terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


REFLEXÕES SOBRE A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL

Ademir Ramos (*)


Os governantes por todo o Brasil estão investindo na construção de Escola em Tempo Integral, com objetivo de assegurar as famílias um padrão de qualidade que possibilite as crianças e jovens uma convivência solidária, afetiva, justa e responsável, visando o desenvolvimento das competências e habilidades fincado na autonomia criativa, na leitura do mundo, pesquisa e nos instrumentos laboratoriais das ciências, das artes e da cultura de nossa história.

Não tem jeito, a única saída que o novo mundo tem para se projetar no Fórum das Nações desenvolvidas é por meio da educação. Para isso é preciso que façamos algumas reflexões sobre esta onda da Escola em Tempo Integral, considerando de pronto, a conversão desta em políticas públicas estruturantes.

Para isso é urgente que se analise algumas determinações das práticas de uma Escola em Tempo Integral se quisermos ver prosperar o investimento destinado à escola pública tanto no Município como no Estado.

De início, gostaríamos de compartilhar com os interessados, em particular, com os especialistas alguns pontos que dizem respeito à constituição da Escola em Tempo Integral quanto à forma, proposta curricular, gestão democrática, práticas pedagógicas e inserção da escola na comunidade local, entre outras matérias que venham a ser apreciadas no curso dos debates.

O chamamento é para que possamos acordar frente ao fato e começarmos a participar desta discussão que pouco a pouco ganha corpo nos meios acadêmicos e queiramos nós que seja pauta dos meios de comunicação em suas variadas frentes.

Dessa feita, a pro-vocação se faz a partir das escolas construídas com 20 a 30 salas, matriculando entre mil, a dois mil alunos, criando uma situação quase insustentável para o processo de governança escolar. Quase, porque é preciso examinar o corpo técnico que a escola possui para cumprir com sua função de aprendizagem em sua integralidade. Outro quesito a ser debatido é a própria organização da Escola em articulação com os pais dos alunos, a congregação dos professores, lideranças estudantis e a equipe dirigente escolar.

A porposta curricular deve merecer total atenção porque altera a visão tradicional da escola e consequentemente do professor. Explico: Na Escola Integral o Estado toma para si total responsabilidade pela formação das crianças e jovens. Eles permanecem por oito horas na escola, trabalhando os conteúdos obrigatórios e optativos sob a orientação dos professores, pedagogos e seus assistentes. Para isso é necessário repensar também a carga horário do professor e acompanhar as suas práticas numa perspectiva orgânica, dialogando com as várias formas de saber de modo criativo e prazeroso, em cumprimento aos objetivos do projeto político pedagógico, assim definido no conselho escolar.

O desafio é grande e requer dos governantes coragem para assumir a responsabilidade, priorizando os investimentos na formação e gestão de pessoas; na valorização dos professores, pedagogos, gestores e demais trabalhadores que operam no sistema educacional buscando a excelência do nosso ensino.      

(*) É professor, antropólogo e coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM/UFAM.

Nenhum comentário: