domingo, 31 de janeiro de 2010

REABERTURA DO CONGRESSO NACIONAL NA TERÇA-FEIRA

A solenidade para a reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional está marcada para a próxima terça-feira (2) , às 11 horas, no plenário da Câmara dos Deputados. Na cerimônia, que inaugura a quarta sessão legislativa ordinária da 53ª legislatura, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentará uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, porém, o Hino Nacional será executado pela banda do primeiro regimento de cavalaria de guardas.

Ao mesmo tempo, as bandeiras das duas Casas legislativas serão hasteadas e haverá a salva de gala (21 tiros de canhão) pelo 32º grupo de artilharia de campanha. Na sequência, o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), anunciará a entrega por Dilma da mensagem do poder Executivo.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes,fará a leitura da mensagem do poder Judiciário. Em seguida, o primeiro secretário da Câmara, deputado Rafael Guerra (PSDB-MG), lerá o texto do presidente da República.

A solenidade será encerrada com os pronunciamentos de Sarney e do presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP).

Fonte: Fernando Taquari ( Valor): http://www.valoronline.com.br/?online/politica/6/6078733/congresso-inicia-os-trabalhos-na-proxima-tercafeira#ixzz0eIojKtIf

PARA OAB O PARECER DA PGR LEGALIZA A TORTURA

O Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, declarou que a Procuradoria Geral da República (PGR) cometeu "um equívoco" ao dar parecer contrário à revisão da Lei da Anistia, de 1979. Para Britto, a tortura cometida durante a ditadura militar não deve ser considerada como crime político, o País estará "legitimando os torturadores de ontem, de hoje e de amanhã".

Para a OAB, autora da argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), é necessária uma interpretação mais clara da lei. A entidade pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a Anistia não seja estendida a agentes públicos acusados de homicídio, desaparecimento forçado, abuso de autoridade, lesões corporais, estupro e atentado violento ao pudor contra opositores ao regime político da época.

"Isso é muito ruim para o Brasil. Temos que compreender que tortura é um crime gravíssimo. O Brasil subscreveu vários tratados internacionais que condenam os crimes de tortura. Se consideramos o crime de tortura um crime político, perdoável, vamos estar legitimando os torturadores de ontem, de hoje e de amanhã. Eles ficarão livres, leves e soltos para cometer esse crime contra a humanidade", disse o presidente nacional da OAB.

Para Britto, o Estado tem o dever de punir todos os torturadores. Não tenho a menor dúvida de que o Ministério Público errou no parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal, quando não considerou a tortura como crime de lesa-humanidade. "Espero que os ministros do STF compreendam o seu dever histórico punindo o torturador de ontem, para que não justifique a tortura de hoje", disse.

Em parecer divulgado no sábado (30), mas enviado ao STF no final da tarde da sexta-feira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que a Lei da Anistia "foi resultado de um longo debate nacional", ressaltando a participação da OAB. Na avaliação dele, desconstituir a anistia seria "romper com o compromisso" feito no contexto histórico do fim da ditadura. Para consolar os familiares dos mortos e torturados a PGR recomendou apenas abertura dos arquivos da ditadura, o que significou mais um golpe contra o Estado de Direito Democrático no Brasil.

Fonte: OAB Nacional.

sábado, 30 de janeiro de 2010

OS PARLAMENTARES BRASILEIROS SÃO OS MAIS CAROS DO MUNDO

Confronto entre os rendimentos, benefícios e assessoramentos recebidos por
parlamentares de Brasil, Chile, México, Estados Unidos, Alemanha, França,
Grã-Bretanha e Itália mostra que brasileiros são os mais caros

Fabiano Angélico (*)

Em 2007, estudo da Transparência Brasil demonstrou que, excetuando-se o Congresso dos Estados Unidos, o Congresso brasileiro é o mais caro num conjunto de dozes países em termos absolutos. Quando se levam em conta as disparidades de custo de vida e nível de renda dos diversos países e se ponderam os montantes conforme a renda per capita, os custos totais do Congresso brasileiro ultrapassam os dos Estados Unidos e chegam ao topo da escala.

Ou seja, a população brasileira é a que mais paga para manter o Congresso entre todos os países examinados.

A comparação levava em conta a totalidade dos orçamentos das Casas examinadas. Grande parte desses orçamentos é dirigida para cobrir custos de manutenção, folha de pagamento de funcionários permanentes, obras e outros. Outra parcela corresponde a gastos diretos com cada parlamentar.

O presente estudo se dirige a esses gastos: quanto os congressistas de países selecionados custam, em termos reais, para o bolso da população, em comparação com o Brasil. O que se verificava para o orçamento geral se repete: considerando-se salários, benefícios e cobertura de custos com assessores o Brasil supera os gastos de todos os sete países examinados.

O contribuinte brasileiro paga mais para manter um mandato de senador ou deputado do que o contribuinte dos EUA, o país mais rico do mundo.
Outro dado verificado na presente análise diz respeito à política de contratação de assessores econsultores.

Não há paralelo, em países da América Latina, da Europa Ocidental ou nos Estados Unidos, o que ocorre no Brasil: montantes elevadíssimos de recursos públicos são dirigidos, sem qualquer critério ou controle, à contratação de assessores, os quais, na virtual totalidade das
vezes, não passam de cabos eleitorais pagos com dinheiro público.

Também a contratação de consultores é submetida a filtros mais rigorosos em outros países.

No Brasil, isso se faz contra a apresentação de notas fiscais que, até recentemente, eram mantidas em segredo, sem possibilidade de controle independente.

Este estudo está divido em três partes. Para cada país examinado detalham-se os gastos no que diz respeito a 1) salários; 2) contratação de assessores (e um sub-item no qual se analisa a política de contratação de consultores); e 3) verbas de representação.

(*) É coordenador de projetos da Transparência Brasil. Colaboraram Danilo Vila e Marina Atoji. Direção: Claudio Weber Abramo.

Fonte: http://www.excelencias.org.br/docs/CustosCongressistas.pdf

MANAUS, THIAGO E MILTON


Tenório Telles (*)

Contemplar a face de Manaus é se confrontar com a interrogação de seus olhos: o que fizeram de mim? Na verdade a brutalidade continua: apesar da riqueza gerada, a cidade tem ares de decadência: feia, suja e fedorenta.

A indiferença é um dos piores pecados que alguém pode cometer na vida. Esse é talvez o maior pecado dos habitantes de Manaus. Ao andar pelas ruas da cidade me pergunto como fomos capazes de permitir o vandalismo contra a arquitetura, os igarapés, o porto flutuante e demais espaços de Manaus. O poeta Thiago de Mello, num belo texto escrito para celebrar o livro Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum, repisa essa tragédia histórica. Seu poema, Enleiando, é na verdade uma elegia para uma cidade agredida: pendor de alma penada/ da Manaus que se desfez. Se a perdemos para a ambição e crueldade dos homens, podemos tê-la, ainda que brutalizada, nos versos mágicos de Thiago:

Contente de antigo enleio/ meigo e longo como o seio da linha de um banda-de-asa/ releio mais do que leio o Relato (âmago de esteio da casa onde se aconchegam lucidez e devaneio) que/ linguagem sem rodeio, me diz, de maneiro meio, porque Milton ao mundo veio:

para cumprir

(ai de sina ninguém escapa, até mesmo contra o dever)

sua dura
e doce destinação, bem servida
pelo dom e o labor da contação;
é quando a palavra ganha poder de sonho e de ação/ sua leitura desvela o que a pessoa nem sabe que se esconde dentro dela.

Só assim é que Milton pode contar com delicadeza o que ninguém reparou, o que todo mundo olhou mais deixou de ver, e conta com distinção e louvor, sortilégios da invenção, para me dar os segredos, as flores e os dissabores, os escândalos de amores da Manaus que me fez ser.

Das sete vezes que li do começo ao fim
(cada uma assinalada assim////-// no alto da sua página de guarda) do Relato guardo a prenda lilás da flor de um jambeiro, a descoberta da fala, um cabo de narguilê, paina azul de sumaumeira, o calor da caridade, um cenário colorido, cambiante caleidoscópio, vinte oito casas lunares onde habitam o alfabeto e o homem na plenitude, a forma dos caracóis, das goivas e cimitarras, a pérola protegendo os segredos de um decote, o triunfo da transparência, o instante em que Deus criou as orquídeas, algazarra de alimárias, pecos alvos, a vida urdida no Líbano empilhada sobre a sombra do pêndulo do relógio.

Ler é saber: a floresta e a cidade/ duas mentiras separadas pelo rio/ o desespero é um erro/ o paraíso se encontra no dorso dos alazões, nas páginas de algum livro/ te espera por entre os seios de uma mulher.

Quanto encanto, a mão molhada da moça, um monte de figos secos, uma pele furta-cor, cinza encardida, essa coisas...

Mas no furor das golfadas de vento eterno/ no aviso de mil bocas das metáforas, na decisão dos pretéritos mais que perfeitos, na fala dos silêncios/ no rumor noturno por sobre as águas/ no cupim da ostentação num amálgama de enigmas e na perversão urbana,

a contação já revela o pendor de alma penada de Manaus que se desfez.
@Tomo o peso de cada Sílaba e apalpo a música dos fonemas das palavras que escrevi, sem me dar conta

que moldava e modulava a melodia
que tanto e em vão
procurava
desde o sol da minha infância.


Contemplar a face de Manaus é se confrontar com a interrogação de seus olhos: o que fizeram de mim?. Na verdade a brutalidade continua: apesar da riqueza gerada, a cidade tem ares de decadência: feia, suja e fedorenta. E o que restou do seu passado, de sua bela arquitetura – sucumbe ao abandono e os velhos casaões do centro histórico se transformam em prostíbulo e têm sua estrutura alterada ao bel-prazer pelos agenciadores da prostituição.

O que resta é a dor presente nas fachadas e nas paredes destruídas, como expressou o poeta Luiz Bacellar no seu Noturno do bairro dos Tocos: Há tanta angústia antiga em cada prédio!/ Em cada pedra nua e gasta.

@ É amazonense, professor, articulista de A Crítica, escritor e um dos imortais da Academia Amazonense de Letras.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ACRE E AMAZONAS NO DIA DE COMBATE À HANSENÍASE

O Dia Mundial de Combate à Hanseníase é celebrado no último domingo (31) do mês de janeiro. Antecipando à data, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (MORHAN/Acre), preparou um extenso debate sobre o assunto na segunda-feira (25) passada.

