Dora Tupinambá, da equipe do Em Tempo, com foto de Alberto César Araujo, noticiou no dia 13 de julho passado, que o Centro de Manaus será reestruturado. Trata-se da criação de uma subprefeitura sob o comando do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (IMPLURB),
De acordo com o presidente do IMPLURB, o deputado Bosco Saraiva, será uma espécie de subprefeitura que terá a incumbência específica de conduzir ações relacionadas ao fluxo de pedestres, relocação dos ambulantes em galerias e shoppings populares, recuperação das fachadas, implantação de estacionamentos rotativos e a criação de novos espaços para estacionamento, entre projetos previstos no programa Eixo Monumental, concebido pela Prefeitura de Manaus para reestruturar centro de Manaus.
“A intenção é de que, muito em breve, nós possamos implantar ações no Centro e liquidar de vez a mixórdia que se encontra hoje o Centro de Manaus e, portanto, restabelecer a ordem e a partir daí, fazer cumprir a lei”, afirma Bosco Saraiva.
Segundo o presidente do IMPLURB, o Pró-Manaus será formado por 12 membros, todas as pessoas de grande experiência e especialistas em diversas áreas, como por exemplo, meio ambiente, trânsito, patrimônio histórico, gestão urbana, urbanismo. O grupo terá um coordenador executivo e estará subordinado ao Instituto. Segundo Bosco Saraiva, os integrantes do Pró-Manaus deverão ser nomeados esta semana pelo prefeito Amazonino Mendes.
Um novo centro em 20 anos: De acordo com Bosco Saraiva, o Pró-Manaus ou a Subprefeitura do Centro, como está sendo chamado o projeto, vai aglutinar todas as ações públicas planejadas pela atual administração municipal para reestruturar a área central da cidade. Ele acredita que assim, o resultado será mais claro, rápido e, principalmente, com menos gasto de dinheiro público.
Todas as ações que sempre estiveram soltas, que eram executadas dissociadas uma das outras, serão conjugadas num único projeto que é o programa Eixo Monumentais, com prazo de execução de 20 anos. Não é um projeto para 2010 ou para a Copa do Mundo em 2014, não, prevê ações imediatas, de médio e longo prazo, como por exemplo, a recuperação do porto de Manaus. Por exemplo, aquele conjunto da orla da frente da cidade, vai levar anos para que ele seja efetivamente restaurado de uma forma completa. Porém, ele vai seguir um projeto único, já estabelecido no programa Eixo Monumental, explica Bosco Saraiva.
VEREADORES SÓ DISCUTEM O PLANO DIRETOR
Passado aproximadamente duas semanas, no dia 30 passado, o Em Tempo, em seu caderno de política informou que os vereadores se reuniram para a primeira reunião do Plano Diretor de Manaus. O noticiário dá conta que mesmo com o atraso da maioria dos vereadores, a primeira reunião da Comissão Parlamentar para Revisão do Plano Diretor aconteceu, na Sala de Reuniões da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Os vereadores discutiram assuntos da administração da comissão, como a requisição de uma assessoria técnica cedida gratuitamente pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (IMPLURB) e o início dos trabalhos na comunidade, tendo em vista o prazo de 150 dias para a conclusão dos trabalhos.
Durante a reunião, o vereador e sub-relator Edificações, Obras e Posturas, Leonel Feitoza (PSDB), ponderou ser contra o gasto extra com o pagamento de assessores técnicos – engenheiros, arquitetos e urbanistas – para auxiliar a comissão durante a revisão do plano. “Podemos dispor de uma equipe altamente capacitada e gratuita, que lida todos os dias com os problemas de Manaus, como é a do IMPLURB do que gastar R$ 200 mil com uma assessoria técnica possivelmente inexperiente”, frisou.
A comissão também definiu que decidirá sobre o início dos trabalhos nas comunidades na próxima segunda-feira (3), às 16h, passando por cima da data limite para a chegada da proposta do executivo – 31 de agosto – a fim de ganhar tempo e agilizar o processo. Nas visitas aos bairros, serão ouvidos e discutidos os problemas e necessidades das comunidades.
Para melhorar a acessibilidade aos locais onde devem ser realizadas as audiências públicas, a comissão do Plano Diretor pretende disponibilizar transporte gratuito à população. O tipo de transporte e como será permitida a gratuidade são temas inclusos na pauta da reunião a ser realizada na próxima segunda-feira, segundo a assessoria do vereador Homero de Miranda Leão (PHS), relator-geral do Plano Diretor.
ESCLARECIMENTO FAZ
O NCPAM está monitorando estás discussões e pelas manifestações preliminares dos vereadores pode-se afirmar que a Câmara Municipal de Manaus está perdida, explica-se:
1)Chamou a discussão para si da Reforma do Plano Diretor de Manaus sem nenhuma proposta que pudesse submeter ao coletivo;
2)Resolveu criar um palanque, perdendo o foco da discussão;
3) A estratégia da Comissão em realizar as Audiências Públicas é inócua, tecnicamente porque não tem proposta;
4)A prática das Audiências Públicas requer regulamentação quanto à forma de participação e sobretudo a presença do Ministério Público Estadual se realmente for pautada na transparência e responsabilidade social, criando inclusive, o Comitê Gestor das Comunidades;
5)Ao contrário deverão promover Audiências Públicas, não para ouvir e decidir com as lideranças comunitárias, mas para justificar o projeto que está sendo parido pelo executivo com o aval dos apaniguados do Prefeito de Manaus;
6)Como está sendo encaminhado o “feitiço pode virar contra os feiticeiros” basta que os estudantes politizados e contrariados com o golpe da meia-passagem invadam as Audiências Públicas e botem pra quebrar. O que farão com toda razão porque a Câmara não tem proposta e age de forma primária pautada no achismo;
7)Se ocorrer das lideranças comunitárias enfrentarem os vereadores “paus-mandado” nas Audiências Públicas, não vão dizer depois que a responsabilidade foi do movimento social. Não, os responsáveis serão os inconseqüentes da Câmara que pensaram mais nos holofotes da mídia do que na resolução dos problemas quanto à questão urbana, sanitária, habitacional, ambiental, transporte, enfim a sustentabilidade da cidade como espaço da felicidade do manauara.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
RORAIMA: UM ESTADO EM EVIDÊNCIA
*Luciney Araújo
A história do Estado de Roraima está diretamente ligada à estratégia da Coroa Portuguesa em expandir seus territórios na América do Sul, como também a busca por novas riquezas naturais como o ouro, além de afirmar sua supremacia no território cujo ameaça por parte de Espanhóis, Holandeses e Franceses era constante. Durante os anos de 1638 e 1639, o Padre Jesuíta Cristobal de Acuña e o Capitão-Mor Pedro Teixeira, realizam expedições ao longo do rio Negro indo até a foz do rio Branco, que segundo relatos de Acunã, “um braço que este rio (Negro) lança por onde, segundo informações, se vem a sair no rio grande, em cuja boca, no mar do norte, estão os Holandeses...” (Acuña,1641). Rio que até a primeira metade do século XVIII era a principal rota para as transações entre Holandeses e índios que moravam ao longo do Rio Branco. A partir do século XVII, chega a região do rio Branco o mercador de escravos Francisco Ferreira, faz explorações ao longo do rio, em busca das famosas drogas do sertão e o apresamento de indígenas para o trabalho escravo ao longo das explorações. Durante os anos de 1771 e 1773, os espanhóis, vindos através do rio Orenoco chegam ao rio Branco, se estabelecendo ao longo do rio Uraricoera, e foram responsáveis pela fundação dos primeiros povoados de Santa Rosa, São João Batista de Cada e de Santa Bárbara. Apesar de o rio Branco ter sido batizado pelo Português Pedro Teixeira em 1639, apenas no ano de 1775, é que a coroa portuguesa inicia a construção do Forte de São Joaquim, marco da presença lusitana no Estado.
A ocupação do Estado de Roraima se deu através dos aldeamentos indígenas, entre os anos de 1775 e 1779, durante esse período foram estabelecidas cinco comunidades ao longo dos rios Uraricoera, Branco e Tacutu, os quais seriam abandonados durante os anos de 1780 e 1781, cujo, os indígenas não aceitavam as condições impostas pelos portugueses. Durante o ano de 1784, os portugueses tentaram novamente realizar um aldeamento com os indígenas, mas a idéia fracassaria e no ano de 1790, aconteceria a grande revolta dos indígenas conhecida como “A Revolta da Praia do Sangue”.
Durante esse período se deu a introdução de gado, como uma estratégia lusitana para tentar garantir a manutenção do domínio português da região, buscando iniciar uma nova atividade econômica diferente do escravismo e do extrativismo, que permeavam a então capitania de São José do Rio Negro, que englobava toda a área do rio Branco. A primeira fazenda criada foi a de Rio Uraricoera e era denominada Fazenda São Bento, anos mais tarde fora fundada a Fazenda São Marcos no Rio Tacutu. Esta expansão da pecuária bovina serviu como primeiro movimento para a ocupação do território do Rio Branco e que mais tarde levaria a fundação do município de Boa Vista do Rio Branco, no ano de 1890.
No século XX, as mudanças ocorridas na Região Amazônica advindas do ciclo da Borracha, traz o aumento das necessidades de abastecimento de bens de consumo a Cidade de Manaus, que recebera um grande fluxo de pessoas em busca do sonho de riquezas nos Seringais, e com isso, Roraima, eleva sua produção e exportação de produtos bovinos, e um de seus principais compradores era a cidade de Manaus.
A atividade da pecuária no Estado de Roraima apresentava até meados de 1920, cerca de 300 mil cabeças de gados, nas quais eram criadas de formas livre, sem uso de cercas, ou arames que determinassem os limites entre as propriedades. Com o declínio da Borracha na região amazônica, a criação de gado em Roraima, cai para pouco mais de 140 mil cabeças.
No entanto um novo ciclo começaria na região do lavrado, era à busca do ouro, e uma leva cada vez maior de migrantes começam a aportar em terras roraimenses, garimpeiros que subiam a bacia do rio Branco em busca de riquezas, viagens em sua maioria feita através de uso de animais ou simplesmente a pé. Nos anos de 1949 o PIB de Roraima correspondia mais da metade da produção do Estado, cerca de 59,6% era oriunda das terras de garimpo e apenas 26,8¨% apenas correspondia a pecuária.
A história do Estado de Roraima está diretamente ligada à estratégia da Coroa Portuguesa em expandir seus territórios na América do Sul, como também a busca por novas riquezas naturais como o ouro, além de afirmar sua supremacia no território cujo ameaça por parte de Espanhóis, Holandeses e Franceses era constante. Durante os anos de 1638 e 1639, o Padre Jesuíta Cristobal de Acuña e o Capitão-Mor Pedro Teixeira, realizam expedições ao longo do rio Negro indo até a foz do rio Branco, que segundo relatos de Acunã, “um braço que este rio (Negro) lança por onde, segundo informações, se vem a sair no rio grande, em cuja boca, no mar do norte, estão os Holandeses...” (Acuña,1641). Rio que até a primeira metade do século XVIII era a principal rota para as transações entre Holandeses e índios que moravam ao longo do Rio Branco. A partir do século XVII, chega a região do rio Branco o mercador de escravos Francisco Ferreira, faz explorações ao longo do rio, em busca das famosas drogas do sertão e o apresamento de indígenas para o trabalho escravo ao longo das explorações. Durante os anos de 1771 e 1773, os espanhóis, vindos através do rio Orenoco chegam ao rio Branco, se estabelecendo ao longo do rio Uraricoera, e foram responsáveis pela fundação dos primeiros povoados de Santa Rosa, São João Batista de Cada e de Santa Bárbara. Apesar de o rio Branco ter sido batizado pelo Português Pedro Teixeira em 1639, apenas no ano de 1775, é que a coroa portuguesa inicia a construção do Forte de São Joaquim, marco da presença lusitana no Estado.
A ocupação do Estado de Roraima se deu através dos aldeamentos indígenas, entre os anos de 1775 e 1779, durante esse período foram estabelecidas cinco comunidades ao longo dos rios Uraricoera, Branco e Tacutu, os quais seriam abandonados durante os anos de 1780 e 1781, cujo, os indígenas não aceitavam as condições impostas pelos portugueses. Durante o ano de 1784, os portugueses tentaram novamente realizar um aldeamento com os indígenas, mas a idéia fracassaria e no ano de 1790, aconteceria a grande revolta dos indígenas conhecida como “A Revolta da Praia do Sangue”.
Durante esse período se deu a introdução de gado, como uma estratégia lusitana para tentar garantir a manutenção do domínio português da região, buscando iniciar uma nova atividade econômica diferente do escravismo e do extrativismo, que permeavam a então capitania de São José do Rio Negro, que englobava toda a área do rio Branco. A primeira fazenda criada foi a de Rio Uraricoera e era denominada Fazenda São Bento, anos mais tarde fora fundada a Fazenda São Marcos no Rio Tacutu. Esta expansão da pecuária bovina serviu como primeiro movimento para a ocupação do território do Rio Branco e que mais tarde levaria a fundação do município de Boa Vista do Rio Branco, no ano de 1890.
No século XX, as mudanças ocorridas na Região Amazônica advindas do ciclo da Borracha, traz o aumento das necessidades de abastecimento de bens de consumo a Cidade de Manaus, que recebera um grande fluxo de pessoas em busca do sonho de riquezas nos Seringais, e com isso, Roraima, eleva sua produção e exportação de produtos bovinos, e um de seus principais compradores era a cidade de Manaus.
A atividade da pecuária no Estado de Roraima apresentava até meados de 1920, cerca de 300 mil cabeças de gados, nas quais eram criadas de formas livre, sem uso de cercas, ou arames que determinassem os limites entre as propriedades. Com o declínio da Borracha na região amazônica, a criação de gado em Roraima, cai para pouco mais de 140 mil cabeças.
No entanto um novo ciclo começaria na região do lavrado, era à busca do ouro, e uma leva cada vez maior de migrantes começam a aportar em terras roraimenses, garimpeiros que subiam a bacia do rio Branco em busca de riquezas, viagens em sua maioria feita através de uso de animais ou simplesmente a pé. Nos anos de 1949 o PIB de Roraima correspondia mais da metade da produção do Estado, cerca de 59,6% era oriunda das terras de garimpo e apenas 26,8¨% apenas correspondia a pecuária.
Foi apenas no ano de 1943 que a Cidade de Boa Vista foi desmembrada do Amazonas, tornando-se Capital do recém criado Território Federal do Rio Branco, e no ano de 1962 a palavra Roraima (junção de Roro-imã palavras da língua Permon-Ingarikó, que significa o Monte Verde), como nome oficial.
Através de incentivos do Governo Federal, o Estado de Roraima passa a receber um fluxo maior de migrantes, que vislumbravam o sonho de um novo Território. Novos assentamentos surgem, novos povos migram, novas culturas se formam. Sulistas, Nordestinos, Venezuelanos, entre outros, migram para as novas terras, que se tornaria Estado no ano de 1988.
Com o fechamento dos garimpos e a demarcação de Terras Indígenas, o Estado de Roraima vive hoje a expectativa dos Agronegócios, com solo propenso a plantação de novas culturas, como a soja, novas fronteiras agrícolas aportam por aqui. Novas perspectivas para a construção e afirmação desse cadinho da floresta, muitas vezes exaltado por pessoas que fazem de Roraima hoje um dos Estados promissores, acolhedor e que acima de tudo representa essa diversidade que é o Brasil, e que fazem com que o Roraimense ou o Roraimeiro sentir orgulho desse estado e reafirme a cada dia com orgulho “ser de Roraima”.
