quarta-feira, 24 de setembro de 2008

NOTA DE REPÚDIO DOS MORADORES DA REGIÃO DE JURUTI VELHO (PA)



Nós lideranças das Comunidades da Região de Juruti Velho, indignados com os constantes descasos de órgãos e funcionários públicos do governo municipal, estadual e federal, procedemos por meio desta nota manifestar nosso repúdio e expor nossa indignação.

A situação de irregularidades fundiárias, o descaso com a preservação da Amazônia, a falta de respeito para com os moradores tradicionais, a grilagem de terras públicas, o desmatamento ilegal e o apoio governamental aos grandes projetos, em nosso caso com o setor madeireiro, tem prejudicado todo o Estado do Pará e principalmente nossa região. Neste momento estamos com duas balsas retidas em frente à Vila Muirapinima e mais quatro entre as comunidades Pompom e Galileia, região de Juruti Velho-Juruti/Oeste do Pará. Este ato é para chamar atenção diante do desmatamento que continua acontecendo bem debaixo de nosso nariz onde centenas de hectares de floresta estão sendo derrubadas por meio de mais um projeto de manejo, onde não existe uma fiscalização séria e responsável, pois nas balsas retidas temos castanheiras que são protegidas por lei. Várias famílias tradicionais estão sendo ameaçadas de perderem suas posses tradicionais, sua sobrevivência encontra-se ameaçadas. Onde fica o Pará Terra de Direitos? Como sobreviver se dentro da mata está trabalhadores ou quem sabe pistoleiros armados impedindo os moradores de entrar nos lugares que costumeiramente caçavam, exploravam de formar sustentáveis os recursos florestais.

Exigimos do Poder Público Estadual e Federal a regularização imediatamente das terras das populações tradicionais das Comunidades de Prudente e Monte Sinai – Região de Juruti Velho e a Gleba Mamurú, onde foi licenciado o projeto de manejo, tem vários ninhos de filhotes de gavião real. Chega de descaso! Chega de enrola-enrola! Estamos cansados de sermos enganados.

É lamentável ver em cadeia nacional o governo federal receber apoio financeiro de paises estrangeiros para defender a Amazônia, se este mesmo governo continua com sua política de desmatamento desenfreado sem consultar as comunidades tradicionais que há milhares de anos cuidam dessa imensa riqueza que é a Amazônia com seus Povos, Rios e Florestas. É lastimável que o Estado do Pará continue sendo o estado brasileiro com o maior número de assassinatos no campo, conseqüência da não regularização fundiária justa, trabalho escravo, prostituição infanto-juvenil e que suas riquezas naturais continuem sendo levadas para outros países, as quais deixem sua população tradicional cada vez mais pobre e miserável, razão pela qual nos indignamos como filhos e filhas herdeiros dessa grande riqueza.


Diante disto o nosso sentimento é de repúdio e indignação. Junte-se a nós e divulgue nosso manifesto.


MOVIMENTO JURUTI VELHO EM AÇÃO


Vila Muirapinima, 18 de setembro de 2008.

Um comentário:

Unknown disse...

É preciso amar pra sobreviver, nossa Amazônia último templário é nosso lar... porque devastar. Talvez a letra da música de uma das tribos do festival de juruti retrate sutilmente nosso sentimento quanto a esse processo desastroso em curso na região... Irmãos univos ainda mais..... Não moro em juruti mas sou um amazonida de Belém... Se estive-se em juti-velho, que tive a oportunidade de conhecer(maravilha de lugar. Beleza e riqueza natural sem igual) estária junto com vocês nessa luta... por aqui farei campanha junto aos amigos brasil afora em favor da luta de vcs... Abraço Sandro Miranda.