quinta-feira, 26 de junho de 2008

O TERRORISMO DA PUBLICIDADE


Thiago Rocha de Queiroz*


Na década de 60, o Brasil sofreu um golpe político que, colocando as grandes patentes militares sob o poder do país, manchou de sangue a história de uma nação tão marcada pela sua alegria. Em 1968 o Ato Institucional nº 5 (AI-5) corta as liberdades democráticas em nome de uma política de salvação nacional. Os lemas de “ordem e progresso”, descritos em nossa bandeira, deviam ser, a qualquer custo, praticados pelo Estado ditatorial. Foram tempos difíceis... Tempos onde “ter razão” era muito perigoso.

Todo este processo de repressão só foi possível a partir do poder da publicidade, através dos discursos que legitimavam as ações emergenciais e que justificavam as ações do Estado como fundamentais para o processo de desenvolvimento do país. Quem se beneficiou com o processo sente, ainda hoje, grande nostalgia. Quem lutou, relembra diariamente este momento, pois toda grande vitória vem acompanhada de muita dor e sofrimento, de muitas lágrimas e perdas.

Sacrifícios feitos por homens e mulheres que deram o seu sangue por um país que hoje dança a “égua pocotó”, a boquinha da garrafa e o “créu”. Vivemos na ditadura da informação que direciona opressivamente as verdades gerais. Os meios de comunicação formam a opinião de um país despolitizado, que odeia política e que encontrou na falta de investimentos educacionais, a chave para se manter no poder.

A política estava em toda a parte: na musica de Chico Buarque, na mesa de botequim, nos cabarés, no futebol... Hoje separamos isto de nossa vida, pois grande parte da população ou é descrente, afirmando que não existe solução, ou acredita que “política” é assunto para determinados grupos sociais.

A sociedade parece estar assentada sobre um grande circo, contemplando um espetáculo onde tudo é alegria e felicidade, tirando “graça” de suas próprias “desgraças” e esquecendo que por detrás das lonas que envolvem as estruturas deste circo, existe muita gente querendo assistir ao mesmo espetáculo, indignados por não poderem rir das mesmas piadas. Acredito que nunca estivemos tão domesticados quanto hoje. O conhecimento que antes servia para libertar, hoje nos aprisiona em um mundo de curiosidades.

É certo que os problemas de outrora não são os mesmos, mas se hoje não gostamos de nos envolver tanto com os problemas sociais, é porque as estruturas particulares dos indivíduos, como o casamento, a família, a sexualidade etc, estão em profunda decadência, afetadas por um progresso que nos torna, a cada dia que passa, seres insensíveis, preguiçosos, maquiavélicos, fechados em um universo particular, mesquinho e egoísta. Talvez se, em nossa história, tivéssemos passado por uma guerra civil nacional, que envolvesse todos os estados e que não fosse centralizada como foram os movimentos contra a ditadura, teríamos na memória algo além dos nossos títulos mundiais de futebol.

Contudo, apesar de não sentirmos materialmente as forças de repressão do Estado, somos reféns de uma máquina publicitária que condiciona a postura e a sensibilidade dos indivíduos. O país se moveu quando um pai jogou a sua filha pela janela de um prédio; quando uma criança foi arrastada pelas ruas da “cidade maravilhosa”; contra índios que, em defesa de seu território, feriram um engenheiro que pretendia construir uma hidrelétrica em suas terras.

Entretanto, este mesmo país esquece que, bem perto dele, acontece diariamente os mesmos casos, talvez até piores, que são esquecidos ou menosprezados por uma imprensa sensacionalista que só divulga os fatos que envolvem a classe média de um país majoritariamente constituído por pobres.

Por que não nos sensibilizamos com os ataques norte-americanos que mataram centenas de inocentes na guerra contra o “terrorismo”? Com crianças de rua que morrem de fome ou adoecem por não terem para quem recorrer? Por índios, em Roraima, que são vítimas de atentados promovidos e assumidos por jagunços ou fazendeiros que pretendem retirá-los de suas terras?

