POR
QUE VANESSA NÃO EMPINA?
Ademir
Ramos (*)
A pergunta bate nas redações
provocando varias explicações. O fato é que a candidato do PCdoB conta com o
maior tempo de TV, o maior orçamento de campanha, diz que tem apoio do Lula, da
presidente Dilma Rousseff, do ex-governador Eduardo Braga e do governador Omar
Aziz. Contudo, não consegue traduzir em voto, batendo sola no segundo lugar nas
pesquisas para a Prefeitura de Manaus, aumentando ainda mais sua rejeição,
conforme falam os números.
O
fenômeno merece atenção dos especialistas porque objetivamente a candidata
possui os meios materiais necessários para implementar sua campanha e, em tese,
dar “ovada” nos seus oponentes. No entanto, embioca deixando os seus
apoiadores, amigos e parceiros, como ela registra, constrangidos com os
resultados das pesquisas. E então começam interferir no rumo da campanha
querendo mais sangue, outros, falam do perfil ideológico da candidata por ser
comunista e querer o voto dos fundamentalistas evangélicos; falam também da
própria mídia da candidata por ser bastante poluída, ofuscando a mensagem da
campanha; da mesma forma criticam a linguagem e duvidam da compreensão de sua
mensagem junto às massas.
Não
satisfeito, o ex-governador Eduardo Braga resolveu assumir a campanha chamando
para si os holofotes. Não satisfeito, o PCdoB visando impactar as ruas e os
bairros quer contratar mais gente para trabalhar fazendo os arrastões nas ruas
e nos bairros crendo que desta forma sua candidata empina marcando pontos nas
pesquisas e quiçá nas urnas. Desesperados, comenta-se também que o governador
Omar Aziz sente-se pressionado a dar o próprio sangue na campanha, inclusive,
pressionando a primeira dama a participar das eleições em nome da permanência
do time a frente do poder do Estado, manifestando total apoio a comunista
Vanessa.
A
campanha de Vanessa Grazziotin virou um cabo de guerra entre os partidos
coligados e seus apoiadores. A trama faz lembrar aquela máxima do futebol, onde
os cartolas da política no Amazonas combinaram tudo entre si, mas esqueceram do
principal ator que é o povo. Esta ausência, ora reclamada, repercute nas
pesquisas deixando os marqueteiros em queda. Para superar estes entraves, Eduardo
Braga assumiu a direção da campanha dando as ordens e batendo o martelo,
inclusive, pedindo voto por telefone aos seus correligionários.
A
racionalidade da candidata do PCdoB faz-se presente na materialidade de sua
campanha, que é densa e massiva, mas não se traduz em voto, segundo as
pesquisas. A fortuna, que não é grana, não sopra a seu favor e por isso não
consegue empinar, fazendo com que os comunistas, nesse momento, recorram às “forças
ocultas”, para explicar a rejeição sofrida por Vanessa Grazziotin e assim
desatar este nó que enforca o time de Eduardo Braga em direção a Prefeitura de
Manaus, do contrário a derrota está consumada.
(*)
É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.
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