sábado, 20 de setembro de 2008
FÓRUM DA DIVERSIDADE CULTURAL NO AMAZONAS
A manifestação é uma expressão do movimento cultural do estado articulado e organizado pelo Ponto de Cultura Pé Na Taba (CEDECA), contando com o apoio do SEBRAE Amazonas, do NCPAM, do Ministério da Cultura e outras organizações parceiras.
O I Fórum da Diversidade Cultural do Amazonas foi realizado em Manaus, no plenário da Câmara Municipal, nesta sexta-feira (19), oportunidade em que o professor e antropólogo, coordenador do NCPAM, proferiu palestra, que publicamos na integra para as devidas considerações dos nossos leitores:
O momento é oportuno para se discutir propostas e confrontar as práticas culturais implementadas no Amazonas. O propósito é definir uma plataforma cultural propositiva para garantir nossa participação no Plano Nacional de Cultura assentada na diversidade e na valorização dos atores locais numa perspectiva da economia criativa.
Esse novo postulado decorre de uma nova prática, que requer participação efetiva na formulação e definição das políticas públicas, bem como na gestão dos negócios. Nesse contexto político, muito tem se falado sobre a relação Sociedade e Estado referente à Soberania popular como expressão orgânica das estruturas sociais, a imprimir na Constituição do Estado Democrático, conceitos identitário, étnico e tradicional, capazes de qualificar territórios e nações à luz das culturas.
Somado a essas práticas políticas respaldadas no fortalecimento das organizações sociais passamos a compreender a cultura como matriz de desenvolvimento humano, criadora de um sentimento pátrio, manifestando pertencimento à determinada comunidade, sociedade e nação.
Dessa feita, pela sua importância e pelo valor estratégico, as políticas culturais de Estado deveriam merecer prioridades dos governantes, não como ação concorrente, mas enquanto instrumento catalisador, visando o fortalecimento das organizações sociais, oferecendo os meios necessários para o desenvolvimento cognitivo e criador dos artistas, produtores e agentes culturais.
Essas conceituações são importantes para se definir com clareza a função da gestão pública de Estado das Secretarias de Governo, que muitas vezes por vício é reduzida a produtora cultural, importando espetáculos e eventos para um público restrito e seleto num determinado espaço urbano, desqualificando, dessa feita, os talentos e valores locais e principalmente a cultura popular.
Essas práticas culturais oportunistas bem que poderiam realizar mega produções com recurso privado, contudo sem desmerecer da função de promover a arte e a cultura local, como ação estruturante de políticas públicas e não como rompante de um projeto midiático, eventual e oportunista.
O que se reclama no Amazonas é uma gestão cultural participativa, descentralizada, mediada pelo Conselho Estadual de Cultura, a promover amplo investimento no campo das artes, fortalecendo as organizações culturais enquanto produtoras e agentes da nossa cultura.
Ademais, reclama-se também da SUFRAMA – do Governo Federal – (bem que o MinC poderia intermediar matéria dessa natureza) uma participação efetiva na Cultura Regional por meio de um Programa de Incentivo a Cultura ou quem sabe a efetivação de um CONSÓRCIO CULTURAL, como sustenta a Zona Franca de Barcelona, catalisando as demandas dos estados membros, seleção esta, que poderia ser feita por editais, com transparência e responsabilidade, assim como tem sido feito pelo banco do nordeste e outros agentes regionais responsáveis.
Essas demandas exigem do Estado, novos marcos legal, bem como o reordenamento das estruturas operacionais impulsionadas, não mais por interesse de grupos privados e paroquiais, mas sim por interesse público, agregando valor à produção local e promovendo o reconhecimento dos seus atores.
Esse trabalho exige também dos artistas, produtores e agentes, novas atitudes, qualificando-os a participar de concorrência local e nacional para captação de recurso, que possa ser investido na competência intelectual, despertando novos talentos e habilidades pertinentes a elaboração, formatação e negociação de projetos culturais.
Nesse processo de negociação tanto o Estado como as empresas privadas são interlocutores necessários para que possamos garantir a efetiva realização dos programas e projetos, por outro lado, requer também das organizações culturais o cumprimento das formalidades quanto à contabilidade dos recursos repassados, credenciando as organizações a participarem de outros certames.
O desafio requer participação de todos e, sobretudo, interlocução que possa definir e decidir sobre nossas propostas. Por isso, reclama-se no Estado uma representação do MinC para que juntos possamos vencer o obscurantismo cultural plantado em nosso meio, rompendo o populismo, o mandonismo e o centralismo oligárquico herdado dos barões da borracha.
Da parte do NCPAM estamos prontos a contribuir na vanguarda desses novos empreendimentos. Esta tem sido a nossa luta, junto com bravos companheiros, amantes do saber e da cultura.
Obrigado!!!!
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