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sexta-feira, 20 de março de 2009

A PRÁTICA ACADÊMICA E OS NOVOS PARCEIROS

A prática acadêmica requer dos docentes e discentes estreita participação nos campos dos saberes, principalmente, em se tratando de uma formação profissional qualificada capaz de operar no universo amazônico. O NCPAM, como núcleo de pesquisa, foi criado para promover essa conexão dos saberes, incentivando ações dialógicas entre o Ensino, Pesquisa e Extensão fundamentadas nas determinações Amazônicas.

No primeiro momento enfrenta-se o vício do eruditismo inócuo, que se qualifica pela cultura dos bacharéis à moda da tradição escolar brasileira sob o viés do positivismo encastelado nas instituições de ensino. Quando não, as práticas são reduzidas a tarefas, que visam treinar discentes para o fito de determinado objetivo seja em atenção ao projeto político pedagógico ou a serviço de um partido político.

Tanto uma quanto outra transforma o docente e discente em tarefeiro impondo viseira, que impossibilita conceber o pensamento plural e promover uma prática política participativa.

O NCPAM optou pela crítica social pautando na cultura política sua prática pedagógica convergente. Nessa perspectiva temos discutido os novos projetos de trabalho, primando pela transversalidade dos estudos, definindo também meios e modos qualificados para formular e operar políticas públicas ou privadas capazes de responder em suas diversas instancias as demandas relativas à implementação de políticas de desenvolvimento humano.

Ademais, os projetos de trabalho tem conseguido ampla articulação com segmentos afins na busca de fortalecer as organizações sociais e instrumentalizar docentes e discentes na construção dos problemas a ser formulados em seus projetos de estudos tanto na graduação como na pós-graduação. Registra-se aqui a recente aprovação dos alunos pesquisadores do NCPAM nos mestrados de sociologia e antropologia.

Para esse primeiro semestre do ano em curso focamos nosso esforço na produção de um documentário sobre a Praça 14 de Janeiro de Manaus; realização de um levantamento preliminar da Paisagens Culturais do Bairro de São Raimundo com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional; participação efetiva no Movimento SOS Encontro das Águas sob a direção do Conselho Comunitário da Colônia Antonio Aleixo, bem como a efetiva realização de dois projetos de Extensão voltados para o Empreendedorismo Comunitário e Digital na comunidade Santa Etelvina e Monte das Oliveiras com o apoio do SEBRAE Amazonas.

O SEBRAE também, como parceiro apoiará o NCPAM na Exposição SOS Encontro das Águas, em formato de banners, que deverá servir como instrumento de sensibilização e conscientização junto aos empreendedores ribeirinhos do Lago do Aleixo, os primeiros a sofrerem as conseqüências do impacto ambiental da expansão do Pólo Industrial de Manaus, assim como, caso ocorra, a construção do Porto das Lajes.

No curso de nossas ações buscamos novos parceiros que possam contribuir diretamente para nossas publicações por meio do Fundo Editorial do NCPAM. O chamamento está feito contamos somente com o seu apoio.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

UM ESPECTRO RONDA O MUNDO...

Portanto, Marx está de volta, para o bem ou para o mal. Ele voltou para nos lembrar que o modo de produção capitalista, este monstro terrível desejando subjugar tudo e modelar a sua própria imagem, tem, em seu próprio bojo, o germe da sua ruína, em seu âmago, a sua própria imperfeição, em sua essência, a chave para seu aniquilamento...

Ricardo Lima*

Hard Times... Mais uma vez o capitalismo enfrenta uma de suas crises e os defeitos a ele inerentes começam a tornar-se mais nítidos; as idéias que outrora o ratificavam começam a ser questionadas; num processo lento, mas contínuo, os paradigmas de um processo histórico em decadência são substituídos por outros.

Assim ocorrera com o feudalismo, com o mercantilismo, com o capitalismo industrial, o Estado do Bem Estar Social, o socialismo real e, agora, acontece com o neo - liberalismo...

Hard Times... Mais uma vez o sistema, por meio de sua lógica implacável, nos mostra o quanto é imperfeito, e como tudo que parecia tão sólido, na modernidade, se desmancha no ar...

Tudo que é sólido desmancha no ar. Uma das mais conhecidas e, talvez, a mais enigmática frase de Marx, que até se tornou titulo do belíssimo ensaio de Marshall Berman, sintetiza bem o espírito moderno, espírito este que se renova, que se reinventa e que se destrói, como um furacão tétrico que, arregimentando tudo em volta, consome a si mesmo. O poeta americano Henry Miller descreveu muito bem o dilema do homem que vive a época moderna:

Eis o destino que confronta o homem moderno: fixado no fluxo, não morre, mas desmorona feito estátua, desintegra-se e se desfaz no nada.

Portanto, Marx está de volta, para o bem ou para o mal. Ele voltou para nos lembrar que o modo de produção capitalista, este monstro terrível desejando subjugar tudo e modelar a sua própria imagem, tem, em seu próprio bojo, o germe da sua ruína, em seu âmago, a sua própria imperfeição, em sua essência, a chave para seu aniquilamento...

Por isso seus escritos são agora um dos mais vendidos na Europa, mais uma vez ele é lido, comentado, estudado; é recolocado, outra vez, entre os maiores pensadores econômicos de todos os tempos; é a vingança de um clássico que vem nos assombrar, como o espectro do pai de Hamlet, com sua analise correta, com suas ponderações perspicazes, com seu estilo ferino e inconfundível de todo grande escritor...

Aquele homem de temperamento irascível, que passara por inúmeras dificuldades para levar a cabo o seu projeto intelectual, tantas vezes considerado por certos intelectuais como um ser anacrônico, como simples ideologia ou, quando muito, como um arremedo de pensamento filosófico, foi uma estrela, não apenas no FSM em Belém, mas também no fórum de Davos, onde, na tentativa de encontrar soluções para uma das crises mais terríveis desde 1929, os lideres mais importantes do planeta usaram parte dos seus paradigmas, mesmo de forma indireta, para salvar o sistema...

As idéias sobre protecionismo e uma maior presença do poder público, no sentido de direcionar de maneira mais energética a economia, outrora esquecidas durante os anos áureos do neoliberalismo, ganham cada vez mais força, um dos seus mais ilustre defensores, o premio Nobel de economia de 2008, Paul Krugman, já declarou que a única forma de sair desta crise é aumentando os investimentos públicos; Obama já recentemente disponibilizou uma pacote gigantesco, 819 bilhões de dólares, para salvar os banqueiros esfaimados e os trabalhadores em situação de risco.

Hard Times... Quando o livre mercado mostra que não pode se auto regular, as idéias de um "anacronismo filosófico" ganham força, os liberais correm pedindo socorro do poder público, o mesmo poder publico, o mesmo que tanto sentenciavam com supérfluo. Como dissera Lula Molusco, o mercado é apenas um adolescente que, quando em dificuldades, volta correndo para as asas do Estado...


Ao contrario do que os consercadores pensavem, Marx não é tão anacronico assim...

*Editor e pesquisador no NCPAM