quinta-feira, 2 de julho de 2009

CAI O DIRETOR DO MEIO AMBIENTE DO AMAZONAS



Em Nota Oficial o governo explica que ao completar dois anos à frente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), o entomólogo e professor doutor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Neliton Marques, deixa o comando do órgão para se dedicar mais a família e a carreira acadêmica. “Termina um ciclo da minha vida que considero vitorioso devido às varias conquistas do IPAAM nos último dois anos. Tivemos o primeiro concurso e implementamos um modelo administrativo moderno e transparente”, diz Neliton.

O ex-diretor-presidente do Ipaam reuniu os servidores do órgão para anunciar a sua decisão de deixar o cargo e agradecer pela dedicação de cada um enquanto esteve no instituto. “Ele sempre administrou o órgão de forma coletiva, consultando a todos e criou um vínculo de amizade com todos nós. Esperamos que a pessoa que venha substituí-lo mantenha esta mesma linha”, diz a diretora técnica do IPAAM, Aldenira Queiroz, que assume interinamente o cargo até a indicação de outro nome.

As principais marcas da administração de Neliton Marques foram a melhoria dos processos de licenciamento, fiscalização e transparência nas ações do órgão. Durante sua gestão o órgão passou a trabalhar com planos e metas trimestrais, foi realizado o primeiro concurso público, ocorreu a criação de um grupo de inteligência para o combate ao desmatamento, o tempo de análise de processos de licenciamento ambiental caiu de um ano para menos de 120 dias e as informações técnicas e administrativas do Ipaam passaram a ser disponibilizadas no seu site para consulta pública.

Na área da fiscalização, o órgão intensificou as operações de combate ao desmatamento e atendimento de denúncias. Em 2008, a Operação Mosaico, com foco no Sul do Amazonas, identificou 5,1 mil hectares de desmatamento e aplicou R$ 3,7 milhões em multas. No total, foram 1336 ações de fiscalização ano passado, 20,79% a mais que em 2007, e 414 autos de infração (301% acima do ano anterior). Os focos de calor no Amazonas foram reduzidos em 8,31% e a redução do desmatamento foi de 21%, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O licenciamento ambiental de Plano de Manejo para a disponibilização de madeira manejada foi um das prioridades de Neliton Marques. Em 2008, o IPAAM disponibilizou 463,8 mil m3 de madeira licenciada, a maior parte nos municípios do Sul do Amazonas: Manicoré (106 mil m3), Apuí (65 mil m3), Humaitá (50 mil m3) e Novo Aripuanã (32 mil m3). Para 2009, a meta era chegar aos 600 mil metros cúbicos. “Tenho certeza que dei o meu melhor para o IPAAM e para a causa ambientalista. E divido esse sucesso com toda uma equipe de pessoas dedicadas que trabalham no órgão”, afirma Neliton.

As explicações apresentadas dão conta que as ações promovidas são decorrentes da diretoria que “dançou” e não de uma política de governo. O não dito é que o diretor Neliton Marques foi pressionado para sair em favor dos mega interesses que rondam o palácio do governo do Amazonas, beneficiando madeireiras, mineradoras, exploradores da fauna e flora, assim como empresários portuários vinculados a Laje Logísitica S.A., que pretendem construir nas mediações do Encontro das Águas um Porto Intermodal, privatizando esse patrimônio que muito significa para a nossa economia e cultura. A exoneração do diretor do IPAAM se dá as vésperas da realização das Audiências Públicas em Manaus, quando os comunitários da Colônia Antonio Aleixo, Mauazinho, Carreiro, Catalão e Puraquequara organizam o seu grito de repúdio “fora porto das Lajes”.


Foto: Pedro Rocha

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