segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

“A PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO”, EIS A RAZÃO DO SUCESSO DE OMAR AZIZ



O corresponde da Folha de S. Paulo em Manaus, Lucas Reis desvendou o “mistério” que rondava o Palácio da Compensa quanto à popularidade do governador do Amazonas Omar Aziz (PSD).  Pesquisa CNI/IBOPE mostrou que 74% dos amazonenses consideram o seu governo ótimo ou bom. Aziz também lidera em confiança do público com 75%. Segundo a Folha, o governo do Amazonas investiu 82 milhões em propaganda em 2012, superando investimento de apoio à pesquisa e ao meio ambiente.

LUCAS REIS
DE MANAUS

Uma gestão de poucos conflitos e gastos altos em publicidade rendeu a Omar Aziz (PSD-AM) o posto de governador mais popular do país. Pesquisa CNI/Ibope divulgada neste mês mostrou que 74% dos amazonenses consideram o seu governo ótimo ou bom. Aziz também lidera em confiança do público: 75%.

Ficou à frente de colegas como o presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), segundo mais bem avaliado com 58% de ótimo/bom, e o tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que, com 31%, é o 14º.

Se nos bastidores o resultado foi uma surpresa para o próprio governo  –que classificou o levantamento como um "presente de Natal"–, analistas e políticos locais acreditam ter a receita dessa popularidade.

Para o antropólogo Ademir Ramos, que integra o núcleo de cultura política da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Aziz colhe os frutos dos investimentos que fez em publicidade. A gestão gastou, por exemplo, R$ 82 milhões em propaganda em 2012 (valor inclui pessoal da pasta e é quase o dobro gasto no vizinho Pará, de economia de porte semelhante). Supera os investimentos em apoio à pesquisa (R$ 70,5 milhões) ou em órgão ambiental (R$ 22,2 milhões).

As inserções, produções de alta qualidade, costumam ocupar horário nobre. "O Estado é muito grande, e rádio e TV são os principais canais com a população", justifica a secretária de Comunicação de Aziz, Lúcia Gama. Entre os temas da publicidade, há áreas em que o governo ainda patina, como segurança (homicídios dolosos avançaram 10% desde 2010), e obras por fazer, como a cidade universitária.

"O governo tem usado propaganda como meio de campanha antecipada: o que tem feito e o que ainda será", avalia Tiago Jacaúna, professor de ciências sociais na Ufam. Quem também trabalha pela imagem do governo é a primeira-dama Nejmi Aziz, presidente do PSD local. Presença constante em ações assistenciais e em colunas sociais, ela mantém uma equipe só para redes sociais.

O perfil mais conciliador rende dividendos políticos ao governador, que era vice, assumiu em 2010 após a renúncia do hoje senador Eduardo Braga (PMDB) e foi reeleito em primeiro turno. "Ele tem carisma. É um homem de poucos atritos", reconhece o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB), opositor ferrenho de Aziz.

A boa costura política se reflete no cenário da sucessão – o governador é próximo dos três pré-candidatos mais fortes: o antecessor Braga, o atual vice, José Melo (Pros), e a deputada federal Rebecca Garcia (PP).

"Aziz não tem escândalo na gestão e deverá ser o fiel da balança na eleição", diz o líder do governo no Legislativo, Sinésio Campos (PT). Filho de pai palestino e mãe brasileira, Aziz, 55, nasceu em Garça (SP). Morou no Peru na infância e mudou-se, ainda adolescente, com a família para Manaus, em 1971.  

Formou-se engenheiro civil e entrou na política em 1987 pelas mãos do ex-governador Amazonino Mendes (PDT), que o indicou para uma fundação. A sua carreira incluiu cargos como vereador, deputado estadual, vice-prefeito de Manaus e secretário de Segurança do Amazonas. Para Ramos, da Ufam, o governador ainda busca uma identidade para a sua gestão. Outro desafio é deixar para trás a sombra de Eduardo Braga, hoje líder do governo no Senado, e polêmicas do passado.

Em 2004, já como vice-governador, Aziz foi investigado em CPI no Congresso por suspeita de ter feito programa com uma menina de 15 anos no ano anterior. Teve o nome retirado do relatório final em votação apertada: 8 a 7. Aziz nega as suspeitas. 

Eleito pelo PMN, o governador se filiou ao PSD em abril de 2011, convencido pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, e ganhou a presidência da legenda no Amazonas.

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