O QUE DIZER DA POLÍTICA NO AMAZONAS
Ademir
Ramos (*)
Aqui a disputa pelo Estado é muito mais aguerrida pela oligarquia regional porque desse controle depende unicamente a origem de sua riqueza e a multiplicação de seu patrimônio. O conceito de oligarquia que, em alguns territórios encontra-se centrado nas relações de parentescos e afins, no Amazonas esta prática política ganha outra feição, exigindo de seus atores compartilhamento nos negócios das corporações empresariais sejam formais ou situacionais, repartindo dividendos diretos ou indiretamente.
Alguns estudiosos da matéria quando analisam
conjuntura dessa natureza reportam-se a situação pré-capitalista visto que o
desenvolvimento das forças produtivas locais encontram-se bastante atrasadas,
dependendo das corporações que muitas vezes estão atreladas ao Estado e por
consequência aos atos e favores dos seus governantes. O que muito contribui
para esse "mando de campo", esse controle quase absoluto do cidadão é
o poder centralizador do Estado no Governante Local, a quem compete à liberação
dos recursos orçamentários aos poderes constituídos, bem como a nomeação de
desembargadores, conselheiros, bem como a controle de toda a burocracia de
Estado.
Com a presença do Polo Industrial de Manaus
(PIM) e efetiva ação do Projeto Zona Franca de Manaus, o poder de Estado tanto
o governo federal como o governo local ganha força minimizando dessa feita o
capitalismo liberal permeado pelos favores dos incentivos fiscais, que são
verbas públicas que os governantes deixam de arrecadar na perspectiva de
geração de empregos e tributos.
O controle do PIM por meio da SUFRAMA está
muito mais para o Governo Federal, o que muito beneficia o candidato Eduardo
Braga, por ser o líder do Governo no Senado, do que para o Governador atual do
Estado, José Melo.
A disputada agressiva interpares entre os
atores desta oligarquia resulta no orçamento de mais 50 bilhões de reais que o
futuro governador eleito terá pelos próximos 4 anos. Eduardo Braga avalizado
pelo patrono Amazonino Mendes tenta superar as fissuras, costurando interesses
tradicionais dos atores de seu grupo, agregando forças advindas do Gilberto
Mestrinho, Amazonino Mendes e de sua própria relação tanto local, como nacional
e internacional. O Melo, por sua vez não é diferente, mas se quiser escancarar
estas fissuras e levá-las a contradição pode fazer, para isso é preciso
repaginar suas propostas e conquistar novos aliados, não só atento às regras do
jogo, mas partindo para a galera, buscando no braço do povo sua força e coragem
para enfrentar o taco daqueles que coisificam o povo, empobrecendo nossa gente
enquanto esnobam o Amazonas, gastando milhões de reais para os seus enquanto
para nossa gente somente as migalhas. Não se trata de um governo
revolucionário, mas de reordenar o governo sobre nova matriz assentado em relações
produtivas numa perspectiva popular e participativa. Mais, do que querer é
preciso coragem e determinação motivadas por interesse republicanas. As
oposições podem se beneficiar destas contradições, mas não podem esquecer que o
segundo turno é determinante para o definhamento da oligarquia, buscando em si
sua própria negação e quem sabe a construção de um novo cenário político.
(*) É professor da UFAM, coordenador do NCPAM e
do Jaraqui.
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