sábado, 5 de abril de 2008

Miratinga - “100 anos de umbanda no Brasil”


O Brasil tem muitas cores, mitos, deuses e tradições. Esta diversidade das culturas nem sempre obedece à efetiva convivência mediada pelo reconhecimento da alteridade, da tolerância e respeito. O campo da religião tem sido institucionalizado para garantir interesse de Estado e domínio político oligárquico. Explica-se, dessa feita, a instrumentalização da igreja católica para justificar a colonização e a fundação do Estado brasileiro, em benefício dos conquistadores, latifundiários, usineiros, seringalistas e outros agentes de dominação. Da mesma forma, incentiva-se também a prática fundamentalista dos evangélicos neopentecostais contra as religiões de matrizes indígenas e africanas.

Nessa circunstância é significativa a atitude editorial do jornal Folha de S. Paulo, um dos maiores matutinos brasileiro, que na edição de domingo (30/3), em matéria de capa, analisa no caderno mais! (ver foto) - “100 anos de umbanda no Brasil”. A edição referenciada encerra 419.079 exemplares, dando conta de informes, artigos e entrevistas relativos à prática de umbanda no universo das religiões brasileiras.

Umbanda, segundo a antropóloga norte-americana Diana Brow, autora do livro Umbanda – politics of an Urban Religious Movement, “é uma religião que trata com espíritos, que são muitos e têm a capacidade de intervir na vida cotidiana das pessoas. E podem intervir para o bem ou para o mal. Os rituais celebram os espíritos, que se manifestam e conduzem os trabalhos de cura e de orientação para os problemas”.

Para a autora norte-americana, pioneira dos estudos de umbanda no Brasil, “a maioria das pessoas que freqüentam a umbanda foi levada pelo sofrimento. No campo simbólico, você tem dois grupos subalternos, os índios e os escravizados, que são celebrados como personagens de alta importância”.

Enfim, “há uma mistura com catolicismo, kardecismo, uma variedade muito grande de práticas, e há, sobretudo, uma imagem de caridade. Mas há também os terreiros que trabalham com Exu e que fazem o que as pessoas querem, para o bem ou para o mal. São a ala menos aceita pelos umbandistas declarados, mas talvez seja a mais forte”, conclui a antropóloga.


Educação Étnico-racial

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por meio do Núcleo de Cultura Política do Amazonas (NCPAM), em colaboração com a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), vem operando ações referentes ao projeto Cultura Indígena e Afro-brasileira nas Escolas do Amazonas: Formação continuada de professores, sob o patrocínio da Petrobras e apoio do Ministério da Cultura, Fundação de Apoio à Universidade Federal de São João Del-Rei e o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileira, com propósito de divulgar e produzir conhecimentos, bem como provocar atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam a todos, respeito aos direitos legais e valorização da identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira.

Para esse fim os organizadores do Projeto de Formação trabalham para iniciar o curso em junho, atendendo os 62 municípios do Estado através do Centro Multimídia da SEDUC, em atenção aos professores do ensino fundamental e médio, quando serão desenvolvidos os temas Brasil Indígena, Brasil Africano, Cultura Indígena e Afro-brasileira, totalizando 200 horas de aula, contando com a realização de oficinas pedagógicas a serem exercitadas junto aos formandos para serem multiplicadas nas escolas públicas do Amazonas, criando situação de combate à discriminação, preconceito e racismo fundamentado no reconhecimento, valorização e respeito à diversidade cultural.

A iniciativa é original e o Amazonas passa a ser o primeiro Estado da região norte a implementar a Lei 11.465 de 10 de março de 2008, que modificada a Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, estabelecendo as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. No entanto, por determinação conceitual e compreensão histórica nacional resolvemos renomear o projeto, da seguinte forma - História e Cultura Indígena e Afro-Brasileira.

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