segunda-feira, 6 de julho de 2009

SENADOR ATHUR REPUDIA INTIMIDAÇÃO DA ISTO É

Em discurso de mais de três horas e meia pronunciado no Senado, Arthur Virgílio (PSDB/AM) repeliu matéria publicada na revista Isto É, numa tentativa de intimidá-lo e fazê-lo calar diante dos desmandos ocorridos na administração da Casa.

O senador prestou esclarecimentos sobre os casos citados na matéria, pediu a saída de Sarney e a verificação da atuação dos senadores que exerceram os cargos de presidente e de 1º secretário durante os 14 anos em que Agaciel Maia foi o diretor-geral da Casa.

Para o senador, aquela revista foi escolhida por ser uma "central de chantagens", nominalmente pertencente a Domingo Alzugaray, mas de fato a Gilberto Miranda, pessoa que "enriqueceu difamando o Pólo Industrial de Manaus". A matéria teria sido articulada em reunião de Sarney com Renan Calheiros e Gim Argello.

Virgílio disse ter-se tornado o alvo pela iniciativa de pedir a substituição de Agaciel (razão pela qual o PSDB não apoiou a candidatura de Sarney à Presidência da Casa). E enfatizou que não silenciou nem silenciará diante dos desmandos. Preza muito sua biografia de 30 anos de vida pública. Nela não ingressou para ficar rico. Foi deputado federal, prefeito de Manaus, ministro do governo Fernando Henrique e saiu dos cargos como entrou.

"Se tivesse a cabeça dos que desmandaram na Casa, estaria rico", frisou. Mas, sem fazer alarde, abriu mão da verba indenizatória (de até R$ 15 mil por mês) a que cada senador tem direito, por julgá-la "obscura". Desistiu também do carro oficial e dispõe de um único telefone celular do Senado.


Depois, esclareceu o que foi publicado. Reconheceu ter errado ao permitir que um funcionário do seu gabinete fizesse curso de alguns meses, na Espanha, sem prejuízo dos vencimentos. "Foi um equívoco pelo qual me penitencio", disse, assinalando, no entanto, que se tivesse sido solicitada licença à Mesa, ela com certeza teria autorizado o funcionário a fazer o curso e, além do salário, ele teria recebido ajuda de custo.

Sobre despesas médicas com o longo tratamento de sua mãe, no Rio de Janeiro (ela sofria do Mal de Alzheimer), o senador esclareceu que ela tinha esse direito, não por ele - ela não era sua dependente - mas porque era viúva de senador. (O pai de Arthur Virgílio foi também senador pelo Amazonas.)

Sobre a viagem particular que fez a família, a Paris, em 2005, disse que, no hotel, descobriu estar com o cartão de crédito bloqueado. Como era um fim de semana, telefonou para um funcionário do Senado, seu amigo e cuja mulher era do Banco do Brasil e, por isso, talvez tivesse meios de ajudá-lo. O funcionário, entretanto, sem seu conhecimento, procurou Agaciel, que transferiu R$ 10 mil reais para a conta do senador. Dias depois, ao voltar, o senador ficou sabendo o que tinha ocorrido e foi informado de que o servidor já havia reunido dinheiro com outros dois amigos do senador e quitado o débito com Agaciel. Os amigos foram ressarcidos pelo senador.

"Se ele (Agaciel) diz que não recebeu - ressaltou Virgílio - seria prova de que seria mais bandido ainda, porque estaria roubando tanto que não precisaria nem receber dinheiro dessa monta, que é dinheiro para qualquer um de nós." A propósito fez uma revelação: um dia, uma secretária de Agaciel abriu um armário do gabinete da Diretoria-Geral e levou um susto, pois dinheiro começou a cair em cima dela.


Outro fato: "Da sala-cofre do último andar do Senado - acrescentou - foram retiradas malas de dinheiro quando de uma operação da Polícia Federal, abafada na gestão do presidente Renan Calheiros. É algo que ele precisa explicar." Para o senador, o ex-diretor-geral fez essas coisas todas "com gente de mandato, gente influente na República". "Tem senador, sim, que o apadrinhou", completou.

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