Através de incentivos do Governo Federal, o Estado de Roraima passa a receber um fluxo maior de migrantes, que vislumbravam o sonho de um novo Território. Novos assentamentos surgem, novos povos migram, novas culturas se formam. Sulistas, Nordestinos, Venezuelanos, entre outros, migram para as novas terras, que se tornaria Estado no ano de 1988.
Com o fechamento dos garimpos e a demarcação de Terras Indígenas, o Estado de Roraima vive hoje a expectativa dos Agronegócios, com solo propenso a plantação de novas culturas, como a soja, novas fronteiras agrícolas aportam por aqui. Novas perspectivas para a construção e afirmação desse cadinho da floresta, muitas vezes exaltado por pessoas que fazem de Roraima hoje um dos Estados promissores, acolhedor e que acima de tudo representa essa diversidade que é o Brasil, e que fazem com que o Roraimense ou o Roraimeiro sentir orgulho desse estado e reafirme a cada dia com orgulho “ser de Roraima”.
*Antropólogo, Pesquisador do NCPAM e Membro do NAVI
OS INDIOS LOIROS
Luiz Lauschner*
Quando cheguei ao Amazonas, no início dos anos 80, fui trabalhar numa cidade do interior. A curiosidade era muito grande sobre a maioria das coisas. Quando tive meu primeiro contato com o Pau-rosa, fiquei extasiado. Uma madeira perfumada de onde se extrai uma essência que serve como fixador dos mais caros perfumes do mundo. Ao visitar pela primeira vez uma usina de extração da essência fiquei perfumado por vários dias. Deram-me explicações sobre como as árvores são extraídas do interior, como são transportadas até as embarcações que as levam até a usina. Trabalho duro, quase de escravo.
Foi então que me falaram de um japonês que era especialista nisso. Disseram-me que ele tinha uma equipe composta por índios loiros que carregavam os troncos desde a mata até o porto. Rachavam no machado os troncos mais grossos e deixavam no ponto de embarque. Fiquei curioso. Eu ainda não sabia da variedade de ramificações indígenas existentes na Amazônia. Não sabia que havia 86 idiomas diferentes praticados por essas tribos. Contudo, jamais imaginei um índio loiro. Ainda mais algum que se sujeitasse a um trabalho tão duro quanto o de extrair a madeira Pau-rosa.
Passei meses tentando fazer contato com o tal japonês. Na verdade era um descendente de terceira geração, cujos antepassados foram atraídos para o Amazonas em busca de exploração da terra. Ao encontrá-lo, não contive a curiosidade e perguntei, o mais educadamente possível:
- Me disseram que o senhor tem uma equipe de pessoas loiras que trabalham consigo. Pode me dizer de onde que são e como explicar que são claros?
- Água oxigenada, né? Quando lava a cabeça com água oxigenada o cabelo fica branco, né?
Minha expectativa de grande descoberta antropológica morreu ai mesmo.
*Empreendedor cultural, escritor e autor de CHUCRUTE, CHURRASCO & JARAQUI - O Brasil descoberto pelo alemão – BK editora, 2001-
Quando cheguei ao Amazonas, no início dos anos 80, fui trabalhar numa cidade do interior. A curiosidade era muito grande sobre a maioria das coisas. Quando tive meu primeiro contato com o Pau-rosa, fiquei extasiado. Uma madeira perfumada de onde se extrai uma essência que serve como fixador dos mais caros perfumes do mundo. Ao visitar pela primeira vez uma usina de extração da essência fiquei perfumado por vários dias. Deram-me explicações sobre como as árvores são extraídas do interior, como são transportadas até as embarcações que as levam até a usina. Trabalho duro, quase de escravo.
Foi então que me falaram de um japonês que era especialista nisso. Disseram-me que ele tinha uma equipe composta por índios loiros que carregavam os troncos desde a mata até o porto. Rachavam no machado os troncos mais grossos e deixavam no ponto de embarque. Fiquei curioso. Eu ainda não sabia da variedade de ramificações indígenas existentes na Amazônia. Não sabia que havia 86 idiomas diferentes praticados por essas tribos. Contudo, jamais imaginei um índio loiro. Ainda mais algum que se sujeitasse a um trabalho tão duro quanto o de extrair a madeira Pau-rosa.
Passei meses tentando fazer contato com o tal japonês. Na verdade era um descendente de terceira geração, cujos antepassados foram atraídos para o Amazonas em busca de exploração da terra. Ao encontrá-lo, não contive a curiosidade e perguntei, o mais educadamente possível:
- Me disseram que o senhor tem uma equipe de pessoas loiras que trabalham consigo. Pode me dizer de onde que são e como explicar que são claros?
- Água oxigenada, né? Quando lava a cabeça com água oxigenada o cabelo fica branco, né?
Minha expectativa de grande descoberta antropológica morreu ai mesmo.
*Empreendedor cultural, escritor e autor de CHUCRUTE, CHURRASCO & JARAQUI - O Brasil descoberto pelo alemão – BK editora, 2001-
http://www.luizlauschner.prosaeverso.net/livros.php
quinta-feira, 30 de julho de 2009
A CULTURA SE INTEGRANDO
Afonso Rodrigues de Oliveira *
“A escrita é uma coisa, e o saber outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si”. (Tierno Bokar Salif – Mestre africano)
Quem assiste aos programas sérios na televisão sabe do quanto os sérios estão atentos às mudanças no mundo. Mas o mais preocupante é o ângulo pelo qual se veem as mudanças. Elas estão restritas às mudanças climáticas, derrubadas e queima de árvores. Já não é pequeno o número de pessoas envolvidas nas mudanças culturais; mas não o suficiente para agilizar as mudanças no ritmo exigido pelo atraso. A dificuldade que os Pontos de Cultura estão encontrando para agilizar as mudanças está na grandiosidade das mudanças; na diferença que já está fazendo a diferença. Não é simples nem fácil, fazer os educadores, em todos os níveis, perceberem e entenderem a importância das mudanças. Griôs e Mestres de Tradição Oral sempre foram visto pelos educadores, como uma superficialidade. Ninguém valoriza um mestre de tradição oral no valor que ele realmente tem para a cultura na sociedade.
Sem a quebra da tradição inócua não há como inovar. E quando não inovamos não mudamos. Continuamos nos métodos arcaicos de ensino onde não se ensina tanto assim; em que a cultura só chega depois do desgaste, quando ela deveria vir como preparação para o ensino. O que os movimentos de Griôs e Mestres estão tentando fazer é levar para as escolas o que elas, mesmo conhecendo não valorizam: a tradição oral, sempre vista e tida como folclore descartável.
A partir deste ano deverão ser regularizados, em todo o país, os Pontões de Cultura que sustentarão o trabalho dos pontos de cultura.
Só nos resta a sistematização das experiências. E estas serão nas escolas e universidades de todo o país. Um dos objetivos principais é a formação de educadores da rede pública de ensino, envolvendo os estudantes nos Pontos de Cultura; a criação dos grupos de griôs-aprendizes, com os quais se consolidarão as mudanças no ensino em todo o Brasil.
Daí a necessidade da criação de secretarias de cultura nos municípios. Sem o que não será possível desenvolver, nem o ensino, nem a cultura.
De nada vai nos adiantar alegações de que não há verbas para a criação de uma secretaria, no argumento de se criar uma fundação ou coisaassim. Qualquer coisa que se crie que não seja uma secretaria, será uma saída pela tangente.
Vamos mudar nossa visão distorcida sobre a cultura. O movimento griô vem de fora para dentro, não eliminando, mas integrando com harmonia. Pense nisso.
*Integrante do Fórum Permanente de Cultura de Roraima.
Fonte: www.forumdeculturarr.blogspot.com/
“A escrita é uma coisa, e o saber outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si”. (Tierno Bokar Salif – Mestre africano)
Quem assiste aos programas sérios na televisão sabe do quanto os sérios estão atentos às mudanças no mundo. Mas o mais preocupante é o ângulo pelo qual se veem as mudanças. Elas estão restritas às mudanças climáticas, derrubadas e queima de árvores. Já não é pequeno o número de pessoas envolvidas nas mudanças culturais; mas não o suficiente para agilizar as mudanças no ritmo exigido pelo atraso. A dificuldade que os Pontos de Cultura estão encontrando para agilizar as mudanças está na grandiosidade das mudanças; na diferença que já está fazendo a diferença. Não é simples nem fácil, fazer os educadores, em todos os níveis, perceberem e entenderem a importância das mudanças. Griôs e Mestres de Tradição Oral sempre foram visto pelos educadores, como uma superficialidade. Ninguém valoriza um mestre de tradição oral no valor que ele realmente tem para a cultura na sociedade.
Sem a quebra da tradição inócua não há como inovar. E quando não inovamos não mudamos. Continuamos nos métodos arcaicos de ensino onde não se ensina tanto assim; em que a cultura só chega depois do desgaste, quando ela deveria vir como preparação para o ensino. O que os movimentos de Griôs e Mestres estão tentando fazer é levar para as escolas o que elas, mesmo conhecendo não valorizam: a tradição oral, sempre vista e tida como folclore descartável.
A partir deste ano deverão ser regularizados, em todo o país, os Pontões de Cultura que sustentarão o trabalho dos pontos de cultura.
Só nos resta a sistematização das experiências. E estas serão nas escolas e universidades de todo o país. Um dos objetivos principais é a formação de educadores da rede pública de ensino, envolvendo os estudantes nos Pontos de Cultura; a criação dos grupos de griôs-aprendizes, com os quais se consolidarão as mudanças no ensino em todo o Brasil.
Daí a necessidade da criação de secretarias de cultura nos municípios. Sem o que não será possível desenvolver, nem o ensino, nem a cultura.
De nada vai nos adiantar alegações de que não há verbas para a criação de uma secretaria, no argumento de se criar uma fundação ou coisaassim. Qualquer coisa que se crie que não seja uma secretaria, será uma saída pela tangente.
Vamos mudar nossa visão distorcida sobre a cultura. O movimento griô vem de fora para dentro, não eliminando, mas integrando com harmonia. Pense nisso.
*Integrante do Fórum Permanente de Cultura de Roraima.
Fonte: www.forumdeculturarr.blogspot.com/
O GOVERNADOR NA TRAMA DO PORTO DAS LAJES
Foto: Ao lado do ministro Marco Vilaça (à dir.), o governador Eduardo Braga anuncia a construção do Porto das Lajes.
Manaus (Portal do Governo, 4 de março de 2008): O governador Eduardo Braga (PMDB) recebeu no início da noite da sexta-feira, 29/02, os diretores da Juma Participações (Petrônio Pinheiro Filho) e da Log-In Logística Intermodal (Cláudio Loureiro), que anunciaram a soma de esforços para a construção de um novo terminal privado de cargas em Manaus, na região das Lajes, investimento no valor de R$ 210 milhões. O complexo contará com um pátio com mais de 100 mil metros quadrados de área construída e um porto flutuante que deverá ser inaugurado no início de 2011.
Manaus (Portal do Governo, 4 de março de 2008): O governador Eduardo Braga (PMDB) recebeu no início da noite da sexta-feira, 29/02, os diretores da Juma Participações (Petrônio Pinheiro Filho) e da Log-In Logística Intermodal (Cláudio Loureiro), que anunciaram a soma de esforços para a construção de um novo terminal privado de cargas em Manaus, na região das Lajes, investimento no valor de R$ 210 milhões. O complexo contará com um pátio com mais de 100 mil metros quadrados de área construída e um porto flutuante que deverá ser inaugurado no início de 2011.
Ao lado do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Marco Vilaça, de passagem por Manaus, Braga aproveitou o encontro para revelar que o Governo do Amazonas também está trabalhando para viabilizar investimentos no setor de transporte aéreo de carga.
Braga não deu detalhes dos projetos que estão em fase final de elaboração e têm por objetivo tornar o Pólo Industrial de Manaus ainda mais atrativo aos investimentos, mas lembrou que 2008 vai ser o ano da logística no Amazonas.
“Agradeço as duas empresas, porque os investimentos trazem mais competitividade ao Pólo Industrial de Manaus ao mesmo tempo em que evidenciam aos investidores da indústria que estamos nos modernizando e crescendo para sermos cada vez mais competitivos no mercado global”, disse Braga, destacando a importância do empreendimento à região, porque acopla duas empresas, uma regional e outra nacional, com a experiência da Vale do Rio Doce, que tem know how com o transporte de grandes volumes.
ARTICULAÇÕES INTERNACIONAIS COM OS CARTOLAS
Braga não deu detalhes dos projetos que estão em fase final de elaboração e têm por objetivo tornar o Pólo Industrial de Manaus ainda mais atrativo aos investimentos, mas lembrou que 2008 vai ser o ano da logística no Amazonas.
“Agradeço as duas empresas, porque os investimentos trazem mais competitividade ao Pólo Industrial de Manaus ao mesmo tempo em que evidenciam aos investidores da indústria que estamos nos modernizando e crescendo para sermos cada vez mais competitivos no mercado global”, disse Braga, destacando a importância do empreendimento à região, porque acopla duas empresas, uma regional e outra nacional, com a experiência da Vale do Rio Doce, que tem know how com o transporte de grandes volumes.
ARTICULAÇÕES INTERNACIONAIS COM OS CARTOLAS
Nápoles (Corriere Del Mezzogiorno, 8 de abril de 2008): Eduardo Braga, governador do Amazonas, quer "pegar" o interporto e o Vulcão Bom de Renzo Piano para reconstruí-lo, em escala ainda mais gigantesca, em Manaus, capital do seu estado, no centro da maior bacia fluvial do mundo, onde se encontra o Rio negro e Solimões dando vida ao lendário Rio Amazonas. É um projeto de extraordinária ousadia, mas, com certeza, possível. Eduardo Braga, acompanhado por Virgilio Vianna, presidente da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), chegará amanhã em Nápoles, na Itália, depois de uma pequena parada em Milão, para visitar a implantações de Nola e encontrar Gianni Punzo para vender a idéia e, possivelmente, envolvê-lo no processo de construção do empreendimento.
EST MODUS IN REBUS: FALA GOVERNADOR
MANAUS (NCPAM, 28 de julho de 2009): Nós temos nos recusado acreditar nessa trama quando discutimos a pretensa construção do Porto das Lajes, nas mediações do Encontro das Águas e na proximidade da Tomada de Água da Zona Leste. Mas, o fato que nos causa espécie é o silêncio do Governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) quanto à importância da matéria. Embora, seus interlocutores aleguem se tratar de um projeto privado e de matéria legal a ser apreciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), fugindo da alçada do governador.
Não nos convence porque o governador enquanto direção moral e política do Estado deve necessariamente conhecer o projeto e redimensionar seus investimentos na perspectiva de equacionar o empreendimento de acordo com a racionalidade ambiental afeito a sustentabilidade relativo à política estadual sobre mudanças climáticas, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável do Amazonas.
EST MODUS IN REBUS: FALA GOVERNADOR
MANAUS (NCPAM, 28 de julho de 2009): Nós temos nos recusado acreditar nessa trama quando discutimos a pretensa construção do Porto das Lajes, nas mediações do Encontro das Águas e na proximidade da Tomada de Água da Zona Leste. Mas, o fato que nos causa espécie é o silêncio do Governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) quanto à importância da matéria. Embora, seus interlocutores aleguem se tratar de um projeto privado e de matéria legal a ser apreciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), fugindo da alçada do governador.
Não nos convence porque o governador enquanto direção moral e política do Estado deve necessariamente conhecer o projeto e redimensionar seus investimentos na perspectiva de equacionar o empreendimento de acordo com a racionalidade ambiental afeito a sustentabilidade relativo à política estadual sobre mudanças climáticas, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável do Amazonas.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
GREVE ABORTA PELA SETIMA VEZ. QUE CHEIRO DE PIZZA!
