domingo, 7 de fevereiro de 2021

STF JULGA AÇÃO CIVIL PÚBLICA DO MPF PELA ANTECIPAÇÕ DE TUTELA DO ENCONTRO DAS ÁGUAS NO AMAZONAS

Em disputa no STF a tutela, proteção, o Tombamento em definitivo do Encontro das Águas – cartão postal de Manaus - como patrimônio do povo brasileiro contrário a privatização e violação deste bem como sujeito de direito.  

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, relatora da Ação Cível Originária (ACO) 2512/AM, relativa ao Encontro das Águas (do rio Negro e Solimões) pelo seu valor histórico, cultural, arqueológico, paleontológico, geológico e paisagístico, chamou o feito à ordem e decidiu suspender por 60 dias o processo em pauta a pedido do governo do Amazonas, deferindo também vista em favor da Procuradoria Geral da República.

O QUE DIZ A CONSTITUIÇÃO FEDERAL: No Despacho da ministra relatora, datado de 18 de dezembro de 2020, sobre Ação civil pública, com requerimento de antecipação de tutela, ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra União, Amazonas, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas – IPAAM, Laje Logística S/A, Log-in Logísticas Intermodal S/A e Juma Participações para obter o reconhecimento, pelo Poder Judiciário, do valor histórico, cultural arqueológico, paleontológico, geológico, estético e paisagístico do monumento natural conhecido como “Encontro das Águas” dos Rios Negro e Solimões, situado no Amazonas e para que seja declarado “espaço especialmente protegido”, nos termos do § 1º do inc. III do art. 225 da Constituição da República, que tem por ordem:

“definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas dos atributos que justifiquem sua proteção”.

ESCLARECIMENTO FAZ: O Movimento SOS Encontro das Águas, juntamente com os parceiros, vem monitorando o processo e por esta razão sente-se no dever de esclarecer a sociedade que o Tombamento Provisório do Encontro das Águas foi consumado nos termos do edital publicado no Diário Oficial da União no dia 11 de novembro de 2010.

A relatora da ACO 2512/AM, depois de ouvir as partes, veja a contestação da Lajes Logística S/A, empresa interessada na construção da megaplataforma portuária no Encontro das Águas que: “preliminarmente, impugnou o valor da causa e salientou haver perda de objeto da ação. Pediu, ainda, fosse deferido pedido de realização de audiência de conciliação”.

Da mesma forma, como ação orquestrada contra o Tombamento do Encontro das Águas, o governo do Amazonas protocolou no dia 8.10.2020, Petição n. 83.745/2020, explicando que “desde o ano de 2019 o Estado do Amazonas passou a fazer diversas tratativas com os envolvidos nessas ações, desde grupos empresariais, autarquias federais e o Ministério Público Federal, para pactuar convergências mínimas em torno de um acordo que garanta o desenvolvimento sustentável da região com preservação ambiental.” Na petição do governo do Amazonas, o mandatário faz questão de ignorar as (assembleias comunitárias) envolvidas diretamente no processo em tramite no STF seja em Manaus, como também nos municípios de Careiro da Várzea e Iranduba citados nos autos.

Requereu o governador do Amazonas: “a suspensão do processo por 60 (sessenta dias), tempo esse necessário para a conciliação das agendas e realização da reunião pleiteada pelo Estado, com o objetivo de que os pontos eventualmente divergentes sejam superados.”

Para os especialistas ouvidos sobre o despacho da ministra Carmén Lucia, a decisão tomada faz parte do rito processual. O mais importante para eles é atentar quanto o cumprimento do prazo requerido pelo governo do Amazonas Wilson Lima, sabendo ainda que é possível prorrogar ou não os 60 dias, a depender da decisão da relatora. Segundo o requerimento do governo do Amazonas, que se posicionou contra o Tombamento do Encontro das Águas, “a suspensão do processo por 60 (sessenta dias), tempo esse necessário para a conciliação das agendas e realização da reunião pleiteada pelo Estado, com o objetivo de que os pontos eventualmente divergentes sejam superados.”

