sexta-feira, 28 de setembro de 2012


MUITO PRAZER, O VICE

Ellza Souza (*)

Os candidatos a vice ficam só na penumbra esperando a ascenção quando o titular do cargo não puder exercer a função. Algo inusitado acontece em Manaus na prefeitura. O titular não pode. O vice também não. Aí vai embora até chegar em alguém disposto a enfrentar o abacaxi que é administrar a cidade. Mas talvez um vice assim vai deixar rolar como uma mãe de muitos filhos que não cuida de nenhum. Muitas vezes não prestamos atenção ao substituto-candidato e entra cada parceiro, pior que o principal. Fiquei até satisfeita pois o canal da TV Ufam (Universidade Federal do Amazonas) fez um programa de debates entre os candidatos à Prefeitura de Manaus onde os vices mostraram as suas faces e um pouco de seu perfil.

Segundo o jurista Mayr Godoy o vice-prefeito “é o sucessor do Prefeito em casos de vaga do cargo e o substituto em casos de licença ou impedimento. O vice-prefeito pode exercer funções relevantes na administração municipal, sem incompatibilidade, fazendo jus a vencimentos que não se confundem com a remuneração do cargo, devendo optar por um deles”. Não é qualquer um que pode ser vice. Precisa de qualidades, de honestidade, de méritos, de ficha limpa, para tanto já que na política, é tão importante esse posto quanto o do titular. Um mau vice é capaz de fazer um rombo nas finanças públicas tão grande quanto o seu parceiro. E por isso me preocupo com quem irá substituir o prefeito caso seja necessário. E quase sempre é necessário. Por um motivo ou por outro.

Não temos mais preceitos idológicos saudáveis no Brasil e a maioria segue um discurso de falsas promessas e baixarias. Os partidos estão num balaio de gatos e de interesses. Em vista disso temos que ir mesmo pela pessoa em si, pelas suas atitudes, pela sua trajetória, pelo seu conhecimento e por quem está à sua volta. Observar a assessoria que cerca o candidato é muito importante porque existe uma leva de gente em volta do mesmo que só pensa nos futuros cargos. É horroroso como algumas dessas pessoas “puxam o seu saco” a céu aberto, à vista de todos, sem vergonha nenhuma.

Como pode o cidadão ter medo de manifestar a sua verdadeira intenção de voto? E discutir a sua posição política num clima de completa democracia e liberdade. Isso é coisa de país fundamentalista que vive oprimido pela violência e pelo poder imposto pela má política. Mas observo que muita gente não fala o nome de seu candidato com receio da opinião alheia e de um poder velado que oprime sim os opositores. Como pode uma pessoa emprestar a sua imagem um tanto desgastada para dar o seu último suspiro político bem longe de quem o conhece bem: “Na outra encarnação eu nasci em Manaus”. Tenho certeza que não. Aqui já temos bastante encrenca pra ir acreditando em quem não nasceu aqui (nessa e muito menos em outra encarnação) e veio apenas “enfeitar” um palanque de colegas que estão se achando. Aos vices, a minha esperança de dias melhores.

(*) É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.

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