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quarta-feira, 15 de abril de 2009

SAUDAÇÃO A NOVA REITORA ELEITA

A eleição da professora Márcia Perales, “representa um fato histórico para todos nós amazonense. Da minha parte como professor da UFAM e Senador da República saúdo a magnífica reitora e desde já coloco a disposição o nosso gabinete para mediar questão relevante que possa revitalizar a construção efetiva da nossa querida UFAM”, foi o que declarou a nossa Editoria em Brasília, o Senador Jefferson Praia (PDT).

Ainda mais “saúdo também o vice-reitor e toda sua equipe de pró-reitores porque sei que a vitoria foi um trabalho coletivo”, afirmou o Senador do Amazonas ao professor Ademir Ramos.
Outro a se manifestar foi o renomado escritor amazonense Márcio Souza. Para ele deve-se louvar “a lisura do pleito e a participação das demais chapas concorrentes. Espero somente que “a nova reitora e sua equipe de trabalho faça menos obra suntuosa e mais conteúdo, pesquisa, ensino e extensão de qualidade e retome imediatamente a intimidade da UFAM com a cidade de Manaus, em forma de compromisso com a nossa cultura e em respeito ao seu povo”.

A eleição da nova reitora talvez seja o reencontro da UFAM com o movimento social, artístico, cultural e com os demais segmentos empreendedores que buscam o desenvolvimento de novas competências, na perspectiva de se transformar as idéias em projetos, garantindo que a UFAM faça a diferença por promover a excelência na Amazônia articulada com as demais instituições de ensino e pesquisa movida por uma prática de cooperação nacional e internacional pautada na Pesquisa e Desenvolvimento Humano.

DÁ-LHE MÁRCIA! A FORÇA DA MULHER NA REITORIA DA UFAM



A comunidade universitária resolveu mudar e optou por uma mulher para governar a Universidade Federal do Amazonas (2009/2013). Esta opção fez da professora Márcia Perales, a primeira reitora da UFAM, desbancando os professores Silvio Puga, Gilson Monteiro e Nelson Fraiji. No segundo turno, todos eles juntaram-se contra a professora Márcia Perales, acusando de todos os males e tentando responsabilizá-la pela situação da UFAM no curso da história.

O jogo foi pesado, os candidatos recorreram a diversos instrumentos não convencionais, mas, a professora Márcia Perales manteve-se na onda, sem perder o foco das argumentações das propostas, combatendo firmemente no segundo turno, a arrogância e a prepotência do professor Nelson Fraiji, que se referia à instituição como que tivesse sido jogada a “lama ou no lixo”, fazendo crer que tudo começaria com ele bem a estilo da política da terra caída ou diluviana.

A contestação da jovem professora Márcia Perales em defesa da UFAM resultou na vitória das urnas com 50,99% enquanto Nelson Fraiji foi recepcionado com 49,01%. A vitória da professora Márcia Perales, como ela mesma definiu, “foi a da instituição e que o projeto aprovado nas urnas beneficia a todos indistintamente, sem arrogância, mas com transparência para se construir a revitalização do nosso patrimônio que é a UFAM”.

Márcia Perales Mendes da Silva, 44 anos, casada, 2 filhos, é docente do curso de Serviço Social desde 1986, no Instituto de Ciências Humanas e Letras. Assumiu várias atividades administrativas na instituição, inclusive a Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização, desde 2005, de onde está licenciada. Recebeu várias premiações por conta de sua atuação em pesquisa e atualmente é professora dos Programas de Pós-graduação - Sociedade e Cultura na Amazônia (mestrado e doutorado); e Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (mestrado), além de líder do Grupo de Estudos e Líder do Grupo de Pesquisa: Processos de Trabalho e Serviço Social na Amazônia (GETRA).

Coordenou vários projetos de pesquisa e orientou mais de 30 trabalhos entre conclusão de curso, especialização e mestrado.

Mãos à obra. Com o resultado das urnas, o presidente do Conselho Universitário submete a aprovação dos conselheiros acadêmicos os nomes dos três candidatos mais votados e em seguida formaliza junto ao Ministério da Educação, que por força de lei deverá editar a nomeação da professora Márcia Perales, sendo enfim, a primeira Reitora da Universidade Federal do Amazonas, em respeito à vontade soberana da comunidade universitária.




