A discussão é nacional, mas para nós da Amazônia o tema é de maior relevância porque a difusão do rádio na região resulta de uma estratégia integracionista, que tem por fim criar uma hegemônia na aba de determinada oligarquia política em conluio com grupos dominantes nacional que pretendem manter o povo no cabresto, desinformando e despolitizando o cidadão local. Dessa feita, as rádios impõem uma forma de pensamento único aos seus ouvintes, contrariando o princípio republicano centrado na prestação de serviço, que contemple as necessidades dos comunitários numa perspectiva educacional orientada pela prática da pluralidade. Agora, responda sinceramente, você está satisfeito com a programação das rádios que ouve quanto à informação, prestação de serviço e outros temas veiculados... e quais são as opções?
Francisco Djacyr S. de Souza (*)
O dever cidadão de qualquer ouvinte é questionar o rádio que temos , pois os problemas ora existentes jamais serão resolvidos se não houver um processo de união de todos os personagens que fazem o meio rádio em prol de uma programação séria, verdadeira e pautada numa lógica de respeito ao seu usuário, pois ao chegar nas casas o rádio não pede licença e muitas vezes pode estar agredindo os que o ouvem mesmo sem maldade. Por tudo isso é importante que o rádio se abra a críticas e reserve espaços para o questionamento, o debate e ao reconhecimento de que algo precisa ser feito para resgatar o tempo de ouro do rádio perdido hoje em meio aos interesses políticos, religiosos ou econômicos.
Muitas vezes a audiência pode esconder uma necessidade de repensar a programação, pois muitos ouvem alguns programas por não ter opções em função da maioria não ser adequado ao que quer o ouvinte. A audiência geralmente ocorre pelo costume, pela falta de conhecimento, pelo pouco nível cultural ou pela falta de senso crítico de grande parte dos ouvintes. Há muitos ouvintes que ainda se conformam apenas em falar no rádio sem procurar pensar na melhoria deste meio, sem procurar se organizar para resgatar a história deste meio de comunicação nem buscar o seu crescimento, sua melhoria ou sua transformação.
Os que ouvem rádio precisam se organizar em torno de um processo de melhoria da comunicação de maneira geral lutando pela democracia dos meios e acreditando na possibilidade de mudança do rádio e da comunicação em geral.
O povo precisa conhecer que o rádio é uma concessão pública, portanto não tem dono, não tem patrão e há uma série de pormenores em sua transmissão que precisam ser estudadas, debatidas e exigidas pelos seus consumidores. Os ouvintes de rádio devem exigir uma programação plural, com cultura, cidadania, valores ambientais e prestação de serviços para um bom processo de interação entre os que fazem rádio.
É preciso lutar contra os arrendamentos de horários que às vezes acaba gerando programas em o mínimo respeito com o ouvinte nem procura satisfazer os interesses plenos da população que ouve rádio. O rádio precisa ser questionado, precisa abrir espaços para o questionamento e, sobretudo, precisa respeitar o ouvinte e ter um caráter de objeto de interesse público. Outro problema que precisa ser questionado são as fusões com emissoras de caráter nacional que acabam simplesmente passando idéias apenas da cabeça de rede sem se preocupar com o caráter regional do rádio.
O que o habitante dos igarapés da Amazônia precisaria saber sobre o engarrafamento da Marginal Pinheiros [ em São Paulo]?
Sucateamento das emissoras - O rádio deve ser questionado sim para seu próprio bem e para o bem da comunicação, no entanto alguns radialistas e programadores não aceitam a crítica, não acolhem os interesses dos ouvintes e tem medo dos que tem senso crítico e conhecimento. Talvez seja por isso que na qualidade de ouvinte crítico e conhecedor das anomalias do meio, o meu nome tenha sido defenestrado das programações. Já tentei várias vezes com os jornais locais expressar opiniões sobre o rádio e infelizmente tenho sido boicotado pelos chefes de redação que insistem em varrer a sujeira para debaixo do tapete.
Os artigos que tenho escrito neste Observatório não têm um só comentário, mas tenho certeza que têm sido lidos, no entanto as pessoas não querem efetivar o debate sobre o rádio que tem problemas e merece questionamentos para crescer, para alcançar sucesso e ser um meio realmente verdadeiro, ético e cidadão.
A grande questão do rádio no momento é ausência total de uma autocrítica ou a aceitação dos questionamentos de quem poderia ajudar e gosta de rádio. Parece que estas pessoas são nocivas ao rádio e para os que fazem o rádio são tratadas como inimigos fechando seus espaços e promovendo retaliações fazendo com que seus nomes sejam "malditos".
É triste ver que os interesses econômicos continuam a corroer o rádio e ninguém faz nada, pois nos parece que o caos que ora ocorre é benéfico para todos. Não sabemos por que ninguém luta pelo rádio e por que seus personagens preferem a crise que aí está. Será que alguém se beneficia com ela? Por que o povo não tem acesso às informações do rádio? Por que os ouvintes também não se organizam para sua melhoria? O que move o sucateamento das emissoras de rádio? Por que os jornalistas odeiam o rádio? Perguntas como essas deviam ser objeto de debate, de discussão no entanto acho improvável que isto aconteça, pois o rádio está na mão de alguns que não querem que ele seja instrumento realmente popular e de educação do povo. Roquete Pinto neste momento deve está muito triste com o que estão fazendo com o rádio... é triste, mas é verdade. Querem sepultar o rádio...
(*) É articulista do Observatóriorio da Imprensa. Confira:
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