O encontro aconteceu em Rio Branco, no auditório do SEBRAE centro, das 9 às 12 horas,contando com a participação das pessoas atingidas pela doença, seus familiares e a sociedade em geral. O movimento conta com a parceria da Central de Articulação das Entidades de Saúde (CADES) e o setor de Dermatologia de Estado do Acre.

O objetivo do debate foi auxiliar na prevenção e tratamento da doença e contra o preconceito. O encontro tem como tema central: “Tempo não é questão de dinheiro é questão de saúde”. A primeira palestra sobre Prevenção e Combate à hanseníase foi ministrada pela fisioterapeuta com especialidade em Insuficiência Respiratória e cardiovascular em UTI, Franciele Gomes.

Em seguida o médico William Jonh Woods fez sua explanação sobre o perfil epidemiológico da hanseníase. O secretário de comunicação do MORHAN, Elenil Silva também falou sobre os avanços na sociedade acreana por meio do referido movimento. Encerrando a programação, o chefe da Sessão de Reconhecimento do Direito do INSS, Gilberto Sales, prestou orientações sobre a implantação da Medida Provisória 373 junto à previdência.

O coordenador do MORHAN em Rio Branco, Elson Dias, lembrou ainda que as pessoas que foram acometidas pela doença e deixaram de buscar tratamento por sentir vergonha, não devem ser esquecidas. Mesmo assim, segundo ele, o diagnóstico deve ser feito o mais rápido possível, já que a hanseníase pode causar incapacidade e deformidades físicas. “A questão estética pode se tornar um problema. O feio está associado ao mau, assim como o belo é bom. Mas a hanseníase não trás só manchas e deformidades, ela pode tornar a pessoa incapaz para o trabalho’, explicou.

Elson Dias faz questão de ressaltar que a hanseníase é uma doença que atinge os nervos e que a deformidades podem ser evitadas quando o diagnóstico é feito no início e o paciente recebe o tratamento imediato. “O objetivo da palestra é fazer com quer as pessoas, ao sentirem os primeiro sintomas da doença, procurem logo os centros de saúde para que os agentes e profissionais consigam identificar no estágio inicial”, orienta.

Outro objetivo das palestras, de acordo com o coordenador, foi levar informação à população para acabar de uma vez por todas com os mitos e preconceitos que ainda envolvem a questão. “Hoje o portador da doença não fica isolado. Ele leva uma vida normal. A doença não é transmitida por abraço, aperto de mão, talheres ou relação sexual. Por isso, não é preciso separar roupas, pratos e talheres, nada disso”, assegura.

Elson Dias frisa que a doença é transmitida por meio das vias respiratórias, ou seja, pela tosse ou espirro. Ele destaca: “A transmissão ocorre se a pessoa não estiver recebendo medicamentos”.

AMAZONAS

No Estado, a representante do MORHAN, Waldenora Cruz mobilizou os atingidos pela doença, que ainda hoje residem na Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste de Manaus, quando pela manhã (29), no Clube de Mães do Bairro, reuniram-se para avaliar a luta e fortalecer sua organização contra o preconceito e o descaso do governo quanto à saúde dessa gente e seu patrimônio cultural. Essa gente grita por respeito e dignidade. Além do descaso oficial, os moradores lutam também conta a empresa Log-In Logística Intermodal controlada pela mineradora Vale, que tudo tem feito para construir um Terminal Portuário nas imediações do Encontro das Águas (Rio Negro com Solimões), ameaçando ainda mais a qualidade de vida dos atingidos pela hanseníase.

Por todo o Brasil o MORHAN está organizando manifestação de apoio aos atingidos pela doença e exigindo dos governantes políticas públicas de qualidade, bem como respeito e dignidade para todos.

Fonte: MORHAN com a colaobração Val Sales do Acre - valsales@pagina20.com.br

EM MANAUS ZECA NAZARÉ FAZ ARTE

Zeca Nazaré, com uma folha corrida nas artes plástica do Amazonas apura seu ofício e expõe seus trabalhos de 28 de Janeiro à 28 de Fevereiro na Saraiva Megastore Manaus, no Shopping Manauara. Para o professor Ademir Ramos "o Zeca é um dos companheiros dos tempos do Porantim, jornal em defesa da causa indígena, isso remete aos anos 70, junto com o nosso saudoso Narciso Lobo. O seu trabalho é genial merece ser admirado e devorado pelos amantes da boa arte".

O trabalho exposto é composto por impressões, com intervenção manual e colagem em lona vinílica - visitação:

segunda à sexta-feira no horário de 10 às 21h30;

sábado, domingo e feriado no horário de 13 às 20h30.

Confira a originalidade das obras e conheça a maturidade do artista.

SEMINÁRIO DA INDÚSTRIA CRIATIVA E GESTÃO CULTURAL NO AMAZONAS


O NCPAM junto com alguns empreendedores culturais do Amazonas formulou a proposta do primeiro Seminário da Indústria Criativa conjugado com as práticas de Gestão Cultural, tendo por referência a produção do Pólo Industrial de Manaus (PIM) e o seu valor agregado centrado na Cultura como produção indutora do Desenvolvimento Humano. Para isso, o coordenador do projeto, professor e antropólogo Ademir Ramos(*) está divulgando a proposta para que os interessados se manifestem quanto ao período de realização, podendo ser na última semana de fevereiro ou no início de março, somando as 40 horas de trabalho. O investimento a ser feito por cada participante será no valor de R$ 100,00. O Seminário contará com a participação de convidados, quando na oportunidade se fará análise de estudo de caso na perspectiva de se compreender as estratégias indutoras do sucesso, a palavra mágica do mercado. Aguardamos as manifestações dos interessados para poder definir turmas se assim for.

Objetivo: Analisar os conceitos fundamentais da Indústria criativa, que determinam estratégias de mercado, gerando trabalho, emprego e renda a partir do capital intelectual agregado às habilidades, competências e gestão dos artistas e produtores Culturais do Amazonas.

Estratégia: Antes de focar o desenvolvimento da Indústria Cultural enquanto campo específico das ciências sociais é importe esclarecer que esta indústria hoje crescente está identificada como indústria criativa, utilizando como matéria-prima o processo de criação, inovação, tendo por referência os bens culturais, englobando desde o artesanato, meio ambiente, gastronomia, turismo, música, moda, biodiversidade até as produções audiovisuais, entre outras.

O que se discute nos fóruns nacionais e internacionais são procedimentos, que promovam a relação Cultural e Ação Social afirmativa de reconhecimento das identidades e das diferenças, primando por valores materiais e simbólicos agregados a um projeto de políticas públicas e socialmente responsáveis, que resulte na superação do neocolonialismo, na desigualdade social, bem como na melhoria de qualidade de vida para as comunidades participantes desse projeto de desenvolvimento sustentável.

Saiba que: “Se a riqueza caracteriza o desenvolvimento, então a pobreza de origem econômica é freqüentemente o resultado da distribuição desigual de riqueza e dos frutos do crescimento econômico” Labben apud Nkwi – As dimensões Culturais da Transformação Global, UNESCO, 2001).

Nessa perspectiva se discute também as relações entre Cultura e Transformação Econômica, visando a sustentabilidade do homem, interagindo com o meio ambiente, numa prática conservacionista.

Nesse contexto relacional faz-se necessário que se fortaleça os valores culturais locais, por meio de políticas públicas e socialmente responsável formadoras de capital intelectual criativo, compreendendo a cultura como uma estrutura dinâmica capaz de processar novas leituras, apropriando-se de novas tecnologias, gerando trabalho, emprego e renda aos atores locais.

A viabilidade dessas metas no curso do processo de desenvolvimento sustentável exige, que os empreendedores responsáveis estejam qualificados e organizados para operar no mercado, como gestores de sistemas de informação culturais, conhecendo a potencialidade da cultura – material e simbólica – da Amazônia e, compreendendo-a como novas oportunidades de negócio no mercado da indústria criativa. Assim sendo:

Sabe-se que o Empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões, países. Na verdade aprende-se a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores em um clima em que ser dono do próprio nariz, ter um negócio é considerado algo muito positivo. (Filion apud Dolabela 1999, p. 33 -4).

Quanto ao conceito e suas determinações:

O empreendedor vê nas pessoas uma das suas mais importantes fontes de aprendizado e não se prende, como profissionais de algumas áreas, somente a fontes ‘reconhecidas’, tais como literatura técnica, relatórios de pesquisas. Cursos reconhecidos, etc. (...) O que importa não é o que se sabe, mas o que se faz. (Dolabela, 1999, p. 35 -38).

Ação: Convidar empreendedores com história de sucesso – comerciantes, políticos, grupos culturais, religiosos, artistas, empresários entre outros, para prestar depoimentos quanto à sua iniciativa, determinação, aprendizagem, pontos fracos e fortes e visão de futuro numa ação interativa com os participantes.

Em seguida procura-se analisar os cenários, identificando produtos que podem ser desenvolvidos focando no horizonte da industria criativa, dando ênfase no desenvolvimento de habilidades particulares, capacidade técnica e de gestão cultural, sobretudo na potencialidade do Ator e a formatação de seu Projeto de Trabalho.

Considerando o valor da proposta elaboramos algumas recomendações pautadas na obra de Sue Jenkyn Jones, Fashion Design – manual do estilista (2005) para ser devidamente apreciada em plenário:

  • Capacidade de pesquisar e aplicar de modo criativo, independente e contextualizado;
  • Capacidade de analisar, resolver e comunicar problemas quanto ao processo de criação;
  • Questionamentos intelectuais e criativos para tomada de decisão, avaliando os riscos;
  • Habilidade, imaginação e originalidade no desenvolvimento das técnicas com matérias, imagens, cores e formas;
  • Capacidade de sintetizar idéias próprias na formatação de um produto cultural;
  • Compreensão das estratégias e “manhas” dos concorrentes da indústria criativa;
  • Capacidade de trabalhar individualmente e em equipe;
  • Boas práticas de apresentação trabalho quanto as formas visual, oral e escrita;
  • Gerenciamento do tempo, autodirecionamento e autocrítica avaliativa;
  • Audácia, ousadia, estilo, visão de futuro, ser empreendedor.