O apoio Externo: No calor das manifestações eleitorais nossas lentes flagraram o professor José Carlos Machado (o senhor de oculos na foto acima), ex-superintendente da SUFRAMA e um dos principais articuladores da construção do Porto das Lajes, empreendimento financiado pelo grupo Simões (coca-cola), Bovespa e Companhia Vale do Rio Doce, manifestando apoio à candidatura do professor Nelson Fraiji, o que resultou em fracasso nas urnas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

MÁRCIA E FRAIJI EM DEBATE NA UFAM



O debate iniciou as 9h30 com a professora Márcia Perales, chapa 10, apresentando suas propostas, que segundo ela foram construídas coletivamente com os professores, alunos e técnicos administrativos. A palavra da candidata firmava “compromisso com a defesa da instituição, dizendo que a UFAM não está e nunca esteve na lama. Afirmativa desse tipo desqualifica a instituição como um todo e em particular a todos nós que temos orgulho de pertencer a esta casa”. A fala da candidata pautou-se no valor da transparência e na determinação de revitalizar a UFAM, buscando “a excelência na pesquisa, no ensino e na extensão”. No final do debate depois de responder todas as perguntas da mesa e da plenária, a professora Márcia Perales fez questão de apresentar todos os seus pró-reitores, agradecendo e pedindo voto de todos que acreditam na ”UFAM sempre presente”.


O segundo a se pronunciar foi o ex-reitor, professor Nelson Fraiji, reclamando mudança e dizendo que “não sabia quem era o candidato se era o atual reitor ou a professora Márcia Perales”. O ex-reitor insistiu nessa tecla para denunciar que estão espalhando pelos corredores “invencionice a meu respeito”. Em sua fala, destacou a sua história na UFAM por mais de 40 anos a frente das lutas e declarou que “a UFAM está abandonada”, fazendo críticas contra a atual gestão da UFAM. O candidato denunciou ainda, o abandono do “hospital universitário Getulio Vargas, bem como o próprio curso de medicina”. Declarou também que o plano da professora Márcia é “maravilhoso, mas ele quer ver na prática”. Por fim, respondendo todas as perguntas, passou agradecer a professora Márcia e declarou que a “UFAM é o nosso patrimônio que deve ser preservado”.


O debate se deu no Instituto de Ciência Humanas e Letras (ICHL), no campus da UFAM, que é um espaço democrático dos grandes confrontos pela democratização, pelas lutas sociais e pelo reconhecimento da UFAM como instrumento do povo do Amazonas. O ICHL, assim como a UFAM, deve primar em ser este espaço público e plural, sem patrulhamento de nenhuma natureza, quando se trata da defesa da Universidade Pública e Gratuita, que é a nossa UFAM. As torcidas dos candidatos se manifestaram livremente, gritando palavras de ordem e balançando as bandeiras. A eleição será amanhã (14), mas os debates devem continuar para efetivação das propostas e principalmente, discutindo o local que são os gerenciamentos dos cursos pelos colegiados, a gestão dos departamentos e das unidades, que é feito por um diretor e o conselho departamental. Em discussão a eleição para diretoria das Unidades Acadêmicas, para chefia dos Departamentos e Coordenação de Curso. Para que a Democracia viceje na UFAM é necessário garantir a defesa e estrutura dos colegiados, sem autoritarismo e mandonismo.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

ELEIÇÃO NA UFAM VAI PARA O SEGUNDO TURNO

Pode-se afirmar categoricamente que não houve vencedor e nem vencido. Pois, todos os candidatos das 04 chapas contribuíram diretamente para se pensar e redimensionar o presente e o futuro da nossa Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A eleição do dia 02 de abril foi a primeira a se utilizar as urnas eletrônicas cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral, o que possibilitou agilidade nas apurações.

Todo o pleito foi animado por fervorosos debates às vezes uns mais apimentados que o outro, mas todos focando a melhoria da UFAM. O que se discuti é a estratégia da terra caída, muito popular na cultura política provinciana, quando o candidato reduz o fato político a sua atitude individual. “Foi eu quem fiz....eu vou fazer” seguido com o dedo em riste, como peça de acusação. Contudo, o cidadão universitário saberá julgar e escolher as argumentações mais convincentes amparado num plano de gestão para o período de 2009/13, votando no segundo turno, no dia 14 próximo.

Dos quatro candidatos que concorreram à reitoria e vice-reitoria, dois irão para o segundo turno, a professora Márcia Perales (reitoria) e o professor Hedinaldo Narciso (vice-reitoria), da chapa 10 – UFAM Sempre Presente (38,29%), e o professor Nelson Fraiji (reitoria) e a professora Arminda Mourão (vice-reitoria), da chapa 33 –UFAM Viva (23,86%).