Um cheiro bastante forte de pizza começa a ser exalado desde o bairro da Compensa até o antigo Beco do Macedo. Pela sétima vez consecutiva esse cheiro forte de óregano impregna o ar, enche de fumaça ruas e avenidas e acaba desaguando entre garfos, facas, maioneses e ketchups. Segundo se comenta, a massa da pizza é tão forte e consistente, produzida em Brasília, que já está encantando rodoviários que não recebem seus salários a participarem da rodada.
Só pode ser porque ninguém, em sã consciência, admitiria que uma categoria expressiva e forte, como a rodos rodoviários, desistisse de uma greve legítima por sete vezes. Ou é muita pizza ou bastante promessa da máquina municipal.
O vereador Marcelo Ramos (PCdoB) diz que tem, gravado, o acordo celebrado entre o prefeito Amazonino Mendes e o presidente dos Rodoviários, Josildo Oliveira para que a categoria livrasse o prefeito do ônus da concessão do reajuste da passagem. Talvez por isso os rodoviários tenham encaminhado o pedido de aumento à justiça, que foi analisado e posteriormente concedido pelo desembargador Ari Moutinho para R$ 2,25.
Amazonino, segundo se comenta, não gostaria de conceder reajuste às empresas de ônibus porque tal medida somaria mais alguns créditos negativos para sua administração. Ora, pior é tentar enganar a população mais numa vez com falsos projetos e com promessas que nunca serão cumpridas, porque são ilusórias e impraticáveis. Agora, lá na sede da IMTT, o Prefeito está reunido com os rodoviários para tentar o fim defintivo da greve. Querem apostar como ele vai acatar o aumento de R$ 2,25 concedido pela justiça, com a promessa de dar os outros R$ 2,25 em seis meses?
Só pode ser porque ninguém, em sã consciência, admitiria que uma categoria expressiva e forte, como a rodos rodoviários, desistisse de uma greve legítima por sete vezes. Ou é muita pizza ou bastante promessa da máquina municipal.
O vereador Marcelo Ramos (PCdoB) diz que tem, gravado, o acordo celebrado entre o prefeito Amazonino Mendes e o presidente dos Rodoviários, Josildo Oliveira para que a categoria livrasse o prefeito do ônus da concessão do reajuste da passagem. Talvez por isso os rodoviários tenham encaminhado o pedido de aumento à justiça, que foi analisado e posteriormente concedido pelo desembargador Ari Moutinho para R$ 2,25.
Amazonino, segundo se comenta, não gostaria de conceder reajuste às empresas de ônibus porque tal medida somaria mais alguns créditos negativos para sua administração. Ora, pior é tentar enganar a população mais numa vez com falsos projetos e com promessas que nunca serão cumpridas, porque são ilusórias e impraticáveis. Agora, lá na sede da IMTT, o Prefeito está reunido com os rodoviários para tentar o fim defintivo da greve. Querem apostar como ele vai acatar o aumento de R$ 2,25 concedido pela justiça, com a promessa de dar os outros R$ 2,25 em seis meses?
Fonte: Blog do Augusto Banega
EM QUESTÃO A POLÍTICA CIENTÍFICA NA AMAZÕNIA
Myrna Libermann
No dia 23 de Julho nas dependências da TV UFAM, o Programa Na Terra de Ajuricaba realizou um grande debate sobre Pesquisa e Desenvolvimento no Amazonas contando com a presença do Senador Evandro Carreira, Professor Dr. Gilson Gil e da Magnífica Reitora da UEA Marilene Corrêa, o programa que tem como apresentador o Professor e Antropólogo Ademir Ramos da UFAM e coordenador do NCPAM. O debate foi repleto de contextos importantes sobre pesquisas científicas voltadas para a Amazônia, como a criação de novos cursos de desenvolvimento cultural e econômico na UEA, que visa à qualificação do interior para o mercado de trabalho e suprir as necessidades de profissionais de diversas áreas para a região.
Entre os pontos fortes do debate podemos ressaltar a política de ciência na Amazônia comentada pela Magnífica Reitora Marilene Corrêa, que falou sobre a expressão de investimentos públicos para o desenvolvimento estratégico da região, e intensificou que o volume do investimento ainda é pouco, pois todas as instituições de ensino no Amazonas possuem uma base de importância no desenvolvimento cientifico regional. A ciência, por sua vez, além de possuir valor didático tem valor estratégico, a Amazônia esta baseada em uma técnica capitalista de desenvolvimento atrelado a economia e não com base nas potencialidades internas de seu povo e de seus recursos naturais.
Comentou-se ainda sobre uma discussão cientifica entre as ONGs, são mais de três mil em toda a Amazônia, instaladas em pontos estratégicos de grande valor comercial, nada é feito a esse respeito, prejudicando a cultura e os valores dos povos com um discurso moralista de ajuda aos mais necessitados, mas será que nós da Amazônia somos necessitados? Mesmo tendo 25% de todas as espécies vegetais e animais do planeta até hoje catalogadas pela ciência, mesmo tendo o maior rio em volume e extensão e a maior floresta, será mesmo que somos necessitados? Ou o que nos falta são políticas públicas sérias de âmbito federal para mudar esse cenário de dependência estrangeira, intensificar os investimentos na região de curto e longo prazo, políticos verdadeiramente sérios e não esses governantes que entram na região que não fazem nada mais do que reinventar a roda.
O debate apresentou estratégias e problemáticas sobre a região amazônica.
*Graduanda em Economia pela UFAM e Pesquisadora do NCPAM
No dia 23 de Julho nas dependências da TV UFAM, o Programa Na Terra de Ajuricaba realizou um grande debate sobre Pesquisa e Desenvolvimento no Amazonas contando com a presença do Senador Evandro Carreira, Professor Dr. Gilson Gil e da Magnífica Reitora da UEA Marilene Corrêa, o programa que tem como apresentador o Professor e Antropólogo Ademir Ramos da UFAM e coordenador do NCPAM. O debate foi repleto de contextos importantes sobre pesquisas científicas voltadas para a Amazônia, como a criação de novos cursos de desenvolvimento cultural e econômico na UEA, que visa à qualificação do interior para o mercado de trabalho e suprir as necessidades de profissionais de diversas áreas para a região.
Entre os pontos fortes do debate podemos ressaltar a política de ciência na Amazônia comentada pela Magnífica Reitora Marilene Corrêa, que falou sobre a expressão de investimentos públicos para o desenvolvimento estratégico da região, e intensificou que o volume do investimento ainda é pouco, pois todas as instituições de ensino no Amazonas possuem uma base de importância no desenvolvimento cientifico regional. A ciência, por sua vez, além de possuir valor didático tem valor estratégico, a Amazônia esta baseada em uma técnica capitalista de desenvolvimento atrelado a economia e não com base nas potencialidades internas de seu povo e de seus recursos naturais.
Comentou-se ainda sobre uma discussão cientifica entre as ONGs, são mais de três mil em toda a Amazônia, instaladas em pontos estratégicos de grande valor comercial, nada é feito a esse respeito, prejudicando a cultura e os valores dos povos com um discurso moralista de ajuda aos mais necessitados, mas será que nós da Amazônia somos necessitados? Mesmo tendo 25% de todas as espécies vegetais e animais do planeta até hoje catalogadas pela ciência, mesmo tendo o maior rio em volume e extensão e a maior floresta, será mesmo que somos necessitados? Ou o que nos falta são políticas públicas sérias de âmbito federal para mudar esse cenário de dependência estrangeira, intensificar os investimentos na região de curto e longo prazo, políticos verdadeiramente sérios e não esses governantes que entram na região que não fazem nada mais do que reinventar a roda.
O debate apresentou estratégias e problemáticas sobre a região amazônica.
*Graduanda em Economia pela UFAM e Pesquisadora do NCPAM
OBRA DAS LAJES AMEAÇADA
Leandro Prazeres
A conclusão da tomada de água da Ponta das Lajes está ameaçada. O Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) pediu a paralisação imediata das obras da tomada de água da Ponta das Lajes, que estão sendo executadas pelo Governo do Estado.
Segundo denúncia feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as empreiteiras destruíram parte do sítio arqueológico existente na área. O MPF-AM instaurou um inquérito civil público no último dia 15 de julho para apurar o caso e a paralisação das obras depende, agora, de uma decisão por parte da Justiça Federal.
A obra da tomada de águas da Ponta das Lajes começou a ser realizada no ano passado, faz parte do Programa de Ampliação do Abastecimento de Água de Manaus (Proama) e está orçada em R$ 249 milhões. É apontada pelo Governo do Estado como parte importante da solução do problema de falta de água na cidade de Manaus. Entretanto, funcionários do Iphan constataram que as obras de implantação dos dutos do complexo de captação e do píer onde ficarão as bombas de sucção de água destruíram sítios arqueológicos identificados e cadastrados há pelo menos 20 anos.
O superintendente do Iphan no Amazonas, André Bazzanella, não entende por que a Secretaria de Estado de Infra-Estrutura (Seinf) ignorou os estudos que identificaram os sítios arqueológicos no local da obra. “Eles sabiam que aquela era uma área de sítio. Antes do início das obras, eles mesmos realizaram estudos e, mesmo assim, mandaram executar a obra. Na minha opinião, isso foi negligência, no mínimo”, acusou Bazzanella.
Buzzanella explica que o local onde a obra está sendo executada fica dentro de uma área conhecida como Sítio Geológico das Lajes. Lá já foram encontradas urnas funerárias e farto material arqueológico com idade entre 700 e 1,3 mil anos. "
Fonte: Matéria publicada no Jornal A Critica do dia 29 de julho.
A conclusão da tomada de água da Ponta das Lajes está ameaçada. O Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) pediu a paralisação imediata das obras da tomada de água da Ponta das Lajes, que estão sendo executadas pelo Governo do Estado.
Segundo denúncia feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as empreiteiras destruíram parte do sítio arqueológico existente na área. O MPF-AM instaurou um inquérito civil público no último dia 15 de julho para apurar o caso e a paralisação das obras depende, agora, de uma decisão por parte da Justiça Federal.
A obra da tomada de águas da Ponta das Lajes começou a ser realizada no ano passado, faz parte do Programa de Ampliação do Abastecimento de Água de Manaus (Proama) e está orçada em R$ 249 milhões. É apontada pelo Governo do Estado como parte importante da solução do problema de falta de água na cidade de Manaus. Entretanto, funcionários do Iphan constataram que as obras de implantação dos dutos do complexo de captação e do píer onde ficarão as bombas de sucção de água destruíram sítios arqueológicos identificados e cadastrados há pelo menos 20 anos.
O superintendente do Iphan no Amazonas, André Bazzanella, não entende por que a Secretaria de Estado de Infra-Estrutura (Seinf) ignorou os estudos que identificaram os sítios arqueológicos no local da obra. “Eles sabiam que aquela era uma área de sítio. Antes do início das obras, eles mesmos realizaram estudos e, mesmo assim, mandaram executar a obra. Na minha opinião, isso foi negligência, no mínimo”, acusou Bazzanella.
Buzzanella explica que o local onde a obra está sendo executada fica dentro de uma área conhecida como Sítio Geológico das Lajes. Lá já foram encontradas urnas funerárias e farto material arqueológico com idade entre 700 e 1,3 mil anos. "
Fonte: Matéria publicada no Jornal A Critica do dia 29 de julho.
PT GAGUEJA NO CASO SARNEY
Laurianne Franco*
DEM, PMDB e PSDB saem bem na foto, enquanto o PT, como sempre, se afunda sozinho na lama midiática.
Enquanto o Presidente Luís Inácio elogia o ainda presidente do Senado, José Sarney, os partidos deitam e rolam nas graças da mídia. O PSDB de Arthur toma o lugar que antes só se esperava ser do PSOL na defesa da honra e da ética, apressando a representação e pedindo o afastamento do político Maranhense, junto com as manifestações de Cristovam Buarque (PDT), Pedro Simon (PSDB) e de todo o DEM, representado por José Agripino, entre outros. Só o PT que continua em cima do muro.
Uma parte do Partido do Trabalhadores, entre eles, Tarso Genro, Suplicy e Marina Silva, mantêm o bom senso e lutam pela renúncia do político, enquanto as declarações oficiais do PT são favoráveis a permanência de Sarney no Senado e desdizem o prnunciamento dos demais integrantes do partido que são a favor do afastamento. A tônica do alto clero do PT vai além do tom contemporizador da busca pela verdade, isso é óbvio. A desculpa embolada da talvez-futura do terceiro mandato e atual Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, deixa bem claro que se pretende jogar um balde d´água sobre a questão:
"Não concordo em demonizar o presidente Sarney e responsabilizá-lo por toda esta crise. Não concordo com o tratamento desequilibrado que dão ao presidente Sarney'
Mais adiante:
"O modelo é estranhamente culpabilizar uma pessoa por uma coisa que tem mais de 15 anos e por uma prática que tem mais de 15 anos, como se ela fosse a responsável...Se a Casa foi dirigida na primeira-secretaria pelo DEM, o DEM também tem que prestar contas."
Tudo bem, não se pode pegar o rei do Maranhão como bode expiatório e esquecer de sua turma ou dos antecedentes desse tipo de esquema no Senado, como aconteceu com o caso do mensalão em que DEM, PSDB e PMDB sairam ilesos, enquanto o PT pagou sozinho o "pato". Mas Sarney tem um passado político negro e é atualmente o senador em exercício com o maior número de faltas, funcionários-fantasmas e está evvolvido em casos de sonegação de impostos, sem citar outras coisas que já foram para debaixo do tapete. É a mesma história de sempre: Os cães ladram, a caravana passa e certos políticos de histórico moral duvidoso ainda prolongam sua vida (útil?) na política brasileira.
Esse diz-que-não-disse entre alto clero e ala revoltada do PT desencantam qualquer um mais avisado. Num artigo recente de Luís Werneck Vianna para a Carta maior, podemos ler :
"... o PT nasce como uma expressão do moderno, personagem da sociedade civil, e que tem como valor a sua autonomia diante do Estado. O Estado, longe de ser o lugar da representação racional da sociedade, significaria o lugar em que os interesses privados dominantes se apresentariam, em nome da modernização, como de interesse público."
Então, seguindo Werneck, esse DNA petista traz o registro das lutas operárias dos anos 1970 contra a estrutura corporativa sindical e que o transformou no partido com maior sentimento de contestação social, de luta por igualdade política, de direitos e mobilização dos movimentos sociais. Isso tudo era o sinônimo do partido há algum tempo não muito distante. Mas, o mundo deu suas voltas.
De acordo com os jornalões, Lula está sendo - vale dizer que só recentemente - orientado por seus assessores a conter a paixão fervorosa com a qual defende o político maranhense e, além disso, destrata as declarações de filhos legítimos do partido, como Genro, Suplicy e Marina Silva, entre outros, por jogo de interesses políticos com o PMDB, um partido que afunda no momento, mas afunda com classe. Esse tal medo de retaliação - que aparenta guiar as frases de Lula e Dilma - é algo que soa estranho para quem conhece o corajoso passado histórico do PT. Onde está o brio? Escondeu-se nas salas secretas, dos secretos corredores de Brasília?
O PMDB, por sua vez, já declarou guerra aos tucanos, principalemnte a Arthur Virgílio (PSDB AM), pela voz de Renan Calheiros (PMDB -AL), aquele mesmo que escapou casassação há algum tempo e recebia recursos escusos de empreiteiras. Renan pretende ir ao Conselho de Ética contra Virgílio, o qual confessou ter recebido empréstimo de Agaciel Maia para a contratação de um funcionário-fantasma.