Finalmente, para se analisar a potencialidade desse mercado da Indústria Criativa destacamos as palavras da renomada produtora cultural, Carmen Pousada, expondo sobre o Brasil dos Artesãos no Catálogo sobre o DESIGN BRASILEIRO, 2005. A autora afirma que:

O artista-artesão movido pela arte do saber e do fazer, é influenciado pelo ambiente, pela cultura e pelas tradições locais. A natureza rica em matérias-primas oferece aos nossos talentosos artistas e artesãos variedades e abundância de materiais a serem transformadas por sua criatividade e técnica em belos úteis objetos p.39).

(*) Professor, pesquisador, antropólogo da Universidade Federal do Amazonas coordenador geral do NCPAM e autor do Projeto de Pesquisa, Amazonas: Diversidade Cultural Iconográfica (UFAM/UNISOL e SEBRAE).

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

PRESIDENTE DA OAB/AM PROMETE CRIAR BANCO PARA OS ADVOGADOS


Exaltação ao legalismo e ao corporativismo. O advogado Fábio Barros de Mendonça foi empossado na noite desta quarta-feira como novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil secção Amazonas (OAB-AM) para o triênio 2010-2012. Em seu discurso de posse, ele garantiu que a instituição não medirá esforços para defender os direitos da classe e anunciou, já para o próximo mês, a criação do Banco dos Advogados. A iniciativa busca firmar parcerias com instituições financeiras a fim de garantir linhas de crédito para advogados com dificuldades financeiras, bem como a implantação de novas Subsecções no interior do Estado.

"Vamos brigar para lutar e defender os direitos e prerrogativas dos advogados e, de igual forma, todos os assuntos referentes à questão dos Direitos Humanos. A OAB estará presente, como sempre esteve, a exemplo da questão dos presídios e das penitenciárias", afirmou Mendonça. Entre os convidados da solenidade, que reuniu mais de 500 pessoas entre autoridades e advogados no auditório da sede do Ministério Público Estadual, esteve presente o diretor do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante Júnior. Hoje, a OAB do Amazonas reúne mais de oito mil advogados inscritos.

CINEMA CAÇA NÍQUEL


Ricardo Lima (*)

Lula: o filho do Brasil é uma das maiores barrigas da historia do cinema brasileiro e uma prova de que um orçamento gigantesco não é uma condição determinante para a qualidade das produções.

Fábio Barreto perdeu uma boa oportunidade de fazer um estudo, tomando a trajetória da vida de Lula como tipo ideal, sobre o fenômeno da migração Nordeste-Sudeste e suas implicações para a vida social brasileira, como estes migrantes, que em sua terra natal eram pequenos agricultores, expulsos de suas propriedades em virtude da falência do modo de produção tradicional, atraídos para as grandes capitais, fruto de um modelo de desenvolvimento autoritário modernizante adotado a partir de 1964 e caracterizado por uma industrialização concentradora de renda e dependente.

Barreto também perdeu a chance de mostrar como estes mesmos migrantes, no processo de expropriação/proletarização, se organizam contra a tirania do capital e pautam seu método de resistência a partir da práxis cotidiana — trocando em miúdos, o diretor roteirista poderia ter feito um verdadeiro épico brasileiro, a partir da marcha de milhares de homens e mulheres que singraram para todas as regiões brasileiras e deram esta conformação atual para o Brasil.

Infelizmente foi uma chance perdida. Barreto reduziu a espetacular historia do presidente operário a um capitulo estendido de novela das oito, com todos os chavões e clichês que o gênero precisa ter para agradar as mentalidades mais rasas que fazem parte de sua audiência. Além disso, o endeusamento do futuro presidente é tal, que chega mesmo a dar a impressão de tentar-se compará-lo ao Messias, tirando qualquer possibilidade de representar Luiz Inácio da forma com realmente é: um líder repleto de contradições.

As deficiências do roteiro são dezenas. Num certo momento, quando Lula pede em casamento sua primeira mulher, esta lhe responde: “Se tu morrer eu te mato” (!). Também há outras pérolas que se eu decidisse transcrevê-las aqui encheriam a página. O filme possui várias cenas descoladas, sem qualquer ligação que permita perceber sua contribuição para o andamento da narrativa, como aquela em que Lula, já um jovem operário, chega bêbado em sua casa e sua mãe, interpretada de maneira convincente por Gloria Pires, lhe diz: “Primeiro a obrigação, depois a distração.”

Outra cena mal feita foi a do momento em que Luiz Inácio perde o dedo, parecia mesmo que o diretor a colocou de qualquer maneira no decorrer do filme, como se durante a edição final, esquecendo de contar este fato, fizesse um recorte preguiçoso para sanar a carência.

Parece constrangedor um filme que teve 16 milhões em seu orçamento contar com tanta pobreza de meios para sua realização. Um dos momentos em que isso fica latente é a cena da greve do ABC, que contava com 180 mil grevistas; com uma verba deste tamanho bem que o diretor deveria ter representado aquele momento histórico de proporções homéricas dando-lhe a devida magnitude, mas ao invés disso ele apela para imagens da época, como se tentasse economizar dinheiro, frustrando a expectativa de quem esperava uma representação grandiosa do fato — se a intenção era proporcionar mais realismo, o máximo que conseguiu foi colocar o espectador para fora do filme.

Entretanto, Lula: o filho do Brasil não se resume apenas a erros. A primeira parte da narrativa, retratando a vinda do futuro presidente para a São Paulo é bem convincente, assim como a representação de sua sofrida infância, em que já mostrava carisma no trato com as pessoas: quando ele e seu irmão estão vendendo laranja, e não conseguem nenhum freguês, Luiz Inácio pega uma fruta e aborda uma senhora, dizendo-lhe:

“Olha senhora, esta é a laranja mais gostosa de São Paulo, eu separei uma especialmente pra senhora.”

- “Mas que menino bonitinho! Vou comprar a laranja...”

O ator intérprete de Lula na fase adulta, também dá conta do recado, reproduzindo de maneira convincente, apesar da direção ingrata, a entonação de voz e os trejeitos de seu personagem — note a forma quase idêntica como ele gesticula nas cenas de comício.

Uma das criticas mais infelizes contra a produção, feita por órgãos da imprensa, a direita do espectro político, é a de que a produção é eleitoreira. Pura estupidez! Se estes panfletos neofacistas tivessem o mínimo de honestidade intelectual, perceberiam que o filme não faz nenhuma menção direta ao PT ou a pré-candidata á presidência Dilma Roussef; a película termina exatamente quando Lula é preso no final da década de 1970, vitimado pela ação energética do presidente general João Baptista Figueiredo, que tentava sufocar a greve dos operários do ABC.

Como a necessidade de ganhar dinheiro imediato foi grande demais, Barreto adaptou o filme as mentes mais estreitas, acostumadas aos dramas pastelões que se reproduzem desgraçadamente em nossas televisões. Se não tivesse feito qualquer concessão a mediocridade e realizado uma produção cult, teria auferido para a projeto alguns prêmios, tanto nacionais quando internacionais e, por conseqüência, levado bem mais que os poucos milhões arrecadados com o rendimento mediano de seu filme nas bilheterias nacionais.

O diretor Fábio Barreto transformou Lula: o filho do Brasil num mero caça níquel — e como tal será completamente esquecido daqui há alguns anos.

(*) Graduando de Ciências Sociais e Pesquisador do NCPAM/UFAM

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CEZAR BRITO PRESTIGIA POSSE DA OAB DE GOIÁS

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, participa hoje (27) da solenidade de posse dos novos dirigentes da Seccional goiana da OAB, eleitos para o triênio 2010-2012. Os advogados serão empossados às 20h no Centro de Cultura, Esporte e Lazer (CEL) da OAB-GO, na BR-153, em Aparecida de Goiânia. Serão diplomados os cinco diretores e 53 conselheiros da Seccional, além dos diretores da Casag. Tomarão posse Henrique Tibúrcio Peña, no cargo de presidente, Sebastião Macalé Caciano Cassimiro (vice-presidente), Flávio Buonaduce Borges (secretário-geral), Maria Lucila Ribeiro Prudente de Carvalho (secretária-geral-adjunta) e Enil Henrique de Souza Filho (diretor-tesoureiro).

No Amazonas, de forma retraída, a solenidade de posse dos novos dirigentes da Seccional da OAB será também nesta quarta-feira às 17h, no Auditório Carlos Alberto Bandeira de Araújo, do Ministério Público Estadual, na estrada da Ponta Negra, Balneário de Manaus. Divorciada das questões sociais a OAB do Amazonas promete muito mais sol e praia do que comprometimento com as lutas democráticas.

SOLIDARIEDADE ABSOLUTA DO PSDB AO HAITI

Mas o Haiti merece de nós a mais absoluta solidariedade. Não bastassem a opressão colonial, os cercos econômicos e as ditaduras, acontece agora o terremoto que, a um tempo, agravou e desnudou o quadro de miséria social, econômica e política anterior.

O PSDB aprovou o envio de mais tropas para garantir a ordem no Haiti “desesperado, aturdido, desesperançado, que toca fundo em nossos corações, e cobra ações mais efetivas no terreno da ajuda econômica”.

Foi o que o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio(AM), assinalou em carta enviada ao senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e por este hoje registrada, em plenário, durante a reunião da Comissão Representativa do Congresso Nacional, para decidir sobre o pedido do governo para aumentar de 1.300 para 2.600 o contingente militar no Haiti.

“O PSDB vota SIM, sem pestanejar, pelo Haiti, pela paz e porque tem sido experiência construtiva, ainda que sofrida, para o Exército brasileiro”, disse Arthur Virgílio, acrescentando: “Mas o PSDB desejaria mais. O governo que, acertada e coerentemente com políticas econômicas que germinaram de Itamar Franco e Fernando Henrique para o presidente Lula da Silva, colabora com US$ 10 bilhões de suas reservas para a reestruturação do FMI, precisaria injetar recursos significativos no esforço pela reconstrução do Haiti.”

O líder notou ainda que o governo, “no afã de conquistar votos para sua insistente candidatura a uma vaga permanente (sem direito a veto e, portanto, de segunda categoria) do Conselho de Segurança de uma ONU (...), perdoou dívidas de países africanos para conosco”. “Pois esse mesmo governo – frisou – deveria realizar esforço de monta pelo povo haitiano, ressalvadas as prioridades nacionais, que estão nos investimentos estratégicos e não no aumento descontrolado dos gastos correntes.”

