VIVA
O JARAQUI
Ellza
Souza (*)
O
carnaval 2013 passou. Como tudo na vida
passa. Este ano passei fervendo. Fui em alguns blocos. E desci a avenida na
Escola de Samba de acesso Ipixuna. Foi uma festa. Sem saber dançar, festejei a
vida de cara limpa e feliz. Mas com uma bela fantasia, simples mas “falava” de
música. Os blocos de rua e o carnaval de clube são os meus preferidos. A chuva
enlameou um pouco a alegria dos foliões mas na avenida do Turismo ficou bem
melhor a banda do Galo. Um dia a gente aprende a fazer carnaval de rua. Com ou sem
chuva.
O bloco do pessoal do Jaraqui,
movimento dos “antenados” e intelectuais da cidade que entre discursos e
marchinhas foi um dos mais animados. O maestro Mário Lino comandava a banda que
não saiu do ritmo do Zé Pereira e animou a todos que passavam na praça da
Polícia, no Café do Pina, tradicional lugar de encontro de quem precisa falar
de liberdade, de boas políticas para a população, de ensino de qualidade para
todos, de qualidade de vida movida a alegria e criatividade. Do jeito que está,
sem boas idéias, com tanta corrupção e impunidade nem sei para onde estamos
indo.
Em tempos chuvosos a folia sempre acaba
num bom toró e foi assim com o bloco do Jaraqui. Quando as baterias dos foliões
já estavam bem quentes na praça, o maestro avisou que a banda ia parar por
causa da água que vem do céu. “Os instrumentos não podem molhar”, disse. O
professor da Ufam Ademir Ramos “puxava” a animação; o jornalista Deocleciano
Souza e seu irmão Amecy Souza, cuja animação dos dois estava no olhar e nos
confetes; a Margarida Campos que não parou um minuto de “pular”; o Luiz
Prestes, paulista e médico que deu seus passinhos contribuindo para a alegria
da festa. E a população ao redor olhando curiosa, fotografando a bela praça, o
coreto com os músicos, os gigantescos bonecos, um pouco acanhada,
receosa, parecia ter medo da folia. Era uma manhã de sábado chuvosa – sábado
gordo - e o manauara ainda estava frio para saborear a festa embalado no ritmo
da “invenção dos anjos entediados com a marcha celestial”, arrematados pelo
jaraqui, “o peixe voluptuoso que seduz a todos para o reino encantado das
festas mergulhadas no ensopado da alegria, do prazer e no consumado desejo
impetuoso da sexualidade múltipla como sinergia da vida em sociedade”, diz a
lenda segundo o estudioso Ademir. Não disse mas assino embaixo.
(*) É jornalista, escritora e
articulista do NCPAM/UFAM.
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