de passado é museu”. Eu adoro passado, presente e futuro pois fazem parte da vida de qualquer ser humano. A única certeza que temos (além da morte claro) é que todos temos um passado, uma história já vivida e que precisamos preservar. O presente, dado à sua efemeridade, não conta e posso dizer que quem vive de futuro é tolo pois o futuro é o depois e nunca chega pois ao chegar já virou passado.

São essas coisas inexplicáveis de nossa curta existência que é melhor deixar para depois ou para o futuro. Não podemos, baseados no futuro, no progresso, no desenvolvimento, é sair detonando tudo o que nos foi legado pelo Criador sem nenhum critério como se abundássemos na sabedoria. Os resultados estão aí, na terra, no rio, nas florestas e nos povos dizimados. Se isso é sabedoria e progresso prefiro viver do passado com as minhas lembranças que alimentam a minha mente e o meu coração. E deixar de lado essa história de que o Brasil é o país do futuro. Um futuro que nunca chega para seu povo.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012


LULA “FORA DO EIXO”

No STF, os dirigentes do PT, em conluio com o PP, PL, PTB e PMDB, vem sendo acusados de crime de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, ativa, de formação de quadrilha e compra de voto, provocando silêncio do Lula e o declínio de suas lideranças nas pesquisas eleitorais.

Ncpam urgente: O Amazonas, historicamente, tem sido purgatório dos políticos, quando não exilados, refugiam-se nestas paragens esperando passar “o tsunami” que assola Brasília e o eixo Rio-São Paulo.

“Fora do eixo”, Lula, uma das maiores lideranças políticas do País, chega a Manaus, nesta terça-feira (19), em missão de campanha, na tentativa de desbancar um dos seus maiores oponentes, o senador Artur Virgílio Neto, que foi ministro do governo FHC e liderança da bancada do PSDB no governo Lula.

Na oposição, o senador do Amazonas, ardoroso defensor dos interesses republicanos, em particular dos projetos estratégicos, a garantir o desenvolvimento de nossa gente, todos assentados no princípio federativo e na soberania popular, era capaz de afrontar o governo Lula, trancando a pauta do Congresso, fazendo o governo recuar por diversas vezes de suas tratativas.    

O Governo Lula (2003–2010) se fez grande por derrotar nas urnas o projeto de FHC. O seu modo de governar tem sido objeto de julgamento na Corte maior de Justiça do País, o Supremo Tribunal Federal (STF), que acusa os dirigentes do PT, em conluio com o PP de Maluf, PL (PR) de Waldemar Costa Neto, PTB  de Sabino e PMDB de Eduardo Braga, de crime lavagem de dinheiro, corrupção passiva, ativa, de formação de quadrilha e compra de voto, provocando silêncio do Lula e o declínio de suas lideranças nas pesquisas eleitorais.

A perda de credibilidade do PT e seus aliados fez o Lula chamar para o eixo dos palanques a presidenta Dilma Rousseff, que havia dito que não iria participar dos comícios no primeiro turno das eleições, entretanto vem movendo força em direção a São Paulo, Recife e, particularmente, Manaus, aonde Artur Virgílio Neto vem despontando como líder nas pesquisas para a Prefeitura da cidade, com menos de 4 minutos de TV, enquanto a candidata da “companheirada” domina 12 minutos do horário eleitoral mais a máquina governista a seu favor.

Se a vinda do Lula se consumar, pois alguns duvidam que ele saia de São Paulo nessas horas, a imprensa nacional fará plantão em Manaus para ouvir o líder petista no comício e quem sabe consiga uma coletiva para explicar os crimes imputados ao seu governo.     

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


MENSALÃO: O PT DE LULA NO BANCO DOS RÉUS

Manaus entrou na pauta, porque a candidata do PCdoB a prefeitura da cidade, garantiu que o ex-presidente vem a Manaus, no dia 19 (quarta-feira), para participar de seu comício. A caça ao Lula continua para esclarecer os fatos.

Depois de seis semanas de julgamento, o Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou nesta segunda-feira (17), às 13h, horário de Brasília, o julgamento de Delúbio Soares (tesoureiro), José Genoíno (presidente) e de José Dirceu do PT, ex-ministro da Casa Civil do governo Lula. Todos réus na Ação Penal 470, popularmente chamada de Mensalão.

