quarta-feira, 25 de junho de 2014

O VICE DE OCASIÃO NA RABIOLA DOS 
CANDIDATOS

 Neste contexto, o vice tanto para a situação como para as oposições, além de multiplicar voto deve também somar moralmente.

Ademir Ramos (*)

Para concorrer às eleições, os candidatos ao Governo do Estado procuram um vice para composição de suas chapas. Nesse momento, o povo encontra-se passivo frente às articulações e acordos feito pelos pretensos candidatos que buscam obter nas urnas o sucesso da vitória. Passivo porque o sistema eleitoral delega aos Partidos todo o poder relativo à escolha e aprovação dos candidatos nas convenções, dando legalidade as inscrições junto à Justiça Eleitoral.

A indicação e aprovação dos candidatos no Tribunal Regional Eleitoral são de inteira responsabilidade dos Partidos, o eleitor, por sua vez, apenas é chamado a confirmar ou não os nomes que já foram selecionados pelas agremiações partidárias de acordo com sua conveniência, interesses e o que eles chamam de densidade eleitoral. Esses critérios servem também para a escolha de um vice de peso, que venha multiplicar nas urnas o número de votos do candidato a governador.

Nesses termos tanto a situação como a oposição transitam nestas alas às vezes pontuando menos ideologia e mais oportunismo celebrando alianças eventuais que visam muito mais as urnas do que o processo de governança. Digo mais as urnas porque primam unicamente pelo quantitativo, isto é, o mais importante é saber se o candidato à vice tem curral de votos na periferia da cidade, no interior do Estado ou num determinado segmento social, étnico e/ou de gênero, não interessa se ele é zero a esquerda, em se tratando de gestão publica. O seu passado moral pouco ou nada importa para os oportunistas porque acreditam que o povo tem memória curta e que por meio da mídia é capaz de reverter qualquer imoralidade que por acaso venha ameaçar sua trajetória eleitoral.

A moral está para a política assim como rio está para o mar. É face e interface do mesmo fato enquanto expressão de um comportamento familiar e privado a interagir com o social, comunal ou público. Maquiavel muito se preocupava com a moral dos Príncipes, não só quanto à vida privada como também referente às guerras de conquistas, repudiando qualquer ato que violasse as mulheres dos povos ou dos reinos conquistados. Visto que, segundo o florentino, os homens jamais esquecem e tolera a violação moral da família frente à disputa do poder de Estado. No medievo esta mácula mobilizava revoltas sangrentas. No capitalismo, não é tão diferente, ao contrário a moral familiar é mais aguda por ser esta o escudo da propriedade privada que assenta todo valor capital da sociedade mercantil. Embora, o jurídico nestas circunstancias tenha regulado estas relações dando asas ao poderio econômico, o mesmo já não se pode dizer da política por está afetado de profunda paixão a começar pelas questões familiares a se estender pelas questões de Estado.

O vice, neste contexto, tanto para a situação como para as oposições, além de multiplicar voto deve também somar moralmente, agregando valor ao candidato majoritário sem afrontar os valores morais e muito mais ainda sem reduzir a política ao pântano da corrupção, da irresponsabilidade e da obscuridade, instrumentalizando o Estado para interesses privados afrontando, dessa feita, o povo e seus direitos sociais.


(*) É professor da UFAM, coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM.         

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