DIZEM
QUE TODO POLÍTICO É LADRÃO
Ademir
Ramos (*)
Esta
opinião circula pelo vasto mundo. É bom que tenhamos a clareza da situação para
não endossar os apetites dos afoitos que querem porque querem fechar o congresso
e dar cabo aos demais poderes constitucionais rasgando a nossa Carta Magna.
Estes
afoitos projetam no outro a nossa desgraça e com isso buscam se livrar de
qualquer responsabilidade dos fatos. Mas, saibam todos que o parlamento e o
governo foram eleitos pela vontade popular e só serão depostos se contrariarem
formalmente a Constituição e as leis infraconstitucionais.
Se
nós aceitássemos a máxima corrente de que todo político é ladrão estaríamos compactuando
com a morte da Democracia em favor de um governo autoritário e personalista,
chamemos de ditadura, tirania como quiserem, o fato é que as liberdades civis
serão castradas e a Nação será refém do poder absoluto que se pauta na sua
própria vontade articulado com as facções que os apoia, instrumentalizando,
dessa feita, o Estado para seus interesses patrimoniais e corporativos.
No
varejo somos todos iguais. Por esta razão é importante aprimorar os mecanismos de
controle institucional e da sociedade civil organizada assentado na liberdade
de imprensa e na livre manifestação do pensamento nos termos da lei.
Na
Democracia, verdadeiramente, os fins não justificam os meios. Pois se assim
fosse a corrupção seria regra e não exceção. Em resumo, é necessário aprimorar
o sistema eleitoral, permitindo que o eleitor cidadão tenha mais clareza quanto
à sua opção nas urnas votando com responsabilidade e consciência.
A
corrupção é recorrente, o ladrão existe, a vigilância e o combate têm sido
constantes tanto no Legislativo como no Executivo e Judiciário. Imputar unicamente ao povo esta
responsabilidade é injusto se o Legislativo não trabalha com propósito de fazer
uma Reforma Política Já, que defina os meios estruturantes para melhor escolher
e optar nas urnas por candidatos responsáveis comprometidos com as demandas
populares. Não havendo Reforma, os políticos continuarão sendo apedrejados
pelos justiceiros que nem Madalena nas ruas, praças, mais ainda, nas mídias
sociais sem a tutela do Cristo.
(*)
É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do núcleo de cultura
política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.
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