A sessão começou com a leitura do voto do ministro-relator, Joaquim Barbosa, sobre o item VI da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), que imputa crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro aos acusados do “núcleo político” capitaneado pelo PT de Lula.

Na primeira hora, o ministro-relator examinou as provas que atestam a compra de voto, que o PT orquestrou, em particular, durante a aprovação da Reforma da Previdência e da Reforma Tributária, envolvendo, particularmente, o PP (partido que parecia antagônico ideologicamente), no entanto, passou a marchar com os petistas depois dos repasses sistemáticos referente à compra de votos. Valores esses citados pelo ministro Joaquim Barbosa na manifestação do seu relatório na mais alta Corte do País.

A matéria tornou explosiva depois que a Veja da semana publicou declaração de Marcos Valério, dizendo que: “O PT me fez de escudo, me usou como um boy de luxo. Mas agora vai todo mundo paro o ralo”.  O Noblat, em seu blog, destacou também que “Valério acreditou que o prestígio de Lula seria suficiente para postergar ao máximo o julgamento do processo do mensalão”, garantindo com isso, segundo o blogueiro, a prescrição de alguns crimes denunciados pela Procuradoria Geral da República, o que não se consumou, embora Lula tenha “forçado a barra”, não obtendo sucesso em sua jogada.  

 A imprensa nacional procura ouvir o Lula para esclarecer os fatos, não obtendo êxito até agora.  Manaus entrou na pauta, porque a candidata do PCdoB a prefeitura da cidade, garantiu que o ex-presidente vem a Manaus, no dia 19 (quarta-feira), para participar de seu comício, visando derrotar o ex-senador Artur Virgílio Neto, que é o líder na pesquisa para prefeitura de Manaus, o que provoca descontentamento nas fileiras petista tal como o Mensalão.  

Confira o Julgamento:   http://www.tvjustica.jus.br/  

“Todo o poder emana do povo”

Ademir Ramos (*)

As eleições é o espetáculo da Democracia. Nessas horas, o povo se faz dono da situação, detém o controle de campo, fazendo valer a sua vontade. Por isso, em todas as Cartas Republicanas está lavrado que “todo o poder emanado povo”, sepultando o domínio das oligarquias e das aristocracias, construindo plataformas sobre a vontade do povo numa perspectiva política revolucionária.

O marco histórico dessa manifestação remonta a Revolução Francesa, no século XVIII. No Brasil, inaugura-se esse movimento a partir da Proclamação da República à revelia do povo, que além ser explorado economicamente é subjugado politicamente pelos coronéis de barrancos, expropriando do povo o sagrado de direito de se manifestar como pessoa livre e sujeito de direito.

A revolução de 30 inaugura no Brasil uma nova ordem social, garantindo ao povo certas conquistas que iriam nortear as lutas sociais pela reforma agrária, direitos trabalhistas e pelo voto livre como práticas emancipatórias, visando o reconhecimento e controle do Estado pelas forças populares como forma de descentralização do poder e combate a perversa desigualdade social.

Nesse combate popular, as forças dominantes nunca deixaram por menos. Seja no Estado Novo, em 1937 ou no golpe militar de 64, a camarilha do poder tudo fez para manter o povo no tronco, sangrando, fazendo tudo para que a nação brasileira recorresse aos seus favores e assim pudessem afirmar o seu ato heroico e salvador, batendo no peito que sem eles (golpistas e militares) o povo seria lesos e bestializado.

Das últimas conquistas asseguradas pelo povo brasileiro, contrariando os interesses da camarilha corrupta e viciada, destaca-se o processo das Diretas Já, a Assembleia Nacional Constituinte e a Proclamação da Constituição de 1988. De lá para cá conseguimos emplacar a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei contra Corrupção e a Lei da Ficha Limpa. Ainda é pouco é necessário que o povo continue a sua trajetória de luta passando a limpo os poderes constituídos, moralizando as instituições e redirecionando as políticas públicas para o cumprimento dos interesses do povo, em particular dos excluídos, como forma de se promover a distribuição da riqueza tão acumulada nas mãos de poucos que chega a afrontar a dignidade da pessoa, a reclamar por Justiça Social.