Conheça a integra da Carta do Senador Amazonense em favor da soberania do povo do Haiti:

Prezado Senador Eduardo Azeredo,

Escrevo ao ilustre colega e companheiro, em sua condição de Representante do PSDB na Comissão Representativa do Congresso Nacional e Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. E, antes de tudo, justifico-lhe minha própria ausência da relevante sessão de hoje, por ter sido cancelado o voo da empresa Gol que me viabilizaria a chegada, em Brasília, no devido tempo. Como já tem virado hábito, estarei, outra vez, processando essa empresa, useira e vezeira em inadimplir com seus compromissos fundamentais.

Mas o Haiti merece de nós a mais absoluta solidariedade. Não bastassem a opressão colonial, os cercos econômicos e as ditaduras, acontece agora o terremoto que, a um tempo, agravou e desnudou o quadro de miséria social, econômica e política anterior.

Sim, porque o Haiti carecia da sensibilidade internacional desde bem antes do terremoto. Terrivelmente explorado, não logrou avançar no desenvolvimento, século após século. Vítima de teorias racistas, que procuravam explicar seu atraso pela cor da pele dos haitianos, vive drama histórico que mereceria uma ópera estilo Evita.

Povo resistente, resistiu à renitente tentativa de desqualificação de seus costumes e de suas crenças religiosas. Quantos filmes, “politicamente corretos” não nos fizeram chorar com as atrocidades praticadas por haitianos drogados e enlouquecidos pelos rituais de suas religiões “primitivas e desumanas”? O grande ator norte-americano Steven Seagal que o diga!...

Pois aquela gente humilde e miserável resistiu. E aí vem o terrível terremoto que impõe mais dores a quem não tem mais corpo para tanta dor. Evento que serve para culpados procurarem expiar suas culpas e indiferentes fingirem que não o são. E que serve também para mergulharmos nas águas profundas da sociologia política haitiana, buscando explicar as razões objetivas de um atraso que se deve mais à ganância de fora que à incapacidade de dentro.

O Haiti escreveu, até aqui, História bonita. Libertou seus escravos antes, por exemplo, do resto da América. O processo foi turbulento e revolucionário. Poderia ter sido turbulento sem ter sido revolucionário, porém foi revolucionário, sim, a partir do fato de que nasceu de insurreição dos próprios escravos e não de concessão imperial, como no Brasil. Vendo as cenas que as televisões exibem exaustivamente, pergunto a mim mesmo: quem teria sido o Spartacus haitiano?

Em 1697, o Haiti é cedido à França pela Espanha. Passou a ver seus braços exportados para o trabalho escravo, assim como passou a produzir, em larga escala, café, açúcar e cacau. Muitas divisas para a França. Muito conforto para os países importadores desses bens.

Em 1803, os franceses são derrotados pelos negros “incultos de religiões bárbaras” e, em 1810, raia a independência política, doze anos antes da brasileira, que emergiu do arranjo de dois estadistas, José Bonifácio e Pedro I, e de um rei lúcido, que teimam em estigmatizar, que é João VI. Aqui, as elites fizeram um pacto. Lá, os negros “incultos e atrasados” resolveram tudo sozinhos.

Pagou alto preço pela ousadia e sofreu bloqueio econômico imposto por EUA e Europa, que lhe causou tantos prejuízos, durante décadas. Houve, após, intensas negociações em torno de uma possível suspensão do embargo, opondo os “negros incultos”, num dos lados da mesa de negociação, aos brancos “civilizados”, na outra ponta.

A suspensão do bloqueio custou cento e cincoenta milhões de francos aos depauperados cofres haitianos. E o drama não encenava, aí, seu último ato, pois a ele se seguiram, anos depois, mais de duas décadas de ocupação americana, plantando as bases para a implantação, a partir de 1945, ironicamente contrastando com a derrota do eixo nazi-fascista, da ditadura de Duvalier, o “Papa” Doc.

Sanguinário, corrupto, como costumam ser sanguinários e corruptos os ditadores, Francóis Duvalier reinou absoluto, até ser substituído por seu degenerado filho, o ainda mais sanguinário e corrupto “Baby” Doc que, visivelmente, era deficiente em suas faculdades mentais. Suas faculdades mentais não eram, sequer, “ginasianas”.

O Haiti é país pobre. Suas vicissitudes, contudo, encontram raízes certamente mais externas do que internas. Se o Plano Marshall o tivesse incluído, por exemplo, sua situação seria outra. Parece absurdo o que digo, até porque a geopolítica da época mandava os Estados Unidos apoiarem a reconstrução da Europa, em clima de Guerra Fria e em contraposição à União Soviética, que emergia da II Grande Guerra como o segundo polo militar mundial. Quero apenas significar que, se a exploração tivesse sido substituída pela verdadeira cooperação, o Haiti dos tempos correntes poderia sofrer terremotos, entretanto não necessitaria tanto da compaixão internacional.

A miséria, fruto da expoliação secular, antecede as consequências do terremoto. O que não nos impede de cumprir o dever da solidariedade irrestrita com o Haiti.

A mensagem governamental solicita que a Comissão Representativa do Congresso Nacional autorize a duplicação dos nossos efetivos militares. Passariam, esses efetivos, de 1300 a 2600 soldados.

O PSDB vota SIM, sem pestanejar, pelo Haiti, pela paz e porque tem sido experiência construtiva, ainda que sofrida, para o Exército brasileiro. Mas o PSDB desejaria mais. O governo que, acertada e coerentemente com políticas econômicas que germinaram de Itamar Franco e Fernando Henrique para o Presidente Lula da Silva, colabora com US$ 10 bilhões de suas reservas para a reestruturação do FMI, precisaria injetar recursos significativos no esforço pela reconstrução do Haiti.

O governo, aliás, no afã de conquistar votos para sua insistente candidatura a uma vaga permanente (sem direito a veto e, portanto, de segunda categoria) do Conselho de Segurança de uma ONU debilitada pelos bombardeios unilaterais do Presidente Bush contra o Iraque do sanguinário déspota Sadam Hussein, perdoou dívidas de países africanos para conosco. Pois esse mesmo governo deveria realizar esforço de monta pelo povo haitiano, ressalvadas as prioridades nacionais, que estão nos investimentos estratégicos e não no aumento descontrolado dos gastos correntes.

O PSDB aprova o envio de mais tropas para garantir a ordem no Haiti desesperado, aturdido, desesperançado, que toca fundo em nossos corações, e cobra ações mais efetivas no terreno da ajuda econômica. Afinal, esse país-irmão tem futuro sim. Como bem diz o notável romancista amazonense Márcio Souza, o povo que gerou Jacques Dessalines, o herói da Independência, e concedeu asilo a Simon Bolívar, o artífice da autodeterminação da América espanhola, não pode permanecer sem destino

Esse é o discurso que eu gostaria de pronunciar diante de meus Pares congressistas. Por razões que já expus, sinto-me honrado em fazê-lo através da palavra autorizada do Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal.

Muito obrigado.

Senador Arthur Virgílio
Líder do PSDB

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A MAIOR DE TODAS AS BATALHAS

Para a direita, é claro, se trata de tentar impedir que esse processo prossiga. Seu maior fantasma é o de uma adesão duradoura do povo a projetos de justiça social. Ela se ampara no mercado e nos seus critérios seletivos e excludentes. Para a esquerda, se trata de travar a maior de todas as batalhas: a luta pela construção de idéias solidárias, de fraternidade, de justiça, fundadas no direito de todos.

Emir Sader @

O maior debate contemporâneo, aquele que reaparece cotidianamente, que praticamente cruza todos os maiores problemas que enfrentamos, é o da solidariedade. O aspecto mais negativo do vendaval avassalador com que o neoliberalismo tratou de se impor em nossas sociedades é o egoísmo.

Egoismo, individualismo, consumismo contra solidariedade, justiça, direitos – esta é maior batalhar ideológica e de comportamento, no Brasil e no mundo, atualmente. As expressões da postura egoísta são muitas: FHC dizia que no Brasil haveria milhões de “inimpregáveis”, isto é, de gente - segundo essa visão – demais, que não cabem “no mercado” – que é o critério da direita para saber quem cabe e quem não cabe.

A direita espanhola usa a frase “Não cabemos todos”, para tentar excluir aos imigrantes do alistamento nos serviços sociais. Se trataria de governar para uma parte da sociedade – um terço, no máximo um pouco mais -, porque se fundam no critério do que cabe no mercado. Não pensam a sociedade como um todo, filtram o que o mercado torna possível, condenando o resto ao abandono.

No Brasil de hoje, um país inquestionavelmente menos injusto do que era antes do governo Lula, se deveria contar com amplo apoio na questão mais importante que o país enfrenta: de ser uma sociedade para todos. Não somos um país pobre, pelos padrões internacionais, mas somos o país mais injusto, do continente mais injusto.Injusto, não pela miséria generalizada, mas pela distribuição de renda super desigual, entre os pólos de riqueza e de pobreza.

O tema do “país para todos” deveria ser o critério essencial para definir a natureza do Brasil hoje, a quantas andamos, que futuro queremos para o país. Porém é de temer que o critério da situação de cada um – especialmente nos setores de classe média – seja o essencial. Enquanto a economia crescer e atender as demandas de grande parte da população, as pessoas se sentem contentes, apóiam o governo Lula. Não parece que a extensão dos direitos aos até aqui sempre excluídos, os processos de distribuição de renda, o aumento sistemático do nível de emprego formal, entre outros aspectos inegavelmente positivos, sejam os critérios básicos para nortear o ponto de vista político das pessoas.

Para a direita, é claro, se trata de tentar impedir que esse processo prossiga. Seu maior fantasma é o de uma adesão duradoura do povo a projetos de justiça social. Ela se ampara no mercado e nos seus critérios seletivos e excludentes. Para a esquerda, se trata de travar a maior de todas as batalhas: a luta pela construção de idéias solidárias, de fraternidade, de justiça, fundadas no direito de todos.

Sem isso, se poderá avançar, conforme o sucesso econômico e a possibilidade de extensão do acesso a bens para todos. Porém, nosso critério tem que ser o da prioridade radical de incorporação aos direitos básicos dos pobres, da grande maioria, até aqui sempre marginalizada, do Brasil. Ajudar a que tomem consciência dos seus direitos, de quem são seus inimigos, de como podem e devem se organizar para garantir seus interesses e a continuidade dos projetos que os beneficiam. Ajudar a que sejam o sujeito fundamental na construção de um país justo, solidário, para todos.

