Letal e criminosa tem sido também a corrupção política que precariza o Sistema Único de Saúde no Brasil, em particular no Amazonas, não permitindo que o povo respire e por isso morra em casa e nos leitos de hospitais por falta de oxigênio e assistência a saúde tanto em Manaus, capital do estado, como nas aldeias e pelo interior do Amazonas.
Ademir Ramos (*)
O povo do Amazonas com avanço da pandemia vive um grande flagelo, ferido de morte pela covid-19, sangrado pela corrupção governamental, vivendo no descaso e abandono das autoridades competentes, sendo as principais responsáveis pela calamidade da saúde pública no estado, a começar pela falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, pior ainda, falta de oxigênio no sistema hospital de Manaus e nos demais 61 municípios, acelerando diretamente o número de mortes no Amazonas.
SEGUNDA ONDA: Como os especialistas têm chamado o avanço da covid-19, o Boletim de nᵒ 304, de 1 de fevereiro do ano em curso, da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), registrou 1.323 novos casos de Covid-19, totalizando 268.717 casos da doença no estado. O boletim registra também o número de 149 mortes por Covid-19, sendo 61, no dia 31 de janeiro mais 88 mortos diagnosticados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, totalizando 8.266 mortes no Amazonas, desde o início da pandemia, conforme registra o Boletim de 03 de março de 2020, da FVS-AM.
O aparecimento dos primeiros casos de Covid-19 no Amazonas tem sido monitorado a partir de sua caracterização genética do Sars-CoV-2, feito pelo Laboratório de Virologia da Fiocruz Amazônia, coordenado pela equipe do pesquisador Felipe Naveca. O laboratório, por sua vez, contribui com o estado na realização de diagnóstico molecular da doença e no desenvolvimento de ações de Vigilância Genômica do Sars-CoV-2 circulante no Amazonas.
NOTA TÉCNICA: Datada de 28 de janeiro de 2021, a Fiocruz no Amazonas e a Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas (FVS-AM), por meio do Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), atestam que nesse mês de janeiro 2021, a nova variante de Sars-CoV-2, a P.1, foi identificada em 91%, dos genomas sequenciados no Amazonas, o que a torna hoje a mais letal no Estado.
O trabalho dos pesquisadores já sequenciaram, segundo a Nota da Fiocruz, 250 genomas, sendo 177 provenientes de Manaus e os outros 73 de 24 municípios do interior do Amazonas, identificados 18 linhagens do Sars-CoV-2 no Amazonas, destacam-se em frequência a B.1.1.28 (33,6%), B.1.195 (18,8%), B.1.1.33 (11,6%) e, desde dezembro de 2020 a emergência da linhagem P.1 (nova variante brasileira), que saltou de 51% das amostras sequenciadas em dezembro, para 91% das amostras sequenciadas até a primeira quinzena de janeiro de 2021.
NA REDE DE ASSISTÊNCIA: No Amazonas, o Boletim supracitado de nᵒ 304, da FVS-AM, informa-nos que há 2.065 pacientes internados na Rede de Assistência, sendo 1.350, em leitos clínicos (445 na rede privada e 905 na rede pública), 643 em UTI (296 na rede privada e 347 na rede pública) e 72 em sala vermelha, estrutura voltada à assistência temporária, para estabilização de pacientes críticos/graves, para posterior encaminhamento a outros pontos da rede de atenção à saúde, inclusive com transferência de pacientes de Covid-19 para outros estados da federação. Ainda há outros 597 pacientes internados, considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 497 estão em leitos clínicos (134 na rede privada e 363 na rede pública), 65 estão em UTI (46 na rede privada e 19 na rede pública) e 35 em sala vermelha.
Em resumo, o colapso do sistema de saúde no Amazonas resulta até esta segunda-feira (1), na somatória de 268.717 casos confirmados, sendo assim distribuídos: 120.954 de Manaus (45,01%) e 147.763 do interior do estado (54,99%), comprovando que a nova variante de Sars-CoV-2, a P.1 está presente em todo Amazonas.
ALERTA GERAL: Os especialistas continuam alertando para o uso de máscara, respeito ao distanciamento entre as pessoas, lavagem das mãos com água e sabão ou a utilização de álcool em gel. Estas recomendações são consideradas fundamentais no controle da circulação do vírus da Covid-19, principalmente, em se tratando da sua nova linhagem à brasileira, que tem sido muito mais letal do que na primeira onda.
Letal e criminosa tem sido também a corrupção política que precariza o Sistema Único de Saúde no Brasil, em particular no Amazonas, não permitindo que o povo respire e por isso morra em casa e nos leitos de hospitais por falta de oxigênio e assistência a saúde tanto em Manaus, capital do estado, como nas aldeias e pelo interior do Amazonas.
(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.
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