quinta-feira, 27 de setembro de 2012


POR QUE VANESSA NÃO EMPINA?

Ademir Ramos (*)

A pergunta bate nas redações provocando varias explicações. O fato é que a candidato do PCdoB conta com o maior tempo de TV, o maior orçamento de campanha, diz que tem apoio do Lula, da presidente Dilma Rousseff, do ex-governador Eduardo Braga e do governador Omar Aziz. Contudo, não consegue traduzir em voto, batendo sola no segundo lugar nas pesquisas para a Prefeitura de Manaus, aumentando ainda mais sua rejeição, conforme falam os números.

O fenômeno merece atenção dos especialistas porque objetivamente a candidata possui os meios materiais necessários para implementar sua campanha e, em tese, dar “ovada” nos seus oponentes. No entanto, embioca deixando os seus apoiadores, amigos e parceiros, como ela registra, constrangidos com os resultados das pesquisas. E então começam interferir no rumo da campanha querendo mais sangue, outros, falam do perfil ideológico da candidata por ser comunista e querer o voto dos fundamentalistas evangélicos; falam também da própria mídia da candidata por ser bastante poluída, ofuscando a mensagem da campanha; da mesma forma criticam a linguagem e duvidam da compreensão de sua mensagem junto às massas.

Não satisfeito, o ex-governador Eduardo Braga resolveu assumir a campanha chamando para si os holofotes. Não satisfeito, o PCdoB visando impactar as ruas e os bairros quer contratar mais gente para trabalhar fazendo os arrastões nas ruas e nos bairros crendo que desta forma sua candidata empina marcando pontos nas pesquisas e quiçá nas urnas. Desesperados, comenta-se também que o governador Omar Aziz sente-se pressionado a dar o próprio sangue na campanha, inclusive, pressionando a primeira dama a participar das eleições em nome da permanência do time a frente do poder do Estado, manifestando total apoio a comunista Vanessa.

A campanha de Vanessa Grazziotin virou um cabo de guerra entre os partidos coligados e seus apoiadores. A trama faz lembrar aquela máxima do futebol, onde os cartolas da política no Amazonas combinaram tudo entre si, mas esqueceram do principal ator que é o povo. Esta ausência, ora reclamada, repercute nas pesquisas deixando os marqueteiros em queda. Para superar estes entraves, Eduardo Braga assumiu a direção da campanha dando as ordens e batendo o martelo, inclusive, pedindo voto por telefone aos seus correligionários.

A racionalidade da candidata do PCdoB faz-se presente na materialidade de sua campanha, que é densa e massiva, mas não se traduz em voto, segundo as pesquisas. A fortuna, que não é grana, não sopra a seu favor e por isso não consegue empinar, fazendo com que os comunistas, nesse momento, recorram às “forças ocultas”, para explicar a rejeição sofrida por Vanessa Grazziotin e assim desatar este nó que enforca o time de Eduardo Braga em direção a Prefeitura de Manaus, do contrário a derrota está consumada.    

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

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