Pelos fatos apresentados, os holofotes se voltam para o gabinete da ministra do STF Carmén Lúcia - gabcarmen@stf.jus.br - (61) 3217-4348, em favor do Tombamento em definitivo do Encontro das Águas do Amazonas, Brasil.

A INDÚSTRIA DA PANDEMIA E A CORRUPÇÃO NO AMAZONAS

A miséria social não é vontade de Deus é muito mais vontade do diabo desses governantes e políticos irresponsáveis que enriquecem a custa da cheia, seca e agora da Covid-19.

Ademir Ramos (*)

Uma somatória de fatores contribui diretamente para disseminar a pandemia provocando dor e morte no coração desta brava gente que tanto luta por dignidade e respeito. Quando vem a enchente perde o pouco que tinha, na seca fica no abandono a mercê dos favores eleitoreiros dos políticos e governantes corruptos que se aproveitam do “estado de calamidade” para superfaturar cesta básica e outros serviços prestados a população do nosso Amazonas.

Na cidade vive “nas quebradas” sem condições dignas de moradia, sem água e nenhuma estrutura sanitária. Estas pessoas são empurradas pelo Estado, digo pelos governantes e políticos, para o antro do narcotráfico que assim como a pandemia espalhou-se como praga nas cidades e no interior da Amazônia.

A miséria social não é vontade de Deus é muito mais vontade do diabo desses governantes e políticos irresponsáveis que enriquecem a custa da cheia, seca e agora da Covid-19.

Esses carniceiros que fingem governar como Messias ou salvador da pátria, que roubam merenda escolar, que superfaturam remédios e equipamentos são mais do que corruptos, são na verdade “assassinos” como bem disse o ministro da Suprema Corte Luís Roberto Barroso.

A indústria da Covid-19 no norte do Brasil é um quadro lastimável afronta a Justiça e a dignidade do povo da Amazônia. Saiba que os governantes dos dois maiores Estados da Federação, o Pará e o Amazonas, estão sob investigação da Polícia Federal por suspeita de desvio de recurso da saúde para as contas bancárias destes agentes públicos e de seus comparsas.

A responsabilidade recai também nos órgãos de controle e fiscalização. No caso específico compromete diretamente o poder legislativo estadual e municipal que por prevaricação ou cumplicidade deixaram de cumprir com o seu dever constitucional merecendo ser cassado ou negado nas urnas.

O cinismo e a imoralidade desses políticos carniceiros passaram dos limites. Na propaganda oficial difundem que estamos em guerra e com isso a terrorizam a população apostando no “quanto pior melhor” para mostrar que eles estão no comando.

Os fatos denunciam que os amazonenses estão à deriva e que seus governantes não conseguem definir um planejamento mínimo para garantir oxigênio aos pacientes quanto mais assegurar respeito à fila da vacinação em cumprimento às determinações da ordem do Ministério da Saúde, em não fazendo resolveram promover nomeações à alfaiate para justificar a vacinação dos seus apaniguados, patrocinadores, parentes e afins. Mas nem todo mal dura para sempre, assim que chegarmos a terra firme com oxigênio e saúde, não nos esqueçamos de mandar esta gente para o cafundó dos infernos reprovando nas ruas e nas urnas. 

 (*) É professor, antropólogo, coordenador projeto jaraqui e do núcleo de cultura política do Amazonas do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.

SEM POUPANÇA, TRABALHO E OXIGÊNIO: CRISE HUMANITÁRIA NO AMAZONAS


Para Dra. Márcia Castro, professora titular de Harvard, a situação do Amazonas neste cenário de irresponsabilidade política dos governantes, contribuindo diretamente para o avanço e domínio da nova variante da Covid-19 no Estado com disseminação por todo o Brasil, com registro até no Japão, é uma verdadeira “crise humanitária” trata-se de uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada pelas políticas genocidas.

                                                           Ademir Ramos (*)

O microbiologista Atila Iamarino, com mais de um milhão de seguidores faz um eficiente trabalho nas redes sociais quanto à popularização do conhecimento científico pertinente à natureza e cultura da Covid-19 no Brasil e no mundo.