No entanto, os demais candidatos professor Sylvio Puga (reitoria) e Ivan Tribuzy(vice-reitoria), da chapa 22 - A UFAM que Nós Queremos (21,66%), e Gilson Monteiro (reitoria) e Eduardo Nagao (vice-reitoria), da chapa 55 - Renovação Agora (16,20%) – merecem nosso respeito por participarem com determinação na efetiva construção da UFAM, que é sem dúvida o nosso maior patrimônio.


Veja aqui o resultado das eleições

segunda-feira, 30 de março de 2009

EXALTAÇÃO AOS VALORES REPUBLICANOS



No Amazonas, pela prática dos governantes, a corrupção tornou-se regra, segundo afirmou recentemente, o Senador Artur Virgílio Neto (PSDB/AM), no seminário ambiental na Colônia Antonio Aleixo, fazendo crer que tudo é possível até mesmo privatizar o patrimônio público, quando não, se delega poderes aos apaniguados para explorar e saquear a riqueza do povo.

Ademir Ramos*

Na Democracia, o julgamento de um homem público faz-se referenciado nos valores republicanos. Nessa conjuntura, a liberdade deixa de ser apenas um princípio moral e se transforma no exercício da cidadania, sendo salvaguardada pela força do Direito para o cumprimento da Justiça distributiva. O processo formador dessa cultura política reclama de todos, responsabilidade compartilhada, principalmente dos Agentes Públicos que deveriam pautar sua conduta ética, não mais em suas convicções morais ou interesses privados, mas, sobretudo, na responsabilidade social e ambiental, primando pelo zelo da coisa pública e a defesa dos interesses coletivos.

Com a mesma determinação também se exalta a transparência como valor de Direito para informar aos cidadãos os procedimentos ocorridos quanto à legalidade e legitimidade da ação pública. Nesse contexto, faz-se necessário as garantias constitucionais para assegurar a liberdade de imprensa.

Nessa mesma perspectiva, há de se destacar a importância do Ministério Público, assim como a atuação das Organizações do Movimento Social, enquanto instrumento de controle inseridos no processo de governança. A cultura republicana não permite que os profissionais da política reduzam suas práticas aos interesses familiares ou de grupos econômicos, que buscam instrumentalizar o poder de Estado para satisfazer seus interesses privados ou caprichos familiares.

No Amazonas, pela prática dos governantes, a corrupção tornou-se regra, segundo afirmou recentemente, o Senador Artur Virgílio Neto (PSDB/AM), no seminário ambiental na Colônia Antonio Aleixo, fazendo crer que tudo é possível até mesmo privatizar o patrimônio público, quando não, se delega poderes aos apaniguados para explorar e saquear a riqueza do povo. É o caso da empresa Log-In Logística Intermodal S/A, que declara publicamente contar com o aval do governo federal e estadual para construir um complexo portuário no Encontro das Águas, confluência dos dois magníficos rios Solimões e Negro, formadores do majestoso rio Amazonas, enquanto representação da identidade cultural de nossa gente.

Além dessa afronta a população amazonense, o empreendimento pretende também destruir as Lajes, que concentra um conjunto de sítio antropológico e paleontológico de reconhecimento acadêmico internacional. Reclama o Senador Artur Neto, a falta de transparência do projeto, o que nos permite perguntar: quem será o beneficiário? Por que não pode ser construído esse porto em outro lugar da região metropolitana de Manaus? Por que não se respeita os argumentos técnicos da ciência? Por que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) está ausente da análise do processo, em se tratando do Amazonas, um rio de água internacional? E o silêncio do governador do Estado frente a grita do povo do Amazonas deve ser interpretado como aceite ou como estratégia para se buscar uma “saída honrosa”, em atenção à reivindicação popular quanto à proteção do nosso patrimônio natural, cultural e histórico? Será que os parlamentares do Amazonas, em sua maioria também são cúmplice por silenciar frente ao problema ou como queira, a indiferença é uma manifestação de cooptação?

A respeito disso, temos a lamentar a atitude dos mandatários locais. No entanto, acredita-se que o bom senso prevalecerá seja por força política ou pelo imperativo da Justiça. Pois, tanto o Ministério Público Estadual como o Federal já instauraram inquérito civil público para apurar as irregularidades contra o meio ambiente e as condições de vida dos moradores locais, caso ocorra à construção do porto. O Ministério Público Federal chegou a oficializar a participação da Ordem dos Advogados do Brasil para compor no processo, bem como, também, o próprio Ministério Público Estadual do Amazonas.

