terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

MANIFESTAÇÕES CONTRA O PRECONCEITO

Fiquei estarrecido com a declaração do Secretario de Educação do Estado do Amazonas para um grupo de estudantes do Projeto Rondon. Nela ele comenta, do alto de sua verve preconceituosa, etnocêntrica e tosca que "aqui não tem só índio. Tem gente bonita também". Dá um frio na espinha este tipo de argumento porque me faz lembrar as lições de Florestan Fernandes sobre a revolução burguesa no Brasil, pois, por mais que avance em direção a modernização ela não deixa de ter um lado sombrio, que remonta às raízes colonial, escravocrata e predatória.

Desse modo, por mais que o sistema educacional discuta educação diferenciada, cota nas universidades para indígenas subjaz nos recônditos da concepção de mundo dos nossos administradores públicos, uma visão que bebe na fonte de espíritos como o de Acuña, um cronista que, ao referir-se aos grupos indígenas que avistara na Amazônia, taquigrafava-os como monstruosidades antropomórficas.


É isso que este senhor, Gedeão Amorim, tem diante de si quando se refere aos indígenas: monstruosidades antropomórficas. Com isso, revela o projeto autoritário do atual grupo que governa este Estado.


Felizmente, o senhor em questão, freqüentou poucas vezes, como professor, a sala de aula da Universidade. Fico pensando no estrago que teria feito, em caso contrário, na formação dos discentes.


Luiz Fernando de Souza Santos
Itacoatiara (AM)

Realmente, é lamentável este ocorrido o qual o secretário de educação deu uma péssima lição de preconceito. Isto sem dúvidas são as sementes do mal, que são lançadas pelo governo do amazonas, que contaminado pelo vírus Ianque de branquear tudo, de supervalorizar o belo, isto é, o branco. Isso nos mostra que basta umas idas e vindas para bandas de lá, que nosso ilustre governador turista, logo esquece as suas origens Tupiniquins, e ainda por cima, contagia todo o seu clero com essa versão colonizadora e preconceituosa.


Mas, sem querer atribuir a culpa a outros por um fato cometido por nosso prezado secretário, nos resta esperar um pronunciamento quanto a esta gafe gravíssima cometida com nossos irmãos indígenas do Amazonas.


Devemos perguntar ao secretário se as indígenas que ele tanto admira pelos interiores do Estado, se elas são ou não bonitas?
Fica a questão: como poderemos mudar a visão que os outros Estados têm do Amazonas, se nossas autoridades agem assim, esquecendo que tem o sangue indígena em suas veias? Demonstrando total descaso por nossas raízes.

Marcos Almeida (São Paulo)

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