"O PSDB acaba de arranjar um jeito de se livrar do Arthur porque ele vai ser processado no conselho. As acusações são mais graves do que as que existem contra Sarney. O PMDB não é partido de frouxo", disse Wellington Salgado (PMDB-MG), senador da tropa de choque de Renan Calheiros. (trecho retirado da Folha Online de 29/07/2009)
Então, se o PMDB não é partido de frouxo, como afirma o senador Salgado, e, de acordo com a mídia, o PSDB e o DEM também não o são, resta a dúvida: o que será o PT?
*Laurianne Franco è finalista de comunicação social pela UFAM
DEM, PMDB e PSDB saem bem na foto, enquanto o PT, como sempre, se afunda sozinho na lama midiática.
Enquanto o Presidente Luís Inácio elogia o ainda presidente do Senado, José Sarney, os partidos deitam e rolam nas graças da mídia. O PSDB de Arthur toma o lugar que antes só se esperava ser do PSOL na defesa da honra e da ética, apressando a representação e pedindo o afastamento do político Maranhense, junto com as manifestações de Cristovam Buarque (PDT), Pedro Simon (PSDB) e de todo o DEM, representado por José Agripino, entre outros. Só o PT que continua em cima do muro.
Uma parte do Partido do Trabalhadores, entre eles, Tarso Genro, Suplicy e Marina Silva, mantêm o bom senso e lutam pela renúncia do político, enquanto as declarações oficiais do PT são favoráveis a permanência de Sarney no Senado e desdizem o prnunciamento dos demais integrantes do partido que são a favor do afastamento. A tônica do alto clero do PT vai além do tom contemporizador da busca pela verdade, isso é óbvio. A desculpa embolada da talvez-futura do terceiro mandato e atual Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, deixa bem claro que se pretende jogar um balde d´água sobre a questão:
"Não concordo em demonizar o presidente Sarney e responsabilizá-lo por toda esta crise. Não concordo com o tratamento desequilibrado que dão ao presidente Sarney'
Mais adiante:
"O modelo é estranhamente culpabilizar uma pessoa por uma coisa que tem mais de 15 anos e por uma prática que tem mais de 15 anos, como se ela fosse a responsável...Se a Casa foi dirigida na primeira-secretaria pelo DEM, o DEM também tem que prestar contas."
Tudo bem, não se pode pegar o rei do Maranhão como bode expiatório e esquecer de sua turma ou dos antecedentes desse tipo de esquema no Senado, como aconteceu com o caso do mensalão em que DEM, PSDB e PMDB sairam ilesos, enquanto o PT pagou sozinho o "pato". Mas Sarney tem um passado político negro e é atualmente o senador em exercício com o maior número de faltas, funcionários-fantasmas e está evvolvido em casos de sonegação de impostos, sem citar outras coisas que já foram para debaixo do tapete. É a mesma história de sempre: Os cães ladram, a caravana passa e certos políticos de histórico moral duvidoso ainda prolongam sua vida (útil?) na política brasileira.
Esse diz-que-não-disse entre alto clero e ala revoltada do PT desencantam qualquer um mais avisado. Num artigo recente de Luís Werneck Vianna para a Carta maior, podemos ler :
"... o PT nasce como uma expressão do moderno, personagem da sociedade civil, e que tem como valor a sua autonomia diante do Estado. O Estado, longe de ser o lugar da representação racional da sociedade, significaria o lugar em que os interesses privados dominantes se apresentariam, em nome da modernização, como de interesse público."
Então, seguindo Werneck, esse DNA petista traz o registro das lutas operárias dos anos 1970 contra a estrutura corporativa sindical e que o transformou no partido com maior sentimento de contestação social, de luta por igualdade política, de direitos e mobilização dos movimentos sociais. Isso tudo era o sinônimo do partido há algum tempo não muito distante. Mas, o mundo deu suas voltas.
De acordo com os jornalões, Lula está sendo - vale dizer que só recentemente - orientado por seus assessores a conter a paixão fervorosa com a qual defende o político maranhense e, além disso, destrata as declarações de filhos legítimos do partido, como Genro, Suplicy e Marina Silva, entre outros, por jogo de interesses políticos com o PMDB, um partido que afunda no momento, mas afunda com classe. Esse tal medo de retaliação - que aparenta guiar as frases de Lula e Dilma - é algo que soa estranho para quem conhece o corajoso passado histórico do PT. Onde está o brio? Escondeu-se nas salas secretas, dos secretos corredores de Brasília?
O PMDB, por sua vez, já declarou guerra aos tucanos, principalemnte a Arthur Virgílio (PSDB AM), pela voz de Renan Calheiros (PMDB -AL), aquele mesmo que escapou casassação há algum tempo e recebia recursos escusos de empreiteiras. Renan pretende ir ao Conselho de Ética contra Virgílio, o qual confessou ter recebido empréstimo de Agaciel Maia para a contratação de um funcionário-fantasma.
"O PSDB acaba de arranjar um jeito de se livrar do Arthur porque ele vai ser processado no conselho. As acusações são mais graves do que as que existem contra Sarney. O PMDB não é partido de frouxo", disse Wellington Salgado (PMDB-MG), senador da tropa de choque de Renan Calheiros. (trecho retirado da Folha Online de 29/07/2009)
Então, se o PMDB não é partido de frouxo, como afirma o senador Salgado, e, de acordo com a mídia, o PSDB e o DEM também não o são, resta a dúvida: o que será o PT?
*Laurianne Franco è finalista de comunicação social pela UFAM
SEMINÁRIO INDÍGENA INTERNACIONAL SOBRE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
O Brasil, em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, através do Memorial dos Povos Indígenas de Brasília, sediará o II Seminário Regional Indígena sobre Tecnologias da Informação e Comunicação de 7 a 9 de agosto, reunindo cerca de 200 líderes e comunicadores indígenas brasileiros de 20 etnias diferentes mais representações de 13 países do continente americano.
O evento vai servir para apresentar às lideranças e comunicadores a primeira versão do Portal Global Indígena, devendo receber notícia e informação dos povos indígenas de todo o mundo como ponto focal das discussões referentes às culturas tradicionais.
O Portal é resultado do trabalho conjunto entre os Povos do continente americano e também das rodadas de debates da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Sociedade da Informação e o Direito Indígena relativo a acesso a novos conhecimentos e tecnologias, sendo feito pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) sob a direção dos indígenas, que terão a missão de administrar e definir o conteúdo a ser postado na página.
A programação do Seminário conta com oficinas sobre a operação técnica do site, produção de conteúdo e diálogos entre lideranças sobre a importância da valorização das culturas tradicionais. Na tarde do dia 7, diversas iniciativas brasileiras de acesso a tecnologias da informação e comunicação serão apresentadas aos líderes internacionais. Entre as ações destacam-se o site de notícias www.indiosonline.org.br, e um software desenvolvido por indígenas para trabalhar a língua portuguesa e wapichana com as crianças da aldeia.
Para Marcos Terena, diretor do Memorial Indígena de Brasília, “o evento se transforma em uma resposta aos grandes dilemas entre passado e futuro à medida que une os saberes ancestrais em uma ferramenta altamente moderna e, dessa forma, possibilita não somente a afirmação indígena e a preservação de sua cultura, mas também a construção de um mundo melhor pelo próprio indígena”.
O endereço do Portal Global Indígena é http://www.ictindigenousportal.org/ outras informações pelos telefones (61) 3344-1155/ 3344-1154.
UM GAROTO DE SUCESSO
Filho do ministro dos Transportes, Gustavo de Morais Pereira construiu um patrimônio de R$ 1,28 milhão em apenas quatro anos.
Claudio Dantas Sequeira
O Estado do Amazonas é representado na bandeira do Brasil pela estrela Prócion, nome de origem grega que significa "antes do cão" e inspirou Gustavo de Morais Pereira (foto ao lado) a batizar a agência de publicidade que abriu em 2003, aos 18 anos. Começava ali a trajetória do jovem calouro universitário, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que, em seis anos, se tornou um dos empresários mais ricos do Amazonas. Sua ascensão meteórica, no entanto, não tem sido impulsionada por peças publicitárias de sucesso. Aos 25 anos, o brilhantismo de Pereira está mesmo na capacidade de convencer seus parceiros a aceitar negócios milionários, sobretudo no setor imobiliário. Em 2007, Pereira declarou à Receita Federal um patrimônio de R$ 1,28 milhão, mais que o dobro dos R$ 595 mil declarados por Alfredo Nascimento à Justiça Eleitoral em 2006.
No mapa das constelações, Prócion é um sistema binário, ou seja, por trás da estrela principal há outra menos visível que a acompanha de perto. Assim como no céu do firmamento, o filho do ministro também não está sozinho em suas atividades empresariais. Ele conta com o apoio do advogado Antonio Adalberto Magalhães Martins, amigo da família Nascimento. Os dois fundaram uma agência de propaganda, a G de M Pereira & Cia. Ltda., que nunca chegou a operar. Depois se tornaram sócios numa construtora e numa escola que possui vários terrenos em Manaus, onde agora são erguidos dois empreendimentos de luxo. A empreitada já rendeu a ambos quase R$ 16 milhões.
Em 2006, com apenas R$ 20 mil, Pereira virou sócio da empreiteira Forma Construção Ltda. Dois meses depois, pagou R$ 300 mil pela sociedade no Centro de Estudos Amazônicos. Três anos antes, essa escola foi usada por Magalhães Martins para adquirir quatro terrenos. Duas áreas estão situadas na exclusiva Estrada da Ponta Negra, às margens do Rio Negro. Com calçadão, bares e boates, o local é comparado na região à orla da zona sul carioca. Só esses dois terrenos somam 6.500 metros quadrados, que, segundo corretores, valeria pelo menos R$ 5 milhões. Mas o valor da compra declarado pelo sócio de Pereira foi de irrisórios R$ 300 mil, exatamente o que o filho do ministro pagou ao sócio. O desembolso, de acordo com Pereira, foi feito em três parcelas anuais de R$ 100 mil, a partir de 2005, dois anos antes de a sociedade ser registrada formalmente em cartório.
No mesmo ano em que Pereira virou sócio da Forma, a construtora incorporou um terreno de 50 mil metros quadrados, de propriedade da escola amazônica, onde foi erguido um condomínio de luxo chamado Atlantis.
O complexo arquitetônico tem 86 casas duplex e um shopping center. De acordo com corretores, uma casa ali não custa menos de R$ 400 mil. Em outro terreno do centro de ensino, a empreiteira está construindo o edifício Atlantic Tower, torre comercial de 18 andares, 300 salas e spa. "O prédio mais moderno e inteligente do Norte do País", segundo o folder publicitário do empreendimento. Na declaração de renda de 2007, Pereira informou que obteve R$ 320 mil de "lucros e dividendos" de sua agência de publicidade. O valor é idêntico ao que ele pagou para se tornar sócio de duas empresas para lá de lucrativas.
Numa outra transação, Pereira recebeu R$ 450 mil da transportadora Socorro Carvalho Cia., que embolsou R$ 12 milhões do Fundo da Marinha Mercante, ligado ao gabinete do ministro, de acordo com o Portal da Transparência. A empresa é de Marcílio Carvalho, marido da superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) do Amazonas, Maria Auxiliadora Carvalho. Pereira diz que o dinheiro veio da venda de um apartamento herdado da mãe, Francisca Leonia. Mas certidões negativas dos cartórios de Manaus indicam que o imóvel nunca esteve em nome dele, da superintendente do DNIT ou da transportadora. Claudomiro Carvalho, irmão e sócio de Marcílio, doou R$ 100 mil para a campanha de Nascimento ao Senado, em 2006.
R$ 595 mil é o patrimônio declarado do ministro, menos da metade da soma dos bens de seu filho, Gustavo Pereira
Procurado por ISTOÉ, Pereira informou, por meio da assessoria de imprensa do ministério que não ia comentar os negócios com a Socorro Carvalho Cia. Nascimento também não atendeu ao pedido de entrevista. O assessor de imprensa do ministro, Jefferson Coronel, diz que Pereira é um economista inteligente, estudou arquitetura, fala inglês e tem pós-graduação na Fundação Getulio Vargas - qualificações que, segundo Coronel, dariam ao jovem empresário condições de amealhar seu patrimônio milionário. "Todas as empresas de Pereira atuam exclusivamente no mercado privado.
Não há nenhuma interferência do pai", afirma Coronel. Talvez o sucesso empresarial do filho do ministro estivesse mesmo escrito nas estrelas.
Fonte: Revista ISTOÉ
O Estado do Amazonas é representado na bandeira do Brasil pela estrela Prócion, nome de origem grega que significa "antes do cão" e inspirou Gustavo de Morais Pereira (foto ao lado) a batizar a agência de publicidade que abriu em 2003, aos 18 anos. Começava ali a trajetória do jovem calouro universitário, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que, em seis anos, se tornou um dos empresários mais ricos do Amazonas. Sua ascensão meteórica, no entanto, não tem sido impulsionada por peças publicitárias de sucesso. Aos 25 anos, o brilhantismo de Pereira está mesmo na capacidade de convencer seus parceiros a aceitar negócios milionários, sobretudo no setor imobiliário. Em 2007, Pereira declarou à Receita Federal um patrimônio de R$ 1,28 milhão, mais que o dobro dos R$ 595 mil declarados por Alfredo Nascimento à Justiça Eleitoral em 2006.
No mapa das constelações, Prócion é um sistema binário, ou seja, por trás da estrela principal há outra menos visível que a acompanha de perto. Assim como no céu do firmamento, o filho do ministro também não está sozinho em suas atividades empresariais. Ele conta com o apoio do advogado Antonio Adalberto Magalhães Martins, amigo da família Nascimento. Os dois fundaram uma agência de propaganda, a G de M Pereira & Cia. Ltda., que nunca chegou a operar. Depois se tornaram sócios numa construtora e numa escola que possui vários terrenos em Manaus, onde agora são erguidos dois empreendimentos de luxo. A empreitada já rendeu a ambos quase R$ 16 milhões.
Em 2006, com apenas R$ 20 mil, Pereira virou sócio da empreiteira Forma Construção Ltda. Dois meses depois, pagou R$ 300 mil pela sociedade no Centro de Estudos Amazônicos. Três anos antes, essa escola foi usada por Magalhães Martins para adquirir quatro terrenos. Duas áreas estão situadas na exclusiva Estrada da Ponta Negra, às margens do Rio Negro. Com calçadão, bares e boates, o local é comparado na região à orla da zona sul carioca. Só esses dois terrenos somam 6.500 metros quadrados, que, segundo corretores, valeria pelo menos R$ 5 milhões. Mas o valor da compra declarado pelo sócio de Pereira foi de irrisórios R$ 300 mil, exatamente o que o filho do ministro pagou ao sócio. O desembolso, de acordo com Pereira, foi feito em três parcelas anuais de R$ 100 mil, a partir de 2005, dois anos antes de a sociedade ser registrada formalmente em cartório.
No mesmo ano em que Pereira virou sócio da Forma, a construtora incorporou um terreno de 50 mil metros quadrados, de propriedade da escola amazônica, onde foi erguido um condomínio de luxo chamado Atlantis.
O complexo arquitetônico tem 86 casas duplex e um shopping center. De acordo com corretores, uma casa ali não custa menos de R$ 400 mil. Em outro terreno do centro de ensino, a empreiteira está construindo o edifício Atlantic Tower, torre comercial de 18 andares, 300 salas e spa. "O prédio mais moderno e inteligente do Norte do País", segundo o folder publicitário do empreendimento. Na declaração de renda de 2007, Pereira informou que obteve R$ 320 mil de "lucros e dividendos" de sua agência de publicidade. O valor é idêntico ao que ele pagou para se tornar sócio de duas empresas para lá de lucrativas.