Para qualificar sua comunicação convidou a participar de suas lives, a professora pesquisadora Márcia Castro, PhD em demografia, com vasta experiência no Brasil e no mundo sobre pesquisa de campo focada nos estudos de identificação de riscos sociais, biológicos e ambientais associados a doenças transmitidas por vetores nos trópicos, inserindo em suas análises estas variantes em questão para explicar a dinâmica da Covid-19 no território nacional e, particularmente no Amazonas, sem poupança, trabalho e oxigênio.

Marcia Castro, professora titular do Global Health and Population Department da Harvard T.H. Chan School of Public Health (HSPH), conhece a Amazônia, onde trabalhou em pesquisa de campo sobre a malária, assim como também no continente africano e outros países.

A professora titular de Harvard afirma que medicina e saúde pública requer estudo de campo e pesquisa interdisciplinar, por esta razão questiona diretamente a aplicabilidade da quarentena como medida transplantada da Europa para o Brasil desconsiderando a desigualdade e a formação social, suas relações de produção, o acesso à saúde e o racismo estrutural, bem como também a conjuntura brasileira “marcada pela ignorância, estupidez e egoísmo” formatada na política governamental como expressão do neoliberalismo econômico articulado ideologicamente com as religiões neopentecostais.

Quanto ao cenário do Amazonas e da Amazônia como um todo é importante que chamemos atenção para o nosso baixo índice de Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH). A título de exemplo a professora não se cansa de denunciar que no Amazonas 43% de nossa população não tem acesso à água – estrutura sanitária - e no Amapá, o índice é de 65%, significa dizer que o lavar as mãos com sabão enquanto regra de prevenção por aqui é no mínimo escasso e duvidoso isto sem falar no déficit escolar, na qualidade de nossa educação e no trabalho informal.

No Amazonas, a concentração de riqueza é perversa, a classe média em sua maioria resulta da função do Estado. Com a pandemia afetando a economia como um todo a pauperização da classe média é visível tanto quanto dos que vivem em extrema pobreza. A Zona Franca de Manaus citada pela pesquisadora como Polo de Produção com articulação internacional é fator a ser examinado, em se tratando da transmissão do vírus, considerando sua extensão quanto à mobilidade dos seus agentes no mercado.

Os pesquisadores da área de Saúde Pública louvam a iniciativa da FIOCRUZ na Amazônia, particularmente em Manaus, realizando pesquisa de genotipagem da Covid-19 com pouco investimento. No entanto, o descaso dos governantes é escandaloso pela falta de teste e de qualquer planejamento básico para o enfrentamento da pandemia chegando ao ponto de desmontar um hospital de campanha achando desta feita que teria vencido a Covid-19, quando na verdade o vírus estava migrando para a periferia e o interior do Estado no formato de nova variante mais agressiva e letal.

No Amazonas somente em Manaus temos Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais de referência, no interior do Estado temos Unidade de Cuidados Intermediários (UCI). Mas, com a saturação da rede em Manaus, o aceleramento do processo de transmissibilidade da nova variante da Covid-19, a falta de oxigênio hospitalar em todo o Estado e em contrapartida o ministério da saúde em vez de prover com oxigênio a Rede oficializou o “tratamento prévio” desovando a cloroquina por todo o Estado, com se fez no início do século 19 contra a influenza hespanhola, assim definida à época.         

 Nesta circunstancia, os profissionais de saúde, segundo a Dra. Márcia Castro, agem como “brigada de incêndio” tentando salvar uma vida aqui outra acolá, conseguindo tão somente se estressar e adoecer em processo.

Para ela, a situação do Amazonas neste cenário de irresponsabilidade política dos governantes contribuindo diretamente para o avanço e domínio da nova variante da Covid-19 no Estado com disseminação por todo o Brasil, com registro até no Japão, é uma verdadeira “crise humanitária” trata-se de uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada a exigir recursos extraordinários de ajuda humanitária para evitar uma catástrofe ou pelo menos limitar as suas consequências.

A “crise humanitária”, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) é uma situação catastrófica. Essa ocorrência afeta setores básicos da sociedade e resulta na reunião de forças internas e externas para a reintegração e manutenção da vida e da paz social responsabilizando-se os genocidas junto à Corte de Justiça nacional e internacional.

