domingo, 8 de junho de 2008

FILOSOFIA E SOCIOLOGIA: EDUCACIONISMO NO ENSINO MÉDIO


* Maria Rachel Coelho

Semana passada foi sancionada a lei 11.684/2008 que acrescenta ao artigo 36 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), o inciso IV, determinando a inclusão das disciplinas de Filosofia e Sociologia como obrigatórias em todas as séries do ensino médio. As matérias agora integrarão o currículo de todas as instituições de Ensino Médio públicas e privadas.

A nova lei que atingirá 8,9 milhões de estudantes secundários, vem ao encontro da federalização da educação. Segundo a qual as bases da Educação devem ser federais e não determinadas por leis locais, a critério de decisões diferenciadas dos prefeitos. É também o nosso primeiro passo para uma grande revolução. Duas disciplinas indispensáveis para ajudar a juventude a entender a realidade do mundo e refletir a sociedade em que está inserida.

O grande desafio agora é a formação dos professores nas duas áreas, os conteúdos a serem ensinados, a metodologia que será adotada e em que carga horária. Precisamos de um professor que tenha uma visão compatível com os novos tempos onde a globalização substitui as economias nacionais e onde o capital-conhecimento e as informações substituem o capital-máquina.

Um professor capaz de derrubar o muro da omissão, da acomodação, não deixando que esses jovens aceitem o fim dos sonhos ou abandonem a causa. Mostrando-lhes que a realidade hoje exige novas formas de apresentar e defender os sonhos revolucionários. No lugar da fracassada igualdade na renda e no consumo com o sacrifício da liberdade, proposta nos séculos XIX e XX, agora a utopia sonhada é a humanidade livre e integrada globalmente. Uma humanidade conectada, dispondo dos equipamentos e das bases culturais para o grande diálogo mundial que os diversos meios de comunicação já permitem. Todos integrados, sem distinção e com a mesma chance de participar.

É papel desses docentes, em cada sala de aula, combater esse imobilismo social, para as gerações futuras. Suscitar a reflexão dos atuais métodos de prática política. Mostrar que a corrupção não pode ser tolerada e justificada como natural “parte do jogo”, a desigualdade não pode ser aceita, combater esse retrocesso na consciência política da sociedade, onde os movimentos sociais se acomodaram, os sindicatos foram anulados, as lideranças políticas cooptadas, as vanguardas estudantis transformadas em louvadores, os intelectuais optaram pelo silêncio reverencial e o povo foi convencido de que não há mais razão para lutar, basta manter no governo os que oferecerem pequenas transferências de renda para pobres dependentes, em vez de mudar a qualidade de vida de um povo emancipado.

Depois de um século de frustrações com as revoluções prisioneiras das economias nacionais, que utilizaram o poder do Estado para criar novas classes burocráticas por meio do desenvolvimentismo ou do socialismo, e no início de um novo século no qual o mundo se divide internacionalmente entre um Primeiro-Mundo-Internacional-dos-Ricos, seja qual for o país onde se vive, e um Arquipélago-Social-de-Pobres espalhados no Planeta - o gulag neoliberal - o ponto de partida da utopia é derrubar a Cortina de Ouro que separa incluídos e excluídos dentro de cada país, quebrar a apartação e integrar a todos, dando-lhes a mesma chance. O crescimento econômico não será capaz, a revolução social tradicional pela economia e controle do estado não será possível. Só há um caminho: a educação.

Felizmente, ainda é tempo. A acomodação vai aos poucos se transformar em reação e despertaremos a indignação. E essa indignação se transformará na chama do sonho revolucionário. Um sonho que se baseia na revolução educacional que assegure a mesma oportunidade de formação para todos.

Poucos recebem esse mágico sopro de adotar uma causa, de se engajar numa luta social pela transformação do mundo em direção a um projeto utópico, de fazer uma revolução. Mas esses poucos ficam na História.

* Doutoranda em Ciência Política, Coordenadora do Movimento Educação Já! e colaboradora do Núcleo de Cultura Política da Universidade Federal do Amazonas - NCPAM.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poxa NCPAM, cadê o post sobre CRISTOVAM BUARQUE?

Anônimo disse...

Queria mesmo é parabenizar a Universidade Federal do Amazonas por meio do NCPAM pela implementação do projeto CULTURA INDÍGENA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS DO AMAZONAS, para a formação de 500 professores da rede pública do interior do Amazonas quanto a sensibilização da lei 11.645/2008. A iniciativa desta ação educacional só poderia mesmo vir do Núcleo de Cultura Política do Amazonas.
Já admirava tanto o trabalho do ProfºAdemir Ramos e de Fabio Braga, mas depois que montaram um evento em apenas um dia e conseguiram colocar 400 pessoas na palestra do Senador Cristovam Buarque numa manhã de chuva torrencial, essa competência passa a ser conhecida pelo Brasil inteiro. Meu esforço foi apenas levar o Senador, acreditei nesse time e fomos campeões. Time que me orgulho muito de torcer e fazer parte.
Agradeço o carinho da publicação.
meu abraço
Maria Rachel Coelho

Anônimo disse...

PARABENS PROFESSOR ADEMIR RAMOS, SE NÃO FOSSE O SEU TRABALHO EM MINISTRAR AULAS DE CIENCIA POLITICA E NO NCPAM, OS ALUNOS NÃO TERIAM MAIS ESTA DISCIPLINA CIENCIA POLITICA NA GRADE DO CURSO DE CIENCIAS SOCIAIS, DESDE O 1ºPERIODO, UMA VERGONHA PELA HEGEMONIA DE CERTOS DEPARTAMENTOS O CURSO ESTA QUASE MUDANDO O SEU NOME PARA CURSO DE ANTROPLOGIA!MAIS ISSO VAI MUDAR NADA E ETERNO TENHO CERTEZA SE DEPENDER DE ALGUNS, ISSO EM BREVE MUDARA, AGUARDEM!