Esta marcha em forma de avanço deve continuar e saiba muito bem que depende unicamente do teu voto. É assim que se faz valer a vontade da maioria no processo democrático. Por isso, o voto não tem preço, o seu valor é incalculável, quando se trata de confirmar nas urnas o nome do candidato que vai governar o nosso município, assim como também dos candidatos que irão assumir a Câmara Municipal. Está em jogo à qualidade dos poderes – executivo e legislativo – e só tu, somente tu, é o responsável. Portanto, não se deixe enganar por promessas mirabolantes faça a sua parte, semeando o bem para que no presente e no futuro possamos viver dignamente, assegurando a todos (as) políticas públicas de qualidade em atenção e respeito a nossa gente.   

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.  

domingo, 16 de setembro de 2012


O JARAQUI DO ARTUR E O OVO DA VANESSA

Nas águas que tem piranha jacaré anda de costa. Nessa fauna política, o ovo virou bicho de casco e passou a ser objeto de arenga entre candidatos, deixando constrangido o marqueteiro e filósofo Jacy Borreau, que de pronto retrucou: “Nem de ovo eu gosto porque onde tem jaraqui, ovo não me faz falta”.

O marqueteiro fazia referencia ao suposto ovo atirado na candidata de Eduardo Braga, Vanessa Grazziotin, que transtornada pelo ocorrido, não soube explicar a imprensa se foi ovo ou cusparada, não permitindo que a perícia pudesse examinar a cena do suposto crime.

O policial que interrogou a candidata, segundo Jacy Borreau, achou muito estranho a candidata do PCdoB não saber diferençar as propriedades de um ovo e de um cuspe. E assim indagava quanto ao cheiro, fragmento e forma, sem nada extrair da reclamante.

Enquanto isso, o candidato a prefeito de Manaus, Artur Neto, em seu horário político, declarava que jaraqui com baião é a pedida. E nessa mesa concorrida dos candidadatos, o tempero são as propostas, buscando convencer o eleitor, que o melhor para Manaus é se sentir parte do problema e lutar para que as propostas apresentadas sejam viáveis de acordo com o orçamento.

E o ovo em colisão, sem forma e propriedade está fora de cena, perdendo para o jaraqui do Artur nas pesquisas de opinião. Os próximos atos contam com o julgamento do governo Lula, no Supremo Tribunal Federal, e com a presença do líder petista em Manaus para participar do comício de apoio a candidata da companheirada. Lá no mensalão as provas abundam, aqui na "ovada" da Vanessa, a tragédia virá farsa e jaraqui faz banzeiro.   

Cony, 86: "No Brasil, já não há castração. Mas há impotência"
ALVARO COSTA E SILVA
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
JOÃO PAULO CUENCA
Carlos Heitor Cony, 86, surge na sala do seu apartamento na lagoa (Rio de  Janeira) andando com dificuldade. Se a distância fosse maior, usaria uma bengala; viagens, só mesmo com cadeira de rodas. Com galhardia, Cony enfrenta um câncer linfático crônico, diagnosticado em 2001. As sessões de quimioterapia enfraqueceram-lhe as pernas.A cabeça continua tinindo.

Durante duas tardes de conversas, totalizando seis horas, o escritor e colunista da Folha discute futebol e literatura, lembra amigos como Paulo Francis e Adolpho Bloch e conta como foram suas prisões durante o regime militar (1964-85) - seis no total.

Explica Cony, que uma delas foi por....

´Ter participado de uma manifestação diante do Hotel Glória, quando ali se reunia uma Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos. Faziam parte do nosso grupo, que foi chamado de "Os Oito do Glória", Antonio Callado, Márcio Moreira Alves, Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Mario Carneiro, Flávio Rangel e o embaixador Jayme Azevedo Rodrigues.

Havia um nono integrante, o poeta Thiago de Mello, que não foi preso na ocasião mas apresentou-se às autoridades depois. O Partido Comunista prometera levar 5.000 operários, mas só apareceram cinco gatos-pingados. Não houve violência, apenas um soldado me apalpou e, como eu tinha um cachimbo no bolso, gritou: "Esse camarada está armado!'

Quando estávamos saindo de lá, presos na viatura, o Flávio disse: 'Olha o Paulo Francis!' Ele estava na calçada, olhando. Quando chegamos ao Batalhão da Guarda, em São Cristóvão, eu mesmo vi: o Paulo estava atrás de uma árvore. Na hora, me lembrei de São Pedro, que negou Cristo três vezes.”

Leia entrevista e manifeste sua indignação contra o autoritarismo e a mediocridade:  http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1153901-cony-86-no-brasil-ja-nao-ha-castracao-mas-ha-impotencia.shtml