quinta-feira, 30 de julho de 2009

A CULTURA SE INTEGRANDO

Afonso Rodrigues de Oliveira *

“A escrita é uma coisa, e o saber outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si”. (Tierno Bokar Salif – Mestre africano)

Quem assiste aos programas sérios na televisão sabe do quanto os sérios estão atentos às mudanças no mundo. Mas o mais preocupante é o ângulo pelo qual se veem as mudanças. Elas estão restritas às mudanças climáticas, derrubadas e queima de árvores. Já não é pequeno o número de pessoas envolvidas nas mudanças culturais; mas não o suficiente para agilizar as mudanças no ritmo exigido pelo atraso. A dificuldade que os Pontos de Cultura estão encontrando para agilizar as mudanças está na grandiosidade das mudanças; na diferença que já está fazendo a diferença. Não é simples nem fácil, fazer os educadores, em todos os níveis, perceberem e entenderem a importância das mudanças. Griôs e Mestres de Tradição Oral sempre foram visto pelos educadores, como uma superficialidade. Ninguém valoriza um mestre de tradição oral no valor que ele realmente tem para a cultura na sociedade.

Sem a quebra da tradição inócua não há como inovar. E quando não inovamos não mudamos. Continuamos nos métodos arcaicos de ensino onde não se ensina tanto assim; em que a cultura só chega depois do desgaste, quando ela deveria vir como preparação para o ensino. O que os movimentos de Griôs e Mestres estão tentando fazer é levar para as escolas o que elas, mesmo conhecendo não valorizam: a tradição oral, sempre vista e tida como folclore descartável.

A partir deste ano deverão ser regularizados, em todo o país, os Pontões de Cultura que sustentarão o trabalho dos pontos de cultura.

Só nos resta a sistematização das experiências. E estas serão nas escolas e universidades de todo o país. Um dos objetivos principais é a formação de educadores da rede pública de ensino, envolvendo os estudantes nos Pontos de Cultura; a criação dos grupos de griôs-aprendizes, com os quais se consolidarão as mudanças no ensino em todo o Brasil.

Daí a necessidade da criação de secretarias de cultura nos municípios. Sem o que não será possível desenvolver, nem o ensino, nem a cultura.

De nada vai nos adiantar alegações de que não há verbas para a criação de uma secretaria, no argumento de se criar uma fundação ou coisaassim. Qualquer coisa que se crie que não seja uma secretaria, será uma saída pela tangente.

Vamos mudar nossa visão distorcida sobre a cultura. O movimento griô vem de fora para dentro, não eliminando, mas integrando com harmonia. Pense nisso.

*Integrante do Fórum Permanente de Cultura de Roraima.

Fonte: www.forumdeculturarr.blogspot.com/

Nenhum comentário: