quinta-feira, 16 de julho de 2009

SBPC - RECONSTRUÇÃO DA BR 319 É INSUSTENTÁVEL



No simpósio CICLOS BIOGEOQUÍMICOS NA AMAZÔNIA E CLIMA realizado ontem na 61º Reunião da SBPC, em Manaus sob a coordenação do Prof. Dr. Paulo Artaxo (USP, na foto acima) e Prof. Dr. Flávio J. Luizão (INPA) a construção da BR 319, que ligará Porto Velho à Manaus, foi considerada um grande erro econômico e ambiental.

Paula Artaxo e Flávio Luizão são cientistas lideres do renomado projeto de pesquisa brasileiro LBA, que estuda como a floresta amazônica atua no equilíbrio do clima regional e mundial e as conseqüências da mudança de uso da terra na Amazônia na qualidade de vida e na crise climática global.

Segundo Flávio Luizão, do INPA, a reconstrução da BR 319 é desnecessária devido ao escoamento do Distrito Industrial de Manaus se dar por cabotagem, pois o transporte fluvial é mais barato e há uma hidrovia paralela a linha de construção da rodovia. Para o cientista há outras maneiras mais eficientes e sustentáveis de beneficiar a baixa densidade populacional da comunidade rural que vive ao longo da estrada sem degradar o sul do estado do amazonas que é uma região de altíssima biodiversidade.

A grande preocupação dos presentes no simpósio é que além do aumento da emissão de gás carbônico, que será liberado com o desmatamento que o fluxo populacional migratório, a grilagem e a instalação de projetos impactantes propiciados pela rodovia provocarão, o desmatamento da região provocará também grave aumento da imissão de metano. Este gás que tem maior potencial causador do efeito estufa que o CO2. e é presente em áreas de floresta alagáveis, como as que predominam na região. .

No Simpósio, a pesquisadora Raquel Telles Sampaio, do INPA, sugeriu que na Assembléia Ordinária da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência fosse aprovada uma moção contrária a reconstrução da BR 319 devido os impactos ambientais que provocará abrindo acesso para uma rica floresta que ainda é a mais preservada da
Amazônia e devido a diminuição da qualidade de vida na região.

IBAMA não aprova EIA para reconstrução da BR-319
Segundo o parecer de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de 08.07.2009 o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pelo Ministério de Transportes para pleitear o licenciamento da restauração e pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.


“Considerando as graves falhas no diagnóstico dos meios físico e biótico, bem como necessidade de complementações do meio socioeconômico, o EIA não reúne as mínimas condições e informações que permitam avaliar a viabilidade ambiental do empreendimento“. Ao se considerar a avaliação de impactos e as correspondentes medidas mitigadoras propostas, o quadro piora”, aponta o parecer.

O documento de 177 páginas lista falhas na elaboração dos estudos, questiona as metodologias utilizadas para medir alguns dos impactos ambientais e sociais da obra e critica até a falta de revisão do EIA encaminhado ao IBAMA. De acordo com o relatório do IBAMA, “todos os impactos ao meio físico foram subdimensionados” e o provável aumento do desmatamento na região “foi quase descartado”. Os técnicos apontaram falhas em relação aos impactos sobre a flora e a fauna e enumeraram as consequências socioeconômicas da obra.

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