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.

POVO DO AMAZONAS EM TEMPO DE COVID PODE VIRAR COBAIA

A prática desses pesquisadores corruptos justifica-se pelo fim da riqueza acumulada e se for necessário farão a redução da nossa gente em cobaia tal como rato de laboratório.

 

As comunidades indígenas e ribeirinhas na Amazônia já sofreram todo tipo de agressão quando o caso envolve diretamente a questão do domínio do conhecimento ancestral e, particularmente, sobre a saúde dessa gente.

Para conter o avanço das frentes exploratórias às vezes travestidas de pastores, padres e ou pesquisadores sob o guarda-chuva de uma determinada instituição seja Igreja, Universidade e Ongs, os próprios indígenas através de suas organizações de base e demais comunidades decidiram controlar a circulação dessa gente para não ser lesados em seus direitos.

Muitas vezes esses agentes são parecidos com os representantes dos laboratórios que assiduamente frequentam os gabinetes médicos deixando amostras dos medicamentos para prescrever aos pacientes e com isso faz circular esse volumoso comércio que tem a frente poderosos laboratórios internacionais que no momento disputam entre si o domínio da vacina contra a Covid-19.

NADA DE TEORIA DA CONSPIRAÇÃO:         Reporto-me aos fatos de determinadas pesquisas que caem de paraquedas na região e de forma paralela trabalham de costas para as agências e institutos públicos que já atuam por aqui, particularmente no Amazonas, com reconhecido trabalho neste campo. De repente com explosão da Covid-19 no Amazonas a partir do primeiro caso, em março de 2020 e agora com a nova variante identificada pela Fiocruz em 2021, a poderosa indústria farmacêutica busca de toda forma se abrigar numa determinada instituição pública para realizar Inquérito de Soroprevalência de Acesso Expandido da CovId-19, como carro chefe, visando testar milhares de amazonenses tanto na capital como no interior, valendo-se do amparo de laboratórios particulares que irão fazer coletas e as análises dos testes, é caso do Projeto Epicovid-19 BR-2, respaldado pela Universidade Federal de São Paulo, mas quem fará a coleta no Amazonas é o laboratório privado Nobel e em seguida repassará para o maior laboratório privado da América Latina Grupo Hermes Pardini para analisar e estudar as amostras do sangue dos amazonenses, conforme noticiou o jornal a Crítica de Manaus (caderno cidade, C1 de 06.02.2021).

Como se sabe no mercado não tem almoço de graça, é importante que haja transparência nessas ações e que o trabalho seja conduzido nos termos do Comitê de Ética em Pesquisa sem lesar ainda mais o povo sofrido do Amazonas.

FATO RECORRENTE: Na dúvida consulte o livro de Patrick Tierney (Trevas no Eldorado), da editora Ediouro, 2002. Nesta obra o autor relata o caso de um famoso antropólogo norte-americano Napoleon Chagnon, que em Roraima, em 1995, estava a serviço de um determinado laboratório internacional em parceria com um geneticista brasileiro para coletar sangue dos Yanomami; quando flagrado em seu ato alegou as autoridades brasileiras que o objetivo era “colher amostra de sangue para realizar pesquisa sobre diferentes variedades de malária que infestavam a área”. A prática desses pesquisadores corruptos justifica-se pelo fim da riqueza acumulada e se for necessário farão a redução da nossa gente em cobaia tal como rato de laboratório.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

FLAGELO DO POVO DO AMAZONAS


Letal e criminosa tem sido também a corrupção política que precariza o Sistema Único de Saúde no Brasil, em particular no Amazonas, não permitindo que o povo respire e por isso morra em casa e nos leitos de hospitais por falta de oxigênio e assistência a saúde tanto em Manaus, capital do estado, como nas aldeias e pelo interior do Amazonas.  

