segunda-feira, 27 de julho de 2009

PORTO DAS LAJES: COM A PALAVRA O GOVERNADOR DO ESTADO

Ademir Ramos*

Em Manaus, todos os finais de semana, a empresa Lajes controlada da Log-In Logística Intermodal, com sede no Rio de Janeiro, tem investido na mídia impressa para enganar os trouxas quanto à sustentabilidade da construção do Porto das Lajes, na circunscrição do complexo ecossistema do Encontro das Águas conjugado com a Província dos Sítios Arqueológico das Lajes.

Além dessa estratégia de marketing, segundo as lideranças do S.O.S. Encontro das Águas, os executivos da empresa vêm investindo na cooptação de lideranças comunitárias, incentivando a criação de Associação e comprando moradores para que aceite a construção do Terminal Portuário como ação redentora para o desenvolvimento local.

As estratégias tornam-se mais agressivas, principalmente agora, quando se aproxima as realizações das Audiências Públicas, fórum apropriados de participação dos comunitários para avaliar e decidir sobre a qualidade dos Estudos e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do Porto das Lajes.

Pelos jornais, somente pelos jornais porque papel aceita tudo, a empresa Lajes não se cansa de afirmar que o empreendimento visa o “desenvolvimento com visão de futuro”. Explica-se: desenvolvimento para esses predadores do colarinho branco é privatizar o patrimônio público e promover a exclusão do povo de seus benefícios sócias e usufruto ambientais. A fórmula é a seguinte – “no presente, promove-se acumulação imediata do capital em favor de um pequeníssimo grupo corporativo, no futuro perdas e prejuízos para o povo em detrimento da exploração dos recursos ambientais”.

Outro argumento recorrente apresentado pela empresa na mídia, somente na mídia, refere-se às “ações ambientalmente positivas”, prometendo seus artífices à construção do Parque Botânico Severiano Mário Porto no meio da floresta. O contraponto dessa sandice fica por conta do Dr. David Pennington, professor da Universidade Nacional de Brasília e autor da obra “De Manaus a Liverpool” lançada recentemente pela Editora da Universidade Federal do Amazonas, que ao ler nos jornais de Manaus sobre o tamanho feito manifestou-se socraticamente frente às promessas:

Um Jardim Botânico, com o nome de um eminente arquiteto como garoto-propaganda. Como? Se muitas de suas obras espalhadas por Manaus, já foram destruídas e maculadas sem a menor cerimônia. Construir um jardim botânico, quando temos pela frente toda floresta amazônica? É brincadeira, parece que estão a vender geladeiras para Esquimó.

Aliás, uma das últimas obras do arquiteto Severiano Mário Porto a ser implodida pelo governo do Estado do Amazonas é o Estádio de Futebol Vivaldo Lima. O fato é que no último encarte da empresa (26), o nome do arquiteto não aparece mais agregado a pretensa construção do Parque Botânico. O paradoxo de se “Vender geladeira a Esquimó” significa que a empresa Lajes trata os amazonense como lesos e corruptos por aceitarem a destruição das florestas e em seu lugar a construção de um Parque Botânico avalizado por um arquiteto renomado. Da mesma forma, é como se todos também fossem de acordo com a privatização do Encontro das Águas e em seu lugar, como ação mitigadora, a empresa Lajes construísse uma aquário monumental do tamanho de uma piscina olímpica.

Não satisfeitos, os marqueteiros do Porto das Lajes, apelam para a empregabilidade, prometendo com letras verdes “geração de empregos”, aproximadamente 600 empregos diretos e indiretos e depois somente 200. A promessa pode até ser factível, mas não é o critério para se avaliar a sustentabilidade do empreendimento. Ao contrário, se os governantes em parceria com as empresas privadas definissem um plano de turismo para região, considerando a potencialidade do Encontro das Águas, a riqueza arqueológicas das Lajes e a cultura dos moradores do lugar, que assim buscasse investir tanto nos meios (equipamentos, hotelaria, capacitação e outros) quanto nos fins, referindo-se ao trabalho direto a ser oferecido, o cenário seria outro e a perspectiva de sustentabilidade estaria garantida.

Em suma, o custo ambiental do Terminal Portuário das Lajes é insustentável, gerando pobreza e insegurança ambiental. Portanto, frente às questões levantadas, o governador Eduardo Braga (PMDB) terá que se pronunciar, rompendo o silêncio conivente. Isso porque, segundo a senadora Marina Silva (PT), com quem estivemos em contato, “terá que dizer ao mundo se deseja uma transição fundamentada nos novos parâmetros globais de desenvolvimento humano, ou se continuará sendo fiador do passado, garantindo sobrevida a uma concepção ultrapassada, baseada em privilégios e na superexploração dos ativos sociais e ambientais para usufruto de poucos, sem pesar as conseqüências”.


Professor da UFAM, Antropólogo e coordenador geral de pesquisas do NCPAM

2 comentários:

Anônimo disse...

Procura-se o governador Eduardo Braga - Antes de mais nada o pessoal do Amazonas, do NCPAM deve fazer uma varredura no planeta para ver se acha o governador Braga. Nem a morte do Boto fez ele se deslocar para o Estado... portanto, fazemos aqui um desafio para os internautas do mundo: achem o governador do Amazonas, embora ele não morresse de amores pelo Boto, mas merece voltar para o Amazonas porque é aqui que ele deve pagar pelos males causado ao povo e a natureza. Mas, se quiseres ficar com ele por lá tenho certeza que o povo consciente do Amazonas não pagará o resgate para tê-lo de volta. Ele é facil de ser reconhecido...é expansivo, gastador, fica nos melhores hoteis do mundo e quando bebe pensa que é o Rei do Igarapé do Quarenta, onde a merda vira perfume. Mas, se resolverem ficar com ele por lá...nada temos a dizer. Contudo, continuemos nossa busca para dar uma satisfação aos amazoneneses.

Anônimo disse...

Aqui na Itália a fama do governador do maior Estado do Brasil é muito feia porque ele se aproximou de uma banda fedida dos empresários. Mas, tenho certeza que ele se deu bem por aqui inclusive anunciando a construção desse porto...não sei mas acho que a negociata nasceu aqui e talvez eles esteja no sul do Estado examinando a possibilidade de novos investimento. Observem as medidas anunciadas após a chegado do governador. Ele além de ser a mediação é o pedágio mais caro para se investir no Amazonas, ele e seu grupo.Mas, se encontrar ele por aqui iremos repatriá-lo porque aqui já temos muitos gatunos. Mas, por favor salvem o Encontro das águas, oh! que beleza, boas lembranças do Brasil!!!!