sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

SEMINÁRIO DA INDÚSTRIA CRIATIVA E GESTÃO CULTURAL NO AMAZONAS


O NCPAM junto com alguns empreendedores culturais do Amazonas formulou a proposta do primeiro Seminário da Indústria Criativa conjugado com as práticas de Gestão Cultural, tendo por referência a produção do Pólo Industrial de Manaus (PIM) e o seu valor agregado centrado na Cultura como produção indutora do Desenvolvimento Humano. Para isso, o coordenador do projeto, professor e antropólogo Ademir Ramos(*) está divulgando a proposta para que os interessados se manifestem quanto ao período de realização, podendo ser na última semana de fevereiro ou no início de março, somando as 40 horas de trabalho. O investimento a ser feito por cada participante será no valor de R$ 100,00. O Seminário contará com a participação de convidados, quando na oportunidade se fará análise de estudo de caso na perspectiva de se compreender as estratégias indutoras do sucesso, a palavra mágica do mercado. Aguardamos as manifestações dos interessados para poder definir turmas se assim for.

Objetivo: Analisar os conceitos fundamentais da Indústria criativa, que determinam estratégias de mercado, gerando trabalho, emprego e renda a partir do capital intelectual agregado às habilidades, competências e gestão dos artistas e produtores Culturais do Amazonas.

Estratégia: Antes de focar o desenvolvimento da Indústria Cultural enquanto campo específico das ciências sociais é importe esclarecer que esta indústria hoje crescente está identificada como indústria criativa, utilizando como matéria-prima o processo de criação, inovação, tendo por referência os bens culturais, englobando desde o artesanato, meio ambiente, gastronomia, turismo, música, moda, biodiversidade até as produções audiovisuais, entre outras.

O que se discute nos fóruns nacionais e internacionais são procedimentos, que promovam a relação Cultural e Ação Social afirmativa de reconhecimento das identidades e das diferenças, primando por valores materiais e simbólicos agregados a um projeto de políticas públicas e socialmente responsáveis, que resulte na superação do neocolonialismo, na desigualdade social, bem como na melhoria de qualidade de vida para as comunidades participantes desse projeto de desenvolvimento sustentável.

Saiba que: “Se a riqueza caracteriza o desenvolvimento, então a pobreza de origem econômica é freqüentemente o resultado da distribuição desigual de riqueza e dos frutos do crescimento econômico” Labben apud Nkwi – As dimensões Culturais da Transformação Global, UNESCO, 2001).

Nessa perspectiva se discute também as relações entre Cultura e Transformação Econômica, visando a sustentabilidade do homem, interagindo com o meio ambiente, numa prática conservacionista.

Nesse contexto relacional faz-se necessário que se fortaleça os valores culturais locais, por meio de políticas públicas e socialmente responsável formadoras de capital intelectual criativo, compreendendo a cultura como uma estrutura dinâmica capaz de processar novas leituras, apropriando-se de novas tecnologias, gerando trabalho, emprego e renda aos atores locais.

A viabilidade dessas metas no curso do processo de desenvolvimento sustentável exige, que os empreendedores responsáveis estejam qualificados e organizados para operar no mercado, como gestores de sistemas de informação culturais, conhecendo a potencialidade da cultura – material e simbólica – da Amazônia e, compreendendo-a como novas oportunidades de negócio no mercado da indústria criativa. Assim sendo:

Sabe-se que o Empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões, países. Na verdade aprende-se a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores em um clima em que ser dono do próprio nariz, ter um negócio é considerado algo muito positivo. (Filion apud Dolabela 1999, p. 33 -4).

Quanto ao conceito e suas determinações:

O empreendedor vê nas pessoas uma das suas mais importantes fontes de aprendizado e não se prende, como profissionais de algumas áreas, somente a fontes ‘reconhecidas’, tais como literatura técnica, relatórios de pesquisas. Cursos reconhecidos, etc. (...) O que importa não é o que se sabe, mas o que se faz. (Dolabela, 1999, p. 35 -38).

Ação: Convidar empreendedores com história de sucesso – comerciantes, políticos, grupos culturais, religiosos, artistas, empresários entre outros, para prestar depoimentos quanto à sua iniciativa, determinação, aprendizagem, pontos fracos e fortes e visão de futuro numa ação interativa com os participantes.

Em seguida procura-se analisar os cenários, identificando produtos que podem ser desenvolvidos focando no horizonte da industria criativa, dando ênfase no desenvolvimento de habilidades particulares, capacidade técnica e de gestão cultural, sobretudo na potencialidade do Ator e a formatação de seu Projeto de Trabalho.

Considerando o valor da proposta elaboramos algumas recomendações pautadas na obra de Sue Jenkyn Jones, Fashion Design – manual do estilista (2005) para ser devidamente apreciada em plenário:

  • Capacidade de pesquisar e aplicar de modo criativo, independente e contextualizado;
  • Capacidade de analisar, resolver e comunicar problemas quanto ao processo de criação;
  • Questionamentos intelectuais e criativos para tomada de decisão, avaliando os riscos;
  • Habilidade, imaginação e originalidade no desenvolvimento das técnicas com matérias, imagens, cores e formas;
  • Capacidade de sintetizar idéias próprias na formatação de um produto cultural;
  • Compreensão das estratégias e “manhas” dos concorrentes da indústria criativa;
  • Capacidade de trabalhar individualmente e em equipe;
  • Boas práticas de apresentação trabalho quanto as formas visual, oral e escrita;
  • Gerenciamento do tempo, autodirecionamento e autocrítica avaliativa;
  • Audácia, ousadia, estilo, visão de futuro, ser empreendedor.

Finalmente, para se analisar a potencialidade desse mercado da Indústria Criativa destacamos as palavras da renomada produtora cultural, Carmen Pousada, expondo sobre o Brasil dos Artesãos no Catálogo sobre o DESIGN BRASILEIRO, 2005. A autora afirma que:

O artista-artesão movido pela arte do saber e do fazer, é influenciado pelo ambiente, pela cultura e pelas tradições locais. A natureza rica em matérias-primas oferece aos nossos talentosos artistas e artesãos variedades e abundância de materiais a serem transformadas por sua criatividade e técnica em belos úteis objetos p.39).

(*) Professor, pesquisador, antropólogo da Universidade Federal do Amazonas coordenador geral do NCPAM e autor do Projeto de Pesquisa, Amazonas: Diversidade Cultural Iconográfica (UFAM/UNISOL e SEBRAE).

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