Ademir Ramos (*)

O povo do Amazonas com avanço da pandemia vive um grande flagelo, ferido de morte pela covid-19, sangrado pela corrupção governamental, vivendo no descaso e abandono das autoridades competentes, sendo as principais responsáveis pela calamidade da saúde pública no estado, a começar pela falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, pior ainda, falta de oxigênio no sistema hospital de Manaus e nos demais 61 municípios, acelerando diretamente o número de mortes no Amazonas.

SEGUNDA ONDA: Como os especialistas têm chamado o avanço da covid-19, o Boletim de n 304, de 1 de fevereiro do ano em curso, da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), registrou 1.323 novos casos de Covid-19, totalizando 268.717 casos da doença no estado. O boletim registra também o número de 149 mortes por Covid-19, sendo 61, no dia 31 de janeiro mais 88 mortos diagnosticados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, totalizando 8.266 mortes no Amazonas, desde o início da pandemia, conforme registra o Boletim de 03 de março de 2020, da FVS-AM.

O aparecimento dos primeiros casos de Covid-19 no Amazonas tem sido monitorado a partir de sua caracterização genética do Sars-CoV-2, feito pelo Laboratório de Virologia da Fiocruz Amazônia, coordenado pela equipe do pesquisador Felipe Naveca. O laboratório, por sua vez, contribui com o estado na realização de diagnóstico molecular da doença e no desenvolvimento de ações de Vigilância Genômica do Sars-CoV-2 circulante no Amazonas.

NOTA TÉCNICA: Datada de 28 de janeiro de 2021, a Fiocruz no Amazonas e a Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas (FVS-AM), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), atestam que nesse mês de janeiro 2021, a nova variante de Sars-CoV-2, a P.1, foi identificada em 91%, dos genomas sequenciados no Amazonas, o que a torna hoje a mais letal no Estado.

O trabalho dos pesquisadores já sequenciaram, segundo a Nota da Fiocruz, 250 genomas, sendo 177 provenientes de Manaus e os outros 73 de 24 municípios do interior do Amazonas, identificados 18 linhagens do Sars-CoV-2 no Amazonas, destacam-se em frequência a B.1.1.28 (33,6%), B.1.195 (18,8%), B.1.1.33 (11,6%) e, desde dezembro de 2020 a emergência da linhagem P.1 (nova variante brasileira), que saltou de 51% das amostras sequenciadas em dezembro, para 91% das amostras sequenciadas até a primeira quinzena de janeiro de 2021.

NA REDE DE ASSISTÊNCIA: No Amazonas, o Boletim supracitado de n 304, da FVS-AM, informa-nos que há 2.065 pacientes internados na Rede de Assistência, sendo 1.350, em leitos clínicos (445 na rede privada e 905 na rede pública), 643 em UTI (296 na rede privada e 347 na rede pública) e 72 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária, para estabilização de pacientes críticos/graves, para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde, inclusive com transferência de pacientes de Covid-19 para outros estados da federação. Ainda há outros 597 pacientes internados, considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 497 estão em leitos clínicos (134 na rede privada e 363 na rede pública), 65 estão em UTI (46 na rede privada e 19 na rede pública) e 35 em sala vermelha.

Em resumo, o colapso do sistema de saúde no Amazonas resulta até esta segunda-feira (1), na somatória de 268.717 casos confirmados, sendo assim distribuídos: 120.954 de Manaus (45,01%) e 147.763 do interior do estado (54,99%), comprovando que a nova variante de Sars-CoV-2, a P.1 está presente em todo Amazonas.

ALERTA GERAL: Os especialistas continuam alertando para o uso de máscara, respeito ao distanciamento entre as pessoas, lavagem das mãos com água e sabão ou a utilização de álcool em gel. Estas recomendações são consideradas fundamentais no controle da circulação do vírus da Covid-19, principalmente, em se tratando da sua nova linhagem à brasileira, que tem sido muito mais letal do que na primeira onda.

Letal e criminosa tem sido também a corrupção política que precariza o Sistema Único de Saúde no Brasil, em particular no Amazonas, não permitindo que o povo respire e por isso morra em casa e nos leitos de hospitais por falta de oxigênio e assistência a saúde tanto em Manaus, capital do estado, como nas aldeias e pelo interior do Amazonas.   

