AS MÁSCARAS DE MANAUS
Como se sabe a desigualdade social é
uma marca do capitalismo quase sempre ofuscada pelo discurso da dominação dos
políticos e dos intelectuais proxenetas do poder que, embora não sejam os
senhores do capital prestam relevantes serviços às oligarquias regionais,
produzindo e difundindo suas concepções como se fossem verdades verdadeiras.
Ademir Ramos (*)
Estou convencido que a cidade é uma
construção política, a começar por suas múltiplas representações sociais,
culturais e econômicas. É política porque a sua forma decorre de um processo de
ocupação que pode ocorrer de forma compulsória ou dirigida, em obediência a um
determinado regramento vindo da rua ou dos palácios.
Esta trajetória ocorre de forma
diferenciada, não só em relação às cidades como também a sua própria
geodemografia. Digo isso para que se entenda que a cidade é uma construção e
esse fenômeno resulta de interesses em conflitos assentados no direito de
propriedade assegurando aos “bacanas” o bem bom, o resto fica para ser
disputado entre os trabalhadores e os invisíveis sociais.
É incrível notar que tal situação é
recorrente, sabendo que, em alguns territórios, onde a economia é mais
concentrada nas oligarquias familiares a exclusão e o preconceito social é mais
violento, principalmente, quando tais famílias apoderam-se do poder de Estado.
Manaus não é diferente, como se sabe a
desigualdade social é uma marca da sociedade capitalista quase sempre ofuscada
pelo discurso da dominação dos políticos e dos intelectuais proxenetas do poder
que, embora não sejam os senhores do capital prestam relevantes serviços às
oligarquias regionais, produzindo e difundindo suas concepções como se fossem
verdades verdadeiras, com a pretensão de inculcar em nossa população um ideal
muito mais do passado do que do presente, com firme propósito de fazer a nossa
gente desistir de lutar pelo reconhecimento de seus Direitos numa perspectiva
de afirmação das igualdades sociais.
Para esta gente, a cidade é a morada
dos “bacanas”, como se fosse um banquete, sobrando apenas para os trabalhadores
e os invisíveis sociais o resto, a sobra, que disputarão entre si. A cidade e
sua organização social, politicamente, quase sempre está de acordo, com a cara
e o vício dos governantes, motivados às vezes por representações alheias as
culturas de nossa gente, que para eles parecem
exóticas, bucólicas e até anticivilizadas.
MANAUS MOSTRA A TUA CARA: Para se
entender tamanha arrogância das oligarquias regionais e dos novos ricos aliados
a esta classe dominante local é necessário compreender a nossa própria
história, a história do Amazonas, que tem seu berço nas culturais indígenas,
que dominavam o fogo, a arte da cerâmica e da guerra, como bem faz os seus
descentes até hoje, em defesa dos seus territórios. No entanto, por força do
processo colonial foram conquistados e reduzidos a condição de escravos dos
portugueses, vivendo sob o mando dos colonizadores, que além de reprimir,
explorar e dominar politicamente faziam de tudo para negar e apagar a história
de nossa gente, obrigando a rezar, contar e falar em português.
Não bastasse isso, saqueavam suas
riquezas e abusavam de suas mulheres para que nunca mais pudessem reordenar
suas forças sociais através de suas organizações políticas e culturais numa
perspectiva de enfrentamento contra o os colonizadores e conquistadores
portugueses. Todos esses atos de barbárie foram consumados com a benção da
santa Madre Igreja em articulação com a Coroa Portuguesa.
Manaus traz em seu nome, as
determinações e significados históricos que os colonizadores de ontem e de hoje
não conseguirão apagar, embora cinicamente destratem das línguas e da história
desta gente que se identifica como Manauara, das terras dos Manaós,
recepcionando outras nacionalidade e
culturas como os nordestinos, Judeus, Sírios, Libaneses e demais cidadãos do
mundo, contribuindo diretamente para a formação social, cultural e política
desta cidade situada às margens do Rio Negro circundada pelas Florestas
Tropicais da nossa Amazônia.
AS MÁSCARAS DE MANAUS: A história é a
ciência por excelência, desvela e denuncia a nudez do Rei, o cinismo da classe
dominante e a servidão dos intelectuais proxenetas, que em momento cívico são
chamados a narrar à grandeza do passado para ludibriar os tolos enquanto cantam
a sagacidade dos dominantes como senhores da história. Em suas narrativas
históricas, tais intelectuais comportam-se como mediador da prostituição e
também como bobo da corte, fazendo os senhores palacianos rirem do povo,
anunciando aos quatros cantos suas proezas e maracutais eleitorais, seus
embates com a magistratura seguido de “agrados e promessas”, bem como as
pernadas dadas em seus adversários, as alianças partidárias e empresariais que
resultaram em volumoso recurso financeiro alimentando o caixa 2 das campanhas
eleitorais dos partidos políticos e os caprichos palacianos.
A narrativa é hilária provocando risos
e gargalhadas dos aduladores. O pior de tudo é quando começam a falar de suas
obras, que fez isto ou aquilo: “foi eu que fiz”. Nesta conjuntura, o povo é
absolutamente excluídos da história e toda a sua magnitude passa a ser reduzida
as representações monumentais das obras de grande porte que os governantes
construíram na cidade estilo Teatro Amazonas, a Ponte Rio Negro, Palácios e
Avenidas, motivando até alguns filhotes políticos desta safra a anunciarem
também que foi ele também que fez a Ponte Negra e se duvidar até mesmo o
Encontro das Águas e tais sandices se repetem nos meios de comunicação social
envenenando a nossa gente.
As máscaras começam a cair das caras
dos governantes e de seus filhotes, quando com atitudes o povo quebra a
corrente da ignorância e passa a questionar a riqueza desta gente, seus
privilégios e suas mordomias, exigindo explicações convincentes quanto aos
investimentos destinados à melhoria de vida do povo da cidade e do interior
referente à educação, saúde, segurança, moradia, cultura e outras demandas
sociais como lazer, esporte e entretenimento assentados no meio ambiente
saudável, em atenção às comunidades, combatendo a praga da corrupção e da impunidade
a favor da Democracia.
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