O VICE
DE OCASIÃO NA RABIOLA DOS
CANDIDATOS
Neste contexto, o vice tanto para a situação
como para as oposições, além de multiplicar voto deve também somar moralmente.
Ademir
Ramos (*)
Para concorrer
às eleições, os candidatos ao Governo do Estado procuram um vice para
composição de suas chapas. Nesse momento, o povo encontra-se passivo frente às
articulações e acordos feito pelos pretensos candidatos que buscam obter nas
urnas o sucesso da vitória. Passivo porque o sistema eleitoral delega aos Partidos
todo o poder relativo à escolha e aprovação dos candidatos nas convenções,
dando legalidade as inscrições junto à Justiça Eleitoral.
A indicação e aprovação dos
candidatos no Tribunal Regional Eleitoral são de inteira responsabilidade dos
Partidos, o eleitor, por sua vez, apenas é chamado a confirmar ou não os nomes
que já foram selecionados pelas agremiações partidárias de acordo com sua
conveniência, interesses e o que eles chamam de densidade eleitoral. Esses
critérios servem também para a escolha de um vice de peso, que venha
multiplicar nas urnas o número de votos do candidato a governador.
Nesses termos tanto a
situação como a oposição transitam nestas alas às vezes pontuando menos
ideologia e mais oportunismo celebrando alianças eventuais que visam muito mais
as urnas do que o processo de governança. Digo mais as urnas porque primam unicamente
pelo quantitativo, isto é, o mais importante é saber se o candidato à vice tem
curral de votos na periferia da cidade, no interior do Estado ou num determinado
segmento social, étnico e/ou de gênero, não interessa se ele é zero a esquerda,
em se tratando de gestão publica. O seu passado moral pouco ou nada importa
para os oportunistas porque acreditam que o povo tem memória curta e que por
meio da mídia é capaz de reverter qualquer imoralidade que por acaso venha
ameaçar sua trajetória eleitoral.
A moral está para a política
assim como rio está para o mar. É face e interface do mesmo fato enquanto expressão
de um comportamento familiar e privado a interagir com o social, comunal ou
público. Maquiavel muito se preocupava com a moral dos Príncipes, não só quanto
à vida privada como também referente às guerras de conquistas, repudiando qualquer
ato que violasse as mulheres dos povos ou dos reinos conquistados. Visto que,
segundo o florentino, os homens jamais esquecem e tolera a violação moral da
família frente à disputa do poder de Estado. No medievo esta mácula mobilizava
revoltas sangrentas. No capitalismo, não é tão diferente, ao contrário a moral
familiar é mais aguda por ser esta o escudo da propriedade privada que assenta
todo valor capital da sociedade mercantil. Embora, o jurídico nestas circunstancias
tenha regulado estas relações dando asas ao poderio econômico, o mesmo já não
se pode dizer da política por está afetado de profunda paixão a começar pelas
questões familiares a se estender pelas questões de Estado.
O vice, neste contexto,
tanto para a situação como para as oposições, além de multiplicar voto deve
também somar moralmente, agregando valor ao candidato majoritário sem afrontar
os valores morais e muito mais ainda sem reduzir a política ao pântano da
corrupção, da irresponsabilidade e da obscuridade, instrumentalizando o Estado
para interesses privados afrontando, dessa feita, o povo e seus direitos
sociais.
(*) É professor da UFAM,
coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM.
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