Aí se joga o futuro do país: na superação do egoísmo, do consumismo, dos critérios de mercado, pelos de justiça, de solidariedade, de direito para todos

@ É sociológo, cientista político e professor aposentado pela USP, um dos organizadores do Fórum Social Mundial. http://www.cartamaior.com/templates/blogMostrar.cfm?blog_id=1&alterarHomeAtual=1

REDESCOBRINDO MANAUS: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIDADE NO CURSO DA HISTÓRIA

Entre os projetos de pesquisa do NCPAM para 2010 elegemos Redescobrindo Manaus como um dos mais importantes para se realizar na perspectiva de se promover exaustivo levantamento histórico seguido de uma análise profunda das transformações urbanas ocorridas na cidade de Manaus, destacando seus aspectos urbanos, arquitetônicos, sociais e políticos. Para isso, devem-se recorrer às fontes primárias documentais tais como: relatórios, falas, exposições dos presidentes da província e administradores que atuaram em Manaus entre 1852 e 1889, assim como os documentos emitidos pelos Intendentes, Prefeitos e Governadores circunscrito entre 1890 a 1960.

Na historiografia de Manaus no que se refere à sua formação urbana, ainda encontramos lacuna a ser preenchida, exigindo dos especialistas, do poder público e das corporações empresariais, comprometidas com o desenvolvimento local, esforço convergente para se formular e garantir estudos que possam orientar e redimensionar políticas públicas, bem como a edificação de novos empreendimentos identificados com um determinado projeto de cidade histórica e sustentável. Além da história material de suas ruas, praças, cemitérios, pontes, mercados, transporte e demais serviço público, releva-se também a dimensão ideológica da formação da cidade e sua perspectiva na história da Amazônia.

A primeira planta da cidade de Manaus, segundo consta, data de 1844, quando apresenta um pequeno vilarejo recortado irregularmente pelas curvas dos igarapés que drenam a cidade. Nessa planta as ruas estavam dispostas de maneira irregular, demarcadas pela indicação dos imóveis. Mas, em 1893, menos de cinqüenta anos depois, a nova planta da cidade feita durante a administração do governador Eduardo Ribeiro, revela alterações significativas, apresentando um mapa de traçado muito mais amplo e organizado. Nesse desenho, os igarapés já aparecem aterrados e a malha urbana sensivelmente ampliada, configurando uma planta muito mais regular, cuja orientação é referenciada na configuração de um tabuleiro de xadrez. Depoimentos de época indicam que a topografia da cidade, também foi modificada, com terraplenagem de colinas, morros, bem como, o aterramento dos igarapés e outros desníveis.

Na segunda metade do século XIX ainda persistiam algumas referências físicas das primeiras construções erguidas na cidade. Contudo, as poucas indicações existentes foram praticamente apagadas após a execução do plano de modernização implantada pelo governador Eduardo Ribeiro na última década daquele século.

Naquele momento, as idéias sobre higiene e saúde públicas orientavam os discursos em todos os segmentos da sociedade e seus objetivos estavam perfeitamente afinados com propostas de modernidade e progresso, que por sua vez orientavam a implantação de variados melhoramentos urbanos e a implantação de um mercado de produtos e serviços de consumo. Em geral, a instalação das estruturas de serviços e a instalação dos melhoramentos exigiam reformas urbanas radicais. Os espaços da cidade passavam a ser redimensionado, sobretudo, por questão de circulação e segurança pública.

O processo de redimensionamento dos espaços urbanos apresenta aspectos artificiais, pois reproduzem modelos descomprometidos com as necessidades locais. O modelo seguido prioriza um padrão de construção comprometido com uma sociedade dominante centrada na acumulação da riqueza mediada pela exploração do trabalho e dos recursos naturais em atenção ao mercado externo.

Objetivo:

  • Constuir historicamente o processo de transformação da cidade de Manaus a partir de diferentes componentes material, social e político;
  • Identificar e difundir fontes e informações relevantes para o estudo historiográfico da cidade de Manaus na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX;
  • Promover a formação de pesquisadores e especialistas sobre diferentes segmentos da cidade de Manaus;
  • Divulgar resultado da investigação através de publicação, artigos por meio de ferramentas midiáticas;
  • Preencher as lacunas na historiografia da cidade de Manaus recorrendo às fontes documentais;
  • Constituir um banco de dados para subsidiar as políticas públicas;
  • Apoiar pesquisas historiográficas, arqueológicas almejando a realização de futuros projetos de recuperação ou revitalização da cidade.

Justificativa:

Assim como a exploração da borracha na segunda metade do século XIX, a instalação da Zona Franca de Manaus determinou uma transformação radical da economia amazônica e foi capaz de financiar a instalação de uma nova sociedade regional urbana. Tal como no século XIX, o processo de mudanças do século seguinte foi acelerado em sua última década, não somente nos aspectos visuais e materiais da cidade, mas também, no plano político e social. A diversidade de ações aplicadas pelas diferentes políticas públicas urbanas não foi devidamente investigada, nem os resultados de sua aplicação, sobretudo, aquelas intervenções que apagaram significativas referências históricas, sociais e naturais da cidade.

Atualmente o tema vem ganhando o interesse de profissionais das áreas de história, geografia, ciências sociais, turismo e patrimônio que freqüentemente anunciam as lacunas existentes e sinalizam algumas áreas específicas demonstrando a necessidade de maiores investigações.

Grande parte da motivação que atualmente se direciona para a investigação da cidade é decorrente da difusão da política de valorização patrimonial que se apresenta, sobretudo, nas políticas de recuperação de centros históricos. Contudo, deve-se ressaltar a relevância desta política para o estimulo da investigação histórica e a ampliação de mercados para profissionais de diversas áreas.

O levantamento de dados, assim como a discussão das informações coletadas deve fornecer material suficiente para a construção de argumentos capazes de auxiliar nas análises, não somente daquele momento histórico proposto para pesquisa, mas também no processo de mudanças que ora se promove na cidade de Manaus.

Estratégia:

  • Realização do levantamento do acervo existente em Manaus;
  • Definição por área de interesse;
  • Sistematização do material (identificação, leitura e fichamento);
  • Organização cronológica com análise de época;
  • Elaboração dos relatórios preliminares dos dados coletados;
  • Criação de um banco de dados;
  • Análise das informações contidas na documentação de época com representações inseridas nos mapas e depoimentos de viajantes e outras fontes documentais;
  • Produção de textos, artigos e ensaios.
  • Relatório final.

    Considerações:

    A divulgação da proposta tem por fim dar visibilidade aos nossos projetos, ampliando a discussão e quem sabe aprimorando ainda mais nossa ferramenta metodológica quanto à abordagem da temática a ser pesquisada. Por outro lado serve também para que possamos estabelecer parâmetros de cooperação com os nossos apoiadores, parceiros e patrocinadores, oferecendo condições para que possam investir na cultura e na ciência com propósito de subsidiar as políticas pública do Estado e do Município numa perspectiva humana e participativa.

Foto: Otoni Mesquita

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

TV DO GOVERNO FEDERAL CENSURA ENCONTRO DO LULA COM SERRA


A NBR - TV do Governo Federal, que faz a cobertura diária da Agenda do Governo Lula censurou agora a pouco às 11h30, o encontro do Presidente Lula da Silva (PT) com o Governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ambos foram homenageados pelo Prefeito de Gilberto Kassab (PFL), durante a cerimonia dos 456 anos da capital paulista.

O primeiro condecorado foi o Governador Serra, que não perdeu oportunidade para pedir voto, alegando que transferia as homenagens "aos paulistanos nascido aqui, no país e no mundo", pois, segundo ele, para ser filho da cidade "basta amar São Paulo". Quando Serra acabou de falar, a NBR-TV deslocou sua câmara para a platéia, não registrando o cumprimento do Presidente ao Governador, que possivelmente será o candidato do PSDB a Presidência da República nas eleições de 2010.

Do mesmo modo agiu a NBR, quando o Presidente Lula terminou o seu discurso, depois de convocar o Prefeito Kassab, para participar em Brasília do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltado às Regiões Metropolitanas. O lançamento será no diz 26 de fevereiro e o Presidente espera o Prefeito em Brasília para nomear as prioridades de São Paulo, principalmente, quanto às ações de combate as enchentes, que no momento massacra os paulistanos, assim como também massacrou a familia Lula, desde quando passou a viver em São Paulo a partir de 1956.

A censura foi clara, exigindo dos diretores da NBR explicaçoes à Nação porque não se deve confundir o público com o privado, que a globo ou outro aglomerado das comunicações procedam deste modo até que se entende, mas uma TV pública é no mínimo absurdo, merecendo do Congresso Nacional uma atação firme junto à sua direção.

PGR ENROLA E NÃO DÁ PARECER EM AÇÃO SOBRE ANISTIA


No dia 3 de fevereiro via fazer um ano que o Supremo Tribunal Federal (STF) aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental por meio da qual o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) questiona a extensão da Lei da Anistia (Lei 6.6683, de 28/8/1979) a crimes comuns cometidos contra presos políticos. A "complexidade" e "delicadeza" do assunto foram as razões apresentadas pela PGR, é o que diz sua assessoria de imprensa, para ainda não ter dado parecer. A verdade é que a enrolação incentiva a impunidade.

Empurrar de Barriga - Além da polêmica, se dedeuz ainda que a troca de comando na Procuradoria pode ter adiado a elaboração do parecer. O processo recebido pelo então procurador-geral Antonio Fernando Souza foi "empurrado de barriga" para seu sucessor, Roberto Monteiro Gurgel Santos, empossado em julho do ano passado, que até agora não demonstrou interesse nenhum de manifestar parecer sobre matéria. No entanto, para OAB, é inconstitucional a interpretação de que são prescritíveis e perdoáveis casos de tortura, assassinato, sequestro e estupro praticados por agentes da ditadura entre 1964 e 1985.