Eleição na UFAM.




A exaltação aos valores republicanos deve converter-se em práticas culturais e no próprio exercício da cidadania universitária, em particular em nosso Estado, quando a comunidade acadêmica é convocada a escolher a nova gestão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Portanto, na próxima quinta-feira (2), alunos, professores e técnicos administrativos da UFAM irão sufragar nas urnas o nome da pessoa que irá assumir a reitoria da Universidade (2009/13). Para isso, é preciso recorrer ao julgamento das propostas dos reitoráveis e avaliar a viabilidade de seus programas à luz dos valores republicanos.

Aliás, qual foi o candidato ou candidata que submeteu a discussão da comunidade acadêmica um programa de gestão? Qual foi que submeteu a aprovação da comunidade os nomes de seus pró-reitores, em conformidade a regulação do pleito? Qual foi que equacionou as propostas, considerando a qualidade e a consolidação da UFAM no interior do Estado? Qual foi que resolveu desafiar os demais para transformar a pesquisa, extensão e o ensino na excelência acadêmica em beneficio do desenvolvimento local? Qual foi que, sem arrogância messiânica, priorizou investir na gestão de pessoas, valorizando, dessa feita a carreira dos técnicos administrativos? Qual foi que sem amarras partidárias declarou governar a UFAM para todos e não para um determinado partido político?

Se conseguirmos responder estas e outras perguntas, iremos votar com responsabilidade, reconhecendo nas urnas que a UFAM é o nosso patrimônio e que muito nos honra conservá-la livre e soberana para a presente e futuras gerações.

*Professor, Antropólogo da UFAM e Coordenador Geral do NCPAM

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A POLÍTICA COMO ESTRATÉGIA DA CIDADANIA


Breno Rodrigo de Messias Leite*

Defender a Política nos dias de hoje é um tanto complicado. Defender a arte do poder é simplesmente colocar na ordem do dia o mais do mesmo da boa e velha filosofia política tão bem compreendida por John Rawls na sua indagação: o que é uma sociedade justa? Não vou respondê-lo, mas vou parafraseá-lo: o que é uma política justa?

Seguramente é questionável atribuir à Política qualquer juízo de valor preestabelecido. De Maquiavel aos dias de hoje é difícil aproximar moralismo barato e poder, e fazer com que esta união se sustente por muito tempo. No meu entendimento, a POLÍTICA deve ser o exercício do possível, a práxis do entendimento comum e da construção do consenso.

Nos dias de hoje, é estranhíssimo políticos profissionais não defenderem a Política como saída para as dificuldades, pois assimilam que para o “povão”, política significa pilantragem, corrupção... Por isso, os políticos preferem direcionar as soluções dos problemas para o lado do gerenciamento, da administração para assim “despolitizar” os problemas. Os políticos profissionais dizem que o problema da segurança pública é “técnico, não político”; a questão da C&T é um problema científico e não político; os rumos da economia devem ser tomados “pelos técnicos e especialistas” à medida que não é um problema político, mas um problema de cálculo diferencial, estatística, curva de oferta/demanda...

Os políticos profissionais que fazem essas considerações são hipócritas. Não merecem respeito intelectual ou mesmo Político. Agem covardemente no sentido de ludibriar e afastar a maioria da população das esferas públicas de discussão e decisão. Para que o cidadão possa romper com tal paradigma é preciso que exista um contra-discurso que opere em direção a promoção da Política enquanto valor humano, social e cultural da sociedade.

Nas eleições deste ano, levando em conta as críticas à falta de propostas das candidaturas e a ausência de debates públicos, o que realmente está em jogo é, em última instância, o poder político. A possibilidade real de após o enfrentamento eleitoral, os políticos eleitos conduzirem as formulações das políticas sociais, do orçamento e da direção da convergência do poder político. A política, embora não pareça, é o centro da discussão eleitoral. As eleições se conformam em torno das estratégias dos partidos políticos e dos candidatos para a conquista do executivo e das cadeiras do legislativo.

Nesse sentido, o nosso convite é para que o eleitor tenha a oportunidade de VOTAR EM CAUSAS, PROJETOS E IDÉIAS. O voto nos indivíduos na verdade é o voto de dissuasão, descompromissado com idéias de projetos municipal-regional-nacional. O voto no individuo sem causa, sem projeto e sem idéia, portanto, representa o apartidarismo e a busca de interesses imediatos seja no parlamento, seja no executivo.

