terça-feira, 14 de julho de 2009

AMAZÔNIA, CIÊNCIA, CULTURA E POLÍTICA- SBPC



Por esta semana, Manaus é a capital da ciência do Brasil. Aqui no Campus Universitário da Universidade Federal do Amazonas(UFAM), assim como no Instituto de Pesquisa da Amazônia, os pesquisadores e os iniciados reúnem-se para expor suas pesquisas, analisar propostas e confrontar projetos na perspectiva de compreender a sociobidiversidade que abriga esse riquíssimo território e suas interfaces.

A iniciativa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em promover sua reunião anual na região, sob o tema “Amazônia, Ciência e Cultura”, é de grande valia pra todos nós, mas, sobretudo, para os amazônidas porque cria um campo favorável para se desvelar as armações dos pesquisadores ditos renomados, assim como também governantes e políticos condecorados, que lá fora posicionam-se de uma forma ambientalmente correta e aqui estão de rabo preso com os projetos predadores aliados aos interesses insustentáveis.

Da mesma forma, chama-se atenção da natureza institucional da SBPC quanto à formulação de política de Estado, que promova políticas públicas sustentáveis na Amazônia brasileira, equacionando as relações homem e meio ambiente. Esse desafio deve superar os imediatismos dos políticos regionais provincianos, que reduzem a coisa pública em bem privado, transformando as ações de governo em extensão dos seus interesses privados.

A ciência nesse território deve ser uma expressão de investimento público junto as Universidades Federais, Estaduais, Institutos e Agências de Pesquisas que participam do sistema de Ciência & Tecnologia, visando invenção e formulação de novos produtos como instrumento de desenvolvimento humano. Nessa perspectiva é inconcebível compreender o desmonte das Universidades Federais e Estaduais na região e os demais Institutos de Pesquisas, a inércia do governo federal e estadual só é quebrada quando se trata de eventos pontuais muito mais para saquear a nossa Amazônia em favor de interesses privados imediatistas.

Na cabeça dos burocratas de Brasília, a Amazônia representa mais um problema do que uma solução. Isso porque eles querem explorar sem conhecê-la, queimando riquezas e desequilibrando os ecossistemas, em nome de uma lógica predadora. É só focar nas construções de estradas, hidrelétricas, sistemas portuários, exploração de minério, gás e outros.

Ademais, os políticos marqueteiros agregam o seu nome à Amazônia para ganhar comendas e dividendos que resultem no personalismo eleitoral. Por essa razão deve-se lutar para instituir um Sistema de Estado de fomento a pesquisa fundamentado num programa de desenvolvimento sustentável definido de tal forma investimento em capital intelectual local e no fortalecimento da autonomia das Universidades e Instituto de Pesquisa, articulado sim, mas não atrelado aos interesses provincianos privado e/ou governamental.

A SBPC é o Fórum apropriado para se discutir tais propostas e quem sabe definir também estratégia para se instituir uma política de cooperação internacional focada para pesquisa na Amazônia, que venha resultar na invenção e na produção de novas tecnologias instrumentais capacitando os atores locais a desenvolverem a região de forma sustentável ambientalmente e socialmente.

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