quarta-feira, 1 de julho de 2020

DIZEM QUE TODO POLÍTICO É LADRÃO


   
Ademir Ramos (*)

Esta opinião circula pelo vasto mundo. É bom que tenhamos a clareza da situação para não endossar os apetites dos afoitos que querem porque querem fechar o congresso e dar cabo aos demais poderes constitucionais rasgando a nossa Carta Magna.

Estes afoitos projetam no outro a nossa desgraça e com isso buscam se livrar de qualquer responsabilidade dos fatos. Mas, saibam todos que o parlamento e o governo foram eleitos pela vontade popular e só serão depostos se contrariarem formalmente a Constituição e as leis infraconstitucionais.

Se nós aceitássemos a máxima corrente de que todo político é ladrão estaríamos compactuando com a morte da Democracia em favor de um governo autoritário e personalista, chamemos de ditadura, tirania como quiserem, o fato é que as liberdades civis serão castradas e a Nação será refém do poder absoluto que se pauta na sua própria vontade articulado com as facções que os apoia, instrumentalizando, dessa feita, o Estado para seus interesses patrimoniais e corporativos.

No varejo somos todos iguais. Por esta razão é importante aprimorar os mecanismos de controle institucional e da sociedade civil organizada assentado na liberdade de imprensa e na livre manifestação do pensamento nos termos da lei.
 

Na Democracia, verdadeiramente, os fins não justificam os meios. Pois se assim fosse a corrupção seria regra e não exceção. Em resumo, é necessário aprimorar o sistema eleitoral, permitindo que o eleitor cidadão tenha mais clareza quanto à sua opção nas urnas votando com responsabilidade e consciência.

A corrupção é recorrente, o ladrão existe, a vigilância e o combate têm sido constantes tanto no Legislativo como no Executivo e Judiciário.  Imputar unicamente ao povo esta responsabilidade é injusto se o Legislativo não trabalha com propósito de fazer uma Reforma Política Já, que defina os meios estruturantes para melhor escolher e optar nas urnas por candidatos responsáveis comprometidos com as demandas populares. Não havendo Reforma, os políticos continuarão sendo apedrejados pelos justiceiros que nem Madalena nas ruas, praças, mais ainda, nas mídias sociais sem a tutela do Cristo.           
  
(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do núcleo de cultura política do Amazonas vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.


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