A Política, com certeza absoluta, não se conforma como uma técnica controlada pelos especialistas. Pelo contrário. O método político democrático é a plataforma de discussão dos políticos profissionais e dos cidadãos. Portanto, o Município, o Estado e a União não deveriam ser as casas dos “policrata”, como Roberto Campos defendia. As esferas públicas de discussão e decisão são espaços a serem ocupados pelo povo e pelos seus representantes diretos. Por isso, defendo a participação cidadã na forma de democracia direta e representativa. A democracia brasileira só tem a ganhar, e a cidadania também.

* Artigo reeditado; o autor é mestrando em Ciência Política (UFPA), bolsista da CAPES e colaborador do NCPAM.

domingo, 13 de abril de 2008

Eleições numa perspectiva populista


* Ademir Ramos

O rito da democracia renova-se em cada eleição. Em 2008, o povo brasileiro está convocado a eleger seus prefeitos e vereadores para garantir o pleno funcionamento das instituições municipais, amparadas no instituto da representatividade popular à frente das Câmaras e Prefeituras Municipais.

O jogo começou. As regras já foram proclamadas, os atores candidatos ensaiam suas articulações, procurando lideranças partidárias em busca de coligação e aliança, que lhes permitam maior tempo na “telinha”, referindo-se aos horários obrigatórios da propagando eleitoral. Ora, se depender do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a campanha eleitoral já começou, porque em cada inauguração que participa reúne partidários de múltiplas tendências, visando fortalecer os “currais eleitorais”, principalmente no Norte e Nordeste, qualificados no passado como “eleitores da Arena”, partido que dava sustentação ao regime militar.

No presente, o Lula percorre o morro, o sertão nordestino e as quebradas das periferias do Brasil afora, prometendo ampliar cada vez mais o bolsa-família e garantindo que os excluídos terão direito as três refeições por dia. A barra é pesada, a máquina funciona movida por dossiês e uso indevido dos cartões corporativos, como também, aprovação de Emendas Parlamentares em favor de interesses eleitorais contrários a prática republicana.

Em disputa encontra-se não só a sucessão nas Câmaras e Prefeituras Municipais, como também as eleições para Governo, Câmara e Senado Federal, bem como a própria Presidência da República, a ser disputada nas eleições de 2010.

O presidente Lula, por sua vez, distancia-se do Partido dos Trabalhadores (PT), promovendo uma prática populista centrada na sua própria biografia, desqualificando o partido programático e, muito mais ainda, o projeto de nação fundamentado na justiça distributiva, criando oportunidade para todos quanto à
empregabilidade e a sustentação social dos brasileiros.

De morro acima, Lula tem sido direção para aliados e oportunistas, que de imediato passaram a se identificar com a luta dos trabalhadores e dos excluídos, calçando suas práticas políticas no “mínimo compensatório” oferecido pelo Estado aos desamparados sociais. Assim, sendo o processo eleitoral torna-se viciado pela condição motora da maioria, que converte o voto em medidas compensatórias imediatas para satisfazer necessidade emergentes, comprometendo o futuro das instituições democráticas.

Portanto, pergunta-se o que esperar de um povo que vive e dependem de bolsa-família, bolsa-floresta, de sobras dos programas oficiais e outros favores palacianos da mesma natureza.

A prática populista do governo Lula vem sendo incorporada por todo o Estado através dos governantes, que no passado eram extremamente contrários à luta social. Atualmente, referendados, pelo PT pousam de revolucionário e pulam de ponta-cabeça, jurando serem servidores da floresta, amigos dos índios, amantes do saber e socialista de carteirinha.

Assim sendo, as eleições que se aproximam perdem em dimensão ideológica quanto à disputa dos projetos de nação, ofuscando o futuro da democracia participativa na construção de um Brasil justo e soberano. Nessa perspectiva, ganha mais cores a prática populista, favorecendo a emergência de candidatos viciados pela corrupção e pelo domínio da apropriação do Estado a promover o enriquecimento ilícitos dos seus agentes em toda instância deliberativa de poder.

Nessa conjuntura, a política converte-se num grande negócio, privatizando o Estado em beneficio de grupos particulares mediados por políticos profissionais que rasgam o estatuto da impessoalidade, legalidade, moralidade, transparência e comprometimento com os valores republicanos.

Contudo, para desgraça de todos, o vício passa a determinar o critério político de escolha dos candidatos, reduzindo as eleições em moeda de troca.

* É coordenador geral do NCPAM, antropólogo e professor da UFAM.