A vitória do PMDB no congresso Nacional compromete não só o futuro do PT, como também a perspectiva do governo Lula. Pois, se continuar assim, o PT permanecerá no baixo clero e o Lula sairá do governo pela porta dos fundos, mergulhado no populismo das massas e, morrendo politicamente, com o seu próprio veneno. * Ademir Ramos
A vitória do PMDB no Congresso Nacional, elegendo Michel Temer para Câmara e José Sarney para o Senado Federal empurra o PT para vala do baixo clero, segmento representado por partidos de pouca expressão no cenário nacional, quase sempre refém das Emendas e Projetos de lobistas em favor do grande capital. Reduz ainda o partido de Lula, em legenda trampolim, o que possibilita o PMDB, o controle das duas casas legislativas com franca vantagens de definir também o mandato para Presidência da Republica nas próximas eleições.
O fato consumado requer do PT análise capaz de compreender o distanciamento do Lula do partido e a retomada do culto as práticas personalistas, dando conta de um governo capenga, sem direção e movido unicamente por interesses populistas a se projetar na mídia como estrela cadente.
Comprova-se ainda que o PT, em particular, não construiu à sombra de Lula e nem tampouco contando com a sua participação, nenhum Projeto de Governo, que estrategicamente garantisse a conquista dos meios para construção dos fins democráticos pautados no combate a desigualdade e a distribuição de justiça social.
Nessa conjuntura o Partido dos Trabalhadores transforma-se numa sigla eventual, incapaz de definir estratégias e táticas de governo numa perspectiva de poder de Estado. Mesmo assim, vivendo um estranhamento com o partido, o presidente Lula tem manifestado uma prática de aliança e parceria, que por várias razões não foram incorporadas pelo PT.
A fricção vivida entre Lula e o PT tem favorecido unicamente o avanço das forças conservadores e a retomada do fisiologismo nas práticas políticas republicanas, dando vida aos políticos fisiologistas que buscam no PT a legitimidade de suas propostas com aceite dos “companheiros”, que tiram proveito da situação, reduzindo o partido em sigla de aluguel para se locupletar do poder.
A vitória do PMDB no congresso Nacional compromete não só o futuro do PT, como também a perspectiva do governo Lula. Pois, se continuar assim, o PT permanecerá no baixo clero e o Lula sairá do governo pela porta dos fundos, mergulhado no populismo das massas e, morrendo politicamente, com o seu próprio veneno.
Enfim, há de se compreender o novo processo político, avaliando sua profundidade junto aos movimentos e organizações populares, na perspectiva do fortalecimento da Democracia Participativa e da efetividade das políticas pública de inclusão social sob o foco da cidadania, garantindo postos de trabalhos e condições materiais para desenvolvimento humano. Ao contrário, tudo será como antes e a tragédia do PT ou do lulismo se transformará no dramalhão pmdebista.
*Antropólogo e coodenador geral do NCPAM
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