Numa outra transação, Pereira recebeu R$ 450 mil da transportadora Socorro Carvalho Cia., que embolsou R$ 12 milhões do Fundo da Marinha Mercante, ligado ao gabinete do ministro, de acordo com o Portal da Transparência. A empresa é de Marcílio Carvalho, marido da superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) do Amazonas, Maria Auxiliadora Carvalho. Pereira diz que o dinheiro veio da venda de um apartamento herdado da mãe, Francisca Leonia. Mas certidões negativas dos cartórios de Manaus indicam que o imóvel nunca esteve em nome dele, da superintendente do DNIT ou da transportadora. Claudomiro Carvalho, irmão e sócio de Marcílio, doou R$ 100 mil para a campanha de Nascimento ao Senado, em 2006.
R$ 595 mil é o patrimônio declarado do ministro, menos da metade da soma dos bens de seu filho, Gustavo Pereira
Procurado por ISTOÉ, Pereira informou, por meio da assessoria de imprensa do ministério que não ia comentar os negócios com a Socorro Carvalho Cia. Nascimento também não atendeu ao pedido de entrevista. O assessor de imprensa do ministro, Jefferson Coronel, diz que Pereira é um economista inteligente, estudou arquitetura, fala inglês e tem pós-graduação na Fundação Getulio Vargas - qualificações que, segundo Coronel, dariam ao jovem empresário condições de amealhar seu patrimônio milionário. "Todas as empresas de Pereira atuam exclusivamente no mercado privado.
Não há nenhuma interferência do pai", afirma Coronel. Talvez o sucesso empresarial do filho do ministro estivesse mesmo escrito nas estrelas.
Fonte: Revista ISTOÉ
terça-feira, 28 de julho de 2009
ASSEMBLÉIA DA COIAB ESCOLHE NOVA COORDENAÇÃO
No dia 22 Julho (quarta-feira) na Aldeia São José, município de Montes Altos Terra Indígena Krikati estado do Maranhão, cerca de 170 delegados indígenas representando os 09 estados de abrangência da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) elegeram a nova coordenação executiva da COIAB.
Com 148 votos a favor e 18 contra, Antônio Marcos Alcântara de Oliveira Apurinã – Rondônia foi eleito o novo coordenador geral da COIAB, logo após ocorreu à eleição para vice-coordenador(a), quando se elegeu Sonia Bone Guajajara – Maranhão com 106 votos a favor e 63 contra.
A eleição para o cargo de secretario (a) da COIAB foi eleito Cleiton Javaé – Tocantins, com 84 votos a favor e 74 contra. Para o cargo de tesoureiro da COIAB foi eleito Kleber Luiz Santo dos Santos Karipuna – Amapá, com 99 votos a favor e 63 votos contra.
A eleição foi conduzida pelo coordenador executivo da APOINME, Zé de Santa; a advogada indígena Fernanda Kaingang e o representante da COICA, Diego Escobar. Momento antes da eleição foi aprovado pela Plenária e todos os delgados presentes que a nova coordenação executiva da COIAB e o Conselho Deliberativo Fiscal (CONDEF) terão mandato de quatro anos, ao invés dos atuais três anos. Nesta quinta-feira, a Assembléia avalia a proposta de novo Estatuto que não deve afetar a decisão, uma vez que a Plenária é soberana.
A IX Assembléia da COIAB teve inicio na segunda-feira (20) momento de celebração dos 20 anos da entidade. O principal objetivo desta Assembléia era deliberar sobre a proposta de avaliação do movimento indígena amazônico, revisar e aprovar o estatuto, eleger os novos coordenadores e ainda discutir a conjuntura política indígena, direitos humanos, impacto de mega projetos nas terras indígenas e mudanças climáticas, entre outros temas em pauta.
Mulheres indígenas: Durante o período de preparação da Assembléia, na véspera do encontro, já na aldeia São José, aconteceu o III Encontro de Mulheres indígenas da Amazônia, no qual foi definida a criação de uma organização autônoma de mulheres, que atuará de forma independente, em estreita parceria com a COIAB, e que foi denominada União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB).
Foram eleitas para a UMIAB: Concerlei Sumpré Xerente (coordenadora-geral). Edilene Krikati (vice-coordenadora), Matilde Madikai (coordenadora), Letícia Luiza Yawanawa (coordenadora). A iniciativa para a criação da nova organização nasceu a partir do
Departamento de Mulheres da COIAB, coordenado por Maria Miquelina Machado Tukano. “Este foi um dos maiores avanços das mulheres indígenas da Amazônia na última década, mas precisamos sempre melhorar e qualificar o trabalho. A UMIAB me deixa bem animada e motivada quanto a isso. A nossa nova organização veio para somar com o trabalho que já vem sendo feito pela COIAB com as mulheres indígenas”, afirmou.
A UMIAB terá como primeiro desafio se firmar junto aos parceiros do movimento indígena e buscar recursos para as ações da organização, que inicialmente funcionará na sede da COIAB em Manaus, onde todas as coordenadoras irão trabalhar, com exceção da representante que será responsável pelas articulações em Brasília. Para o cargo foi eleita Geici Mura, do Amazonas.
Eleição do Conselho Fiscal: No mesmo período houve também a eleição do Conselho Deliberativo Fiscal (CONDEF), que discutiu uma proposta de novo Estatuto para a COIAB, que será apreciado durante a assembléia. O CONDEF é o responsável pela fiscalização e aplicação dos recursos financeiros da COIAB. Para a nova diretoria foram escolhidos Agnelo Xavante, reeleito para a presidência; Letícia Luiza Yawanawa, vice-presidente; Ivan Guarani, secretário-geral e Maximiliano Tukano, assessor do presidente.
Agnelo Xavante disse estar satisfeito com a reeleição, fez uma análise do último mandato e falou do que espera de agora em diante “Nos últimos anos precisei pressionar bastante para melhorar a atuação e participação do CONDEF nos assuntos da COIAB. Minha intenção agora é buscar, junto com os novos conselheiros, ainda mais rigidez no cumprimento das deliberações do conselho para podermos melhorar ainda mais. Até um ano e meio atrás, tive muita dificuldade em fiscalizar a aplicação de recursos, o que já melhorou 50% de lá pra cá. Agora temos que chegar a 100% com total transparência na entrada de recursos nas organizações, o que precisa ser informado pelos coordenadores ao CONDEF. A minha expectativa é avançar nisso, para podermos enfrentar os novos desafios”, afirmou.
CONVITE
A Universidade do Estado do Amazonas – UEA, em parceira com a Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngües – OGPTB, Ministério de Educação e Cultura - MEC está realizando a VII etapa letiva do Curso de Licenciatura Intercultural para Professores Indígenas do Alto Solimões, no período compreendido de 13 de julho a 13 de agosto de 2009 com a temática: EDUCAÇÃO E POLITICA INDIGENISTA. Dentre a programação são realizados seminários, assembléias, oficinas, trabalhos de campo e outras atividades.
Nas atividades de seminários temáticos são convidados profissionais dos mais diversos locais do Brasil e dos países fronteiriços: Peru e Colômbia para contribuírem com o desenvolvimento das discussões acadêmicas.
Nas atividades de seminários temáticos são convidados profissionais dos mais diversos locais do Brasil e dos países fronteiriços: Peru e Colômbia para contribuírem com o desenvolvimento das discussões acadêmicas.
Para esta etapa estamos convidando Vossa Senhoria para se fazer presente no seminário temático com o tema da etapa letiva, conforme a programação:
VII SEMINARIO TEMATICO DA LICENCIATURA INTERCULTURAL – EDUCAÇÃO E POLITICA INDIGENISTA
Manhã – BLOCO I ( Educação e Política Indigenista na Tríplice Fronteira)
08h00minh – Educação e Política Indigenista
Convidados: UNAL/ Colômbia, AIDESEP/ Peru, UFAM e UEA/Brasil
09h45min – lanche
10h00min – Continuação das exposições
12h00min – encerramento
Tarde – BLOCO II ( Educação e política Indigenista no Brasil )
13h30min – Educação e Política Indígena
Convidados: MEC, SEDUC, SEMEDs/ alto Solimões, FUNAI
15h45min – lanche
17h00min - encerramento
Local: Sede da OGPTB / Aldeia Filadélfia
Data: 05 de agosto de 2009.
Márcia Maria Nunes Montenegro
Coordenação
VII SEMINARIO TEMATICO DA LICENCIATURA INTERCULTURAL – EDUCAÇÃO E POLITICA INDIGENISTA
Manhã – BLOCO I ( Educação e Política Indigenista na Tríplice Fronteira)
08h00minh – Educação e Política Indigenista
Convidados: UNAL/ Colômbia, AIDESEP/ Peru, UFAM e UEA/Brasil
09h45min – lanche
10h00min – Continuação das exposições
12h00min – encerramento
Tarde – BLOCO II ( Educação e política Indigenista no Brasil )
13h30min – Educação e Política Indígena
Convidados: MEC, SEDUC, SEMEDs/ alto Solimões, FUNAI
15h45min – lanche
17h00min - encerramento
Local: Sede da OGPTB / Aldeia Filadélfia
Data: 05 de agosto de 2009.
Márcia Maria Nunes Montenegro
Coordenação
EST MODUS IN REBUS: FALA GOVERNADOR
As eleições, assim sendo, deixam de ser apenas um arranjo local e passam a ser “financiadas” por grupos transnacionais que manifestam interesse na exploração do território. No Amazonas, as alianças políticas corporativas arrolam em suas negociatas eleitorais a exploração de nossos recursos ambientais como contrapartida e, se eleito, será por excelência o servidor dos poderosos, aqueles mesmos que bancam a roleta do jogo das eleições à revelia do Marco regulador.
Os operadores do Direito, vez por outra, temperam suas argumentações jurídicas com expressões latinas para lavrar suas sentenças com conhecimento de causa. Nesse campo de força das lides jurídicas, os homens de toga lutam entre si para dizer o Direito. No entanto, os interesses em disputa transpassam a Corte e ganham moradas no formalismo jurídico, minimizando os fins e maximizando os meios. Dessa feita, a Justiça torna-se cega e o Direito torna-se vilão.
Foi por essa razão que se criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como instrumento externo, regulador das práticas judiciárias para combater o corporativismo, a corrupção, a impunidade e outros vícios da cultura dos bacharéis.
A atuação do CNJ tem sido meritória quanto à valorização e credibilidade do Judiciário, contrariando interesses patrimoniais que fragilizam a Democracia em favor de corporações criminosas aliadas com poder público, com firme propósito de controlar o Estado para fins ilícitos.
As eleições, assim sendo, deixam de ser apenas um arranjo local e passam a ser “financiadas” por grupos transnacionais que manifestam interesse na exploração do território. No Amazonas, as alianças políticas corporativas arrolam em suas negociatas eleitorais a exploração de nossos recursos ambientais como contrapartida e, se eleito, será por excelência o servidor dos poderosos, aqueles mesmos que bancam a roleta do jogo das eleições à revelia do Marco regulador.
Nós temos nos recusado acreditar nessa trama quando discutimos a pretensa construção do Porto das Lajes, nas mediações do Encontro das Águas e na proximidade da Tomada de Água da Zona Leste. Mas, o fato que nos causa espécie é o silêncio do governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) quanto à importância da matéria. Embora, seus interlocutores aleguem se tratar de um projeto privado e de matéria legal a ser apreciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), fugindo da alçada do governador.
Não nos convence porque o governador enquanto direção moral e política do Estado deve necessariamente conhecer o projeto e redimensionar seus investimentos na perspectiva de equacionar o empreendimento de acordo com a racionalidade ambiental afeito a sustentabilidade relativo à política estadual sobre mudanças climáticas, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável do Amazonas.
Por essas razões e outras expectativas aguarda-se o pronunciamento do governador Eduardo Braga para convencer a todos da irracionalidade do projeto porque est modus in rebus, significa dizer em ato que no Amazonas há limite para todas as coisas. E esse limite é orientado pelo respeito ao patrimônio público e conservação dos recursos naturais, afirmando ao mundo o valor da governança ambiental para sustentabilidade do homem no Planeta. Ao contrário tudo pode ser dito e pensado.
Foi por essa razão que se criou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como instrumento externo, regulador das práticas judiciárias para combater o corporativismo, a corrupção, a impunidade e outros vícios da cultura dos bacharéis.
A atuação do CNJ tem sido meritória quanto à valorização e credibilidade do Judiciário, contrariando interesses patrimoniais que fragilizam a Democracia em favor de corporações criminosas aliadas com poder público, com firme propósito de controlar o Estado para fins ilícitos.
As eleições, assim sendo, deixam de ser apenas um arranjo local e passam a ser “financiadas” por grupos transnacionais que manifestam interesse na exploração do território. No Amazonas, as alianças políticas corporativas arrolam em suas negociatas eleitorais a exploração de nossos recursos ambientais como contrapartida e, se eleito, será por excelência o servidor dos poderosos, aqueles mesmos que bancam a roleta do jogo das eleições à revelia do Marco regulador.
Nós temos nos recusado acreditar nessa trama quando discutimos a pretensa construção do Porto das Lajes, nas mediações do Encontro das Águas e na proximidade da Tomada de Água da Zona Leste. Mas, o fato que nos causa espécie é o silêncio do governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB) quanto à importância da matéria. Embora, seus interlocutores aleguem se tratar de um projeto privado e de matéria legal a ser apreciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), fugindo da alçada do governador.
Não nos convence porque o governador enquanto direção moral e política do Estado deve necessariamente conhecer o projeto e redimensionar seus investimentos na perspectiva de equacionar o empreendimento de acordo com a racionalidade ambiental afeito a sustentabilidade relativo à política estadual sobre mudanças climáticas, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável do Amazonas.
Por essas razões e outras expectativas aguarda-se o pronunciamento do governador Eduardo Braga para convencer a todos da irracionalidade do projeto porque est modus in rebus, significa dizer em ato que no Amazonas há limite para todas as coisas. E esse limite é orientado pelo respeito ao patrimônio público e conservação dos recursos naturais, afirmando ao mundo o valor da governança ambiental para sustentabilidade do homem no Planeta. Ao contrário tudo pode ser dito e pensado.
Z DA ZONA DE MANAUS, A ANTIGA
Thiago de Mello*
Não tinha a fama nem o prestígio da atual. E era genuinamente cabocla, embora em seus tempos dourados esbanjasse matéria-prima importada de vários países da Europa. É verdade que nunca chegou a ser de atração nacional, como a de agora. Mas era indiscutivelmente mais franca. Aberta a quem chegasse, não fazia acepção de pessoas: desde que fossem masculinas, donas de muita disposição e de um mínimo de capital. Era a zona das mulheres. De mulheres da vida, se dizia. Ou de mulheres que faziam a vida, expressão que sempre achei de sortilégio. Havia quem chamasse, nariz orgulhoso e torcido, a zona da prostituição, as ruas das raparigas.
Moça da família, os pais não permitiam que passassem pelos quarteirões daquelas ruas onde se exercia a mais antiga profissão do planeta, nas casas do meretrício. Perdão, do baixo meretrício, era assim que diziam, porventura a indicar a existência de um meretrício mais alto, quer dizer, mais caro e mais escondido. Ou talvez se tratasse de referência saudosa ao tempo das francesas de vestido longo e decotado da Pensão Floreaux, na rua Epaminondas, ou das que chegavam elegantíssimas e perfumadas, já madrugada alta, acompanhadas de cavalheiros de casaca, para uma ceia com champanhe no Bar Alemão ali na Marechal Deodoro à época do esplendor da borracha.
