terça-feira, 26 de janeiro de 2010

REDESCOBRINDO MANAUS: ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIDADE NO CURSO DA HISTÓRIA

Entre os projetos de pesquisa do NCPAM para 2010 elegemos Redescobrindo Manaus como um dos mais importantes para se realizar na perspectiva de se promover exaustivo levantamento histórico seguido de uma análise profunda das transformações urbanas ocorridas na cidade de Manaus, destacando seus aspectos urbanos, arquitetônicos, sociais e políticos. Para isso, devem-se recorrer às fontes primárias documentais tais como: relatórios, falas, exposições dos presidentes da província e administradores que atuaram em Manaus entre 1852 e 1889, assim como os documentos emitidos pelos Intendentes, Prefeitos e Governadores circunscrito entre 1890 a 1960.

Na historiografia de Manaus no que se refere à sua formação urbana, ainda encontramos lacuna a ser preenchida, exigindo dos especialistas, do poder público e das corporações empresariais, comprometidas com o desenvolvimento local, esforço convergente para se formular e garantir estudos que possam orientar e redimensionar políticas públicas, bem como a edificação de novos empreendimentos identificados com um determinado projeto de cidade histórica e sustentável. Além da história material de suas ruas, praças, cemitérios, pontes, mercados, transporte e demais serviço público, releva-se também a dimensão ideológica da formação da cidade e sua perspectiva na história da Amazônia.

A primeira planta da cidade de Manaus, segundo consta, data de 1844, quando apresenta um pequeno vilarejo recortado irregularmente pelas curvas dos igarapés que drenam a cidade. Nessa planta as ruas estavam dispostas de maneira irregular, demarcadas pela indicação dos imóveis. Mas, em 1893, menos de cinqüenta anos depois, a nova planta da cidade feita durante a administração do governador Eduardo Ribeiro, revela alterações significativas, apresentando um mapa de traçado muito mais amplo e organizado. Nesse desenho, os igarapés já aparecem aterrados e a malha urbana sensivelmente ampliada, configurando uma planta muito mais regular, cuja orientação é referenciada na configuração de um tabuleiro de xadrez. Depoimentos de época indicam que a topografia da cidade, também foi modificada, com terraplenagem de colinas, morros, bem como, o aterramento dos igarapés e outros desníveis.

Na segunda metade do século XIX ainda persistiam algumas referências físicas das primeiras construções erguidas na cidade. Contudo, as poucas indicações existentes foram praticamente apagadas após a execução do plano de modernização implantada pelo governador Eduardo Ribeiro na última década daquele século.

Naquele momento, as idéias sobre higiene e saúde públicas orientavam os discursos em todos os segmentos da sociedade e seus objetivos estavam perfeitamente afinados com propostas de modernidade e progresso, que por sua vez orientavam a implantação de variados melhoramentos urbanos e a implantação de um mercado de produtos e serviços de consumo. Em geral, a instalação das estruturas de serviços e a instalação dos melhoramentos exigiam reformas urbanas radicais. Os espaços da cidade passavam a ser redimensionado, sobretudo, por questão de circulação e segurança pública.

O processo de redimensionamento dos espaços urbanos apresenta aspectos artificiais, pois reproduzem modelos descomprometidos com as necessidades locais. O modelo seguido prioriza um padrão de construção comprometido com uma sociedade dominante centrada na acumulação da riqueza mediada pela exploração do trabalho e dos recursos naturais em atenção ao mercado externo.

Objetivo:

  • Constuir historicamente o processo de transformação da cidade de Manaus a partir de diferentes componentes material, social e político;
  • Identificar e difundir fontes e informações relevantes para o estudo historiográfico da cidade de Manaus na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX;
  • Promover a formação de pesquisadores e especialistas sobre diferentes segmentos da cidade de Manaus;
  • Divulgar resultado da investigação através de publicação, artigos por meio de ferramentas midiáticas;
  • Preencher as lacunas na historiografia da cidade de Manaus recorrendo às fontes documentais;
  • Constituir um banco de dados para subsidiar as políticas públicas;
  • Apoiar pesquisas historiográficas, arqueológicas almejando a realização de futuros projetos de recuperação ou revitalização da cidade.

Justificativa:

Assim como a exploração da borracha na segunda metade do século XIX, a instalação da Zona Franca de Manaus determinou uma transformação radical da economia amazônica e foi capaz de financiar a instalação de uma nova sociedade regional urbana. Tal como no século XIX, o processo de mudanças do século seguinte foi acelerado em sua última década, não somente nos aspectos visuais e materiais da cidade, mas também, no plano político e social. A diversidade de ações aplicadas pelas diferentes políticas públicas urbanas não foi devidamente investigada, nem os resultados de sua aplicação, sobretudo, aquelas intervenções que apagaram significativas referências históricas, sociais e naturais da cidade.

Atualmente o tema vem ganhando o interesse de profissionais das áreas de história, geografia, ciências sociais, turismo e patrimônio que freqüentemente anunciam as lacunas existentes e sinalizam algumas áreas específicas demonstrando a necessidade de maiores investigações.

Grande parte da motivação que atualmente se direciona para a investigação da cidade é decorrente da difusão da política de valorização patrimonial que se apresenta, sobretudo, nas políticas de recuperação de centros históricos. Contudo, deve-se ressaltar a relevância desta política para o estimulo da investigação histórica e a ampliação de mercados para profissionais de diversas áreas.

O levantamento de dados, assim como a discussão das informações coletadas deve fornecer material suficiente para a construção de argumentos capazes de auxiliar nas análises, não somente daquele momento histórico proposto para pesquisa, mas também no processo de mudanças que ora se promove na cidade de Manaus.

Estratégia:

  • Realização do levantamento do acervo existente em Manaus;
  • Definição por área de interesse;
  • Sistematização do material (identificação, leitura e fichamento);
  • Organização cronológica com análise de época;
  • Elaboração dos relatórios preliminares dos dados coletados;
  • Criação de um banco de dados;
  • Análise das informações contidas na documentação de época com representações inseridas nos mapas e depoimentos de viajantes e outras fontes documentais;
  • Produção de textos, artigos e ensaios.
  • Relatório final.

    Considerações:

    A divulgação da proposta tem por fim dar visibilidade aos nossos projetos, ampliando a discussão e quem sabe aprimorando ainda mais nossa ferramenta metodológica quanto à abordagem da temática a ser pesquisada. Por outro lado serve também para que possamos estabelecer parâmetros de cooperação com os nossos apoiadores, parceiros e patrocinadores, oferecendo condições para que possam investir na cultura e na ciência com propósito de subsidiar as políticas pública do Estado e do Município numa perspectiva humana e participativa.

Foto: Otoni Mesquita

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