Batendo Cabeça -Na linguagem dos juristas, "a matéria é controversa" e a resposta que a Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou ao STF no dia 2 de fevereiro do ano passado, por exemplo, traz pareceres contraditórios da Casa Civil, do Ministério da Justiça e da Secretaria dos Direitos Humanos sobre o assunto. Enfim, o governo bate cabeça, não se entendendo sobre a questão. Depois da AGU, o Supremo encaminho o processo para a PGR, onde dorme até hoje.
De qualquer forma, o presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto, considera "injustificável" a demora. "Não se pode compreender no Brasil o receio de se discutirem matérias envolvendo o período da ditadura militar", afirma Britto. "Não deveria se admitir essa demora. Todos têm que ter prazo para fazer valer a Justiça. O Ministério Público [PGR] tem que contribuir também com sua parte para permitir que o STF decida sobre essa matéria tão sensível", cobra o presidente da OAB. Pessoas que foram perseguidas e pelos parentes de desaparecidos durante o regime militar também criticam a demora. "Para qualquer cidadão que se preocupa com a dignidade humana, a tortura não é [crime] imprescritível", diz a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra.

A Impunidade - "O Brasil é o único país da América Latina que não trouxe a público essa questão e se nega a enfrentar a história", completa Elizabeth Silveira e Silva, irmã de Luiz René Silveira e Silva, desaparecido na década de 70 na Guerrilha do Araguaia. O fato é que a impunidade dos torturadores reflete atualmente na atuação do Estado. "Em todos os lugares, nada é apurado. Quem viola a lei tem certeza de que nada vai ser apurado", diz Elizabeth. "Os agentes do Estado", completa Cecília, "usam a tortura hoje contra a pobreza", segundo informações da Agência Brasil.

Fonte: OAB

domingo, 24 de janeiro de 2010

A NAÇÃO MARCADA PELA MISÉRIA

Márcio Souza (@)

Quando Jacques Dessalines proclamou a independência, dando um “mau exemplo” a todos os países escravagistas do continente, os Estados Unidos e demais países europeus estabeleceram um bloqueio comercial por 60 anos. Ou seja, as duas primeiras gerações livres do jovem país foram empurradas para a impossibilidade de construir com autodeterminação sua nação, dando início ao processo de fazer do Haiti o exemplo de povo miserável do continente. Ainda assim o povo de Haiti não perdeu a generosidade.

O que as imagens e a compaixão ensaiada dos noticiários da televisão e das matérias dos jornais não mostram sobre o Haiti? Para além da destruição do desespero das vítimas e da evidente pobreza do povo daquele país do Caribe, há o subtexto da miséria, de uma nação que nunca conseguiu escapar das garras do subdesenvolvimento. E mais grave, aparentemente esta condição de país miseráveis parece ser explicada – e aqui e ali surgem vozes que assim o declaram com clareza -, pela composição étnica de seu povo, oriundos da África, de onde foram arrancados como escravos pelos plantadores de cana europeus.

O Haiti, segundo os porta vozes do racismo, como vocalizou o próprio cônsul daquele país em São Paulo, tem um destino manifesto pelo avesso, pois nada se pode esperar em termos de progresso de um povo composto de pessoas negras, que teimam em manter viva sua cultura e religião, a despeito de séculos de massacre colonial. As dramáticas imagens dos efeitos do terremoto de 7 graus na escala Richter, que se abateu no dia 12 passado no país, com cenas de filas da famintos, de feridos com membros amputados, saques, violência, crime e desespero, não conseguem encobrir a situação terrível em que este mesmo povo já se encontrava.

O Haiti, primeiro país americano a libertar seus escravos, depois de uma revolução de escravos, que derrotou tropas francesas e espanholas, nunca teve sossego em sua longa e desgraçada história.

O pastor evangélico eletrônico Pat Robertson declarou que o povo haitiano estava pagando seus pecados, por ter assinado em 1810 um pacto com o diabo para garantir sua vitória contra as forças do colonialismo.

Se isto realmente é um fato, se o grande líder popular do povo da América, Jacques Dessalina, fez um pacto com o diabo para derrotar os franceses em 1803, então esse é um diabo que merece mais respeito que aquele vigarista americano que engana milhões de crédulos.

Desde que o território do Haiti foi cedido pela Espanha para a França em 1697, aquela parte da ilha se transformou numa sucursal do inferno. Portanto, o tal pacto não se deu com algum desconhecido, os franceses católicos e calvinistas já haviam antes introduzido na terra o próprio diabo em todo o seu triunfo, com a brutal importação de mão de obra escrava e com o trabalho intenso e violento que fazia com que um homem jovem, sadio, não durasse mais que seis meses. E não foi por nada que este pedaço de ilha, no século XVIII, foi a colônia mais rica e próspera da França no continente americano, exportando açúcar, cacau e café.

Quando Jacques Dessalines proclamou a independência, dando um “mau exemplo” a todos os países escravagistas do continente, os Estados Unidos e demais países europeus estabeleceram um bloqueio comercial por 60 anos. Ou seja, as duas primeiras gerações livres do jovem país foram empurradas para a impossibilidade de construir com autodeterminação sua nação, dando início ao processo de fazer do Haiti o exemplo de povo miserável do continente. Ainda assim o povo de Haiti não perdeu a generosidade.

Simon Bolívar ali se refugiou em 1815, após fracassar na sua primeira tentativa de expulsar os espanhóis da América. O povo do Haiti o recebeu de braços abertos, deu armas, recursos em dinheiro e homens para a sua luta de libertação, com a condição de que a escravidão fosse abolida nas terras que se tornassem independentes. A promessa não foi cumprida.

Para suspender o bloqueio, o Haiti foi obrigado a indenizar a França em 150 milhões de francos. Os Estados Unidos ocuparam o país entre 1915 e 1934, depois, a partir de 1945, sustentaram no poder o ditador François Duvalier.

Hoje o Haiti é reserva de mão de obra barata das empresas norte americanas. O terremoto foi real, mas a miséria foi construída com anos e anos de injustiças. Tirem o capeta dessa história maldita, aceitem as responsabilidades.

(@) É membro da Academia Amazonense de Letras, dramaturgo, cineasta, autor de Galvez, imperador do Acre; Mad Maria; Expressão Amazonense: Do colonialismo ao neo-colonialismo - e tantos outros com reconhecimento internacional e articulista de A Crítica. marciosouza@argo.com.br

sábado, 23 de janeiro de 2010

ENCONTRO DOS POVOS GUARANI DA AMÉRICA DO SUL

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC) lançou um Blog para divulgar o Encontro dos Povos Guarani da América do Sul - Aty Guasu Ñande Reko Resakã Yvy Rupa, que será realizado de 2 a 5 de fevereiro deste ano, na aldeia indígena Tekoha Añetete, localizada no município de Diamante D’Oeste, no Paraná. O Encontro reunirá mais de 800 indígenas Guarani da Bolívia (Chiriguano), do Brasil (Kaiowa, Ñandéva e Mbya), do Paraguai (Ache-Guayaki, Kaiowa, Mbya e Ava-Guarani) e da Argentina (Mbya).

As notícias sobre o Encontro - que tem como objetivo principal criar uma nova perspectiva de intercâmbio cultural que fortaleça a relação entre os Guarani - poderão ser acessadas em tempo real, a partir de agora, e durante toda a realização do evento. No Blog estarão disponibilizadas, ainda, fotos e vídeos, artigos e documentários.

Os Guarani constituem um povo de forte identidade étnica e cultural, que fala uma única língua e que vive de acordo com valores e construções cosmológicas muito similares. Os territórios de ocupação tradicional desses povos se estendem pelo Paraguai Oriental, o Norte da Argentina, o Sul da Bolívia e por sete estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo). No Brasil, somam mais de 65 mil indivíduos, dentre os 250 mil existentes na América do Sul, e representam o grupo étnico mais numeroso do país, concentrando-se predominantemente no Mato Grosso do Sul.

Por meio do Blog, os interessados poderão acompanhar tudo que acontece no Encontro e informar-se sobre a história da etnia no Brasil e nos outros países da América do Sul, além de acessar links que remetem o internauta a outros sites que abordam questão relativas aos povos Guarani. Os usuários podem contribuir com sugestões ou comentários na área Notícias.

O Blog do Encontro do Povos Guarani da América do Sul pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico: blogs.cultura.gov.br/encontroguarani.

Fonte: Comunicação SID/MinC.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

MUNDO WEB - TUDO CONECTADO

Sergio Augusto

Reproduzido do suplemento "Aliás" do Estado de S.Paulo, 17/1/2010.

Bem-vindo a mais um fórum internacional da Edge Foundation. Para quem perdeu os anteriores, um rápido memorex: anualmente o empresário cultural high tech John Brockman, mentor da Edge Foundation, formula uma pergunta, via internet, a uma vasta rede de cientistas, intelectuais e artistas, e divulga as respostas que ao seu The World Question Center chegam entre novembro e dezembro. "Qual a invenção mais importante dos últimos 2 mil anos?" "O que você acredita ser verdade, mas não tem como provar?" "O que mudou sua cabeça nos últimos tempos?", "Que inventos ou ideias científicas poderiam mudar tudo a nossa volta" – perguntou Brockman nos últimos quatro anos.

No fórum deste ano, uma questão atualíssima: "A internet está mudando seu modo de pensar?"

O psicólogo Steven Pinker, autor de Como a Mente Funciona, disse que não. Concordaram com ele, entre outros céticos, o biólogo evolucionista Mark Pagel, o escritor Tom McCarthy e o cientista cognitivo Donald Hoffman. Para Pinker, a internet só mexeu, de fato, com seu modo de organização material: pastas de arquivos, cartas, documentos, substituídos por softwares. Pagel reforça sua tese de que ainda somos o que milhões de anos de seleção natural forjaram lembrando alguns de seus amigos alheios ao mundo virtual, que, não obstante, pensam do mesmo jeito que nós, internautas. Hoffman também duvida que a internet, com apenas duas décadas de vida, possa alterar o que a evolução da espécie levou milênios para moldar.

Perda de tempo

Ainda é cedo para dizer, responderam o professor de telecomunicações interativas Clay Shirky, a física Lisa Randall, o historiador James O´Donnell e, com outras palavras ("Ainda precisamos descobrir o preço da onisciência"), o já citado Donald Hoffman. "A internet é ótima para pessoas desorganizadas como eu", acrescentou Randall, outrora apegada a anotações e recortes de jornais e revistas, que sempre receava perder, e às vezes perdia. "Meus dedos agora fazem parte do meu cérebro", salientou O´Donnell, eximindo-se de especular sobre as consequências cognitivas dessa incorporação.

