quarta-feira, 27 de maio de 2020

O REPENSAR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
E A DEFESA DO NOSSO ENCONTRO DAS ÁGUAS




ADEMIR RAMOS (*)


A temática em questão faz parte dos conteúdos programáticos do campo das ciências sócias. Com o avanço da covid-19 definindo o isolamento social como estratégia de política sanitária para salvar vidas, a desmobilização dos Movimentos Sociais (MS) nas ruas e praças mundo afora é uma realidade desafiadora para estes militantes que são instrumento de protesto, reivindicação e validação dos direitos sociais, ambientais e humanos numa perspectiva democrática.


Frente esta realidade factível, o repensar dos meios e modos dos MS fez-se necessário para fazer valer as agendas de luta desses atores relativos à causa centrada nas forças de articulação e mobilização da sociedade por meio das comunidades em rede, qualificando, dessa feita, as ferramentas mais eficazes para despertar corações e mentes fazendo crer a todos (as) que somos parte deste todo estruturante a gritar por saúde, vida e trabalho com dignidade e justiça social.


Segundo Fernanda Simas e Janaína Cesar, em reportagem especial (24/5) para O Estadão, “com o avanço da Covid-19, os coletes amarelos, na França, o movimento das sardinhas, na Itália, os estudantes chilenos e a revolta do guarda-chuva, em Hong Kong, por exemplo, tiveram de mesclar novas e velhas táticas de protesto, como panelaços e uso de hashtags, para manter vivo o ímpeto das manifestações”, inclusive com influência no Brasil.


Atualmente, no Brasil, a única manifestação de rua que se registra quase todo o final de semana, em Brasília, são as “camisas pardas” bolsonaristas que levantam bandeiras contra os poderes constitucionais em favor da Ditadura sob a batuta dos apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro.



Pautado por esse cenário de quarentena e isolamento social patológico foi que o Movimento S.O.S. Encontro das Águas recentemente promoveu em Manaus junto aos seus pares, ampla discussão em rede para melhor analisar, compreender e definir novos encaminhamentos quanto à luta pela homologação do Tombamento do Encontro das Águas dos rios Solimões e Negro formador do monumental Rio Amazonas em território nacional, ameaçado de toda forma pela construção de um terminal portuário flutuante chamado de Porto das Lajes.


Articulado com os MS local, nacional e mundial, o Movimento S.O.S. Encontro das Águas pretende cada vez mais sedimentar suas ações nas Comunidades do entorno deste bem cultural, paisagístico, arqueológico do Amazonas, recorrendo aos instrumentos multiplicadores para que todos (as) participem intensamente da proposta Grita Brasil a favor da preservação e cuidado do Encontro das Águas e do seu entorno em atenção à saúde, vida e trabalho centrado na valorização dos recursos socioambientais capazes de agregar valor capital sustentável em benefícios destas Comunidades articuladas com os segmentos culturais, artísticos, turísticos e ambientais originados da floresta, dos rios e dos saberes da nossa gente.


(*) É professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM 
vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais da UFAM. E-mail: ademiramos@hotmail.com  

Um comentário:

Ismael Farias disse...

Meu apoio irrestrito ao Movimento S.O.S. Encontro das Águas!