Belmiro Vianez Filho(*)
Num momento em que a Amazônia volta à berlinda ambiental planetária, acusada de um lado de comprometer a estabilidade do clima com suas “queimadas”, e de outro, transformada em moeda de troca de salvação da lavoura terrestre pela intocabilidade de seu bioma, que condena seus habitantes à penúria e ao atraso, é oportuno evocar a figura do cientista e médico Djalma da Cunha Batista, um amazônida do Acre, de Tarauacá, que nos deixou há três décadas e cuja trajetória precisa ser revisitada permanentemente pelas novas gerações.
Comecei a respeitá-lo através dos relatos pessoais de seo Belmiro, que lhe guardava a adjetivação significativa de “um grande amazonense e profundo conhecedor de nossa riqueza”. E a confirmar seu talento e compromisso nos depoimentos de Samuel Benchimol, para quem ele foi um entusiasta da pesquisa na Amazônia, em cujos estudos se debruçou “...para melhor conhecê-la e amá-la e, sobretudo, para transmitir a sua mensagem aos mais novos que estão nos sucedendo na liderança regional”.
Pioneiro na direção do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) , o instituto de pesquisas fundado por Getúlio Vargas na Amazônia no início dos anos 50 para fazer frente às iniciativas de internacionalização e ocupação estratégica e científica da região, Djalma Batista, à luz da precariedade estrutural e financeira de Manaus para atrair pesquisadores de outros centros, resolveu apostar na formação nativa de massa crítica local, criando condições efetivas para formar jovens em outros centros, distribuindo bolsas de iniciação científica para funcionários, estimulando estudos e todo tipo de investigação no bioma amazônico. Um mecenas do conhecimento das coisas da floresta.
Numa de suas obras mais importantes, “O complexo da Amazônia”, resume os argumentos principais sobre a necessidade do conhecimento para de cifrar o enigma amazônico. O papel decisivo e elucidativo do saber como requisito da prosperidade regional e de manutenção da soberania nacional para a região. A rede de laboratórios que o Centro de Biotecnologia da Amazônia tentou articular em sua concepção original, por exemplo, foi implantada no INPA por Djalma Batista, há meio século, com instituições do Norte e Nordeste, como requisito de divulgação do saber, a despeito das limitações de interatividade e comunicação da época.
Passados as derradeiras tormentas da recente crise, dados do Ministério do Planejamento confirmam que o Brasil está retrocedendo ao papel histórico de fornecedor de matérias-primas, de produtos do setor primário, sem agregação de valor pelas tecnologias do beneficiamento. No início deste século, em 2000, portanto, a presença desses produtos representava 23% na pauta de exportações brasileiras. Em 7 anos passou para 30% e, em 2009, apesar da retração do mercado externo, pulou para 42%, o mesmo percentual dos itens manufaturados. Isso nada mais é do que o reflexo da falta de inv estimento em pesquisa e inovação tecnológica. Um descuido que é incalculavelmente mais perverso na floresta, onde repousam a maior biodiversidade do planeta, os insumos sustentáveis para a produção de alimentos, cosméticos e fármacos que a lucidez de Djalma Batista tanto recomendou.
Zoom-zoom
· Deslizamentos – É coerente e emergencial a convocação do Ministério Público Estadual das entidades ligadas à ocupação do espaço urbano para discutir o mapeamento e as políticas de prevenção de riscos das tragédias urbanas que se repetem por todo o país. Prevenir é sempre o melhor remédio.
· Plano Diretor – A ausência de dados mais precisos no âmbito público de mapeamento preciso e detalhado das áreas de risco remete aos descuidos atávicos com o Plano Diretor de Uso e Ocupação do Solo em Manaus. Faltam rigor e vigilância na elaboração desse importante e decisivo referencial de crescimento. Assim permane cendo, estaremos reproduzindo o caos urbano e a tragédia humana e transferindo a outrem a responsabilidade que é de cada um de nós.
· Empregos – Os dados de desempenho do Distrito Industrial, divulgados nesta semana pela Suframa, repetem um alerta que tem sido feito por esta coluna. É preciso mais atenção para a questão dos empregos, cuja recuperação não acompanhou as taxas de crescimento do Pólo Industrial. E pelo visto tenderá a demorar a retomad a dos patamares de agosto de 2008.
· Desequilíbrio – Nunca é demais lembrar que a roda da economia gira através da movimentação do varejo, que depende da demanda dos consumidores. E desempregado não consome, no máximo descamba para a informalidade, que não contribui no bolo social. É um desequilíbrio que ameaça a dignidade das pessoas e, de quebra, a h armonia da sociedade.
