AMAZONAS, DA PROVÍNCIA
A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
Ademir Ramos (*)
A elevação à categoria de Província do Amazonas celebrada
nesta terça-feira – 5 de setembro –
resulta de um ato contra revolucionário, isto porque, os dirigentes do amazonas
não aderiram a cabanagem e por isso foram premiados pelo governo imperial com
novas funções e cargos de terceiro escalão no corpo da nova província. O povo
fora do eixo, nada viu e nada soube, foi tudo um arranjo para fortalecer ainda
mais a exploração dos trabalhadores do amazonas e o saque de nossas riquezas
naturais. A emancipação política é um processo a ser conquistado, no passado
fora criada a companhia geral do comércio do Grão-Pará e Maranhão com objetivo
de acelerar o mais rápido possível a exploração da região em benefício da reedificação
da metrópole portuguesa, para esse fim, em 1757, os portugueses empossaram o
primeiro governador da capitania, Joaquim de Melo e Póvoas, fazendo valer o
domínio do território e a exploração de nossa gente.
Não satisfeito, mas, com a mesma motivação, os colonizadores
portugueses redefiniram o nosso território de forma feudal e, em 1772 recriaram
a nova Capitania passando a se chamar Grão-Pará e Rio Negro, desmembrando o
Maranhão par outro domínio. Com a mudança da Família Real para o Brasil, foi
permitida a instalação de manufaturas e o Amazonas começou a produzir algodão,
cordoalhas, manteiga de tartaruga, cerâmica e velas para atender os interesses
externos e o conforto dos colonizadores. Um dos governadores que lutou para
romper com este processo de dominação político e exploração de nossa gente foi
Manuel da Gama Lobo D’Almada, o qual merece todo o respeito do povo do
Amazonas. Em 1821, Grão Pará e Rio Negro viraram a província unificada do
Grão-Pará. No ano seguinte, em 7 de setembro de 1822, o Brasil proclamou a
Independência na perspectiva de se afirmar perante as nações desenvolvidas com favorecimento
para Inglaterra.
Em meados do século XIX foram fundados os primeiros núcleos
que deram origem às atuais cidades de Itacoatiara, Parintins, Manacapuru e
Careiro e Moura. A capital foi situada em Mariuá (entre 1755-1791 e 1799-1808),
e em São José da Barra do Rio Negro (1791-1799 e 1808-1821). A revolta de 1832,
denominada “Revolta de Lages” exigiu a autonomia do Amazonas como província
separada do Pará. A rebelião foi sufocada, mas os amazonenses conseguiram
enviar um representante à Corte Imperial, Frei José dos Santos Inocentes, que
obteve no máximo a criação da Comarca do Alto Amazonas. Com a Revolução dos
Cabanos (1835-1840), no Pará, os dirigentes do Amazonas mantiveram-se fiel ao
governo imperial e não aderiram à Cabanagem.
Recompensados por este comportamento subalterno, os políticos
do Amazonas, nesta data efetiva, 05 de setembro de 1850 foram premiados com a
Elevação a Categoria de Província, separando-se definitivamente do Pará. Desta
feita, em 1856 resgata-se a cidade de Manaus como capital da Província, que em
nossos dias transformou-se no maior polo industrial da região acumulando graves
problemas, destacando, sobretudo a mediocridade dos dirigentes a subalternidade
dos políticos e o oportunismo das elites dirigentes maculando profundamente a formação
de nossa gente.
(*) É professor, antropólogo, coordenador do NCPAM/UFAM e do
projeto jaraqui.