Para o povo a Zona era mesmo e simplesmente a zona, tout court, sem adjetivos. Ficava bem no centro da cidade, fraternalmente concentrada em trechos de quarteirões de ruas importantes. O eixo era a Saldanha Marinho: a mesma rua que abrigava moradias sóbrias e moradores austeros, abria-se para a vida alegre das pensões a partir da rua Joaquim Sarmento e só ia terminar lá na rua da Instalação, nos procuradíssimos bordeizinhos do último quarteirão enladeirado. Da Saldanha Marinho a Zona ganhava asas para as transversais Joaquim Sarmento e Logo D’Almada, um pouco para o lado da Sete de Setembro, outro pouco para as bandas da 24 de Maio. Casinhas da alvenaria colonial, soalhos de madeira que cantavam.
Mal a tarde começava a cair, a Zona, qual mulher sadia que desperta a dengosa se espreguiça, dava começo aos seus macios movimentos, com a chegada dos primeiros freqüentadores a fanar pelas esquinas e das primeiras caboclas, cabelos ainda molhados, ao parapeito das janelas. Só quando era já noite mesmo é que, até então mal-entreabertas, escancaravam-se as portas ou meia-portas, sobre as quais não faltava a famosa lanterna vermelha, em cujo brilho vagamente ardia um tição de tristeza.
O canto da Instalação com a Saldanha Marinho não marcava, porém, o limite da Zona, que a atravessava para alcançar outras ruas boêmias: a Itamaracá, a Frei José dos Inocentes. Por toda década de quarenta a Zona teve como lugar principal de bebida e de baile o Cabaré Chinelo, sábio e delicioso nome que o povo encontrou para substituir o Hotel Cassina, que no mesmo e bonito prédio funcionou até o fim da nossa belle epoque, freqüentado sôo por gente de finas libras esterlinas, não importava se oriundas das algibeiras de grosseiros coronéis de barranco.
Pensão da Lola: Ninguém pode negar que por todos aqueles anos quarenta a pensão da Lola, na Saldanha Marinho, era a melhor de todas as casas da Zona. É juízo unânime dos bons freqüentadores daquelas ruas. A numerosos deles agora consultei, e de todos a Lola teve o voto, ao qual com iniludível pena, não pude juntar o meu. Para que mentir? A verdade é que, naquelas noites, apenas estive perto, nunca tive acesso à boca da urna.
Era italiana, de sobrenome Ferdi. Alguma vez a contemplei descendo a Avenida: era elegante, alta, muito digna de leque abanando o rosto claro. Cuidava com esmero de sua moças, vigiava-lhes o asseio e a saúde. De índole romântica, sabia de cor o seu Dante, atirava de relance para a sua mesa, com abajur de centro, sempre bem concorrida, uma estrofe de Petrarca. Em contradição, ou talvez por coerência, a nenhuma das moças permitia histórias inventadas, choramingas, a justificar o passo mal dado que lhes abrira o caminho para a vida “não me venham com histórias. Estão aqui porque querem, estão aqui porque gostam. Fazem muito bem. Honrem a profissão. E tratem de não enganar ninguém”. Lola Ferdi morreu rica e triste, no começo dos 50. Famoso advogado de Manaus, leal amigo da dona-de-pensão presume-se que amigo de todas as horas, cumpriu o que ela, em testamento, lhe ditou: herdou os seus bens.
Consta que alguma parcela ficou destinada ao amparo de duas ou três de suas melhores moças já fatigadas.
*Escritor amazonense, autor de diversas obras de reconhecido valor mundial. Destaque para - Manaus, Amor e Memória, Rio de Janeiro: Philobiblion, 1984. (p.247/49).
segunda-feira, 27 de julho de 2009
PORTO DAS LAJES: COM A PALAVRA O GOVERNADOR DO ESTADO
Ademir Ramos*
Em Manaus, todos os finais de semana, a empresa Lajes controlada da Log-In Logística Intermodal, com sede no Rio de Janeiro, tem investido na mídia impressa para enganar os trouxas quanto à sustentabilidade da construção do Porto das Lajes, na circunscrição do complexo ecossistema do Encontro das Águas conjugado com a Província dos Sítios Arqueológico das Lajes.
Além dessa estratégia de marketing, segundo as lideranças do S.O.S. Encontro das Águas, os executivos da empresa vêm investindo na cooptação de lideranças comunitárias, incentivando a criação de Associação e comprando moradores para que aceite a construção do Terminal Portuário como ação redentora para o desenvolvimento local.
As estratégias tornam-se mais agressivas, principalmente agora, quando se aproxima as realizações das Audiências Públicas, fórum apropriados de participação dos comunitários para avaliar e decidir sobre a qualidade dos Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do Porto das Lajes.
Pelos jornais, somente pelos jornais porque papel aceita tudo, a empresa Lajes não se cansa de afirmar que o empreendimento visa o “desenvolvimento com visão de futuro”. Explica-se: desenvolvimento para esses predadores do colarinho branco é privatizar o patrimônio público e promover a exclusão do povo de seus benefícios sócias e usufruto ambientais. A fórmula é a seguinte – “no presente, promove-se acumulação imediata do capital em favor de um pequeníssimo grupo corporativo, no futuro perdas e prejuízos para o povo em detrimento da exploração dos recursos ambientais”.
Outro argumento recorrente apresentado pela empresa na mídia, somente na mídia, refere-se às “ações ambientalmente positivas”, prometendo seus artífices à construção do Parque Botânico Severiano Mário Porto no meio da floresta. O contraponto dessa sandice fica por conta do Dr. David Pennington, professor da Universidade Nacional de Brasília e autor da obra “De Manaus a Liverpool” lançada recentemente pela Editora da Universidade Federal do Amazonas, que ao ler nos jornais de Manaus sobre o tamanho feito manifestou-se socraticamente frente às promessas:
Um Jardim Botânico, com o nome de um eminente arquiteto como garoto-propaganda. Como? Se muitas de suas obras espalhadas por Manaus, já foram destruídas e maculadas sem a menor cerimônia. Construir um jardim botânico, quando temos pela frente toda floresta amazônica? É brincadeira, parece que estão a vender geladeiras para Esquimó.
Aliás, uma das últimas obras do arquiteto Severiano Mário Porto a ser implodida pelo governo do Estado do Amazonas é o Estádio de Futebol Vivaldo Lima. O fato é que no último encarte da empresa (26), o nome do arquiteto não aparece mais agregado a pretensa construção do Parque Botânico. O paradoxo de se “Vender geladeira a Esquimó” significa que a empresa Lajes trata os amazonense como lesos e corruptos por aceitarem a destruição das florestas e em seu lugar a construção de um Parque Botânico avalizado por um arquiteto renomado. Da mesma forma, é como se todos também fossem de acordo com a privatização do Encontro das Águas e em seu lugar, como ação mitigadora, a empresa Lajes construísse uma aquário monumental do tamanho de uma piscina olímpica.
Não satisfeitos, os marqueteiros do Porto das Lajes, apelam para a empregabilidade, prometendo com letras verdes “geração de empregos”, aproximadamente 600 empregos diretos e indiretos e depois somente 200. A promessa pode até ser factível, mas não é o critério para se avaliar a sustentabilidade do empreendimento. Ao contrário, se os governantes em parceria com as empresas privadas definissem um plano de turismo para região, considerando a potencialidade do Encontro das Águas, a riqueza arqueológicas das Lajes e a cultura dos moradores do lugar, que assim buscasse investir tanto nos meios (equipamentos, hotelaria, capacitação e outros) quanto nos fins, referindo-se ao trabalho direto a ser oferecido, o cenário seria outro e a perspectiva de sustentabilidade estaria garantida.
Em suma, o custo ambiental do Terminal Portuário das Lajes é insustentável, gerando pobreza e insegurança ambiental. Portanto, frente às questões levantadas, o governador Eduardo Braga (PMDB) terá que se pronunciar, rompendo o silêncio conivente. Isso porque, segundo a senadora Marina Silva (PT), com quem estivemos em contato, “terá que dizer ao mundo se deseja uma transição fundamentada nos novos parâmetros globais de desenvolvimento humano, ou se continuará sendo fiador do passado, garantindo sobrevida a uma concepção ultrapassada, baseada em privilégios e na superexploração dos ativos sociais e ambientais para usufruto de poucos, sem pesar as conseqüências”.
Em Manaus, todos os finais de semana, a empresa Lajes controlada da Log-In Logística Intermodal, com sede no Rio de Janeiro, tem investido na mídia impressa para enganar os trouxas quanto à sustentabilidade da construção do Porto das Lajes, na circunscrição do complexo ecossistema do Encontro das Águas conjugado com a Província dos Sítios Arqueológico das Lajes.
Além dessa estratégia de marketing, segundo as lideranças do S.O.S. Encontro das Águas, os executivos da empresa vêm investindo na cooptação de lideranças comunitárias, incentivando a criação de Associação e comprando moradores para que aceite a construção do Terminal Portuário como ação redentora para o desenvolvimento local.
As estratégias tornam-se mais agressivas, principalmente agora, quando se aproxima as realizações das Audiências Públicas, fórum apropriados de participação dos comunitários para avaliar e decidir sobre a qualidade dos Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do Porto das Lajes.
Pelos jornais, somente pelos jornais porque papel aceita tudo, a empresa Lajes não se cansa de afirmar que o empreendimento visa o “desenvolvimento com visão de futuro”. Explica-se: desenvolvimento para esses predadores do colarinho branco é privatizar o patrimônio público e promover a exclusão do povo de seus benefícios sócias e usufruto ambientais. A fórmula é a seguinte – “no presente, promove-se acumulação imediata do capital em favor de um pequeníssimo grupo corporativo, no futuro perdas e prejuízos para o povo em detrimento da exploração dos recursos ambientais”.
Outro argumento recorrente apresentado pela empresa na mídia, somente na mídia, refere-se às “ações ambientalmente positivas”, prometendo seus artífices à construção do Parque Botânico Severiano Mário Porto no meio da floresta. O contraponto dessa sandice fica por conta do Dr. David Pennington, professor da Universidade Nacional de Brasília e autor da obra “De Manaus a Liverpool” lançada recentemente pela Editora da Universidade Federal do Amazonas, que ao ler nos jornais de Manaus sobre o tamanho feito manifestou-se socraticamente frente às promessas:
Um Jardim Botânico, com o nome de um eminente arquiteto como garoto-propaganda. Como? Se muitas de suas obras espalhadas por Manaus, já foram destruídas e maculadas sem a menor cerimônia. Construir um jardim botânico, quando temos pela frente toda floresta amazônica? É brincadeira, parece que estão a vender geladeiras para Esquimó.
Aliás, uma das últimas obras do arquiteto Severiano Mário Porto a ser implodida pelo governo do Estado do Amazonas é o Estádio de Futebol Vivaldo Lima. O fato é que no último encarte da empresa (26), o nome do arquiteto não aparece mais agregado a pretensa construção do Parque Botânico. O paradoxo de se “Vender geladeira a Esquimó” significa que a empresa Lajes trata os amazonense como lesos e corruptos por aceitarem a destruição das florestas e em seu lugar a construção de um Parque Botânico avalizado por um arquiteto renomado. Da mesma forma, é como se todos também fossem de acordo com a privatização do Encontro das Águas e em seu lugar, como ação mitigadora, a empresa Lajes construísse uma aquário monumental do tamanho de uma piscina olímpica.
Não satisfeitos, os marqueteiros do Porto das Lajes, apelam para a empregabilidade, prometendo com letras verdes “geração de empregos”, aproximadamente 600 empregos diretos e indiretos e depois somente 200. A promessa pode até ser factível, mas não é o critério para se avaliar a sustentabilidade do empreendimento. Ao contrário, se os governantes em parceria com as empresas privadas definissem um plano de turismo para região, considerando a potencialidade do Encontro das Águas, a riqueza arqueológicas das Lajes e a cultura dos moradores do lugar, que assim buscasse investir tanto nos meios (equipamentos, hotelaria, capacitação e outros) quanto nos fins, referindo-se ao trabalho direto a ser oferecido, o cenário seria outro e a perspectiva de sustentabilidade estaria garantida.
Em suma, o custo ambiental do Terminal Portuário das Lajes é insustentável, gerando pobreza e insegurança ambiental. Portanto, frente às questões levantadas, o governador Eduardo Braga (PMDB) terá que se pronunciar, rompendo o silêncio conivente. Isso porque, segundo a senadora Marina Silva (PT), com quem estivemos em contato, “terá que dizer ao mundo se deseja uma transição fundamentada nos novos parâmetros globais de desenvolvimento humano, ou se continuará sendo fiador do passado, garantindo sobrevida a uma concepção ultrapassada, baseada em privilégios e na superexploração dos ativos sociais e ambientais para usufruto de poucos, sem pesar as conseqüências”.
Professor da UFAM, Antropólogo e coordenador geral de pesquisas do NCPAM
JÚLIO: UM SIMPLES MORTAL.
José Dantas Cyrino Jr*.
A morte, essa cretina,
da vida não entende nada,
toda vez que vem buscar alguém,
imagina, leva sempre a pessoa errada.
Nunca gostei de discursos em velórios ou enterros, artigos em homenagens póstumas e todas essas formas plangentes de carpideiras. Às vezes me parecem um pouco cabotino, pelo menos quando trazem elogios exagerados aos que já não estão mais em condições de apartear o orador ou redargüir o articulista para pedir moderação.
Mas, quando recebi a notícia da morte do professor e jornalista Narciso Julio Freire Lobo, essa crítica inabalável aos emocionalmente incorretos começou a me abalar e me torturar profundamente porque na mesma hora bateu uma vontade intensa, incontrolável, de fazer um discurso no seu velório ou escrever, como faço agora, algumas linhas em sua homenagem. Não, essa máxima politicamente correta não se aplica ao Narciso. Então assumo a cabotinagem, se assim parecer. Que se danem os politicamente corretos e suas críticas de comportamento.
Mas não quero fazer homenagens óbvias por seus currículos acadêmicos e profissionais – isso todos conhecem: Doutor em Ciências da Comunicação, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia e do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ocupante de uma cadeira de imortal na Academia Amazonense de Letras, membro do conselho do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA). Autor de obras de Ficção e política. E tantas coisas mais.
Quero falar do Narciso como um ser humano para revelar um segredo: o Narciso Lobo, como era conhecido, não era Narciso Lobo.
O Narciso não era Lobo, era um homem, um ser sensível à dor de seus semelhantes. Um homem doce e dócil, avesso a todas as formas de violência. Um homem solidário, fraterno, um socialista na ampla acepção da palavra. De Lobo só o sobrenome - e por essas contingências da vida, porque (com permissão de seus pais) deveria ter por sobrenome cordeiro. Cordial, terno.
Sabia escutar. Diferentemente dos lobos que são sanguinários e cruéis, ele possuía uma das maiores qualidades de um verdadeiro democrata: a tolerância com os diferentes. Narciso Lobo não era um Lobo. Não devorava os seres diferentes como Lobos que vivem em Manaus.
E Narciso não era Narciso. Era uma pessoa simples no modo de viver, sem luxo, sem ganas nem ostentações materiais, modesto, normal como um José, um Antonio ou um Julio qualquer. Não possuía vaidades, não se entorpecia por ser um professor universitário respeitado, não tinha arrogâncias por ser um doutor, um escritor e até mesmo por ser um imortal. Um Narciso sem vaidades... sem narcisismos...
Diferente da mitologia grega, não era um herói de Téspias, famoso por seu orgulho, mas um herói de Manaus, herói por sua resistência às cretinices e mediocridades de uma cidade perversa e infecunda no trato com a inteligência local, uma cidade que em seu poema Cantos Deslizantes, ele cantava assim: “Manaus, meu porto / meu aeroporto / meu penúltimo e (in) definitivo pouso”.
