Os 7 chorinhos do
produtor cultural
Gui Afif (*)
Muito
legal a comunicação do Gui, na tentativa de resgatar quem sabe este diálogo com
segmento privado, com as empresas patrocinadoras. A tentativa é válida,
principalmente agora em que a Petrobras vem sendo sucateada pelo PT e com
certeza daqui pra frente a torneira da PTbras será fechada e a cultura “chapa
branca” deve sofrer um tamanho golpe. Contudo deve-se exigir o cumprimento da
Constituição fazendo valer as políticas editorias de forma clara e
transparente, inclusive, reafirmando a PETROBRAS como patrimônio do povo
Brasileiro. Mas este é outro papo. Leia o texto do Gui e veja o quanto a
Cultura pode agregar para o desenvolvimento de suas marcas, bem como a
identidade de sua empresa. Saiba também que os agentes e produtores culturais
são profissionais qualificados que podem muito bem sentar a mesa e discutir o
bem-estar do seu empreendimento ampliando a sua missão e valor com retorno
imediato. Ao produtor cultural cabe se qualificar cada vez mais para este
diálogo criando link junto às corporações empresarias tanto na Federação da Indústria
do Amazonas como também na FIESP e nos demais entes federados, é nosso desafio.
Ao longo de alguns anos ministrando o curso de
Captação de Recursos do Cemec http://redecemec.com venho ouvindo sempre a mesma ladainha sobre empresas
patrocinadoras e seus processos de seleção de projetos. Sempre rebati estas
reclamações tentando mostrar que grande parte das reações indesejadas era
causada pela conduta dos próprios produtores culturais, afinal as empresas
sempre estiveram lá, fabricando suas salsichas, vendendo os seus seguros,
plantando suas sojas. Nós, produtores, é que fomos lá incomodá-los com nossos
projetos mirabolantes. Mas como diria Garrincha, para a estratégia funcionar é
preciso antes combinar com os russos.
Então pela primeira
vez, para deleite dos meus alunos
sofredores, me dirijo aqui aos russos. Estas maravilhosas empresas que têm tido
paciência e atenção conosco, operários do setor cultural, mas que às vezes
poderiam facilitar nossa vida – e a deles, dialogando com o setor para melhorar
a fruição da análise e aprovação de projetos. Vou dar 7 sugestões abertas às empresas patrocinadoras, sem a
intenção de ser definitivo, mas como forma de abrir um debate, no melhor estilo
“discutir a relação”. Está bem, antes que vocês fujam correndo deste artigo,
façam como o grande Garrincha, não precisam levar tudo tão a sério, ok?
1.
Se você quer patrocinar bananas, anuncie que sua política é patrocinar bananas.
Dizer que você quer patrocinar frutas vai atrair jacas, carambolas, laranjas,
maçãs e pitangas, vai ser mais difícil achar sua banana ali no meio. Quanto
mais transparência, melhor.
2.
A única coisa pior do que receber uma negativa de patrocínio é receber um
e-mail padrão. Principalmente quando o motivo da recusa deixa bem clara a sua
política de patrocínio e ela está perfeitamente alinhada com a ideia que
apresentamos, o que denuncia que você nem olhou o projeto. A gente autoriza
você até a nos mandar para aquele lugar, mas não através de um e-mail padrão,
por favor.
3.
Sustentabilidade não é Cultura. Educação não é, necessariamente, Cultura.
Responsabilidade social não é Cultura. Caridade não é Cultura. Churrasco de
final de ano da firma não é Cultura.
4.
Você precisa mesmo de três vias autenticadas do meu comprovante de residência?
Você precisa realmente saber exatamente quanto custa a hora de serviço de um
técnico de iluminação? Lembre-se, a gente apanha mais que vaca na horta do
Ministério da Cultura, ou das secretarias de Cultura para aprovar nossos
projetos e prestar contas depois. E as informações são públicas, você pode ir
lá consultar!
5.
Se você deseja colocar intermediários entre nós, por favor pague pelos serviços
deles. E pague bem. O nosso projeto não
pode pagar pelo seu processo de seleção. Não é justo, nem transparente, nem
sustentável e é ilegal. Nós nunca saberemos se a sua relação com o
intermediário é corrupta ou não, então não nos faça questionar sua integridade.
6. A gente não morde. A gente não está doente. A
gente se comporta direitinho (às vezes) e promete até vestir um paletó. Nos
receba! Sabemos que não dá para receber todo mundo, mas o encontro pessoal é fundamental, pelo menos na seleção final de
projetos. Reserve um dia dos seus 365 para um pitching com seu comitê de cultura. Você vai
descobrir uma porção de coisas dos projetos que você selecionou que poderá
mudar a maneira como você se relaciona com projetos em geral, com o universo da
cultura, com seu público e talvez até com o seu próprio negócio. Você vai
descobrir também que nem todo pdf ruinzinho significa um projeto ruinzinho, e o
oposto também é verdadeiro. E vai ser divertido, isso a gente garante.
E
finalmente, 7. Acredite na força da Cultura. Muito mais que divulgar a sua marca, ela é a maneira mais econômica e
eficaz de compreender o seu público. E toda a sociedade.
*Gui
Afif apresenta o curso Captação de Recursos no Cemec http://redecemec.com/ , de 12 a 15 de maio. Clique aqui para saber mais.
Sobre Gui Afif
Presidente
do Cemec, especialista em captação de recursos, membro do Conselho Estadual de
Turismo e diretor na Associação Comercial de São Paulo.
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