quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O VAREJO E AS ELEIÇÕES

Belmiro Vianez Filho(*)

Em 2010 teremos novas eleições para escolha de governadores, senadores e deputados, e ainda para mais um biênio de gestão da entidade maior do comércio, a Associação Comercial do Amazonas, a vetusta e venerável ACA. São momentos privilegiados de discussão e escolhas pois representam a promessa de mudanças ou avanços que as regras do jogo democrático propiciam. Daí a importância de submeter essa escolha essencialmente individual a uma ampla discussão de princípios, demandas e ajustes entre as expectativas comuns em questão e o perfil dos candidatos que irão representar tais demandas e interesses da maioria. É um exercício dos mais saudáveis, cujos desdobramentos e benefícios serão diretamente proporcionais ao volume, intensidade e qualidade de atenção que o acontecimento requer e merecer.

A prosa cívica pode ser exercitada a partir do varejo, considerando a relevância das eleições da ACA, nossa entidade maior e mais antiga à qual todos estamos afetivamente devotados, a despeito da correria e sofreguidão pela sobrevivência. À luz do momento social e econômico que atravessamos, saindo de uma crise e ameaçados pela voracidade industrial e comercial da invasão chinesa, qual o papel de uma entidade como a ACA no resguardo da economia, do setor produtivo e seu sucedâneo comercial e de serviços? E mais: como preparar entidade para um relacionamento eqüidistante e proveitoso com o poder público, sob as luzes do interesse corporativo e respeito ao bem comum? Quais as premissas de reorganização dessa entidade e quais os parâmetros que devem nortear sua participação na discussão política maior que engloba as demais eleições para cargos representativos? O que propor e como cobrar dos candidatos da sociedade onde estamos inseridos?

Nesse contexto, é preciso parar para reorganizar e revitalizar o papel das várias entidades do varejo, a fim de que, dentro de suas especificidades, possam afinar o discurso, ajustar demandas e redimensionar, a maior, o volume e o peso de suas reivindicações e propostas no cenário social e econômico da vida política. Isso exige o pré-requisito da informação, a sistematização dos indicadores econômicos e sociais que já tivemos na entidade e que precisam urgentemente ser resgatados, com rigor, transparência e profissionalismo. Não dá para planejar e reivindicar às cegas. Na mesa de negociação com quaisquer parceiros, é preciso saber e poder dizer o alcance e relevância de nossa contribuição social e os direitos econômicos e de liberação fiscal que nos compete pleitear. Cumplicidade e informação cabem, pois, como oportunas sugestões de estandartes de um novo tempo que o novo momento nos sugere desfraldar. Pra começo de uma nova conversa e na perspectiva do interesse setorial e geral...

Zoom-zoom

Memória – para uma cidade que não respeita condignamente sua memória a demolição é inaceitável embora reafirme um descuido atávico. Prova disso é que entra governo e sai governo, o casario histórico do Centro não é alvo do cuidado e atenção que a memória de Manaus exige.

Demolição – É visível a precipitação da empresa Andrade Gutierrez em demolir alguns casarões da região do entorno do Palácio Rio Negro, onde está instalado o belíssimo Complexo Cultural Jéferson Peres. O Instituto do Patrimônio Histórico Nacional mandou sustar o estrago e sua recomposição é extremamente improvável. Um descuido grave e que merece firme intervenção.

Concursos – com danos institucionais e sociais incalculáveis, a ocorrência de fraudes nos últimos concursos precisa ser analisada sob o crivo do rigor da Lei. Está em jogo a credibilidade do poder público e o investimento de milhares de indivíduos, muitos deles vindo de outros estados ou do interior, com muito sacrifício, e penalizados pela decepção e punição que a fraude representa.

ENADE – O problema das fraudes e falhas estruturais não é privilégio do Estado. Depois da fraude no ENEM, que ainda não foi devidamente esclarecida, é a vez do ENADE, o exame do curso superior, onde foram anuladas 43 questões, o que denota a precariedade institucional do poder público em avaliar com eficácia e transparência os indivíduos que participam de seus certames.

(*) Belmiro é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial. belmirofilho@belmiros.com.br

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