terça-feira, 10 de junho de 2008

EDUCAÇÃO ETNO-RACIAL NÃO TEM VEZ NA SEDUC


Foto: Marinho Ramos

Depois de 04 meses de trabalho junto à gerência de educação fundamental da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), promovendo a pesquisa e a formatação das aulas do curso de Cultura e História Indígena e Afro-brasileira nas Escolas do Amazonas: Formação Continuada de Professores, o coordenador do projeto é surpreendido na segunda-feira (9), pelo recado do gerente do Centro de Mídias, informando que o curso seria mais uma vez transferido por razões obscuras e não convincentes.

O projeto é uma iniciativa do Núcleo de Cultura Política (NCPAM) da Universidade Federal do Amazonas, contando com o patrocínio da Petrobras, Ministério da Cultura, da Fundação de Apoio a Universidade Federal de São João Del-Rei, bem como apoio do Sebrae Amazonas.

A exclusão do projeto Cultura Indígena e Afro-Brasileira da grade do Centro de Mídias da Seduc expressa, segundo o professor Ademir Ramos, coordenador do projeto e do NCPAM -, o descaso como o governo do Amazonas trata a educação Etno-racial no Estado.

Para o professor Ademir Ramos, “quem decide os objetivos da educação no Estado não é a Seduc, mas sim, a empresa privada chamada Jobast que determina o conteúdo dos cursos e defini os objetivos de acordo com a vontade de mando do palácio. A Jobast é uma empresa privada contratada para gerar os cursos a distância. Entretanto, assume nesse caso a competência de desautorizar a geração do curso de Educação Etno-Racial, alegando razões que contrariam os entendimentos mantidos com o senhor secretario de educação”.

O impasse para a realização do curso vem desde o dia 02 passado, quando se deveria iniciar as aulas. No entanto, o professor Ademir Ramos explicou que a coordenadora pedagógica do Centro de Mídias, Socorro Barros Gomes informou que não iria começar na data mencionada e que só iria iniciar na segunda-feira próxima (9) conforme havia determinado o coordenador do Centro, Augusto Melo.

Assim mesmo, o coordenador do projeto explicou também, que se fez a abertura do curso, com a participação dos representantes do movimento negro e indígenas, “com a participação da Seduc convidando, inclusive, os professores do ensino fundamental e médio de 21 municípios do Estado a retornarem as aulas no dia 09 de junho, na segunda-feira”. Para comprovar o fato, o professor apresentou a gravação de abertura do curso, quando a coordenadora pedagógica do Centro de Mídias, Socorro Gomes “agradece e parabeniza a Universidade Federal do Amazonas por essa parceria de trabalho com a Seduc”.

Para o professor Ademir Ramos, a decisão de se transferir o curso para agosto conforme recado recebido da Jobast é uma forma de desqualificar o curso e desestruturar toda a logística mobilizada pela Seduc junto aos professores da rede, assim como também “cozinhar em banho Maria” o cumprimento da Lei 11.645, obrigando o conhecimento da História e Cultura indígena e Afro-Brasileira nos currículos escolares.

O fato é que, segundo o coordenador do projeto, a Educação Etno-Racial não tem vez na Seduc, enquanto a Jobast estiver atrelada aos interesses escuso a educação. O que requer do movimento negro, das organizações indígenas e do movimento social um posicionamento firme, para se garantir a pluralidade e autonomia do projeto educacional do Estado fundamentado nas diretrizes curriculares, que valorizam o direito das diferenças e da diversidade cultual.

Na oportunidade, representando o movimento Afroamazonas, Juarez C. Silva Jr. manifestou sua indignação e se comprometeu a formular a denúncia nos fóruns nacional e internacional para “fazer valer no Amazonas, o cumprimento da Lei 11.645/2008. A denúncia deve ser formulada ao Ministério Público Federal para apurar o descaso e o descumprimento da Lei no Estado”.

Na coletiva, o professor Ademir Ramos e o líder Juarez C. Silva Jr. apelaram às lideranças sociais e políticas, que se manifestem contra essa atitude arrogante e de descaso do governo do Amazonas, destratando os povos indígenas e o movimento negro pelo não cumprimento da Lei 11.645/2008. Da mesma forma, comprometem-se também a recorrer a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Educação, para oferecer o curso aos professores da rede pública do município, assim como também as demais prefeituras do interior do Estado.

5 comentários:

Anônimo disse...

