quarta-feira, 17 de setembro de 2008

CIBERCULTURA E A VIDA ON-LINE


João Fábio Braga*


O processo de modernização dos meios tecnológicos da informação e da comunicação relacionados com sociedade do conhecimento mudou e muito a vida das pessoas e a forma de interatividade entre elas. Quem no passado imaginou viver sem jornal, sem rádio ou sem televisão? Atualmente, o meio midiático da internet cumpre esta nova função de informação de forma imediata, seletiva, reprodutiva e criativa, a qual recorre-se aos sites e diários eletrônicos, conhecidos como blogs.

A internet vem revolucionando as formas de interação e comunicação social em escala global. É notável, há mais de 10 anos, os blogs terem dominado a rede e vêm se apresentando como um novo paradigma na forma de escrever, de pensar, de expressar idéias e de interagir socialmente, como parte da complexa relação tecida entre os atores sociais.

Desde a invenção da imprensa dos idos de Gutenberg, os Blogs representam revolucionariamente um modelo tendencioso no campo da comunicação, uma vez que, não é necessário ser o privilegiado especialista das letras, ciências e mídia como formadores de opinião.

Devido a essa facilidade de atualização de conteúdos na rede de internet, anônimos – sujeitos sem rostos - acessarem a rede de computadores sem conhecimento técnico de HTML (sigla inglesa, de significado Linguagem de Marcação de Hipertexto) para publicarem a todo o momento qualquer assunto de seu interesse, sem levar em conta a preocupação de escrever bem ou não, pois o mais importante é manifestar o seu pensamento tornando-o público, valendo-se da crítica ou não, num espaço virtual de discussão e diálogo.

No entanto, configura-se na sociedade em Rede um dinamismo social de relações intersubjetivas tanto entre blogueiros e comentaristas quanto nos sites de relacionamentos, os quais abordam diversos assuntos, que vão desde política, sexo, arte e tecnologia, até a exposição da vida privada de cidadãos comuns, por meio de publicação de fotos rotineiras em comunidades virtuais com este propósito, confidenciando suas intimidades ao atento público virtual.

Percebe-se que o fenômeno dos blogs proporciona neste espaço midiático de rede novos modelos de relações sociais, e efeitos que se desdobram numa velocidade inimaginável e sem controle algum, tendo conseqüências de âmbito jurídico, por causa de divulgações ilícitas na rede: racismo, pedofilia, neonazismo, invasão de privacidade, falseamento ideológico que comprometem inocentes etc. Tudo isso revela a preocupação e a seriedade que a sociedade deve encarar essa nova realidade, principalmente quando a internet é a extensão da vida social e cultural; nesse sentido, exige-se das instituições jurídicas e políticas aparatos legais para regrar tais comportamentos dúbios e de periculosidade evidenciada na rede.

Para além desses problemas, é inegável, que os blogs são, sem dúvida, um instrumento fantástico de manifestação social, onde pessoas quaisquer que sejam podem criar seu diário pessoal ou coletivo. Através desse novo meio de comunicar, notamos que os diários eletrônicos e outras formas de interação em rede, possibilitada pela globalização tecnológica, vêm transformando e construindo rede de relações e significados que poderíamos chamar de cibercultura.

As ferramentas da internet e o acesso a ela tornam-se cada vez mais um espaço de construção plural-democrático e sem censura para expor pensamentos. Por um lado, é positivo falar sobre idéias, política, literatura, notícias, mas por outro, é muito grave e assustador os crimes e apologias que depredam e desrespeitam a imagem humana. Portanto, são os riscos e desafios que deveremos nos atentar tanto nas possibilidades de democratizar o acesso à rede com responsabilidade de educar, quanto ao mesmo tempo vigiar o acesso para práticas duvidosas, depreciativas e ilegais, o que já ocorre por todo o mundo.

A vida on-line nem sempre será o que sonhamos, mas manterá sua diversidade na rede mundial de computadores. Hoje é difícil pensarmos a vida relacional sem recorrermos a estes instrumentos que revolucionam o mundo na sua totalidade, inaugurando novas práticas culturais, políticas e socioeconômicas.


* Coordenador Editorial do NCPAM e Cientista Social.

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