Imaginem a nossa cidade sem o espetáculo do encontro das águas! Pois é o que pode acontecer se a nossa sociedade desistir da luta contra a construção do Porto das Lajes, que servirá para receber grandes embarcações e navios tanques. O projeto promete ainda mais rapidez nos negócios transnacionais e mais lucros para os acionistas de tais empresas. Em troca teremos muitos empregos de peões e demais postos do baixo escalão, sem esquecer as compensações pelos danos ambientais. O projeto arregala os olhos dos que estão no poder, já que em boa parte será financiado com recursos públicos. Todos nós sabemos que não há nada mais delicioso que uma grande obra para engordar caixinhas e cacifes eleitorais.
Mas não nos enganemos e é preciso falar português claro: quem quer construir este porto não tem nenhuma ligação com Manaus ou com o Amazonas. Essa gente enxerga apenas a oportunidade do lucro e está pouco se lixando para a destruição definitiva de um de nossos monumentos paisagísticos. Eles começam falando, jurando de pés juntos que nada vai acontecer que se trata de exagero. Dizer que o encontro das águas vai acabar. Além do mais, se algum comprometimento ambiental ocorrer, este comprometimento terá uma compensação para as populações atingidas. É este o discurso.
Para começo de conversa, qualquer obra nas Lajes, independente de afetar ou não o encontro das águas, já é uma agressão ao patrimônio paisagístico de nosso município. Só quem vê o mundo a partir de cifras e projeção financeira pode olhar a Lajes e ver ali apenas pedras. As Lajes é um lugar belíssimo mal aproveitado do ponto de vista de urbanização, desprezados por esses mesmos políticos que querem faturar com a sua destruição.
Todas as vezes que visito as Lajes, fico deslumbrado com a natureza em milhões de anos de movimentação geológica, distribuiu aquelas pedras às margens do rio Amazonas, formando um ambiente único. Destruir as Lajes, seja qual for a motivação, é um atentado contra nossa identidade geográfica e a nossa memória natural. Por isso, não é apenas a defesa da integridade do encontro das águas, que será fatalmente poluído pela descarga do lastro de águas salgada dos navios, embora haja a promessa de se proibir tal ação, ou pela descarga “involuntária” de óleo, etc.
Não sei se os políticos ou empresários que querem este malfadado porto possuem em suas terras de origem, patrimônios paisagísticos dignos de preservação, porque para nós as Lajes é patrimônio nosso tão digno de respeito e preservação quanto o Pão de Açúcar ou a Chapada Diamantina. Nenhum arrivista com os bolsos cheios de dinheiro e olhar de cifrões pode chegar aqui e ir metendo a pata onde não deve. E foi assim que aqui chegaram, achando que iam poder comprar todo mundo, com esmolas.
Logo perceberam que não era exatamente como tinham planejado. Os técnicos do Ipaam – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas foi examinar com cuidado e critério, mas a empresa construtora até hoje não cumpriu com as exigências legais. Para desânimo desses arrogantes, o Ministério Público Federal e Estadual instauraram processo para apurar as irregularidades apontadas pelos cientistas da Universidade Federal do Amazonas.
Por isso, me solidarizo com as comunidades pobres que serão afetadas e vamos lutar para que as Lajes e o encontro das águas sejam tombados pelo Iphan e declarados patrimônio da humanidade. Livres da destruição por interesses escusos.
Mas não nos enganemos e é preciso falar português claro: quem quer construir este porto não tem nenhuma ligação com Manaus ou com o Amazonas. Essa gente enxerga apenas a oportunidade do lucro e está pouco se lixando para a destruição definitiva de um de nossos monumentos paisagísticos. Eles começam falando, jurando de pés juntos que nada vai acontecer que se trata de exagero. Dizer que o encontro das águas vai acabar. Além do mais, se algum comprometimento ambiental ocorrer, este comprometimento terá uma compensação para as populações atingidas. É este o discurso.
Para começo de conversa, qualquer obra nas Lajes, independente de afetar ou não o encontro das águas, já é uma agressão ao patrimônio paisagístico de nosso município. Só quem vê o mundo a partir de cifras e projeção financeira pode olhar a Lajes e ver ali apenas pedras. As Lajes é um lugar belíssimo mal aproveitado do ponto de vista de urbanização, desprezados por esses mesmos políticos que querem faturar com a sua destruição.
Todas as vezes que visito as Lajes, fico deslumbrado com a natureza em milhões de anos de movimentação geológica, distribuiu aquelas pedras às margens do rio Amazonas, formando um ambiente único. Destruir as Lajes, seja qual for a motivação, é um atentado contra nossa identidade geográfica e a nossa memória natural. Por isso, não é apenas a defesa da integridade do encontro das águas, que será fatalmente poluído pela descarga do lastro de águas salgada dos navios, embora haja a promessa de se proibir tal ação, ou pela descarga “involuntária” de óleo, etc.
Não sei se os políticos ou empresários que querem este malfadado porto possuem em suas terras de origem, patrimônios paisagísticos dignos de preservação, porque para nós as Lajes é patrimônio nosso tão digno de respeito e preservação quanto o Pão de Açúcar ou a Chapada Diamantina. Nenhum arrivista com os bolsos cheios de dinheiro e olhar de cifrões pode chegar aqui e ir metendo a pata onde não deve. E foi assim que aqui chegaram, achando que iam poder comprar todo mundo, com esmolas.
Logo perceberam que não era exatamente como tinham planejado. Os técnicos do Ipaam – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas foi examinar com cuidado e critério, mas a empresa construtora até hoje não cumpriu com as exigências legais. Para desânimo desses arrogantes, o Ministério Público Federal e Estadual instauraram processo para apurar as irregularidades apontadas pelos cientistas da Universidade Federal do Amazonas.
Por isso, me solidarizo com as comunidades pobres que serão afetadas e vamos lutar para que as Lajes e o encontro das águas sejam tombados pelo Iphan e declarados patrimônio da humanidade. Livres da destruição por interesses escusos.
*Renomado escritor e dramaturgo amazonense, articulista de A Crítica, em Manaus.
Foto: Rogelio Casado