O
pior da pesquisa é a manipulação da vontade dos eleitores
Ademir
Ramos (*)
Atualmente, a pesquisa é uma
plataforma necessária para mensurar a vontade e a opção do eleitor. Nenhum
candidato de bom senso descarta esse recurso técnico, essa ferramenta de
trabalho, que capta a vontade do eleitor servindo também para orientar e
conduzir o candidato no firme propósito da apreensão do voto. Essa determinação
do candidato faz com que tecnicamente recorra a mais de um instituto de
pesquisa para orientar internamente o rumo de sua campanha; quando não, as
pesquisas quantitativas são casadas com as qualitativas, permitindo que o
candidato conheça as necessidades dos eleitores de um determinado segmento,
zona ou classe.
O
domínio dessas informações e demandas pelo candidato dá credibilidade as suas
propostas, convencendo o eleitor de que ele é o melhor. Além de auxiliar o
candidato diretamente, as pesquisas servem também para justificar a captação de
recursos financeiros juntos aos seus apoiadores, que por sua vez, avaliam o
desempenho do candidato e a partir dos índices das pesquisas resolvem investir
ou não nesse ou naquele, apostando também no sucesso.
Pesquisa
não ganha eleição, mas, pode muito bem servir como instrumento de mobilização
para captação do voto do eleitor indeciso, que se encontra na dúvida, esperando
o grito da galera. O eleitor massa sente-se satisfeito em apostar no sucesso e
na vitória, votando naquele que lidera as pesquisas. Esta realidade é muito
mais gritante quando se trata de uma sociedade marcada por perversa
desigualdade social.
Contudo,
é necessário esclarecer que, embora o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) exija
dos órgãos responsáveis sua inscrição junto a Corte, não instituiu regra de
acompanhamento para consecução dos procedimentos metodológicos dos trabalhos
desses órgãos para avaliar e conferir os resultados apresentados. O que poderia
ser feito, obrigatoriamente pelo TRE, por meio de análise e avaliação dos
relatórios assinados por profissionais qualificados do campo das ciências
sociais.
Desse
modo, a Justiça Eleitoral estaria cumprindo com o seu dever para salvaguardar o
eleitor de qualquer dirigismo e manipulação, conferindo legalidade e
legitimidade as pesquisas quanto à proximidade da realidade das urnas.
No
Amazonas, o fato político é que todas as pesquisas dão conta da liderança de
Artur Virgílio Neto (PSDB), para Prefeitura de Manaus. Quanto aos números
proclamados pelos institutos parece que a discrepância está muito mais no foco
(segmento ou zona pesquisada) do que nos procedimentos metodológicos adotados
pelos pesquisadores, o que não contrário os resultados.
De
qualquer modo, é necessário que os órgãos de pesquisa não percam a noção de
totalidade e que se comprometam em apreender cada vez mais a complexidade
social, política e econômica do eleitorado do Município de Manaus, traduzindo
em números a vontade geral do manauara. Enfim que a vontade do povo seja
respeitada e vença o melhor.
(*)
É professor, antropólogo e coordenador da NCPAM/UFAM.
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