SABACU
NO GOVERNO QUE NÃO RESPEITA AS CRIANÇAS
Pelos 30 anos do Estatuto da Criança e Adolescentes.
Levantamos
e formamos uma grande roda, quando cada um canta o nome da pessoa que não simpatizava
e cantando fazia de conta que estava dando um Sabacu neles.
Ademir
Ramos (*)
O
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, de 13 de julho de 1990,
completa, neste ano de 2020, 30 anos de sua promulgação. Foi, sem dúvida, uma
das grandes conquistas do movimento social em articulação com a pastoral
familiar e da criança vinculadas a Igreja Católica coordenada pela médica
sanitarista Dra. Zilda Arns Neumann, coordenadora internacional da Pastoral da
Criança, com aval e apoio do Fundo Internacional de Emergência das Nações
Unidas para a Infância.
DETERMINAÇÃO
CONSTITUCIONAL: Tenho muito orgulho de ter participado junto com outros
companheiros e companheiras do Movimento Meninos e Meninas de Ruas desta luta
pela efetivação do direito “dessas pessoas em desenvolvimento”, sob a direção
do Padre Bruno Sechi, respaldado na Constituição Federal de 1988, que assegura
à criança e ao adolescente do Brasil, em seu Art. 227, seus direitos
fundamentais: “É dever da família da sociedade e do Estado assegurar à criança
e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de coloca-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão”.
Nossa homenagem a Dra. Zilda Arns In Memoriam.
PARA
JUSTAR CONTA: Juro que não me canso de falar e se possível gritar para acordar
esses governantes desatentos e irresponsáveis se assim não fosse viriam a
público para justar contas do seu dever constitucional. Digo e repito, um dos
maiores critérios para se avaliar a gestão de um determinado governante é
conferir o que este “animal político” fez ou pretende fazer em atenção aos
direitos das crianças e adolescentes de Manaus, Amazonas, Brasil. Certa vez lá
em Tonantins, no Alto Solimões, município do Amazonas, eu e Suki, companheira
de viajem, nos deparamos à boca da noite com um grupo de criança bem na entrada
da Pensão, onde estávamos hospedados, então resolvi sentar e fazer parte da
roda de conversa, momento em que a laguz foi embora, como tem sido de praxe no
interior do nosso Amazonas. Não parei não, exagerei na dose das narrativas
contando “causa” da nossa Amazônia. Consegui segurar a meninada e depois
comecei a falar da Escola, Saúde e da Felicidade das crianças e dos adolescentes
enquanto direito deles e dever do Estado cabendo aos governantes realizar
programas e projetos em atenção a esses brasileirinhos indígenas, quilombolas,
da cidade e do campo.
Nossa homenagem In Memoriam ao Padre Bruno, amigo das crianças.
SABACU
NELES: Sob a luz dos direitos fundamentais resolvi então perguntar o que eles
fariam com esses políticos que pouco ou nada fazem pela vida saudável das
crianças, não me responderam. Então me lembrei da brincadeira que fazia quando
um dos amiguinhos não respeitava o outro ou quando não cumpria o que foi
combinado e procurava enganar todo mundo. Dito isso, eles queriam saber como era
a brincadeira e como se chamava. Falei que era o famoso Sabacu, quando se
organiza uma grande roda e colocava o amiguinho no meio e os meninos e meninas
batiam com as pontas dos dedos na cabeça do amiguinho como fosse uma forma de
batismo para que ele nunca mais venha contrariar a vontade da maioria se querem
saber era isso que eu gostaria de fazer com esses políticos que não respeita os
direitos das crianças. Pra finalizar levantamos e formamos uma grande roda,
quando cada um cantava o nome da pessoa que não simpatizava e cantando fazia de
conta que estava dando um Sabacu neles.
(*)
É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do núcleo de cultura
política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.