domingo, 13 de abril de 2008

Eleições numa perspectiva populista


* Ademir Ramos

O rito da democracia renova-se em cada eleição. Em 2008, o povo brasileiro está convocado a eleger seus prefeitos e vereadores para garantir o pleno funcionamento das instituições municipais, amparadas no instituto da representatividade popular à frente das Câmaras e Prefeituras Municipais.

O jogo começou. As regras já foram proclamadas, os atores candidatos ensaiam suas articulações, procurando lideranças partidárias em busca de coligação e aliança, que lhes permitam maior tempo na “telinha”, referindo-se aos horários obrigatórios da propagando eleitoral. Ora, se depender do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a campanha eleitoral já começou, porque em cada inauguração que participa reúne partidários de múltiplas tendências, visando fortalecer os “currais eleitorais”, principalmente no Norte e Nordeste, qualificados no passado como “eleitores da Arena”, partido que dava sustentação ao regime militar.

No presente, o Lula percorre o morro, o sertão nordestino e as quebradas das periferias do Brasil afora, prometendo ampliar cada vez mais o bolsa-família e garantindo que os excluídos terão direito as três refeições por dia. A barra é pesada, a máquina funciona movida por dossiês e uso indevido dos cartões corporativos, como também, aprovação de Emendas Parlamentares em favor de interesses eleitorais contrários a prática republicana.

Em disputa encontra-se não só a sucessão nas Câmaras e Prefeituras Municipais, como também as eleições para Governo, Câmara e Senado Federal, bem como a própria Presidência da República, a ser disputada nas eleições de 2010.

O presidente Lula, por sua vez, distancia-se do Partido dos Trabalhadores (PT), promovendo uma prática populista centrada na sua própria biografia, desqualificando o partido programático e, muito mais ainda, o projeto de nação fundamentado na justiça distributiva, criando oportunidade para todos quanto à
empregabilidade e a sustentação social dos brasileiros.

De morro acima, Lula tem sido direção para aliados e oportunistas, que de imediato passaram a se identificar com a luta dos trabalhadores e dos excluídos, calçando suas práticas políticas no “mínimo compensatório” oferecido pelo Estado aos desamparados sociais. Assim, sendo o processo eleitoral torna-se viciado pela condição motora da maioria, que converte o voto em medidas compensatórias imediatas para satisfazer necessidade emergentes, comprometendo o futuro das instituições democráticas.

Portanto, pergunta-se o que esperar de um povo que vive e dependem de bolsa-família, bolsa-floresta, de sobras dos programas oficiais e outros favores palacianos da mesma natureza.

A prática populista do governo Lula vem sendo incorporada por todo o Estado através dos governantes, que no passado eram extremamente contrários à luta social. Atualmente, referendados, pelo PT pousam de revolucionário e pulam de ponta-cabeça, jurando serem servidores da floresta, amigos dos índios, amantes do saber e socialista de carteirinha.

Assim sendo, as eleições que se aproximam perdem em dimensão ideológica quanto à disputa dos projetos de nação, ofuscando o futuro da democracia participativa na construção de um Brasil justo e soberano. Nessa perspectiva, ganha mais cores a prática populista, favorecendo a emergência de candidatos viciados pela corrupção e pelo domínio da apropriação do Estado a promover o enriquecimento ilícitos dos seus agentes em toda instância deliberativa de poder.

Nessa conjuntura, a política converte-se num grande negócio, privatizando o Estado em beneficio de grupos particulares mediados por políticos profissionais que rasgam o estatuto da impessoalidade, legalidade, moralidade, transparência e comprometimento com os valores republicanos.

Contudo, para desgraça de todos, o vício passa a determinar o critério político de escolha dos candidatos, reduzindo as eleições em moeda de troca.

* É coordenador geral do NCPAM, antropólogo e professor da UFAM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Toda eleição é a mesma coisa, privilegiam-se os personalismos políticos, em detrimento da coletividade, do projeto de sociedade que pudíamos discutir, caso as regras do jogo não fossem tão mal interpretadas e/ou encaminhadas. O autor está de parabéns pelo artigo ao enfocar esta questão. A eleição está se aproximando, é hora de rediscutirmos o panorama que aí está. Afinal de contas, o rito posto precisa ser redefinido em prol de um modelo mais democrático e participativo!

Anônimo disse...

O Direito de votar nas eleições a meu ver deveria ser facultativo, pois o TRE E TSE são somente fabricas de titulos eleitorais,para que o povo menos esclarecido fote sempre nos mesmo politicos corruptos e desonestos,principalmente nos dias de hoje no trato com o bem público.
Contudo estas mesmas entidades TRE E TSE não fazem o seu papel de forma honesta de punir os politicos que fizeram falcatruas nas eleições de 2006 como no amazonas para o Senado e em outras refgiões do pais