sábado, 23 de fevereiro de 2013


A GESTÃO CRIATIVA NO CONTEXTO DAS CIDADES

Para isso, é preciso que o prefeito Artur Neto repense a gestão como um todo, como unidade diretiva assentada na educação escolar e nas práticas sociais desenvolvendo plataformas de atuação que integre a escola a comunidade e vice-versa. 


Ademir Ramos (*)

Conectado com as ideias, conceitos e propostas trabalhadas pela professora Ana Carla Fonseca, economista, urbanista e uma das primeiras no Brasil a conceber e a formular políticas e estratégias para plataforma das cidades, sustentadas na prática das economias criativas baseadas na âncora da cultura, da história, do saber e do como fazer de nossa gente frente aos desafios impostos pela globalização, atrevo-me a repensar o processo de gestão publica tendo como referência a Prefeitura de Manaus na perspectiva de construir conectividade, inovação e a valorização da cultura como eixos de políticas públicas convertidas em valores e processos de formação da cidadania.

Inicio esta reflexão fazendo o seguinte chamamento: É mais eficiente construir do que comprar feito. A primeira atitude do governante gestor é trocar os óculos do neocolonizador pelas lentes dos agentes locais. Nada de transplantar modelos ou copiar determinadas práticas e até mesmo contratar agentes externos para a consecução dos projetos da cidade. Requer de antemão que o prefeito de Manaus e seus agentes mergulhem na história e na cultura local conectados com o mundo em permanente diálogo, na perspectiva de responder com determinação o fazer da cidade, respeitando à diversidade de suas formas e sentidos. É verdade que quatro anos passam rápido, mas nada justifica contratar projetos de cima pra baixo afrontando a tradição e a cultura de nosso povo para obter de pronto rendimento eleitoral. Esta visão imediata é profundamente prejudicial à política e pode conduzir o mandatário para o ostracismo e desencanto popular.

Outro chamamento que faço é relativo ao processo de gestão por competência e habilidade do poder descentralizado sob a direção moral e política do senhor prefeito. Em se tratando de política eleitoral, tendo à porta as eleições de 2014, as circunstancias se impõe, não devendo, contudo, reduzir os cargos e funções operacionais em moeda de troca, vindo desse modo obliterar o processo de governança. Particularmente, em se tratando de um governo do PSDB que deve bater chapa com os petistas e aliados, em disputa a Presidência da República. As alianças políticas são necessárias, mas, muito mais importante é assentar o governo na vontade popular, resgatando a credibilidade e a confiança daqueles que apostaram nas urnas em Artur Virgílio para prefeito de Manaus contra o mandonismo de Eduardo Braga (PMDB) e do próprio PT de Dilma e Lula.

A Cidade Criativa requer do mandatário e de seus agentes capacidades de repensar suas práticas criando pontes para religar as pessoas a si mesmo, oferecendo condições para que se desenvolvam moral e socialmente sentindo parte do problema da cidade enquanto pertencentes ao mesmo território e usuários do espaço público. De imediato, pode-se recorrer às campanhas educativas através das mídias sociais para sensibilizar os comunitários no que diz respeito à limpeza pública, a proteção ambiental, conservando e plantando novas árvores, o zelo pela coisa pública e a desobstrução das ruas, praças e áreas públicas, oferecendo os meios necessários para se viver com dignidade. Penso nesta hora, a humanização do trânsito, das praças, logradouros públicos e dos parques, devendo ser seguido da descentralização do poder enquanto presença marcante nos arredores de Manaus no formato de miniprefeituras com poder de interlocução junto ao povo para acelerar o projeto político do governo Artur Neto.

Como foi dito acima, criatividade requer inovação e profundo vinculo com a cultura (material e simbólica). Estas determinações encontram-se em processo na escola. Para isso, é preciso que o prefeito Artur Neto repense a gestão como um todo, como unidade diretiva assentada na educação escolar e nas práticas sociais desenvolvendo plataformas de atuação que integre a escola a comunidade e vice-versa, investindo na constituição do Conselho Escolar como ação estruturante de Estado, como capacidade de operar o sistema municipal de ensino em atenção às demandas locais. Para isso, é preciso repensar o modelo de escola, qualificar os professores, gestores e a equipe dirigente para atuarem como interlocutores junto à comunidade operando o monitoramento, os objetivos e metas do projeto político pedagógico discutido e aprovado por todos e todas em cumprimento a escola que queremos. Assim, a Escola se traduz em participação, primando pela criatividade como processo de formação tendo como base o capital local e os recursos disponíveis para a formulação de novos conceitos e projetos visando o processo da aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo dos atores presentes na comunidade escolar de modo inovador, criativo responsável.

(*) É professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.

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