quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


VIVA O JARAQUI

Ellza Souza (*)

O carnaval 2013 passou. Como tudo na vida passa. Este ano passei fervendo. Fui em alguns blocos. E desci a avenida na Escola de Samba de acesso Ipixuna. Foi uma festa. Sem saber dançar, festejei a vida de cara limpa e feliz. Mas com uma bela fantasia, simples mas “falava” de música. Os blocos de rua e o carnaval de clube são os meus preferidos. A chuva enlameou um pouco a alegria dos foliões mas na avenida do Turismo ficou bem melhor a banda do Galo. Um dia a gente aprende a fazer carnaval de rua. Com ou sem chuva.

O bloco do pessoal do Jaraqui, movimento dos “antenados” e intelectuais da cidade que entre discursos e marchinhas foi um dos mais animados. O maestro Mário Lino comandava a banda que não saiu do ritmo do Zé Pereira e animou a todos que passavam na praça da Polícia, no Café do Pina, tradicional lugar de encontro de quem precisa falar de liberdade, de boas políticas para a população, de ensino de qualidade para todos, de qualidade de vida movida a alegria e criatividade. Do jeito que está, sem boas idéias, com tanta corrupção e impunidade nem sei para onde estamos indo.

Em tempos chuvosos a folia sempre acaba num bom toró e foi assim com o bloco do Jaraqui. Quando as baterias dos foliões já estavam bem quentes na praça, o maestro avisou que a banda ia parar por causa da água que vem do céu. “Os instrumentos não podem molhar”, disse. O professor da Ufam Ademir Ramos “puxava” a animação; o jornalista Deocleciano Souza e seu irmão Amecy Souza, cuja animação dos dois estava no olhar e nos confetes; a Margarida Campos que não parou um minuto de “pular”; o Luiz Prestes, paulista e médico que deu seus passinhos contribuindo para a alegria da festa. E a população ao redor olhando curiosa, fotografando a bela praça, o coreto com os músicos, os gigantescos bonecos, um pouco  acanhada, receosa, parecia ter medo da folia. Era uma manhã de sábado chuvosa –  sábado gordo - e o manauara ainda estava frio para saborear a festa embalado no ritmo da “invenção dos anjos entediados com a marcha celestial”, arrematados pelo jaraqui, “o peixe voluptuoso que seduz a todos para o reino encantado das festas mergulhadas no ensopado da alegria, do prazer e no consumado desejo impetuoso da sexualidade múltipla como sinergia da vida em sociedade”, diz a lenda segundo o estudioso Ademir. Não disse mas assino embaixo.

 (*) É jornalista, escritora e articulista do NCPAM/UFAM.

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