O músico e agitador sociocultural Brian Eno, apesar de admirar a internet e estar sempre conectado, acredita que o celular tenha afetado mais o cotidiano das pessoas (o dele, certamente afetou) que a internet.

Nenhum ludita foi consultado; ainda bem, seria perda de tempo. Tecnólatras, vários se manifestaram, alguns com o hybris costumeiro, prevendo o fim de quase tudo, uma tabula rasa de todo e qualquer artefato impresso. O ex-editor da revista New Scientist Alun Anderson reservou para os jornalistas o mesmo destino que tiveram os limpadores de chaminé e, para o livro, a mesma sorte dos códices e papiros. Em sua bola de cristal, o livro aparece apenas como um verbete. Da Wikipedia, claro.

Herético, a rigor, apenas um: o músico (e pioneiro da realidade virtual) Jaron Lanier, que há tempos declarou guerra às inanidades e beligerância predominantes na web 2.0. Detalhes sobre sua apostasia em You Are not a Gadget: A Manifesto. Que Alun Anderson não nos ouça (leia ou veja): trata-se de um livro, recém-editado nos Estados Unidos que está dando muito o que falar (e ler).

Abrindo os trabalhos, Brockman, como não podia deixar de ser, puxa o cursor para sua barra de tarefas, definindo a internet como "a nova e radical epistemologia que desmonta nossa habitual maneira de pensar", desafia nossas antigas certezas e estimula o compartilhamento de saberes e o surgimento de um "consciente coletivo". A maioria dos consultados concorda. Uns com justificável entusiasmo, outros com um grão de sal e uma fieira de caveats.

O biólogo evolucionista Richard Dawkins tem a internet na conta de "uma das maiores realizações da espécie humana", mas desconfia da precisão das informações veiculadas na rede e receia que navegar por ela seja viciante e, muitas vezes, uma "prodigiosa perda de tempo" por encorajar o hábito de borboletear de tópico em tópico, em vez de explorar uma coisa de cada vez.

Falta aquela epifania

"Penso mais rápido atualmente", admitiu o jornalista alemão Adrian Kreye. "O Twitter agilizou meu trabalho", prosseguiu, "mas a internet não afetou minha maneira de pensar. Ainda não senti uma epifania diante do monitor. Minha vida e minhas ideias sempre foram afetadas por pessoas, lugares e experiências não virtuais – e assim continuam".

Outros jornalistas, mesmo reconhecendo, implícita ou explicitamente, a inegável importância da web e das redes sociais na luta pela liberdade em regimes autoritários, no socorro às vítimas de tragédias naturais, como no terremoto do Haiti, e até no registro de ações criminosas, exageraram nos grãos de sal. John Markoff, do New York Times, confessou-se pessimista com o estado atual da internet. "Virou um reflexo das misérias do mundo", um ambiente dominado por russos, ucranianos, nigerianos e outros traficantes de vírus e spams e ladrões de senhas.

O diretor de teatro Richard Foreman compara a internet à maçã do Gênese, o fruto proibido do saber. Já a mordeu, ressalta, mas tem certeza de que não viverá o bastante para descobrir se ela, afinal, nos levará ao paraíso ou ao inferno. Ao que tudo indica, a consultora da Apple Linda Stone já se descobriu no inferno: "A internet roubou meu corpo, que hoje é uma forma sem vida curvada diante de um monitor", abriu-se no fórum. O pior é que nem trocando seu Mac por um PC as coisas deverão melhorar para o lado dela.

Os depoimentos entusiásticos a favor da internet e seus prodígios dão a tônica ao fórum, ele próprio um prodígio da web 2.0. Marissa Mayer, pesquisadora da Google, disse ter aumentado seu poder de decisão e aprendido a usar o tempo de forma mais eficiente, navegando na infovia. O psicólogo de Harvard Stephen M. Kosslyn ficou "mais esperto" e fez da internet a sua memória e do navegador, uma extensão do seu corpo. "Minhas sinapses melhoraram bastante, o raciocínio digital aprimorou-as", revelou Stewart Brand, cofundador da Global Business Network.

O veterano cineasta de vanguarda Jonas Mekas passou a produzir imagens sem se preocupar com os problemas habituais de distribuição. Há seis anos põe tudo na web; sua obra tem sido muito mais vista do que quando filmava em película ou gravava em vídeo.

Hans Ulrich Obrist, curador de galerias de arte em Londres, orgulha-se de ter passado a pensar mais em termos de "ambos/e" do que "e/ou" e "nem/não". Coinventor da plataforma Facebook, Dave Morin jura que a internet o ensinou a definir melhor, evoluir e crescer. "Ela é social, um modo de vida, contextualiza e traz felicidade", acrescentou, fazendo coro com o depoimento do crítico de informática Howard Rheingold, para quem a vida online nada tem de solitária. "Quando marco ou baixo um site, um vídeo, uma imagem, minha escolha torna-se visível a outros, e vice-versa."

Novo darwinismo

No mesmo tom, o físico e cientista de computação W. Daniel Hillis teorizou: "Se o tema do Iluminismo foi a independência, o da internet é a interdependência. Estamos todos conectados, humanos e máquinas. Chegamos à era do enredamento". Graças a esse enredamento, ficamos menos egocêntricos, mais generosos, mais altruístas, acredita o biólogo Seirian Sumner, que descrê de mudanças em nossa maneira de raciocinar, mas não em nosso modo de agir. Aliás, se não fosse a internet, ele não teria descoberto a existência de mais 17 Serians residindo na América.

Brian Eno concorda com o incentivo da internet à generosidade e ao altruísmo, mas se queixa de um efeito colateral: "Fiquei mais impulsivo". Já apoiou algumas causas e assinou manifestos sem checar direito a procedência de suas reivindicações. De somenos, se comparada às queixas do analista de mídia Douglas Rushkoff, que acusa a internet de haver piorado seu caráter: "Virei um ressentido, um reacionário". E de pavio curto.

O neurocientista Brian Knutson suspeita que a internet acabe impondo um novo darwinismo, um novo tipo de seleção natural, não dos mais fortes, mas dos mais atentos, dos que possuem maior poder de concentração e filtragem de dados. O futurismo dark de Knutson se casa à perfeição com o neomarxismo digital do russo Evgeny Morozov, autor da expressão ciberlumpenproletariado, na qual enquadra todos aqueles engolfados pelo tufão dos sites de fofocas, dos videogames idiotizantes, dos blogs populistas e xenófobos e das redes sociais dominadas por bullies e cretinos.

Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=573ENO001

DIVERSIDAD BIOLÓGICA Y CULTURAL

El sitio sagrado de los volcanes de Hawai visto por un artista

© T. Schaaf

Numerosas sociedades en el mundo otorgan un estatus especial a los sitios naturales considerados sagrados – sea mediante el reconocimiento de las divinidades o espíritus residentes, sea en su calidad de santuarios dedicados a los ancestros. En numerosos casos, el hecho de estar considerados sagrados conlleva medidas restrictivas para estos sitios. Como consecuencia, bosquecillos sagrados, montañas, ríos y otros lugares sagrados actúan como importantes reservorios de diversidad biológica que conservan plantas y especies de animales únicos y raros.

Las creencias sagradas y los tabúes relacionados con estas áreas naturales desempeñan un papel importante en la protección de ecosistemas particulares por parte de los indígenas y la población local. Curanderos, sacerdotes y chamanes utilizan a menudo especies de plantas particulares de estos sitios sagrados. En virtud de su rol en la sociedad suelen implicarse mucho en la preservación de estos sitios, paisajes y ecosistemas.

El programa MAB de la UNESCO, en colaboración con sus organizaciones asociadas y los indígenas así como con la población local, trabaja a favor del reconocimiento de la importancia de los sitios naturales sagrados en la conservación ambiental y la validación de identidades culturales. A este respecto, se han realizado varias reuniones internacionales, como la de Kunming (China) y la de Tokyo (Japón) en las que se formularon directrices de conservación y gestión de estos sitios naturales sagrados pensadas para los gestores de estas áreas protegidas.

Vea las actas de las conferencias y las directrices enunciadas:

INDÍGENAS VÃO A OAB CONTRA REFORMA DA FUNAI

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, recebeu nesta sexta-feira (22), na sede da entidade, em Brasília, indígenas da nação Kaingang que defendem a inconstitucionalidade do Decreto 7056/09, baixado pelo presidente Lula, extinguindo mais de 20 Administrações da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em todo o País. "Isso causou uma revolta nos povos indígenas do País. Viemos pedir o apoio a OAB para o ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o decreto. Ao tomar essa decisão, o governo não consultou os povos indígenas, o que é um absurdo", afirmou Ubiratan Maia, integrante do Grupo de Trabalho de Assuntos Indígenas da OAB, que acompanhou as lideranças indígenas no encontro.

O presidente da OAB afirmou que a entidade irá apoiar o pleito, mas informou que a questão será encaminhada primeiramente pela Comissão de Estudos Constitucionais para o exame legal dos pontos levantados. "Queremos discutir a melhor maneira de convivência para cada etnia indígena e não fomos ouvidos. O governo não precisa decidir por nós. Nós temos capacidade para isso", afirmou o índio Ivan, do povo Kaingang. O decreto prejudica os povos indígenas, principalmente, os que vivem nos Estados de Pernambuco, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina, Amazonas e Rondônia.

Fonte: OAB
Foto: Eugenio Novaes

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL DE VOLTA A PORTO ALEGRE

O Ministério da Cultura marcará presença na décima edição do Fórum Social Mundial, que acontece de 25 a 29 de janeiro, no Rio Grande do Sul. Este ano, as atividades do FSM 2010 se desenvolverão de forma descentralizada e o estado gaúcho sediará em sete cidades (Porto Alegre, Gravataí, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga e Sapucaia do Sul) o Fórum Social Mundial 10 Anos: Grande Porto Alegre, que abrirá o FSM 2010 e que terá mais de 500 atividades.

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC) participará de quatro mesas de diálogo da programação do evento. Duas delas tratarão de temas sobre as Culturas Indígenas e o movimento Hip Hop. Também estará presente nas mesas de debate sobre A Convenção da Diversidade Cultural e os Governos Locais e A Participação Social no Contexto da América Latina. Esta última terá a apresentação do projeto Vidas Paralelas, uma parceria dos Ministérios da Cultura e da Saúde, da Rede Escola Continental em Saúde do Trabalhador, da Universidade de Brasília, e apoio das Centrais Sindicais.

Vidas Paralelas

(Novo Hamburgo, Acampamento Intercontinental da Juventude, Estande Espaço Saúde e Cultura Mercedes Sosa, dia 25, às 12h; Porto Alegre, Mezanino da Usina do Gasômetro, dia 26, às 16h)

A SID/Minc iniciará sua participação no FSM nas mesas integradas pelo projeto Vidas Paralelas, uma ação inovadora no campo da cultura e da saúde do trabalhador, que já foi implantado em 18 estados brasileiros, beneficiando 420 trabalhadores por meio da expressão artística, principalmente a produção de fotografias e vídeos que revelam o cotidiano e a realidade vivida no seu ambiente de trabalho.

Do total de fotos produzidas durante todo o primeiro ano do projeto, 15 foram selecionadas para participar de uma exposição digital, que será inaugurada no dia 25, em Novo Hamburgo, durante o lançamento do Vidas Paralelas no FSM. A exposição das fotos também irá para Porto Alegre, no dia 26, na Usina do Gasômetro.

O projeto Vidas Paralelas fará parte, ainda, de uma mesa-redonda que discutirá a Participação Social no Contexto da América Latina, no dia 26, em Porto Alegre e que terá a coordenação da chefe da Divisão de Implementação da SID/MinC, Thais Werneck.

Culturas Indígenas

(Canoas, Auditório Centro Universitário La Salle, dia 27, das 15h às 18h)

Na mesa internacional Culturas Indígenas, a SID/MinC será representada pelo coordenador-geral de Fomento à Identidade e Diversidade, Marcelo Manzatti, que falará sobre o trabalho que está sendo desenvolvido pela Secretaria para a promoção e proteção das Culturas Indígenas no Brasil.

A mesa será composta ainda por Roberto Espinosa, representante da Coordenadoria Andina de Organizações Indígenas (CAOI), Romancil Cretã, do Conselho Nacional de Política Cultural e presidente da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPIN-Sul), por Sergio Hinojosa Singuri, liderança Quechua da Bolívia, e por Daniel Munduruku, do Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual.

Cultura Hip Hop

(Canoas, Auditório Centro Universitário La Salle, dia 29, das 10h às 13h e às 21h)

No dia 29, a Cultura Hip Hop estará em evidência. O secretário da SID/Minc, Américo Córdula, participará da mesa de diálogo sobre o Processo Emancipatório do Hip Hop, das 10h às 13h. Córdula falará como a cultura do segmento, que se originou nos guetos de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, se desenvolveu e ganhou características próprias no Brasil desde a década de 80. Fazem parte também da mesa de debates: Adriano de Jesus, da Ação Educativa/SP; Dudu do Morro Agudo, da Rede Enraizados/RJ; Diego NoiseD do Instituto Trocando Idéia/RS; Fabio Kossmann da Nação Hip Hop e Def Yuri da Aliança Hip Hop.

Ainda no dia 29, sexta-feira, às 21h, haverá o lançamento do 1º Edital Prêmio Cultura Hip Hop 2010 - Edição Preto Ghóez, que contemplará este ano, 92 iniciativas, somando um total de R$ R$ 1,2 milhão em prêmios e será realizado em parceria com a Organização Ação Educativa (SP) e o Instituto Empreender (DF).

Convenção da Diversidade Cultural

(São Leopoldo, Centro Cultural José Pedro Boéssio, dia 27, às 14h)

O secretário da SID/MinC representará o Governo Federal na mesa-redonda que abordará A Convenção da Diversidade Cultural e os Governos Locais. Américo Córdula participa da mesa cujo tema será Os Governos Locais Diante da Convenção, juntamente com Daniel Zen, secretário da Cultura do Estado do Acre e presidente do Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Cultura; Jandira Feghali, secretária da Cultura do Rio de Janeiro e presidente do Fórum Nacional dos Secretários Municipais de Cultura; e Luís Repetto, ex-ministro da Cultura do Peru, especialista da área de Patrimônio Cultural e Museus e professor da PUC-Lima.

Os 10 anos do FSM

O Fórum Social Mundial é um espaço internacional para a reflexão e organização de integrantes de movimentos sociais, entidades, organizações-não governamentais e representantes do setor público que estão construindo alternativas para favorecer o desenvolvimento humano em seus países e nas suas relações internacionais. O evento reúne, desde 2001, representantes de todos os continentes que participam de atividades como debates, seminários, atividades culturais, marchas e espaços abertos para a interação direta.

A primeira reunião do FSM foi realizada em 2001, na cidade de Porto Alegre, entre 25 e 30 de janeiro, com o objetivo de se contrapor ao Fórum Econômico Mundial, tradicionalmente realizado em Davos, na Suíça. Esse Fórum tem cumprido, desde 1971, papel estratégico na formulação do pensamento e das políticas neoliberais, até a última crise econômica mundial, bastante difundida em todo mundo.

Ao longo dos dez anos de atividade, o Fórum Social Mundial foi realizado quatro vezes na capital gaúcha (2001, 2002, 2003 e 2005). Em 2004, pela primeira vez, em Mumbai, na Índia. A decisão foi tomada pelo Conselho Internacional do FSM como parte do processo de construção de sua internacionalização.

A edição do FSM em 2006 foi policêntrica, ou seja, ocorreu de forma descentralizada, em diferentes lugares do mundo. Três cidades sediaram o FSM 2006: Bamako (Mali - África), Caracas (Venezuela - América) e Karachi (Paquistão - Ásia). Em 2007, o local escolhido foi Nairóbi, no Quênia. Em 2008, o Conselho Internacional do FSM decidiu fazer, ao invés de um evento centralizado, uma semana de mobilização e ação global, marcada por um dia de visibilidade mundial, que foi realizado em 26 de janeiro.

Em 2009, o FSM voltou para o Brasil, reunindo representantes dos cinco continentes na cidade de Belém do Pará. Durante seis dias, no final de janeiro, cidadãos, movimentos e organizações de 142 países se encontraram na capital paraense. 113 mil pessoas participaram de 2.300 atividades diferentes. O evento teve, desta vez, a participação significativa do segmento indígena. Mais de 1.300 representantes de povos indígenas estiveram presentes no IX FSM.

O Fórum Social Mundial 10 anos - Grande Porto Alegre abrirá a série de eventos do Fórum. O conselho Internacional programou, para este ano, mais 20 fóruns que serão realizados, no decorrer de 2010, em cinco continentes do mundo.

Acesse o sítio do FSM 2010: www.fsm10.org
Fonte: Heli Espíndola- Comunicação/SID/MinC.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A POLÍTICA COMO FORÇA DA ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA

Ademir Ramos (*)

Há mais de seis meses tenho dedicado tempo para estudar o exercício da política na teia das relações de vizinhança de um conjunto de moradores situado na zona leste de Manaus, capital do Amazonas. Em sua maioria, os moradores das 53 casas de alvenaria do conjunto, decidiram em assembléia geral transformar esse território em área fechada sob a tutela de um condomínio a ser criado.

Nesse sentido, elegeram uma coordenação de trabalho, cofiando aos eleitos os encaminhamentos quanto à legalidade desse instituto, bem como investir na segurança garantindo o bom funcionamento de uma guarita sob comando dos guardas contratados para esse fim. Para isso, os moradores contribuem com o valor R$ 100,00 por mês.

O conjunto fica situado na confluência do bairro do Coroado III, na circunvizinhança da floresta do Campus da Universidade Federal do Amazonas, o perfil dos moradores varia tanto profissionalmente como academicamente. O que permite intensificar, ainda mais, o diálogo pautado na diversidade dos temas ancorado na demanda posta a coordenação do trabalho diretivo.

Desse modo, criou-se uma dinâmica própria tendo por base a realização de uma Assembléia Ordinária – toda primeira quinta-feira do mês – com protocolo formal para instrução do processo a ser apresentado junto ao cartório e ao poder público, requerendo a legalidade da instituição condominial. Para, isso foi preciso instituir uma dinâmica própria considerando o ordenamento político de discussão e aprovação dos temas abordados de interesse dos moradores do referido conjunto.

Além das Assembléias mensais tenho acompanhado as discussões da equipe diretiva, que é feito na rua do conjunto, que por sua vez é constituído de duas ruas somente circundado por muro de proteção, não permitindo fluxo de carro e de transeunte que não seja morador dessa paragem. Eis a razão porque um dos moradores chega a denominar o conjunto como “ilha” por está separado dos comunitários do bairro vizinho.

Os temas discutidos nas reuniões de rua podem ser classificados como subjetivos e objetivos. O interessante nessas reuniões é a participação dos jovens do conjunto – estudantes de ensino médio e universitário – que falam de suas conquistas referentes às namoradas, dos seus clubes do coração, de seus projetos escolares, entre outros. Os temas objetivos são discutidos politicamente visando o cumprimento das deliberações da Assembléia.

O relevante desse fenômeno organizacional é o espaço que se conquista na rua para se discutir política comunal, analisando vértices diferentes dessas ralações. O processo em curso, tratando-se do ano eleitoral, permite com que os moradores inseridos na discussão construam cenários relativos à determinada candidatura, avaliando a qualidade dos atores frente às demandas das comunidades e seu compromisso com a coisa pública.

Em plena rua do conjunto, as discussões prolongam-se pela madrugada à dentro, não mais reduzida as questões domésticas ou cartoriais, mas, sobretudo, discutindo política como estratégia, valor e cidadania para qualificar ainda mais a participação desses protagonistas comunitários no processo de escolha de seus mandatários.

Com isso, a política ganha significado e estatura quando seus intérpretes a compreendem como instrumento necessário para garantir direitos fundamentais numa perspectiva de construção do novo ordenamento político de governança centrado na participação popular, enquanto instrumento de controle social.

Essas notas têm por fim conhecer outras experiências analíticas e quem sabe ampliar a discussão sobre o valor da participação e suas formas de afirmação da cidadania numa perspectiva das organizações comunitárias tanto no campo como na cidade.

Por aqui as discussões continuam e agora está em pauta o planejamento estratégico visando à definição do Desenvolvimento Comunitário Sustentável.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.