Não estou dizendo que os crimes mencionados são de menor ou maior importância, mas, aparentemente, tudo parece depender muito de como a notícia chega até nós.

* Estudante de História da Universidade Federal do Amazonas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vergonha concurso para professor de Sociologia ICHL Ciencias Sociais e denunciado no MPF! Toda mudança e necessaria mais e genetico do brasileiro não reclamar e aceitar tudo como esta e fica por isso mesmo.

Anônimo disse...

SISTEMA.Existe! Está no controle de tudo e de certa forma de todos. Mesmo que muitos prossigam o continuismo do pensamento que o neoliberalismo privem muitos de pensar, nos vemos em uma grande questão: fazer ou não parte dele? Se é que temos esta escolha. . . Ainda que tenhamos grandes propostas, teremos que nos adaptar a ele,e ainda assim, correr o risco de sermos excluido pelo mesmo. Para que se mude é necessário fazer grandes campanhas de conscietização política, e desmistifiando-a - é possível fazer funcionar como deve ser! Voltar a educação não somente para responder as demandas mercadológicas, mas gerar individuos pensantes, geradores de soluções. Lógico que isso é a longo prazo, mas tudo começa por um primeiro passo.

Anônimo disse...

MANAUS - A Justiça Federal no Amazonas deferiu o pedido veiculado na ação civil pública (2008.32.00.003266-0, em trâmite na 1ª Vara) proposta pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e concedeu liminar determinando a suspensão dos concursos da Fundação Universidade Federal do Amazonas (Ufam) por irregularidades encontradas nos editais do concurso para Magistério Superior em Manaus e no interior do Estado. Da decisão cabe recurso.

Irregularidades

O MPF/AM encontrou irregularidades nos Editais nº 005, 006, 007, 008, 009 e 013 de 2008, bem como nas Resoluções 002 e 003/2006, que os regulamentam, que vão desde a ausência de reserva de vagas para portadores de necessidades especiais previstas em lei, até a violação aos princípios constitucionais da publicidade e da meritocracia, bem como ao da economicidade, isonomia, impessoalidade e eficiência.

Uma das violações constatadas pelo MPF/AM diz respeito à não exigência de titulação igual ou superior dos membros da Banca Examinadora, em relação ao candidato. Além disso, não há publicação da área de conhecimentos dos componentes da banca, atrelado às suas titulações.

Quebra de sigilo

Outro ponto destacado é a quebra do sigilo das provas, a fim de se resguardar a impessoalidade do certame.

Na fase destinada à leitura da prova escrita, não houve qualquer argüição acerca de seu conteúdo, o que não justifica a atribuição de uma nova nota, muito menos que isso fosse feito anteriormente à divulgação da nota da prova escrita.

Para assistir a vídeos com notícias e informações sobre a Amazônia, acesse www.portalamazonia.com/videosdaamazonia. Faça o seu cadastro e assista por 30 dias grátis.

Fonte: MPE/AM - JM

PEGA FULERO!

Anônimo disse...

Viva a ditadura onde em seu periodo a publicidade tinha algemas, todavia atualmente esconde em grade parte os escândalos de corrupção no Brasil como as mordomias do presidente da assembléia legislativa do amazonas, tudo isso e feito e reeleito com o aprovação de seus mentor do estado do amazonas, diante de uma sociedade amazonense desligada da vida política estadual, do que nossos "ditos deputados estaduais" podres representantes fazem a seu favor e não em favor da coletividade, ao qual senhor eles servem o da hegemonia governamental do amazonas
ou ao da união federal, nunca ira enganar as pessoas esclarecidas de suas mentiras e sobre a preservação do amazonas de fachada, mero comércio especulativo destes com grandes corporações internacionais que visam retirar o máximo de riquezas naturais do amazonas.