O FIM DOS AVENTUREIROS
DA POLÍTICA
A dúvida e a crítica
social são excelentes instrumentos para despertar no eleitor (a) a garantia dos
seus direitos fundamentais,
Ademir Ramos (*)
A dúvida
é um excelente instrumento para se comparar, avaliar e decidir o que fazer. Nas
eleições, em particular, esta decisão a ser tomada sofre diversas formas de
influências, tentando de todo jeito, fazer com que o eleitor (a) perca a noção do
presente achando que todos os candidatos são corruptos e por isso tanto faz
votar neste ou na naquela, tudo é a mesma coisa. Para isso, os que assim pensam
comportam-se como verdadeiros aventureiros tais como os mágicos que transformam
o macaco em mulher barbuda.
Nesse jogo de espelho, estando o eleitor (a) em cena, preso
pela situação, passa a acreditar nas promessas mirabolantes de certas
candidaturas como se fossem verdadeiros fatos. Preso nessa trama, o eleitor (a)
torna-se refém dos marqueteiros e das candidaturas e passam a acreditam “na
mulher barbuda” com se fosse a Tereza de Calcutá, dos igarapés de Manaus.
Esse encantamento é uma das manifestações do processo de
massificação, que converte muitas vezes o eleitor (a) em massa de manobra capaz
de dominar a sua alma, fazendo crer que ele é o que os marqueteiros e as
candidaturas querem que ele seja. Esse homem e essa mulher tiveram suas vontades
expropriadas e por isso perderam sua capacidade de pensar, decidir e se
comportam como ovelhas perseguidas pelos lobos para serem sacrificadas no altar
das coligações dos oportunistas, que além de manipular concentram em si toda
força, negando as diferenças e apoderando-se do que é mais sagrado, que é a
liberdade de escolha sob o taco da dominação e exploração do povo.
Outras situações qualificam o eleitor (a) nas redes de
relações. No entanto, não há mal que dure para sempre e o espelho é quebrado e a
farsa da “mulher barbuda” é desmascarada pelos homens e mulheres que passam a
conceber o mundo e as coisas numa perspectiva da liberdade, a optar pelos candidatos
que assentam suas propostas no respeito e na vontade popular.
Esta é a dinâmica dos eleitores responsáveis,
transformando a omissão em participação e a passividade em mobilidade. Para
esse fim, a dúvida e a crítica social são excelentes instrumentos para
despertar no eleitor (a) a garantia dos seus direitos fundamentais, criando,
dessa feita, as condições necessárias para o desenvolvimento das crianças e
jovens de Manaus de forma justa e sustentável.
(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.
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