Narciso Julio Freire Lobo, como se viu, não era Narciso, nem Lobo, mas um simples Julio. Ah, e também não era imortal. Julio, um simples mortal poeta agora repousa em definitivo no seu próprio poema. Mas ainda resta a flor amarela com pétalas brancas.
*Professor da UFAM, advogado e filósofo de formação.
A morte, essa cretina,
da vida não entende nada,
toda vez que vem buscar alguém,
imagina, leva sempre a pessoa errada.
Nunca gostei de discursos em velórios ou enterros, artigos em homenagens póstumas e todas essas formas plangentes de carpideiras. Às vezes me parecem um pouco cabotino, pelo menos quando trazem elogios exagerados aos que já não estão mais em condições de apartear o orador ou redargüir o articulista para pedir moderação.
Mas, quando recebi a notícia da morte do professor e jornalista Narciso Julio Freire Lobo, essa crítica inabalável aos emocionalmente incorretos começou a me abalar e me torturar profundamente porque na mesma hora bateu uma vontade intensa, incontrolável, de fazer um discurso no seu velório ou escrever, como faço agora, algumas linhas em sua homenagem. Não, essa máxima politicamente correta não se aplica ao Narciso. Então assumo a cabotinagem, se assim parecer. Que se danem os politicamente corretos e suas críticas de comportamento.
Mas não quero fazer homenagens óbvias por seus currículos acadêmicos e profissionais – isso todos conhecem: Doutor em Ciências da Comunicação, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia e do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ocupante de uma cadeira de imortal na Academia Amazonense de Letras, membro do conselho do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA). Autor de obras de Ficção e política. E tantas coisas mais.
Quero falar do Narciso como um ser humano para revelar um segredo: o Narciso Lobo, como era conhecido, não era Narciso Lobo.
O Narciso não era Lobo, era um homem, um ser sensível à dor de seus semelhantes. Um homem doce e dócil, avesso a todas as formas de violência. Um homem solidário, fraterno, um socialista na ampla acepção da palavra. De Lobo só o sobrenome - e por essas contingências da vida, porque (com permissão de seus pais) deveria ter por sobrenome cordeiro. Cordial, terno.
Sabia escutar. Diferentemente dos lobos que são sanguinários e cruéis, ele possuía uma das maiores qualidades de um verdadeiro democrata: a tolerância com os diferentes. Narciso Lobo não era um Lobo. Não devorava os seres diferentes como Lobos que vivem em Manaus.
E Narciso não era Narciso. Era uma pessoa simples no modo de viver, sem luxo, sem ganas nem ostentações materiais, modesto, normal como um José, um Antonio ou um Julio qualquer. Não possuía vaidades, não se entorpecia por ser um professor universitário respeitado, não tinha arrogâncias por ser um doutor, um escritor e até mesmo por ser um imortal. Um Narciso sem vaidades... sem narcisismos...
Diferente da mitologia grega, não era um herói de Téspias, famoso por seu orgulho, mas um herói de Manaus, herói por sua resistência às cretinices e mediocridades de uma cidade perversa e infecunda no trato com a inteligência local, uma cidade que em seu poema Cantos Deslizantes, ele cantava assim: “Manaus, meu porto / meu aeroporto / meu penúltimo e (in) definitivo pouso”.
Narciso Julio Freire Lobo, como se viu, não era Narciso, nem Lobo, mas um simples Julio. Ah, e também não era imortal. Julio, um simples mortal poeta agora repousa em definitivo no seu próprio poema. Mas ainda resta a flor amarela com pétalas brancas.
*Professor da UFAM, advogado e filósofo de formação.
UFAM LAMENTA A MORTE DE NARCISO LOBO
A comunidade universitária sente a perda do professor Narciso Lobo, do Curso de Comunicação Social, ocorrida em Manaus, na madrugada da quarta-feira (24), aos seus familiares manifestamos nossa solidariedade.
Narciso Lobo, (foto ao lado) foi docente do curso de Comunicação Social, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi chefe do Departamento de Comunicação Social, pró-reitor de Assuntos Comunitários e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA).
Graduou-se, em 1977, em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense. Em 1981, na UFAM, concluiu especialização em Psicologia do Ensino/Aprendizagem, mestrado em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP), em 1987, e doutorado em Ciências da Comunicação, em 1997.
Foi membro efetivo da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Autor de Tônica da descontinuidade: cinema e política no Amazonas (1994); Ficção e política: o Brasil nas minisséries (2000), dentre outros, além de textos publicados em revistas acadêmicas e jornais.
O Coordenador do NCPAM, professor Ademir Ramos lembra também que, em 1978, Narciso Lobo integrou a equipe do Jornal Porantim, em defesa da Causa Indígena, quando juntos editavam o jornal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI - Norte I) em forma de tablóide, denunciando a destruição da floresta e de seus ecossistemas em favor das Estradas e dos mega projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), o que feria de morte os povos indígenas da Amazônia.
Narciso Lobo, (foto ao lado) foi docente do curso de Comunicação Social, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Foi chefe do Departamento de Comunicação Social, pró-reitor de Assuntos Comunitários e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA).
Graduou-se, em 1977, em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense. Em 1981, na UFAM, concluiu especialização em Psicologia do Ensino/Aprendizagem, mestrado em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP), em 1987, e doutorado em Ciências da Comunicação, em 1997.
Foi membro efetivo da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Autor de Tônica da descontinuidade: cinema e política no Amazonas (1994); Ficção e política: o Brasil nas minisséries (2000), dentre outros, além de textos publicados em revistas acadêmicas e jornais.
O Coordenador do NCPAM, professor Ademir Ramos lembra também que, em 1978, Narciso Lobo integrou a equipe do Jornal Porantim, em defesa da Causa Indígena, quando juntos editavam o jornal do Conselho Indigenista Missionário (CIMI - Norte I) em forma de tablóide, denunciando a destruição da floresta e de seus ecossistemas em favor das Estradas e dos mega projetos da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), o que feria de morte os povos indígenas da Amazônia.
ANORMAL E IMORAL
Cristovam Buarque*
No Brasil, é normal seus dirigentes serem vistos e sentirem-se como casta, com privilégios muito além dos direitos aos quais o povo tem acesso. Os serviços de saúde e educação à disposição das famílias dos eleitos são completamente diferentes daqueles dos seus eleitores. Ninguém se espanta com o fato de o teto do salário no setor público ser 25 vezes maior que o piso salarial do professor - cujo valor, apesar de tão pequeno, até hoje, um ano depois de sancionado, ainda é contestado na Justiça, como inconstitucional.
É visto como natural que a parcela rica do Brasil tenha o maior índice de cirurgias plásticas de rejuvenescimento em todo o mundo e a parcela pobre não tenha acesso nem mesmo às mais fundamentais operações; que os 10% mais ricos tenham esperança de vida de 72 anos e os 10% mais pobres de apenas 45 anos. Todos aceitam que milhares peçam esmolas para comprar comida e remédios que enchem as prateleiras de farmácias e supermercados.
Considera-se normal que os 1% mais ricos da população recebam 20,5% da renda nacional e os 50% mais pobres recebam apenas 13,2%; que 19% das casas não tenham água encanada e 51% não tenham saneamento ou esgoto. Aceitamos que 50 milhões dependam de ajuda no valor de R$182 por mês para a sobrevivência de toda a família, R$6 por dia, sem chance de trabalho com salário digno.
É natural que crianças vivam nas ruas, sejam mendigos, pivetes, prostitutas, trabalhadores, e não estudantes; que 11% delas cheguem aos 10 anos sem saber ler; e 60 abandonem a escola a cada minuto do ano letivo, antes da conclusão do Ensino Médio; e que entre as que permanecem, muitas vejam a escola como um restaurante-mirim que fornece merenda. É aceito que os professores tenham a menor remuneração entre os profissionais com formação equivalente; que deem aulas em escolas sem água nem luz, raras com computadores e sistemas de vídeo. Ficou normal que as escolas tenham se transformado em campos de batalha, os professores sejam agredidos, as aulas viraram balbúrdia.
Mesmo sem guerra, nos acostumamos com 125 mil pessoas mortas por ano em conseqüência da violência. Aceita-se que o país com um dos cinco maiores territórios do mundo - além de litoral e espaço aéreo - não apoie suficientemente suas Forças Armadas para defenderem esse patrimônio.
Não discutimos sequer o fato de conviverem 4,5 milhões de universitários ao lado de 14 milhões de analfabetos adultos e 40 milhões de analfabetos funcionais; de que, 121 anos depois da abolição da escravatura, a cor da elite seja tão predominante branca quanto era durante a escravidão; é aceito como normal que as universidades sejam ocupadas, na imensa maioria, por jovens brancos e as prisões, por jovens negros; que em 120 anos da República, o Brasil tenha uma escola diferente para os ricos, na qualidade, da escola para os pobres; e que, depois de 20 anos de democracia, a corrupção seja vista como uma prática comum em todos os níveis da sociedade, especialmente entre os políticos.
É normal que nossas reservas florestais sejam devastadas sistematicamente; e que apesar de todas as evidências da catástrofe do aquecimento global, abramos mão de bilhões de reais em impostos para viabilizar o aumento na venda de automóveis privados, sem buscar uma reorientação dessa indústria, como forma de manter o emprego do trabalhador, o bem-estar do consumidor e o equilíbrio ecológico, a serviço das próximas gerações.
É normal prender quem rouba comida ou remédio para os filhos e deixar solto quem rouba bilhões mas pode pagar bons advogados.
E é normal, nos dias de hoje, que os partidos que lutavam contra as injustiças tenham optado pelo abandono dos sonhos, entregado-se às mesmas práticas do passado e esquecendo-se de suas promessas. Na República, que comemora 120 anos, é normal que a justiça, a escola, a saúde, o transporte, a moradia, a cultura sejam tão diferenciadas, conforme a classe social, que as pessoas não pareçam compatriotas.
No Brasil, o anormal é normal; por isso, o normal é anormal. E imoral.
*Senador da Republica pelo PDT
Fonte: Artigo do senador Cristovam Buarque publicado no jornal O Globo de sábado, 18 de julho.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
AMAZÔNIA EM DISCUSSÃO NA TV UFAM
O programa Na Terra de Ajuricaba foi ao ar no dia 23 de julho, ás 19 horas, contando com a presença da magnífica Reitora da UEA Marilene Corrêa da Silva Freitas, na condição de entrevistada, do senador Evandro Carrera e do cientista político Gilson Gil, como debatedores.
Discutiu-se questões relativas á política cientifica na Amazônia. A reitora da UEA Marilene Correa falou do processo de implantação e consolidação da Universidade como instituição de excelência em pesquisa e da necessidade de se investir em áreas estratégicas, levando em conta a própria especificidade da região.
Discutiu-se questões relativas á política cientifica na Amazônia. A reitora da UEA Marilene Correa falou do processo de implantação e consolidação da Universidade como instituição de excelência em pesquisa e da necessidade de se investir em áreas estratégicas, levando em conta a própria especificidade da região.
Vale dizer que a partir de Setembro Na Terra de Ajuricaba será um programa semanal, girando em torno das questões já tratadas na página eletrônica: debater as relações sociais, culturais e políticas a partir da complexidade das forças sociais que operam na Amazônia.
Na Terra de Ajuricaba é interativo, em que os telespectadores podem fazer perguntas ou comentários pelo e-mail ncpamz@gmail.com ou pelo twitter, ncpam, ligada permanentemente a nossa pagina eletrônica.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
EM DEBATE CIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA
Política Cientifica na Amazônia é pauta de discussão do Programa Na Terra de Ajuricaba, que vai ao ar hoje de 19 às 20h pela TV-UFAM canal 7 a cabo.
O Programa vai ser comandado pelo Professor Ademir Ramos e terá como entrevistada a Professora Pós-Doutora e atual Reitora da Universidade do Amazonas – UEA, Marilene Corrêa da Silva Freitas, tendo como debatedores o ex-Senador Evandro Carreira e o Doutor em Sociologia Gilson Pinto Gil.
De acordo com o professor Ademir Ramos, a ciências na Amazônia deve ser uma expressão de investimento público junto as Universidades Federais, Estaduais, Institutos e Agências de pesquisas.
Esse será o segundo programa realizado pelo Núcleo de Cultura Política do Amazonas – NCPAM, com a participação da Frente Parlamentar formada pelos partidos políticos comprometidos com a responsabilidade ambiental. Temática a ser discutida no Seminário sobre Ecossocialismo que acontecerá no dia 24 de setembro deste ano.
O Programa vai ser comandado pelo Professor Ademir Ramos e terá como entrevistada a Professora Pós-Doutora e atual Reitora da Universidade do Amazonas – UEA, Marilene Corrêa da Silva Freitas, tendo como debatedores o ex-Senador Evandro Carreira e o Doutor em Sociologia Gilson Pinto Gil.
De acordo com o professor Ademir Ramos, a ciências na Amazônia deve ser uma expressão de investimento público junto as Universidades Federais, Estaduais, Institutos e Agências de pesquisas.
Esse será o segundo programa realizado pelo Núcleo de Cultura Política do Amazonas – NCPAM, com a participação da Frente Parlamentar formada pelos partidos políticos comprometidos com a responsabilidade ambiental. Temática a ser discutida no Seminário sobre Ecossocialismo que acontecerá no dia 24 de setembro deste ano.
PENSAM QUE SOMOS PALHAÇOS
"Não dá mais para aguentar tanto desprezo pelos milhões de usuários."
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Manaus (Sinetram), na pessoa de seu presidente, Acir Gurgacz, pensa e age levando em conta que a população de Manaus é palhaça. Primeiro descumpre sistematicamente o contrato com o poder concedente, deixa de pagar os funcionários que fazem rodar o sistema, desfruta de isenção fiscal milionária. E para arrematar, no momento em que é cobrado pela Prefeitura, vem o senhor Gurgacz pedir menos gratuidade e tarifa maior. Tenha paciência senhor Gurgacz!
Como o senhor tem a desfaçatez de pedir aumento de tarifa com o péssimo serviço que as empresas que o senhor representa prestam a quase um milhão de manauenses? Como o senhor quer diminuir o número de gratuidades menos de dois meses após ter arrancado do Poder Público uma significativa diminuição no número de meias-passagens estudantis? Como o senhor vem falar em aumento de tarifa quando em cidades de porte semelhante a nossa as tarifas são menores? Tenha paciência senhor Gurgacz! Manaus não merece tanto descaramento!
A prefeitura, que hora age com o bom senso e no interesse do público usuário do sistema, precisa ser firme nos propósitos anunciados ontem e cobrar desse “pseudo-consórcio” Transmanaus soluções rápidas. Eles estão aqui há anos ganhando dinheiro, fazendo fortunas e pouca atenção dando aos anseios dos usuários. Onde estão os aparelhos de ar-condicionado? Onde estão os ônibus confortáveis? Onde estão os ônibus novos prometidos? A única alternativa que se apresenta, não é de hoje, é o poder concedente intervir no sistema. Não dá mais para aguentar tanto desprezo pelos milhões de usuários.
Por fim cabe também cobrar ação enérgica de órgãos como INSS e Receita Federal, tão pródigos na hora de fiscalizar e cobrar aqueles que mantêm seus pequenos negócios em dia, pois como revela sem a menor ruga no rosto o diretor executivo do mesmo Sinetram, senhor César Tadeu Teixeira, as empresas de ônibus não pagam INSS, PIS e COFINS há 14 meses, num montante que chega a R$ 30 milhões. Cabe também, com base nas palavras deste “césar” do transporte coletivo manauense, que a exemplo dos antigos imperadores romanos faz o que bem quer no sistema, cobrar dos órgãos de saúde pública uma postura dura, pois este reconhece que não faz a manutenção correta dos ônibus no que diz respeito à higiene e conservação.