Caros internautas, como gerente do projeto "Cultura Indígena e Afro-brasileira nas Escolas do Amazonas: Formação Continuada de Professores" sinto-me na obrigação de informá-los o quanto este cancelamento do Curso de Formação Continuada nos pegou de surpresa e ao mesmo tempo nos encheu de frustração, pois, depois de quatro meses de pesquisa árdua, articulações com parceiros e "parceiros" (sim, uso este termo desta forma porque acredito que tivemos uma idéia sobre quem realmente podemos confiar), fomos informados de que as aulas seriam transferidas para agosto, o que sabemos, não passa da tática do "banho-maria", como foi salientado neste artigo. É uma pena que um projeto desta envergadura, cujo potencial multiplicador é promissor, fique à mercê de políticas internas de instituições educacionais que deveriam ter em vista outras prioridades, que não esta acerca do adiamento do curso. Aliás, nem mesmo o motivo exato do porquê desta atitude ficou esclarecido, o que comprova o descaso do centro de mídias, representados pela empresa terceirizada jobast. É frustrante constatarmos que noites e noites em claro (várias noites em claro, inclusive!) não foram levadas em consideração por estes senhores, no momento de sua decisão. Contudo, o trabalho dos pesquisadores do NCPAM e de seus sinceros parceiros não serão simplesmente esquecidos, pois daremos início a outras jornadas. O Curso de Formação Continuada via centro de mídias e seduc era apenas o ponto de partida, pois o nosso projeto não encerrava-se em 05 meses, pois era contínuo, uma vez que o tema da educação das relações étnico-raciais reveste-se de uma complexidade tal que não encerrar-se-ia em apenas 01 mês de curso!

Gostaria de solicitar a todos os colegas internautas, que compartilham desta tese da educação das relações étnico-raciais, que escrevam seus comentários e enriqueçam este debate, pois o assunto é de total importância e interessa a todos!

Khemerson Macedo.
Gerente do Projeto.

Anônimo disse...

É com bastante insatisfação, que comento este artigo, nao pelo seu conteudo, mas pela extrema falta de respeito com que nós pesquisadores do NCPAM fomos tratados.é lamentável que a própria Secretaria de Educação vire as costas para um cumprimento de Lei Federal, uma nova perspectiva para a educação no Amazonas no Brasil,digo isto, pois nosso projeto é pioneiro, e muito nos engrandeceria socializá-lo com todo o povo brasileiro, visto que nosso interesse é contribuir com a educação,e foi sob essa motivação que por meses trabalhamos, pesquisamos, e nos propomos a trabalhar a lei 11.645, pois compreendemos a extrtema urgência de uma reflexão social e da mudança de comportamento preconceituoso, racista e discriminatório perpetuado por séculos no Brasil,isso todo mundo sabe, e poucos são os que se manifestam contra tais procedimentos, e para nossa triste surpresa, quando um grupo de alunos, mobiliza-se em favor de uma sociedade justa, consciente de suas raizes e responsabilidades sociais, somos tratados como moleques,desreipeitados em nosso direito de EXPRESSÃO, e só nos resta dizer, o quanto nos envergonhamos ante a postura medíocre da Secretaria de Educação do Amazonas, que de forma omissa nos impediu de socializar conhecimento, educação e contribuir para a formaçao de uma nova consciência social.

Marilene Fernandes de Souza
Facilitadora das Oficinas Pedagógicas do projeto

Anônimo disse...

não têm e nem vai ter, vivemos em um governo federal e estadual de corruptos que não esta nem ai para a educação quanto mais para educação etno-racial e uma pena!

Anônimo disse...

É lamentável que o preconceito seja algo ainda tão vigente no nosso país! Ainda mais partindo de uma instituição que deveria ser até referência por ter o nome que carrega. E, veja que apesar de mais de cem anos de abolição da escravatura, num país "democrático", temos que ser excluidos por apoiar pessoas de outras etnias. Quando será que irá brilhar a aurora da liberdade?

Anônimo disse...

a aurora da liberdade vai brilhar, quando as pessoas não forém mais analfabetos politicos para governos como os de lula, abarrotar o pais de corrupção e sobre a liberdade de indios e negros estes já estão livre a muito tempo eu acho! a verdade e que nada têm força perante o capital globalizador econômico, apesar de ser uma boa vontade e evolução social para o brasileiro conhecer as suas origens indigenas e negras, discriminadas e esploradas em mais de 500 anos.