(*) É empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
Num momento em que a Amazônia volta à berlinda ambiental planetária, acusada de um lado de comprometer a estabilidade do clima com suas “queimadas”, e de outro, transformada em moeda de troca de salvação da lavoura terrestre pela intocabilidade de seu bioma, que condena seus habitantes à penúria e ao atraso, é oportuno evocar a figura do cientista e médico Djalma da Cunha Batista, um amazônida do Acre, de Tarauacá, que nos deixou há três décadas e cuja trajetória precisa ser revisitada permanentemente pelas novas gerações.
Comecei a respeitá-lo através dos relatos pessoais de seo Belmiro, que lhe guardava a adjetivação significativa de “um grande amazonense e profundo conhecedor de nossa riqueza”. E a confirmar seu talento e compromisso nos depoimentos de Samuel Benchimol, para quem ele foi um entusiasta da pesquisa na Amazônia, em cujos estudos se debruçou “...para melhor conhecê-la e amá-la e, sobretudo, para transmitir a sua mensagem aos mais novos que estão nos sucedendo na liderança regional”.
Pioneiro na direção do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) , o instituto de pesquisas fundado por Getúlio Vargas na Amazônia no início dos anos 50 para fazer frente às iniciativas de internacionalização e ocupação estratégica e científica da região, Djalma Batista, à luz da precariedade estrutural e financeira de Manaus para atrair pesquisadores de outros centros, resolveu apostar na formação nativa de massa crítica local, criando condições efetivas para formar jovens em outros centros, distribuindo bolsas de iniciação científica para funcionários, estimulando estudos e todo tipo de investigação no bioma amazônico. Um mecenas do conhecimento das coisas da floresta.
Numa de suas obras mais importantes, “O complexo da Amazônia”, resume os argumentos principais sobre a necessidade do conhecimento para de cifrar o enigma amazônico. O papel decisivo e elucidativo do saber como requisito da prosperidade regional e de manutenção da soberania nacional para a região. A rede de laboratórios que o Centro de Biotecnologia da Amazônia tentou articular em sua concepção original, por exemplo, foi implantada no INPA por Djalma Batista, há meio século, com instituições do Norte e Nordeste, como requisito de divulgação do saber, a despeito das limitações de interatividade e comunicação da época.
Passados as derradeiras tormentas da recente crise, dados do Ministério do Planejamento confirmam que o Brasil está retrocedendo ao papel histórico de fornecedor de matérias-primas, de produtos do setor primário, sem agregação de valor pelas tecnologias do beneficiamento. No início deste século, em 2000, portanto, a presença desses produtos representava 23% na pauta de exportações brasileiras. Em 7 anos passou para 30% e, em 2009, apesar da retração do mercado externo, pulou para 42%, o mesmo percentual dos itens manufaturados. Isso nada mais é do que o reflexo da falta de inv estimento em pesquisa e inovação tecnológica. Um descuido que é incalculavelmente mais perverso na floresta, onde repousam a maior biodiversidade do planeta, os insumos sustentáveis para a produção de alimentos, cosméticos e fármacos que a lucidez de Djalma Batista tanto recomendou.
Zoom-zoom
· Deslizamentos – É coerente e emergencial a convocação do Ministério Público Estadual das entidades ligadas à ocupação do espaço urbano para discutir o mapeamento e as políticas de prevenção de riscos das tragédias urbanas que se repetem por todo o país. Prevenir é sempre o melhor remédio.
· Plano Diretor – A ausência de dados mais precisos no âmbito público de mapeamento preciso e detalhado das áreas de risco remete aos descuidos atávicos com o Plano Diretor de Uso e Ocupação do Solo em Manaus. Faltam rigor e vigilância na elaboração desse importante e decisivo referencial de crescimento. Assim permane cendo, estaremos reproduzindo o caos urbano e a tragédia humana e transferindo a outrem a responsabilidade que é de cada um de nós.
· Empregos – Os dados de desempenho do Distrito Industrial, divulgados nesta semana pela Suframa, repetem um alerta que tem sido feito por esta coluna. É preciso mais atenção para a questão dos empregos, cuja recuperação não acompanhou as taxas de crescimento do Pólo Industrial. E pelo visto tenderá a demorar a retomad a dos patamares de agosto de 2008.
· Desequilíbrio – Nunca é demais lembrar que a roda da economia gira através da movimentação do varejo, que depende da demanda dos consumidores. E desempregado não consome, no máximo descamba para a informalidade, que não contribui no bolo social. É um desequilíbrio que ameaça a dignidade das pessoas e, de quebra, a h armonia da sociedade.
(*) É empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
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