Fonte: Editorial do Jornal A Crítica do dia 23 de julho.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Manaus (Sinetram), na pessoa de seu presidente, Acir Gurgacz, pensa e age levando em conta que a população de Manaus é palhaça. Primeiro descumpre sistematicamente o contrato com o poder concedente, deixa de pagar os funcionários que fazem rodar o sistema, desfruta de isenção fiscal milionária. E para arrematar, no momento em que é cobrado pela Prefeitura, vem o senhor Gurgacz pedir menos gratuidade e tarifa maior. Tenha paciência senhor Gurgacz!
Como o senhor tem a desfaçatez de pedir aumento de tarifa com o péssimo serviço que as empresas que o senhor representa prestam a quase um milhão de manauenses? Como o senhor quer diminuir o número de gratuidades menos de dois meses após ter arrancado do Poder Público uma significativa diminuição no número de meias-passagens estudantis? Como o senhor vem falar em aumento de tarifa quando em cidades de porte semelhante a nossa as tarifas são menores? Tenha paciência senhor Gurgacz! Manaus não merece tanto descaramento!
A prefeitura, que hora age com o bom senso e no interesse do público usuário do sistema, precisa ser firme nos propósitos anunciados ontem e cobrar desse “pseudo-consórcio” Transmanaus soluções rápidas. Eles estão aqui há anos ganhando dinheiro, fazendo fortunas e pouca atenção dando aos anseios dos usuários. Onde estão os aparelhos de ar-condicionado? Onde estão os ônibus confortáveis? Onde estão os ônibus novos prometidos? A única alternativa que se apresenta, não é de hoje, é o poder concedente intervir no sistema. Não dá mais para aguentar tanto desprezo pelos milhões de usuários.
Por fim cabe também cobrar ação enérgica de órgãos como INSS e Receita Federal, tão pródigos na hora de fiscalizar e cobrar aqueles que mantêm seus pequenos negócios em dia, pois como revela sem a menor ruga no rosto o diretor executivo do mesmo Sinetram, senhor César Tadeu Teixeira, as empresas de ônibus não pagam INSS, PIS e COFINS há 14 meses, num montante que chega a R$ 30 milhões. Cabe também, com base nas palavras deste “césar” do transporte coletivo manauense, que a exemplo dos antigos imperadores romanos faz o que bem quer no sistema, cobrar dos órgãos de saúde pública uma postura dura, pois este reconhece que não faz a manutenção correta dos ônibus no que diz respeito à higiene e conservação.
Fonte: Editorial do Jornal A Crítica do dia 23 de julho.
GELADEIRA PARA ESQUIMÓ
David Pennington*
Quando da derrocada da economia da borracha, a partir de 1913, e mais precisamente no intervalo da primeira e segunda guerra mundial, a “Booth Line”, empresa de navegação do período áureo da borracha do vale amazônico, encontrou como alternativa ao modelo econômico da borracha amazonense, o turismo. Um folheto datado de 1923 assim propunha aos potenciais turistas britânicos e europeus:
“1000 milhas Amazonas acima”
Cruzeiros de seis semanas da Booth Line. (...) Dias serão passados em cidades com reminiscências do velho Brasil. (...) A umas dez milhas da Manaós o vapor abandona o curso principal do Rio Amazonas e entra no Rio Negro. O encontro das águas desses dois gigantes traz-nos uma cena de extraordinário interesse. Como o nome mostra, as águas do Rio Negro são compostas de águas preto-azuladas, e isto forma grandes manchas e redemoinhos em miniatura no meio do dilúvio amarelo Amazônico. Tão distintos são os contornos, que a proa do navio está flutuando na água escura do Rio Negro, enquanto a popa ainda está navegando na água amarela do rio Amazonas. Manaós (...) a mil milhas da civilização (...) possuindo todas as conveniências modernas, como luz elétrica, bondes, teatros, cafés e jornais diários (...) É uma cidade limpa, ninguém teme se alimentar de sua comida ou beber de sua água (...) Dias na floresta ensolarada, em Campos Salles, Flores e São Raymundo, tardinhas nos cafés ou bangalôs fazem o tempo passar depressa demais. (...) O mercado de Manaós é um lugar para o caçador de curiosidades (...) O Amazonas é o Rio do mistério, e traz alimento para os pensamentos e romance, muito depois das viagens a outras terras terem desaparecido da memória.
Então... Se olharmos hoje em volta do que resta do centro da cidade de Manaus, o que vemos é um ambiente urbano modelo, patrimônio herdado dos esforços dos nossos avós, em avançado estado de dilapidação.
Uma cidade única como esta, a 1500 km do oceano Atlântico. Imagine, com duas ou três linhas de bonde, casarões com finalidades sócio-culturais... Vários museus, interligados a centros culturais on-line. Programações para atrair maciçamente diferentes tipos de turismo, desde aquele que cultua o exótico, passando por um turismo ambiental, até um turismo de inteligência, da geografia, geologia e história do Amazonas. Mas não. Teimam os artífices desta realidade em permanecer na contramão da história. Os bondes são um exemplo, temo-los em Praga, Berlim, Lisboa; em Frankfurt foram recolocados nos trilhos como opção de transporte coletivo com características de pouca agressão ao meio ambiente.
Agora, um projeto para construir um imenso porto, ameaçando destruir esse patrimônio que é o Encontro das Águas, além dos sítios arqueológicos e paleontológicos na área (lembra de Angra dos Reis, uma região parasidiaca ameaçada com a presença de uma usina nuclear?)
Os descendentes mestiços dos Baré continuam aceitando espelhinhos e apitos. Um Jardim Botânico, com um eminente arquiteto como garoto-propaganda. Aliás, muitas de suas obras espalhadas por Manaus, já foram destruídas e maculadas sem a menor cerimônia. Enfim, um jardim botânico, quando temos a floresta amazônica? Estão a vender geladeiras para Esquimó.
*David Pennington é professor Doutor da Universidade de Brasília e autor do livro "De Manaus A Liverpool" (2009), EDUA.
PLANETANIA
*Cristovam Buarque
Deve-se ao ex-governador do Acre, Jorge Viana, a criação da palavra “florestania”, em contraposição a “cidadania”. À palavra diferente corresponde um conceito diferente. Cidadania se refere a direitos e responsabilidades dos moradores das cidades democráticas. O termo está vinculado aos direitos e deveres dos cidadãos-urbanos, distantes dos moradores das florestas e ainda mais da própria floresta. Florestania significa a cidadania adaptada aos moradores da floresta e a responsabilidade deles com o meio ambiente natural onde vivem. Apesar de um enorme avanço, esse novo conceito ainda ficou restrito ao local.
No entanto, a civilização de hoje exige um salto que vá além da cidadania e da florestania locais, que nos dê uma visão de cidadania e florestania em escala mundial: a “planetania”.
A planetania deve ter cinco características essenciais. Primeiro, diferentemente da cidadania e da florestania, ela deve ser global. Mesmo agindo nos limites de cada país, a cidadania não permitirá ações que tenham influência nos assuntos de toda a civilização. Os problemas de hoje exigem enfrentamentos globais. A cidadania não pode mais se limitar às eleições dentro de um país ou cidade, ela deve levar em conta a responsabilidade e os direitos de cada cidadão para com o mundo todo. O meio ambiente, o terrorismo, a economia, a migração, a ilicitude, o tráfico, as drogas, qualquer problema da vida social, está vinculado ao resto do mundo. Cada país faz parte do condomínio Terra, cada pessoa já não é somente cidadão de um país: faz parte de toda humanidade.
Segundo, a planetania precisa estar relacionada com a natureza. Não há cidadania moderna que não leve em conta o rural, as florestas, a água, a terra arável. Além de global, a nova cidadania deve ser ecológica. A simples relação política entre os seres humanos, independentes da natureza, não permite a construção do mundo melhor que a cidadania busca. A planetania tem de levar em conta os aspectos ambientais com a mesma preocupação que tem com os aspectos da economia e da sociedade.
Terceiro, a planetania deve ser socialmente solidária em escala global. Em um tempo em que as informações são globais e instantâneas, qualquer lugar do mundo está dentro de qualquer sala em qualquer outra parte do mundo e o sofrimento de qualquer pessoa deve ser um sentimento global. Ninguém deve assistir em silêncio às tragédias das doenças na África, do desemprego na Europa. Da mesma forma como a globalização já permite o sofrimento e a solidariedade com os passageiros do acidente de um avião, é preciso que fome, doença e todo sofrimento que acontece no mundo sejam capaz de sensibilizar cada pessoa do mundo. Eticamente, não se justifica o abandono dos problemas sociais de países e regiões distantes.
Quarto, a planetania, diferentemente da cidadania, tem uma percepção de longo prazo dos assuntos do mundo. A cidadania busca defender os cidadãos de hoje nos seus interesses imediatos e pessoais; no máximo, os interesses de curto e médio prazos das cidades ou do país. A planetania olha com responsabilidade para o longo prazo e para todo o planeta.
Quinto, a planetania significa um compromisso global com a educação no mundo inteiro: com a garantia de igualdade de oportunidade a cada indivíduo e criação de uma mentalidade planetária. Em vez de centrar o processo civilizatório e o desenvolvimento no avanço e no crescimento econômico, a planetania defende uma revolução global pela educação de qualidade igual para todos.
*Senador da Republica pelo PDT
Publicado no Jornal do Commercio.
Deve-se ao ex-governador do Acre, Jorge Viana, a criação da palavra “florestania”, em contraposição a “cidadania”. À palavra diferente corresponde um conceito diferente. Cidadania se refere a direitos e responsabilidades dos moradores das cidades democráticas. O termo está vinculado aos direitos e deveres dos cidadãos-urbanos, distantes dos moradores das florestas e ainda mais da própria floresta. Florestania significa a cidadania adaptada aos moradores da floresta e a responsabilidade deles com o meio ambiente natural onde vivem. Apesar de um enorme avanço, esse novo conceito ainda ficou restrito ao local.
No entanto, a civilização de hoje exige um salto que vá além da cidadania e da florestania locais, que nos dê uma visão de cidadania e florestania em escala mundial: a “planetania”.
A planetania deve ter cinco características essenciais. Primeiro, diferentemente da cidadania e da florestania, ela deve ser global. Mesmo agindo nos limites de cada país, a cidadania não permitirá ações que tenham influência nos assuntos de toda a civilização. Os problemas de hoje exigem enfrentamentos globais. A cidadania não pode mais se limitar às eleições dentro de um país ou cidade, ela deve levar em conta a responsabilidade e os direitos de cada cidadão para com o mundo todo. O meio ambiente, o terrorismo, a economia, a migração, a ilicitude, o tráfico, as drogas, qualquer problema da vida social, está vinculado ao resto do mundo. Cada país faz parte do condomínio Terra, cada pessoa já não é somente cidadão de um país: faz parte de toda humanidade.
Segundo, a planetania precisa estar relacionada com a natureza. Não há cidadania moderna que não leve em conta o rural, as florestas, a água, a terra arável. Além de global, a nova cidadania deve ser ecológica. A simples relação política entre os seres humanos, independentes da natureza, não permite a construção do mundo melhor que a cidadania busca. A planetania tem de levar em conta os aspectos ambientais com a mesma preocupação que tem com os aspectos da economia e da sociedade.
Terceiro, a planetania deve ser socialmente solidária em escala global. Em um tempo em que as informações são globais e instantâneas, qualquer lugar do mundo está dentro de qualquer sala em qualquer outra parte do mundo e o sofrimento de qualquer pessoa deve ser um sentimento global. Ninguém deve assistir em silêncio às tragédias das doenças na África, do desemprego na Europa. Da mesma forma como a globalização já permite o sofrimento e a solidariedade com os passageiros do acidente de um avião, é preciso que fome, doença e todo sofrimento que acontece no mundo sejam capaz de sensibilizar cada pessoa do mundo. Eticamente, não se justifica o abandono dos problemas sociais de países e regiões distantes.
Quarto, a planetania, diferentemente da cidadania, tem uma percepção de longo prazo dos assuntos do mundo. A cidadania busca defender os cidadãos de hoje nos seus interesses imediatos e pessoais; no máximo, os interesses de curto e médio prazos das cidades ou do país. A planetania olha com responsabilidade para o longo prazo e para todo o planeta.
Quinto, a planetania significa um compromisso global com a educação no mundo inteiro: com a garantia de igualdade de oportunidade a cada indivíduo e criação de uma mentalidade planetária. Em vez de centrar o processo civilizatório e o desenvolvimento no avanço e no crescimento econômico, a planetania defende uma revolução global pela educação de qualidade igual para todos.
*Senador da Republica pelo PDT
Publicado no Jornal do Commercio.
terça-feira, 21 de julho de 2009
NA TERRA DE AJURICABA: SUSTENTABILIDADE EM DEBATE
No dia 20 de julho, inagurou-se na TV UFAM, canal 7, à cabo, o primeiro programa Na Terra de Ajuricaba, que contou com a presença do entrevistado Evandro Carreira, e como os debatedores o líder sindical e militante do PSOL Elson Melo, do professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas Neliton Marques, e do professor e antropólogo Ademir Ramos como Mediador.
O programa teve como foco a obra O Recado Amazônico, de autoria do Senador Evandro Carreira, e da contribuição da mesma no que tange as formas de conservação da Amazônia. Carreira afirmou categoricamente que falta doutores e sobretudo bom senso no Amazonas; afiançou, conforme estava em seu livro, da necessidade da exploração da várzea na forma de cooperativas de famílias e de trabalhadores como forma correta de exploração sem depredar os recursos. Também alertou para o fato de que com o continuo desmatamento da floresta a ONU poderia internacionalzar a Amazônia. Ainda segundo o senador, a Amazônia é uma das maiores lições socialistas para o mundo.
O líder sindical e militante do PSOL, Elson Melo, fez interessantes intervenções sobre a condição do trabalhador na Amazônia e comparou com situação vivida pelas tribos indígenas no período pré-colombiano; época em que trabalhavam apenas quatro horas e ainda geravam excedente para o comércio, enquanto que no presente século os trabalhadores tem uma jornada de oito, dez ou até dezesseis horas diárias, não produzem nada e ainda tem uma péssima qualidade de vida. O líder sindical ainda fez um alerta contra a expansão da criação de búfalos na Amazônia, o que tem causado uma devastação enorme no ecossistema da várzea.
Já o professor Nelinton Marques, usando sua larga experiência como pesquisador, lamentou a falta de estrutura para a pesquisa na Amazônia e do numero pequeno de doutores, o menor do Brasil (cerca de 3.000), que exercem seu trabalho em terras setentrionais. Também afirmara da necessidade de se dialogar com todos as segmentos da sociedade civil para criar um programa de conservação realmente eficiente.
O professor Ademir Ramos conduziu o programa tecendo considerações a respeito da falta de agenda política no que diz respeito á conservação do meio ambiente amazônico, refletindo-se na falta de compromisso dos pesquisadores com as questões políticas da região.
O primeiro programa da Na Terra de Ajuricaba terá varias reprises durante a programação da TV UFAM.
O próximo programa será no dia 23 de julho, ao vivo, a partir das 19 horas, cujo entrevistado será o Doutor Adalberto Luiz Val membro do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Lembramos aos nosso leitores que será possivel fazer perguntas ao vivo através do e-mail: ncpamz@gmail.com ou pelo twitter: ncpam.
Vale lembrar que esta série de programas são uma preparação para um grande seminário sobre o Ecossocialismo a ser realizado no CAUA no dia 24 de Setembro. (clique aqui para saber mais)
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