segunda-feira, 11 de julho de 2011

FALA SARAFA

Ellza Souza (*)

O ex-prefeito de Manaus, Serafim Corrêa ou Sarafa como é carinhosamente chamado pelos mais íntimos esteve no programa A Terra de Ajuricaba para falar de política amazonense, de suas idéias, de seu futuro político. Atual presidente do PSB no Amazonas continua trabalhando e estudando, se capacitando como qualquer político deveria fazer.

O apresentador Ademir Ramos, professor de Ciências Sociais da Ufam, muito apropriadamente explica que o vereador (ou qualquer político, convenhamos) deveria ser mais “qualificado pois a Câmara é a porta de entrada do parlamento”. Estamos acostumados a ver de tudo por lá menos gente capacitada para a função muito bem remunerada pela sociedade. “Faz tempo que a Ufam não nos dá um vereador”, observa Serafim.

Se o prefeito cerca-se de técnicos desqualificados ele vai precisar de intermediários mais desqualificados ainda e aí é que vem o caos administrativo.

Segundo a Lei Orgânica Municipal e a Constituição Federal o vereador é membro do Poder Legislativo eleito pelo povo e tem como funções, legislar, ou seja criar leis que tornem a sociedade mais justa e humana, a fiscalização financeira e manter o controle externo do Poder Executivo Municipal, principalmente quanto à execução orçamentária e julgamento das contas apresentadas pelo prefeito.

Com o passar do tempo esses deveres foram mudando, infelizmente para pior e grande parte desses políticos passaram a explorar as dificuldades e miséria da população e obter o voto fácil em troca de favores. Hoje a situação aparenta uma melhora com a conscientização da população quanto as obrigações legítimas do vereador e exige dele uma participação mais efetiva junto à sua comunidade. Os cidadãos já sabem que asfaltar e sanear é obrigação do poder executivo ou seja do prefeito mas cabe ao vereador indicar e fiscalizar. O controle social é realmente o caminho se queremos melhorar os serviços públicos na cidade.

Para Serafim Corrêa “os municípios não têm capacidade de investimentos” e os 15% destinados a saúde é pouco para a situação caótica em que se encontram hospitais, falta de medicamentos, atendimento ruim o que gera insatisfação do público, os doentes mentais sendo “despejados” a qualquer momento.

O ex-prefeito falou dos parques como o dos Bilhares, a Lagoa do Japiim e o do Mindú que estão em situação de abandono. Serafim considera vital a manutenção efetiva dessas áreas verdes na área urbana mas acha que existe “na atual administração uma tentativa de desconstruir a minha administração” . Serafim considera a mídia importante em todo esse processo mas acredita que “existe um bloqueio” em relação a ele. Falou ainda da água no Amazonas e como os franceses passaram a concessão para o sócio brasileiro. Para voltar ao Estado existe uma “pequena taxa” de quase 200 milhões de reais. É uma história que precisamos entender melhor.

O Serafim, que já tomou muito cafezinho com o atual prefeito no Pina desabafa, que o maior desafio da cidade é o transporte coletivo. Com o povo sempre insatisfeito nesse quesito (e em outros também) ele considera inviável “ônibus novo sem bilhetagem eletrônica”. E o apresentador reforça “o sistema todo tem que funcionar”.

Um caso de política de quintal, literalmente, foi de um ex-vereador que anualmente mandava recolher o lixo em seu bairro, o Alvorada, detectando uma espécie de prática de “político de paróquia”. Para ampliar mais seu campo de captação de votos a recolha da faxina anual ia do Alvorada a adjacências. E só. As pessoas aproveitavam para renovar seus bens móveis e viam-se na frente das casas e até espalhados na rua, montanhas de “cacarecos” difíceis de imaginar aquilo dentro de uma casa ou quintal. Como o vereador não é representante de um só bairro mas da população de uma cidade, com o tempo os votos minguaram e o político perdeu “a cadeira”. Mas fiquem certos que outras táticas estão ainda em voga. “A Câmara é uma escola” diz Serafim Corrêa. Mas precisamos aprender alguma coisa nessa escola e não apenas tirar proveito dela. Ainda não é o momento de falar sobre sua provável candidatura em 2012 mas pela sua experiência e desenvoltura no processo político é naturalmente o candidato do seu partido, o PSB. Mas, em se tratando de eleição é preciso combinar com o eleitorado e aí a história é outra.

(*) É jornalista, escirtora e articulista do NCPAM/UFAM.

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