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.

domingo, 31 de janeiro de 2021

CONTRA E A FAVOR DO PREFEITO DE MANAUS

 


“O prefeito David Almeida cedeu à vontade e interesses de seus patrocinadores e apoiadores perdendo a visão estratégica quanto à unidade das ações talvez pelo personalismo ou quem sabe por falta de interlocutores de confiança neste processo decisório”.                  

Ademir Ramos (*)

A situação requer que faça uma análise estruturante para compreender e explicar o que trava o governo do prefeito David Almeida (Avante) frente à prefeitura da capital do Amazonas, inviabilizando seu avanço e a eficácia de suas ações relativas às políticas públicas, sobretudo, em atenção à saúde pública quanto à campanha de imunização no município.

As críticas e processos denunciam que o prefeito David Almeida agiu com irresponsabilidade no cumprimento do seu dever na execução da campanha de vacinação contra a covid-19, favorecendo seus apaniguados e por isso sendo chamado de fura-fila. Embora o prefeito negue estas acusações, o caso foi parar na justiça com pedido de prisão feito pelo ministério público estadual.

VAMOS AOS FATOS: A eleição do prefeito David Almeida resulta de articulação direta do governador do Amazonas Wilson Lima (PSC), alinhado com o ex-deputado federal Pauderney Avelino (DEM), então secretario do governo do Amazonas, em São Paulo, que indicou ou referendou o nome do vice Marcos Rotta (DEM), na chapa de David Almeida. Pauderney Avelino, figura carimbada do DEM, com transito junto ao governo Bolsonaro e na Câmara Federal, foi exonerado da secretaria de governo e passou a fazer o meio de campo da candidatura do David Almeida, agregando capital para dar explosão à campanha contra o adversário ou inimigo comum que era Amazonino Mendes (Podemos).

ESCOLHA DO SECRETARIADO: Eleito pelos manauaras num pleito disputadíssimo, o prefeito David Almeida, de imediato mostrando ativismo político dos iniciantes, com justa razão chamou para si a responsabilidade de nomear o secretariado e demais agentes diretos e indiretos, não mais pautado pelo projeto político que defendera no curso de sua campanha e muito menos seguido por definições de prioridades tal como saúde, trabalho e renda; ao contrário agiu loteando as secretarias e funções para atender patrocinadores e apoiadores afetivos e afins juntando alho com bugalho na pretensão juvenil de sustentar a unidade operacional de seu governo. Sob pressão, o prefeito David Almeida cedeu à vontade e interesses de seus patrocinadores e apoiadores perdendo a visão estratégica quanto à unidade das ações talvez pelo personalismo ou quem sabe por falta de interlocutores de confiança neste processo decisório.                   

CONJUNTURAL: O prefeito David Almeida, neste primeiro janeiro de 2021, tem tropeçado na própria perna, em outras palavras, se deixou amarrar e agora parece com aquele mágico preso no fundo do mar que luta contra o tempo para se desatar das correntes. No caso do prefeito, ele pode se transformar em “boi de piranha”, servindo de isca para alimentar políticos vorazes que estão contrariados em seus interesses querendo de toda forma empurrá-lo de ladeira abaixo. O prefeito é um criador de cobras e o pior de tudo não aprendeu a domá-las por esta razão corre severo risco de cair na vala comum da política. O bom senso nos ensina que ainda é cedo para qualquer avaliação finalística. No entanto, neste momento comporta-se como um lutador parado no ringue apanhando de todos os lados, isolado no seu próprio canto porque as cobras que ele nomeou rastejam em direção contrária e tudo farão para fraquejar. No momento agora responde somente aos problemas que ele e seus agentes engendraram no executivo municipal, mas se não reorganizar suas ações, em breve terá problemas com a própria câmara municipal quando as demandas populares vieram à baila na perspectiva das eleições do próximo ano. Contudo, sabe-se também que nas crises as lideranças políticas são testadas quem sabe se para o prefeito de Manaus não é uma boa oportunidade para mostrar sua liderança resolutiva, o certo é que não se faz omelete sem quebrar os ovos, eis o paradoxo.                     

(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. E-mail: ademiramos@hotmail.com