quarta-feira, 29 de julho de 2009

PT GAGUEJA NO CASO SARNEY

Laurianne Franco*

DEM, PMDB e PSDB saem bem na foto, enquanto o PT, como sempre, se afunda sozinho na lama midiática.

Enquanto o Presidente Luís Inácio elogia o ainda presidente do Senado, José Sarney, os partidos deitam e rolam nas graças da mídia. O PSDB de Arthur toma o lugar que antes só se esperava ser do PSOL na defesa da honra e da ética, apressando a representação e pedindo o afastamento do político Maranhense, junto com as manifestações de Cristovam Buarque (PDT), Pedro Simon (PSDB) e de todo o DEM, representado por José Agripino, entre outros. Só o PT que continua em cima do muro.

Uma parte do Partido do Trabalhadores, entre eles, Tarso Genro, Suplicy e Marina Silva, mantêm o bom senso e lutam pela renúncia do político, enquanto as declarações oficiais do PT são favoráveis a permanência de Sarney no Senado e desdizem o prnunciamento dos demais integrantes do partido que são a favor do afastamento. A tônica do alto clero do PT vai além do tom contemporizador da busca pela verdade, isso é óbvio. A desculpa embolada da talvez-futura do terceiro mandato e atual Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, deixa bem claro que se pretende jogar um balde d´água sobre a questão:

"Não concordo em demonizar o presidente Sarney e responsabilizá-lo por toda esta crise. Não concordo com o tratamento desequilibrado que dão ao presidente Sarney'

Mais adiante:

"O modelo é estranhamente culpabilizar uma pessoa por uma coisa que tem mais de 15 anos e por uma prática que tem mais de 15 anos, como se ela fosse a responsável...Se a Casa foi dirigida na primeira-secretaria pelo DEM, o DEM também tem que prestar contas."


Tudo bem, não se pode pegar o rei do Maranhão como bode expiatório e esquecer de sua turma ou dos antecedentes desse tipo de esquema no Senado, como aconteceu com o caso do mensalão em que DEM, PSDB e PMDB sairam ilesos, enquanto o PT pagou sozinho o "pato". Mas Sarney tem um passado político negro e é atualmente o senador em exercício com o maior número de faltas, funcionários-fantasmas e está evvolvido em casos de sonegação de impostos, sem citar outras coisas que já foram para debaixo do tapete. É a mesma história de sempre: Os cães ladram, a caravana passa e certos políticos de histórico moral duvidoso ainda prolongam sua vida (útil?) na política brasileira.

Esse diz-que-não-disse entre alto clero e ala revoltada do PT desencantam qualquer um mais avisado. Num artigo recente de Luís Werneck Vianna para a Carta maior, podemos ler :

"... o PT nasce como uma expressão do moderno, personagem da sociedade civil, e que tem como valor a sua autonomia diante do Estado. O Estado, longe de ser o lugar da representação racional da sociedade, significaria o lugar em que os interesses privados dominantes se apresentariam, em nome da modernização, como de interesse público."

Então, seguindo Werneck, esse DNA petista traz o registro das lutas operárias dos anos 1970 contra a estrutura corporativa sindical e que o transformou no partido com maior sentimento de contestação social, de luta por igualdade política, de direitos e mobilização dos movimentos sociais. Isso tudo era o sinônimo do partido há algum tempo não muito distante. Mas, o mundo deu suas voltas.

De acordo com os jornalões, Lula está sendo - vale dizer que só recentemente - orientado por seus assessores a conter a paixão fervorosa com a qual defende o político maranhense e, além disso, destrata as declarações de filhos legítimos do partido, como Genro, Suplicy e Marina Silva, entre outros, por jogo de interesses políticos com o PMDB, um partido que afunda no momento, mas afunda com classe. Esse tal medo de retaliação - que aparenta guiar as frases de Lula e Dilma - é algo que soa estranho para quem conhece o corajoso passado histórico do PT. Onde está o brio? Escondeu-se nas salas secretas, dos secretos corredores de Brasília?

O PMDB, por sua vez, já declarou guerra aos tucanos, principalemnte a Arthur Virgílio (PSDB AM), pela voz de Renan Calheiros (PMDB -AL), aquele mesmo que escapou casassação há algum tempo e recebia recursos escusos de empreiteiras. Renan pretende ir ao Conselho de Ética contra Virgílio, o qual confessou ter recebido empréstimo de Agaciel Maia para a contratação de um funcionário-fantasma.

"O PSDB acaba de arranjar um jeito de se livrar do Arthur porque ele vai ser processado no conselho. As acusações são mais graves do que as que existem contra Sarney. O PMDB não é partido de frouxo", disse Wellington Salgado (PMDB-MG), senador da tropa de choque de Renan Calheiros. (trecho retirado da Folha Online de 29/07/2009)

Então, se o PMDB não é partido de frouxo, como afirma o senador Salgado, e, de acordo com a mídia, o PSDB e o DEM também não o são, resta a dúvida: o que será o PT?

*Laurianne Franco è finalista de comunicação social pela UFAM

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